O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos. A pedra garimpada de hoje é Em Cantos da Mata de Al Stefano, texto, desenhos e arte-final, e foi garimpada no evento Eisner Week 2025, publicada pela Zapata Edições, formato franco belga, capa cartão com orelhas, lombada quadrada, preto e branco, ao preço de R$50,00. Vale cada centavo!
Em Cantos da Mata traz 3 histórias onde as entidades dos povos originários do Brasil se vingam dos massacres perpetrados pelos homens brancos. A primeira história é Anhangá, uma criatura que é desperta inadvertidamente por um jesuíta escoltado por bandeirantes. A segunda história traz Yoi e Ipi, duas entidades despertas através de bonecos artesanais mediante a um doloroso clamor por justiça diante da libertação de um assassino em massa que mata pessoas em nome de extração de madeira e minério. A terceira história traz Yoasi, um protetor místico de um povo que fora aprisionado quando o xamã de uma tribo adotou a religião do homem branco. Para que o velho xamã liberte essa força da natureza e salve o que restou de sua tribo, ele terá que se libertar da fé dos homens brancos e restaurar sua fé originária, será que conseguirá?
Na contracapa, vemos que Al Stefano define estes três contos como sendo de terror, mas é aí que entra a reflexão: isso é terror da perspectiva de quem? Quem é o verdadeiro monstro? Sabemos que os povos originários sofreram e sofrem os verdadeiros horrores causados pelo homem branco da chegada dos portugueses até os dias de hoje. Isso é história e, lamentavelmente, ainda está nos noticiários, não há como negar. Intolerância, ganância e a violência dos homens brancos geraram e geram até hoje massacres que dizimam povos e culturas originárias destas terras conhecidas, hoje, como Brasil.
Deixem seus comentários com educação e bons argumentos, pois eles serão lidos com educação e boa vontade. Prestigiem os pequenos eventos de quadrinhos nas suas respectivas cidades. Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”.
Boas leituras!
Rodrigo Rosas Campos
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