quarta-feira, 10 de abril de 2024

[Matéria] A Era das Arcas, o Cenário Nativo do 3DeT Victory


Rodrigo Rosas Campos


    Antes de mais nada, já prevejo mimimis de dois extremos, falarei disso na conclusão, e não pretendo comprar os livros extras de histórias da Era das Arcas. Este texto só falará do que está no manual do novo 3DeT Victory. O livro não define exatamente o quanto da história é do Marcelo Cassaro ou dos coautores, Marcela Alban, Tiago Ribeiro, Bruno Schlatter e Marlon Teske, mas as coisas antigas do Cassaro estão lá, incluindo referências a Tormenta e a todo o multiverso, as várias versões, do impagável Capitão Ninja. Como várias versões do Capitão Ninja existem neste mundo é um dos mistérios insondáveis que acho que os autores nem pensaram mesmo, mas isso é parte da graça.

    Sim para se curtir A Era das Arcas, você deve ter em mente que: ele foi criado para uma geração que gosta mais de mangá do que de comics de super-heróis americanos, embora tenha muitos clichês de uma distinta concorrente; é um cenário que exemplifica como os autores pensaram que seria a melhor experiência para as regras do novo 3DeT Victory, aproveita tudo o que o sistema oferece; foi pensado para renovar o público. “Não foi feito para mim!” - Sim, não foi feito para você, mas olhe o lado bom, nesse novo universo, Niele nunca morreu.

    Houve uma convergência, que em resumo foi uma crise multiversal que gerou uma Terra paralela utópica e futurista com seres de fantasia e portais para todos os universos do multiverso. Ou seja, usaram clichês de uma distinta concorrente para fazer um Shadowrun feliz estilo Disney. Parece que estou implicando? Sim, um pouco, admito. Mas os autores miraram na molecada de agora, não nos velhos chatos.

    Os seres de Arton e seus descendentes não sabem direito como chegaram naquela Terra, mesmo os humanos de Arton e seus descendentes são bem melhores que os humanos que já estavam naquela Terra, mas ninguém sabe exatamente como todos eles foram parar lá. Junto com esses seres fantásticos vieram as masmorras, que são universos paralelos altamente compactos que convergem na Terra e as chaves para entrar nessas masmorras são os glifos, símbolos de todos os tamanhos que podem estar em grandes objetos, como construções, podem ser letras estranhas que pairam no ar (como hologramas mágicos) ou mesmo bem pequenos como desenhos impressos em capas de livros ou outros objetos pequenos.

    Nossa cicerone é Ágata, uma kemono gata que aparece no centro da capa do livro, é a modelo que ensina aos(às) leitores(as) como criar personagens no manual e já tem um feito histórico narrado na ambientação do cenário. A ambientação começa quando fadas, elfos, goblins, anões etc. estão perfeitamente integrados a sociedade humana de antes da convergência.

    É uma Terra do futuro com elementos de fantasia, cyberpunk e ópera espacial. Um cenário dividido em pequenos cenários para aproveitar toda a mecânica do Victory. A maior parte das aventuras acontecem no núcleo da Era das Arcas, onde as arcas são dimensões paralelas, tecnologia e magia se combinam e o entrar e sair das arcas traz recursos para as corporações aperfeiçoarem ainda mais a já normalizada tecnomagia, mistura de tecnologia com magia.

    Os exploradores das arcas são conhecidos como arcanautas e gerenciados por uma organização chamada B.U.S.C.A. Apesar do clima leve de mangá e anime, acho que não preciso dizer que tudo é sempre muito suspeito num mundo com elementos de cyberpunk. Outro ponto do cenário é a universidade de heróis UniPotência, cuja reitora é a maior heroína de todas, a própria Vitória.

    Operação Arsenal é um torneio de artes marciais. E alguns usuários de um jogo de computador em realidade virtual e MMORPG online descobrem que Tormenta Alpha é mais que um jogo da pior maneira possível, não conseguindo se desplugar do jogo. Há também núcleos menores e a possibilidade dos grupos de jogadores criarem novos núcleos. Lembrem-se, estamos falando de um cenário de RPG e as lacunas estão lá para serem preenchidas por VOCÊS.

    É claro que existem especulações maiores em relação as arcas, mas isso será aprofundado pelas aventuras dos grupos e por outros materiais como livros e quadrinhos daquele universo. É, a Jambô também é uma corporação que quer dinheiro, só que no nosso mundo real mesmo. Mas ainda tem o espaço, a fronteira final. No espaço há uma Guerra da Galáxia em curso e um Capitão que já foi promovido a Major Ninja lidera os tripulantes de uma nave espacial em defesa da Terra.

    Tá bom, você acompanha RPG desde a Dragão Brasil impressa nos anos 1990 e está reconhecendo tudo isso?! Sim, houve uma crise cósmica multiversal e todos os universos criados pelo Cassaro se fundiram em um. Mas ao contrário da distinta concorrente, este novo universo não anulou o multiverso. Na verdade, a Terra da Era das Arcas parece ser um portal com universo próprio e com chaves escondidas e espalhadas para todos os universos anteriores e futuros.

    Um novo universo onde resquícios de Arton estão por toda a Terra do futuro e onde a nova Niele parece desconhecer sobre sua equivalente de Arton apesar de todos terem impressões vagas da pré crise, digo, da pré terceira convergência. Neste sentido, o mais bizarro dessa nova Terra é abrigar diferentes versões simultâneas do Capitão Ninja; será que eles possuem algum propósito maior? Não, isso deve ser só algum tipo de zoeira cósmica de Nimb.




    Sem muito mais a acrescentar, vejam os vídeos da Jambô antes do lançamento do livro, vou concluir esta matéria com uma reflexão óbvia prevendo comentários estúpidos: cenário não é sistema e sistema não é cenário, principalmente quando falamos de um sistema genérico como o 3DeT Victory é. Para aqueles que gostaram do novo sistema, mas que não gostaram do novo universo de a Era das Arcas e que querem jogar as versões separadas desses cenários, anteriores ao 3DeT Victoty, eu tenho uma boa notícia para vocês: isso é só RPG e ficção não é religião. Vocês podem adaptar os cenários antigos de U.F.O. Team, Tormenta Alpha, Mega City para 3D&T, etc. para o sistema do Victory se assim desejarem.

    Para os que adoraram o novo cenário mas preferem o sistema do antigo Alpha por perceberem que os personagens jogadores (e a magia) foram nerfados(as), tenho outra boa notícia para vocês: um sistema de RPG atualizado não é religião, vocês podem converter o novo cenário para o antigo sistema 3D&T Alpha. Alpha e Victory vieram da mesma base do sistema Defensores de Tóquio original, é só vocês não serem preguiçosos e preencherem as fichas do Alpha de acordo com as histórias de A Era das Arcas do Victory.

    Estou postando as matérias sobre o novo 3DeT Victory na medida em que as termino. Algumas estão no prelo, ainda quero falar das diferenças dos sistemas e fazer um guia de conversão, se quiser algo mais específico deixe nos comentários e veremos. Se desejarem, deixem comentários com carinho e educação. Boas leituras e bons jogos!

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