terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

LK apresenta [Resenha] Declaração Universal dos Direitos Humanos Ilustrada pelos Artistas do Chiaroscuro Studios – Para os Que Ainda não Entenderam, Eles Desenharam


Para os que ainda não entenderam, os artistas do Chiaroscuro Studios desenharam, arte-finalizaram e coloriram a Declaração Universal dos Direitos Humanos para ressaltar a importância desses direitos fundamentais e inerentes a todos nós, os seres humanos. Agora, só não vai entender quem não quiser entender, afinal, eles desenharam.

    O contexto dessa Declaração começa como o fim da Segunda Grande Guerra Mundial em decorrência das atrocidades perpetradas pelos nazistas. Não que não houvesse atrocidades anteriores, mas o fim da segunda guerra mostrou ao mundo que algo deveria ser feito. Havia a necessidade de resguardar e universalizar o direito de todas as pessoas do planeta, independentemente de cor da pele, etnia, religião, pensamento etc. contra abusos de grupos opressores. Assim, a Organização das Nações Unidas surge em 1945 e em 10 de dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos é adotada.

    Lamentavelmente, as atrocidades contra seres humanos continuaram a acontecer e acontecem até os dias de hoje; o que só ressalta ainda mais a importância e a atualidade deste texto que nos lembra que lutas como liberdade de expressão, de religião, combate ao racismo, à misoginia, direitos civis de toda ordem, liberdades sexuais, defesa do meio ambiente entre tantas outras causas que deveriam ser consenso, são lutas eternas travadas no dia a dia contra abusadores e antidemocratas de toda ordem.

    O livro ora resenhado foi o anuário do Chiaroscuro Studios de 2020, financiado via financiamento coletivo. R$90,00 (versão simples sem autógrafos ou esquetes) mais frete diferenciado por estado. Provavelmente estará a venda no site do Chiaroscuro Studios assim que todos os apoiadores receberem suas recompensas. A equipe é formada por artistas gráficos que trabalham para editoras norte-americanas de quadrinhos e que são agenciados pelo Chiaroscuro Studios daqui mesmo do Brasil. Com efeito, a maioria é de brasileiros. Atualizando: não estará a venda, mas os donos do estúdio fizeram declarações sobre os bastidores e o futuro da publicação em um vídeo, neste vídeo, confira aí!

    O livro tem artes (desenhos, arte final e cores) de: Adriana Melo (páginas 108 e 109); Adriano Di Benedetto; Alex Lins; Alex Shibao; Alisson Borges; Allan Jeff; Andrei Bressan; Anthony Marques; Breno Tamura; Bruno Oliveira; Cris Bolson; Cris Peter; Daniel HDR (páginas 120 e 121); Daniel Maia; Danilo Beyruth; Dijjo Lima; Diógenes Neves; Douglas Franchin; Eber Ferreira; Eddy Barrows; Eduardo Pansica (páginas 110 e 111); Elton Thomasi; Felipe Watanabe; Ig Guara; Ivan Reis; Joe Prado; Jonas Trindade; José Luis; Julio Brilha; Julio Ferreira; Leonardo Romero; Lucas Meyer; Lucas Werneck; Marcelo Di Chiara; Marcelo Maiolo; Marcio Fiorito; Marcio Hum; Marcio Menyz; Marcio Takara; Mauro Fodra; Mike Deodato; Natália Marques (cores da sobrecapa); Nuno Plati; Oclair Albert; Oren Junior; Paulo Siqueira; Péricles Júnior (arte da capa, contracapa e sobrecapa); Rafael Pimentel; RB Silva; Ricardo Jaime; Robson Rocha; Rod San; Rodney Buchemi; Rodrigo Spiga (páginas 78 e 79); Rogê Antônio; Ronan Cliquet; Ronilson Freire; Ruy José; Thony Silas; Wilton Santos; Yildiray Çinar; Zé Carlos. O produtor do projeto é Ivan Costa. Os editores desta publicação foram Ivan Freitas da Costa e Joe Prado.

    Esta edição também conta com um prefácio do Emicida e um posfácio da Andreza Delgado. Cada artigo da declaração é acompanhado por um painel que foi feito por um ou mais de um artista do estúdio. E cada painel mostra, visualmente, a importância de preservar o direito ao qual ele se refere.

    Nos painéis vemos imagens da história dos direitos humanos. Fatos, ativistas, vítimas, manifestações. Passam pelas páginas do livro Marielle Franco, Rosa Parks, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela, Greta Thunberg, sim, ela mesma, pois o direito de viver num planeta limpo e sustentável é um direito humano de todos nós; Kim Phuc, a menina de 9 anos vítima do napalm na guerra do Vietnã, cuja foto rodou o mundo como uma denúncia dos horrores da guerra.

    O livro também mostra a situação de anônimos que passam por violações em seus direitos até hoje pelo mundo. Famintos, parentes em busca de filhos desaparecidos, vítimas de abusos de autoridades, a necessidade do direito ao asilo político e a importância de distinguir crimes comuns de perseguições oficiais e antidemocráticas por conta de opiniões, orientações sexuais, religião, etnias ou cor de pele.

    A importância do voto universal, o direito ao trabalho e ao lazer, as escolhas plenas na constituição de famílias, liberdade de pensamento, a propriedade pelo fruto de seu trabalho, seja intelectual ou não, e a dignidade mínima que todos precisam para viver. Direitos como privacidade e autonomia e o limite que o direito de todos possuem na hora de lidar com os outros.

    Dentre as ilustrações, destaco as páginas: 8 de Leo Rodrigues (lápis), Jonas Trindade (arte-final) e Dijjo Lima (cores); 10 com arte de Zé Carlos; e 128 com arte de Alisson Borges. Todos os painéis que retratam a importância de seus respectivos artigos estão excelentes, mas vou destacar aqui somente os painéis das páginas duplas: 42 e 43 com arte de Rafael Pimentel; 54 e 55 com arte de Rod San; e o das páginas 56 e 57 com arte de Felipe Watanabe por não poder falar de todos, isso deixaria de ser uma resenha para ser um conjunto de descrições. O livro também não trouxe um índice detalhado por artista, que página fez e o que fez (lápis, nanquim ou cores), mas tendo em vista a mensagem, isso é só um detalhe. Eu poderia fazer isso? Poderia, mas aí esta resenha demoraria bem mais para sair.

    Agora que os direitos humanos estão desenhados, espero que as pessoas entendam a importância da luta por esses direitos que são de todos nós, diretos estes que já deveriam ser mais do que causas, deveriam ser consensos.

Boas leituras, boas reflexões, boas pesquisas históricas em livros, jornais e revistas e até breve!

Rodrigo Rosas Campos

    P.S.: o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos pode ser baixado gratuitamente no site da ONU em vários idiomas, incluindo o português.

    P.S.: O lucro deste livro foi doado para algumas ONGs. Fique a vontade para clicar na imagem e ampliar.



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