quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Literakaos apresenta: [Matéria] Pequeno Guia Prático de Conversão de 3D&T Para Mythras Imperativo: Com a Participação da Mina Rapidinha e do Detetive Jonas

 


Todos nós já conhecemos o 3D&T, um sistema nacional simples, prático, versátil, genérico e gratuito em versão PDF. Mythras Imperativo é um sistema de RPG relativamente novo, mas repleto de história, afinal, é um derivado do BRP e surgiu de uma das edições do mundialmente famoso Rune Quest. 3D&T é de Marcelo Cassaro e é publicado pela Jambô. Mythras Imperativo foi escrito por Pete Nash e Lawrence Whitaker, editado originalmente pela The Design Mechanism, e sua versão em português saiu pela editora Macaco Dumal e é gratuita em PDF no site Dungeonist.

    Como o Mythras Imperativo me dá ótimas ferramentas para criar cenários no presente, resolvi converter dois personagens meus de 3D&T, a super-heroína super veloz Mina Rapidinha, de meus cenários Super Clãs e Superópole, e meu detetive Jonas, que aparece em vários cenários.  Especialmente para o Mythras Imperativo, eles ganharam versões em Desastrópolis. Assim, essas fichas resultantes de Mythras Imperativo são os primeiros passos para eu adaptar um de meus cenários para o sistema Mythras Inperativo: Desastrópolis, que já existe em 3D&T, mas que está sendo publicada na Internet pela primeira vez aqui. Dasastópolis é um cenário balão de testes que uso para melhor entender como criar personagens em novos sistemas.

    Mas calma, leitor(a)! Você poderá usar minhas versões Mythras Imperativo da Mina Rapidinha e do detetive Jonas levando-os para as suas mesas e cenários de Mythras, juntos ou separados, sejam como PCs ou NPCs. Podendo inclusive alterar o que você desejar alterar. Conceitos dos personagens postos, pequena ambientação feita, já expliquei o básico da criação de personagens de Mythras Imperativo na resenha, vamos as conversões:

    Vamos começar pela Mina Rapidinha, como toda super-heroína, ela possui duplicatas em vários universos do multiverso, ou seja, em várias Terras paralelas, com pequenas variações de história e poderes em cada uma. Em todas elas, possui supervelocidade: em 3D&T a ficha dela é mais ou menos assim:

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha -Ficha de Personagem
    Nome: Mina Rapidinha
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 3
    Resistência: 1
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 1
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: aceleração (1 ponto); esportes (2 pontos).
    Desvantagens: código dos heróis (-1 ponto); ponto fraco (-1 ponto); identidade secreta (-1 ponto) nome real.
    Tipos de Dano:
    Força: esmagamento.
    Poder de Fogo: eletricidade.
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens:
    História: Existe em vários universos, inclusive no de Super Clãs, que acontecerá daqui a 300 anos, e no de Superópole, no nosso presente. Esta ficha foi tirada do meu arquivo de Superópole. Neste universo, ela é uma heroína adolescente descobrindo os seus poderes, mas quando ela for convertida para o Mythras Imperativo, já estará começando sua carreira como bailarina profissional, o que ainda é um dos futuros alternativos da Superópole para 3D&T.

    É claro que, para converter personagens já existentes, tive que usar a regra de distribuição de pontos do Mythras Imperativo, não a da rolagem aleatória de características.

    Habilidade em 3D&T determina tanto a destreza quanto a inteligência do personagem. Como destreza e inteligência são características distintas em Mythras, a Mina Rapidinha de Mythras terá destreza 18 e inteligência 18.

    A força mínima de um personagem de Mytrhas é 3, e é esse valor que a nova Mina Rapidinha terá, afinal, ela tem força zero em 3D&T.

    Constituição e tamanho definem os pontos de vida em Mythras, o que em 3D&T é só a resistência que define tanto os pontos de vida, quanto os de magia (PV=Rx5, PM=Rx5). Tamanho nem é parâmetro em 3D&T, mas é em Mythras. A nova Mina Rapidinha terá 15 como resultado dessa soma e isso nos leva a 3 pontos de vida em cada perna; 4 pontos de vida no abdômen; 5 pontos de vida no peito; 2 pontos de vida em cada braço e 3 pontos de vida na cabeça. Mythras, nesse quesito é mais simulacionista que jogo de tiro.

    É nas desvantagens que o Mythras (ao menos o Imperativo) deixa a desejar. Aparentemente, somente as paixões do personagem se encaixam no quesito desvantagens, porém, elas são bem abertas e precisam ser construídas personagem a personagem de acordo com o jogador, o sistema, o cenário e o mestre.

    Ponto fraco e identidade secreta são desvantagens de 3D&T que simplesmente não estão previstas na versão imperativo do Mythras. Ou seja, o ponto fraco do personagem são os pontos que ele tem em relação aos oponentes e aos testes de perícia, simples assim. Seu super-herói usa identidade secreta, isso será só um elemento da história a ser interpretado em conjunto por você, pelo mestre e pelo grupo.

    Códigos de honra serão paixões em Mytrhas Imperativo. Vejamos o código dos heróis em 3D&T: “Código dos Heróis: sempre cumprir sua palavra, sempre proteger qualquer pessoa ou criatura mais fraca que você, jamais recusar um pedido de ajuda.” (Cassaro, 2015, p. 41). neste código temos os verbos “cumprir”, “proteger” e “ajudar”, afinal não recusar ajuda é ajudar.

    Assim, o código dos heróis do manual básico 3D&T será algo como “Defender e ajudar todo aquele que precisar de defesa ou ajuda e manter a palavra dada.”, é o que usarei na Mina Rapidinha e no detetive Jonas. Assim temos três verbos e três paixões, tanto a Mina Rapidinha quanto o detetive Jonas, começarão com três paixões (máximo que o Mythras Imperativo permite por PC). O que era 1 código de honra em 3D&T, virou 3 paixões em Mythras. E como calcular o valor das paixões. Bom, manter a palavra, proteger e ajudar a quem precisa sem especificar a quem refletem ideais. Nesse caso, o objeto da paixão é um ideal de justiça maior, não localizado em pessoas específicas e, nesse caso, para cada personagem, devemos somar o poder e a inteligência de cada personagem por verbo.

    E aqui temos uma diferença importante entre os dois sistemas. Enquanto no 3D&T os códigos de honra são bem específicos e definidos previamente, em Mythras, as paixões precisam ser construídas com base na regra, na interpretação do jogador, com base no cenário e com a aprovação do mestre (de acordo com a interpretação deste). Como eu sou o mestre aqui, aprovei minha interpretação e minha construção de paixões acima. Sinta-se livre para alterá-las se não concordar.

    O mesmo vale para as insanidades, que no 3D&T são bem nomeadas e definidas, no Mythras, cleptomania, por exemplo, teria que ser uma paixão “roubar objetos alheiros sem necessidade compulsivamente.”. Fúria seria “Perder o controle mediante situações extremas.”, ou ainda “ter pavio muito curto.” etc. Resumindo, as paixões devem ser construídas, sejam elas ideais que os personagens usem para nortear suas condutas, sejam elas falhas de caráter dos personagens.

    Ainda há aquelas desvantagens que não são nem códigos de honra e nem insanidades. Algumas podem ser substituídas por paixões, outras não. Exemplos que podem ser substituídos: protegido indefesso pode ser “proteger a tia doente e sem dinheiro.”; devoções e lealdades específicas podem ser construídas com paixões. Enfim, tudo que envolva dever ou tentação de um personagem pode ser construído como uma paixão em Mythras. Ser leal a algo ou a alguém, odiar algo ou alguém, desejo por algo proibido, ilegal ou imoral (e nesse campo Mythras é bem mais abrangente), tudo isso pode ser construído com a regra das paixões em Mythras Imperativo.

    Por outro lado, as desvantagens como interferência ou interferência mágica, maldição, má fama, algumas insanidades como distraído etc. ou são o resultado de pontuações baixas de características, ou da ausência de alguma perícia, ou da comparação com um oponente, ou dificuldade de um teste, ou ainda, da vontade do mestre, do jogador e do grupo quererem jogar em um cenário que defina a existência e o peso daquela desvantagem de forma meramente interpretativa. Má fama, estigma social e equivalentes não estão previstos no Mythras Imperativo (se está na versão completa, não sei).

    Isso é ruim? Não, isso é parte do RPG como um todo. Se você e seu grupo querem jogar um jogo que independa de interpretação de personagens, nenhum sistema de RPG irá agradá-los. Todo sistema de RPG deixa lacunas mecânicas para interpretação, isso vale para 3D&T, Mythras, sistema d20 e todas as suas variações, Fate etc., interpretar o personagem a partir do momento em que a mecânica deixa de ser determinante é parte de qualquer sistema de RPG, visto que RPG é um teatro de improviso onde dados definem elementos aleatórios e o grupo (jogadores e mestre) busca contar uma história coletiva de forma divertida.

    Os superpoderes em Mythras Imperativo até podem ter 1 ou 2 limites (desvantagens), mas nenhum deles se encaixa no conceito da Mina Rapidinha. Fora que a regra de ouro permite que o mestre e os jogadores criem suas próprias regras em qualquer sistema, mas é preciso frisar que, antes de mudar uma regra, é melhor entender as disponíveis para que o novo elemento não desbalanceie o andamento da partida e comprometa a diversão coletiva. Mas vamos voltar a conversão específica da Mina Rapidinha.

Origem dos Superpoderes: no Mythras imperativo, a origem dos poderes podem estar ligadas a fisiologia (a quantidade de superpoderes iniciais é definida pela soma de constituição e poder) ou a tecnologia (a quantidade de superpoderes iniciais é definida pela soma de inteligência e poder). Quando crio meus super-heróis para RPG sempre deixo a explicação para os poderes em aberto. Primeiro, para poder encaixar o personagem em qualquer cenário (cenários próprios, cenários prontos, cenários adaptados, adaptações oficias ou não); segundo porque, nos quadrinhos, todas as origens, boas e ruins, já foram usadas (várias vezes), então que a lacuna da origem seja preenchida com o contexto.

    Porém a mecânica das desvantagens combinadas com as vantagens de 3D&T, diz quais origens a Mina Rapidinha não pode ter em Mithras. Vamos às desvantagens de 3D&T: código dos heróis (-1 ponto), em Mythras serão as 3 paixões já mencionadas; ponto fraco (-1 ponto), em Mythras é relativizado, pois se refere a capacidade de luta corpo-a-corpo; identidade secreta (-1 ponto) nome real, em Mythras é só um elemento de interpretação. Ela não tem fetiche (-1 ponto), ou seja, ou o poder da Mina Rapidinha vem dela mesma, ou de algum aliado mecha.

    Então vamos as vantagens dela em 3D&T: aceleração (1 ponto), o superpoder que ela possui; e esportes (2 pontos), perícias que ela desenvolveu enquanto ser humano independentemente de ter ou não poderes. Ou seja, perícias e especializações vem com aprendizado, treino e prática comuns. Assim sendo, ela não usa uma roupa especial e nem um amuleto mágico. O poder vem dela, seja por mutação natural de primeira geração, por ela ser descendente de um super, por ela não ser da Terra ou por ter sido mudada por algum acidente bizarro. Assim sendo, os poderes dela são naturais e o que ela sabe fazer em termos esportivos, ela saberia fazer mesmo se perdesse o poder de aceleração.

    Logo, a quantidade inicial de superpoderes da Mina Rapidinha em Mythras foi definida pela soma de poder e de constituição, 18+6=24, olhando a tabela, ela teve direito a 3 superpoderes básicos. Foram escolhidos, velocidade aprimorada, reações aprimoradas e rajada de energia (em 3D&T ela tem poder de fogo elétrico e não possui munição limitada).

    Assim sendo, a ficha da Mina Rapidinha em Mythras Imperativo ficou assim:



    É claro que não levei em conta alguns detalhes: não calculei o ajuste fino das reservas de pontos de perícias culturais, profissionais e a reserva de ajustes; não pontuei todas as perícias básicas (o que pode ser feito levanto em conta a regra do sistema imperativo como ele está, o que deixará qualquer personagem bem mais forte em relação ao jogo); e como ela e o detetive Jonas vivem no nosso presente, parto do pressuposto que eles são alfabetizados. Ou seja, neste cenário, todos os personagens são alfabetizados até prova em contrário.

    Agora vamos ao detetive Jonas: aqui, eu o deixei como ele foi originalmente feito para o desafio dos 5 pontos no grupo de Facebook 3D&T.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha -Ficha de Personagem
    Nome: Jonas, detetive particular.
    Pontos: 5N
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 1
    Resistência: 1
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 2
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: Investigação (2 pontos); Artes marciais, condução e computação (1 ponto). Genialidade (1 ponto).
    Desvantagens: código dos heróis (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto); ponto fraco (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: esmagamento.
    Poder de Fogo: perfuração (armas de fogo).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: pistola, munição, material de investigação padrão e dinheiro a calcular antes do início da aventura.
    História: um detetive particular feito só com o básico do manual básico de 3D&T para se encaixar em qualquer universo atual no tempo presente. Caso seu universo seja realista e munição limitada custe 0 ponto (e isso é regra de 3D&T), acrescentar código do combate (-1 ponto).

    Agora, sua versão em Mythras Imperativo: já falei dos códigos de honra na conversão da Mina Rapidinha. Quanto a munição limitada, em Mythras, as armas de longa distância (de fogo ou não) são itens listados na ficha do personagem e possuem munição limitada de forma automática. Ponto fraco em Mythras é qualquer personagem que se oponha ao lutador(a) tendo estatísticas melhores.

    Resumindo, eis a ficha do detetive Jonas em Mythas Imperativo:



    Querendo seguir o caminho oposto, o site da editora gringa tem personagens prontos para Mythras de graça (mas somente em inglês) e é só inverter as orientações acima para convertê-los para o 3D&T.

    Como já disse na resenha do Mythras Imperativo, o sistema básico quer que os leitores, jogadores e mestres, comprem a versão completa, logo, sua maior limitação é só poder criar personagens humanos (normais, magos e super-heróis). Fora que, muito provavelmente, estejam faltando mais poderes e magias. Armas adicionais podem ser baixadas de graça no site da editora original estadunidense (mas todos os outros materiais gratuitos estão somente em inglês).

    É claro que para grupos experientes é só usar a regra de ouro e criar as próprias regras para as outras vantagens únicas/raças, mas, se você gostou do Mythras Imperativo e quer a expansão da linha Mythras no Brasil, entre em contato com a editora Macaco Dumal e peça. Afinal, a expansão de Mythras no Brasil dependerá do volume e do barulho de seu público por aqui.

Boas leituras, bons jogos, que os dados rolem sempre ao seu favor e até breve!

Rodrigo Rosas Campos

    P.S.: Mina Rapidinha: criada por Rodrigo Rosas Campos como parte de Super Clãs e Superópole.

    Detetive Jonas: criado por Rodrigo Rosas Campos inicialmente para o desafio dos 5 pontos do grupo de Facebook 3D&T.

    Minha edição impressa do Mythras Imperativo em português foi uma cortesia do canal e site Nerd & Nerd. Obrigado, Nerd & Nerd!


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