segunda-feira, 3 de abril de 2023

Garimpando em Gibiterias Especial de Futebol: Pelota, A Série de Quadrinhos Sobre Futebol de Daniel Esteves e Incríveis Desenhistas Em Seus Três Campeonatos,…, Digo, Edições

    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Lá fora, grandes obras permanecem em catálogo permanente tal como livros clássicos. Os editores de quadrinhos nacionais são bem imediatistas e até mesmo obras como Fradim, Watchmen, Piratas do Tietê e Maus ficam difíceis de encontrar de tempos em tempos. A série “Garimpando em Gibiterias” fala de quadrinhos que valem a pena “garimpar” em gibiterias, sebos, estoques antigos de livrarias virtuais, feiras de livros e, se a grana estiver muito curta, em bibliotecas públicas. Sim, existem quadrinhos em bibliotecas públicas, é só procurar.

    As bolas..., digo, as pedras garimpadas de hoje são Pelota #01, Pelota #02 e Pelota #03, todas da HQ em Foco e da  Zapata Edições. É engraçado como no Brasil, país do futebol, há poucos quadrinhos sobre futebol. Mesmo o Pelezinho, produzido e publicado pelo Maurício de Sousa e seu estúdio sob autorização do saudoso Pelé, nunca rendeu leitores fora das copas do mundo. Sabendo disso, Daniel Esteves criou, escreveu e ainda escreve uma série sobre futebol para ser lançada a cada copa, a série Pelota.


    As duas primeiras foram lançadas nos anos de copa de 2014 e 2018 no formato He-Man (de bolso). Elas tinham tabelas das respectivas copas. A de 2022 não veio com a tabela da copa, mas já chegou em formato paraguaio (americano reduzido). Neste Garimpo de gibis especial, falo das 3 edições de Pelota em uma única postagem. Interessante notar, que mesmo com uma periodicidade de 4 em 4 anos, a cada Copa do Mundo, Pelota tem uma turma de garotos como personagens recorrentes. Vamos a Cada uma delas:

    Pelota #01 foi de 2014, um ano de copa. Nesta edição, Daniel Esteves escreveu dois roteiros. O primeiro tempo…, digo, a primeira história é Cafusa, nome da bola na copa de 2014. Roteiro de Daniel Esteves, desenhos de Alex Rodrigues e cores de Omar Viñole. Alisson chuta a bola longe e ela é furada por um portão de ferro. Lari improvisa uma bola de meia, mas o mesmo Alisson manda essa bola para o quintal do Fofo, um cachorro bravo que de fofo só tem o nome. Agora eles precisam chamar o João Vitor, um garoto que tem uma bola oficial, que não joga nada, mas que se acha um craque. Como essa partida…, digo, história termina? Aí é ler o gibi e correr para o abraço.

    O segundo tempo…, digo, a segunda história, Telstar, também é escrita por Daniel Esteves (o técnico da equipe) e tem arte de Al Stefano e Samuel Bono. Uma bola Telstar da copa de 1970 é roubada e em plena copa de 2014 no Brasil, jogadores da seleção de 1970 começam a ser sequestrados. Sim, é uma ficção de suspense policial com a participação (ficcional) dos craques de 1970. As duas histórias divertem, a primeira na base do humor e a segunda numa aventura de filme policial.

    Pelota #02 é de 2018. O time entrou compacto, mas a história teve dois tempos…, digo, duas partes. A copa de 2018 foi na Rússia, mas a turminha de garotos está de volta numa historinha que bate um bolão. Com roteiro de Daniel Esteves, arte de Pedro Okuyama e Samuel Bono.

    João Vitor tem as figurinhas que faltam para a turminha de Lari completar seus álbuns de copa. Ele está disposto a vender essas preciosidades, mas a turminha não tem o dinheiro do preço exorbitante que João Vitor está pedindo. Conversa vai, conversa vem, João Vitor decide apostar as figurinhas num jogo do time dele contra o time da turma da rua. O que ele não fala é que será apenas o técnico de sua equipe e que ele, o perna-de-pau, não jogará. Se o time de João Vitor perder, a turma leva as figurinhas que faltam, se o time de João Vitor ganhar, ele leva a camisa autografada do Sócrates do Marcinho, o carrinho de rolimã do Alisson e Lari terá que aceitá-lo no time da rua e deixar que ele defina as táticas da equipe. A turma aceitou a aposta? Sim. E é muito o que está em jogo. Uma história divertida, bem escrita e bem desenhada.

    Pelota #03 é de 2022. A primeira história é sobre Billy, um simpático vira-lata, que, ao invadir um campo de futebol e fazer um gol pelo Flamengo de Santa Bárbara, vira o mascote oficial do irmão pobre do grande clube carioca. Com desenhos de Samuel Bono.

    Eu Fiz Gol no Santos de Pelé narra a história de um ex-jogador de futebol que hoje é só um humilde sorveteiro de um grande estádio de futebol e tem como fregueses os simpáticos e conhecidos garotos. Ele alega ter feito os gols de honra de seu pequeno clube contra o poderoso Santos de Pelé. Desenhos de Ricardo Sousa e arte-final de Pedro Okuyama.

    A terceira história é O Dia Que Josué Entrar Em Campo, com desenhos de Kris Zullo e narra a melancólica história de um jogador com muito talento e nenhuma sorte. Pelota 3 lança luz sobre a maioria dos jogadores de futebol profissionais do Brasil, uma maioria que nunca chega aos grandes clubes, que não é exportada para a Europa e que vive vidas anônimas. Os textos de Daniel Esteves são fictícios, mas estão fortemente calcados na realidade do futebol brasileiro registrada na imprensa especializada ao longo dos anos.

    Enfim, a série Pelota é um excelente gol de placa dos quadrinhos nacionais!

Bons jogos, boas leituras!

Rodrigo Rosas Campos


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