terça-feira, 8 de abril de 2025

Garimpando No Evento Cada Um No Seu Quadrinho: Terror Universal, Coletânea de Vários Autores Pela Tábula Editora


    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos. A pedra garimpada de hoje é Terror Universal no evento Cada Um no Seu Quadrinho, esqueci de anotar o preço no evento, pode ser encontrada na Amazon e por aí em torno de R$ 81,59. Sim, comprei com um dos criadores, mas esqueci de anotar o preço pelo qual paguei.

    Imagine os clássicos monstros do cinema, sobretudo os do estúdio Universal, reimaginados por brasileiros em quadrinhos de terror inéditos ou republicados em uma só coletânea. Imaginou? É disso que Terror Universal, publicado pela Tábula Editora, traz. 

Mas antes de entrar no comentário geral sobre as histórias, terei que tratar de assuntos um pouco espinhosos, alguns até técnicos: primeiro, só comentarei cada história em separada se houver muita demanda nos comentários e se a história não for curta demais, o que torna impossível não entregar o final no comentário. Segundo, sim, a Tábula Editora é uma parte da antiga editora Skript, que tanto desagradou muitos leitores que participaram de financiamentos coletivos. Terceiro, a impressão de Terror Universal, tendo em vista o preço final do produto em muitos pontos de venda, está péssima, e olha que é preto em branco e com papel de boa qualidade. Como se trata de uma coletânea abrangente com publicações e republicações, pude comparar uma de suas histórias com a impressão em outra coletânea e, realmente, a impressão deixa MUITO a desejar para leitores de quadrinhos de longa data.

    Normalmente, não sou sommelier de impressão. Costumo ser até condescendente quando a editora ou o autor independente não tem condições de pagar por uma gráfica melhor, mas tendo em vista que só tive duas edições da editora Skript original, tive sorte de não pegar nenhuma das más impressões (literalmente e em todos os sentidos) que levaram os leitores a um manancial de críticas e fizeram a editora original se separar entre a atual Skript e esta Tábula Editora.

    A impressão de Terror Universal foi feita em papel offset e em preto e branco, mas estão tão malfeita que as histórias que mais perderam foram as que dependiam de efeitos de tons de cinza, sobretudo nas letras, hachuras e retículas. Todavia é bom frisar que: apesar da qualidade gráfica ruim, não está ilegível, dá para ler tranquilamente, só espere o tempo barateá-la um pouco mais, pois, pela qualidade gráfica, ela devia ser BEM MAIS BARATA.

    Um outro ponto que tem que ser abordado é que, apesar de ter saído no ano passado, 2024, Terror Universal está mais próxima de um livro do que de um gibi da turma da Mônica do més passado. Não dá para tratar esta edição como um quadrinho antigo. E, aqui, preciso evidenciar a diferença do garimpo em gibiterias e do garimpo em eventos. O garimpo em gibiterias trata de edições encontradas em gibiterias ou sebos, que são difíceis de encontrar hoje, mas que valem a pena ser mencionadas; o garimpo em evento trata de revistas (ou livros) de quadrinhos atuais, em catálogo, comprado diretamente com um ou mais criadores. Aqui, me obrigo a ser abertamente severo com a impressão ruim desta edição que não é barata. Mais uma vez, espere baratear.

    Bom, agora voltarei ao conteúdo das histórias num apanhado geral com alguns exemplos de que gostei e algumas menções honrosas. Recapitulando a proposta, Terror Universal mostra olhares brasileiros aos monstros do cinema, sobretudo os do estúdio… Universal, quem diria! Foi lançada em 2024 e traz nomes novos e veteranos dos quadrinhos de terror e horror brasileiros.

    Destacando as histórias de que mais gostei temos: Dead Line de Romeo Martins (texto) e Marcel Bartholo (desenhos). Nesta história vemos o que acontece quando um desenhista de quadrinhos está próximo do prazo final para entregar as páginas. Como ele faz quando precisa varar a noite em claro? Aqui temos uma bela reviravolta com piadoca que não posso contar do que se trata para não estragar a graça. O que acontece quando dois monstros se combinam em um? Lobisomem-guari é uma resposta possível trazida até nós por Josué Sousa. Visita Macabra traz Alberto Pessoa no texto e Júlio Shimamoto nas ilustrações. Uma simpática senhora comenta com o filho de que há um assassinato brutal nas redondezas toda vez que ele a visita e ele sempre a visita em noites de Lua cheia, coincidência? Descubra lendo a história.

    Agora vamos falar um pouco de histórias feitas no Brasil, mas ambientadas fora do Brasil. Meio que um estilo Bonelli a brasileira. Qual teria sido o segredo de três atores que interpretaram Drácula brilhantemente nos cinemas? Descubra em Filhos da Noite de Caio Amaro. Muito se conta sobre lobisomens, mas sobre lobismulheres temos poucas histórias. Lua Negra com roteiro de Sílvio Alencar e desenhos de Sousa D. Gab nas ilustrações traz uma história sobre mulheres que viram lobas. Imagine agora uma cidade povoada por monstros em que os detetives particulares também precisam lidar com esses monstros. Essa é a premissa de Universal City com textos e desenhos de Diego Miranda. Universal City traz elementos de histórias de detetive com terror e horror e, na parte como é escrita e desenhada, lembra Astro City, só que com monstros no lugar de super-heróis.

Menções honrosas para: Flávio Colin; Gico; Daniel HDR; Sidemar de Castro; Tiago S. Conceição; Andrei Osório entre outros. Esta resenha ficaria longa demais se listarmos todos os nomes talentosos na edição. Pena que a impressão não ajudou.

    Tem histórias ruins? Tem. Não vou mentir, mas a maioria oscila entre boa e ótima e algumas são até excelentes. Deixe seu comentário com carinho e educação, pois ele será lido com carinho e educação e prestigiem os pequenos eventos de quadrinhos nas suas respectivas cidades.

Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”.

    Boas leituras e bons sonhos, hahahahaha!

    Rodrigo Rosas Campos


segunda-feira, 7 de abril de 2025

Garimpando No Evento Eisner Week 2025: Labirintite de Daniel Esteves, Laudo Ferreira, Alex Rodrigues, Federico de Aquino e Janis

    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos.

    A pedra garimpada de hoje é Labirintite de Daniel Esteves, todos os textos das quatro histórias, com desenhos e artes-finais de Laudo Ferreira, Alex Rodrigues, Federico de Aquino e Janis, foi garimpada no evento Eisner Week 2025, ao preço de R$20,00, com capa de Alex Rodrigues e quarta capa de Samuel Bono. São quatro histórias misturando terror e música com muito bom humor. Gibi bom, bonito e barato!

    O Trompetista Fantasma tem desenhos de Laudo. O fantasma de um trompetista amador volta para assombrar os amigos tocando seu trompete para eles. Mas estes amigos não gostavam de ouvir o homem tocar nem quando era vivo e agora precisam lidar com uma assombração que toca trompete. O que esses três fizeram para merecer essa assombração musical desafinada? Falar mais da história é dar spoilers.

    Feijoada de Sangue tem desenhos de Alex Rodrigues e mostra o que acontece quando um grupo de pagodeiros vampiros, o Exalta Sangue, reclama com um empresário que só consegue shows durante o dia e em lugares abertos. Pogando com Lobos mostra um senhor reacionário reclamando de um grupo de heavy metal que tem um estranho efeito sobre cachorros. Com desenho de Federico de Aquino, está é uma das histórias de que falar muito é dar spoiler.

    Portinhas Escondidas Em São Paulo com desenhos de Janis mostra uma garota que posta vídeos no Instagram sobre lugares desconhecidos e legais da cidade de São Paulo. Um dia, ela recebe uma dica de uma estranha amiga e vai com sua câmera woman até uma boate pouco conhecida em que fantasmas do jazz se apresentam no palco. Qual será o preço desse ingresso?

    Falar muito sobre pequenas histórias de terror é estragar as surpresas dos finais, principalmente quando a proposta é criar situações engraçadas com o sobrenatural, como é o caso. Labirintite é uma divertida e inusitada coletânea de quatro histórias completas para os que gostam de terror e humor, ou seja, um bom terrir!

    Prestigiem os pequenos eventos de quadrinhos nas suas respectivas cidades. Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos

domingo, 6 de abril de 2025

Garimpando No Evento Cada Um No Seu Quadrinho: Canil de Marcel Bartholo e Rodrigo Ramos

 


    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos. A pedra garimpada de hoje é Canil, com texto de Rodrigo Ramos e ilustrações de Marcel Bartholo e foi garimpada no evento Cada Um No Seu Quadrinho, ao preço de R$30,00.

    A premissa de Canil é simples: em noites de Lua cheia, o filho de um governador se torna um monstro. Em uma dessas noites, ele matou uma criança, uma garotinha, foi capturado e preso em sua forma humana. Enviado a um presídio superlotado, como será uma primeira noite de Lua cheia na cadeia? Será que a maldição passará para os sobreviventes de seus ataques?

    Realidade e sobrenatural são sobrepostos nesta história. Numa prisão onde os prisioneiros são tratados como cães, um lobisomem será feito prisioneiro. É uma história fechada em que a dupla escolhe um tipo especial de licantropo diferente do visual de homem lobo padrão mais tradicional. Falar sobre o aspecto desse licantropo seria estragar uma surpresa. Formato franco-belga, capa cartão, cores, lombada canoa grampeada, editado pela Carniça Quadrinhos, vale cada centavo.

    Prestigiem os pequenos eventos de quadrinhos nas suas respectivas cidades. Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”.

    Boas leituras e bons sonhos, hahahahaha!

    Rodrigo Rosas Campos


sábado, 5 de abril de 2025

Garimpando No Evento Eisner Week 2025: São Paulo do Mortos Volume 1, Segunda Edição


    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos.

    A pedra garimpada de hoje é São Paulo do Mortos Volume 1, Segunda Edição e foi garimpada no evento Eisner Week 2025, ao preço de R$ 35,00. São Paulo dos Mortos volume 1 tem capa de Wanderson de Souza (lápis) e Al Stefano (cores), que forma uma ilustração única junto com a contracapa. Foi publicada originalmente em 2013 e esta segunda edição é de 2024 com 104 páginas. Todos os roteiros e textos da série foram escritos por Daniel Esteves.

    Em alguns momentos, farei comparações com a edição original. Esta segunda edição traz uma nova história, mas essa não foi a única diferença. Qual eu prefiro? Apesar da história extra e pelo motivo que comentarei no próximo parágrafo, prefiro a primeira edição. Quem sabe o Daniel não faça mudanças para a terceira edição. Mas agora, vamos as histórias:

    Antes dos Mortos tem desenhos de Jozz. História sobre o ataque real da polícia a comunidade do Pinheirinho em São José dos Campos no ano de 2012. Nesta nova edição, ela foi colocada antes de  Carona Para o Governador, o que, a meu ver, tirou o impacto da leitura do volume como um todo.

    Próxima Estação conta com a arte de Al Stefano. 2022, uma mulher nos subterrâneos do metrô de São Paulo tenta fugir de um dos primeiros ataques dos zumbis. Nesta nova edição, ela é a primeira.

    Com Você no Fim do Mundo tem arte de Laudo Ferreira (lápis) e Omar Viñole (nanquim). Para ser lida ao som do hit brega “Eu vou Tirar Você Desse Lugar”. Como lidar com entes queridos que viraram zumbis? O que você faria por amor a uma mulher que virou zumbi? Garante boas gargalhadas e uma dose cavalar de prazer culpado e politicamente incorreto.

    Vício tem arte de Ibraim Roberson e Lucas Perdomo. É uma aventura na cracolândia que se eu continuar comentando dou spoiler.

    Itaquerão, com arte de Bono (lápis) e Viñole (nanquim), vemos um clássico do futebol paulista, Corinthians x São Paulo jogado por três moleques malucos com jogadores, trio de arbitragem e uma torcida de zumbis. Só zoeira, bagulho doido, mano!

    Carona Para o Governador é a última história e melhor história do primeiro livro. Com arte de Wagner de Souza e Alex Rodrigues. Como ficam as relações de poder e autoridade no caos do fim do mundo? Um grupo de sobreviventes conduz o Governador de São Paulo rumo a sobrevivência, mas será que o Governador sobreviverá? Em caso afirmativo, ele ainda terá algo a governar?

    Sorte Para o Fim do Mundo com desenhos de Walmir Amaral foi a história acrescentada nesta segunda edição do primeiro volume de São Paulo dos Mortos. Nela, um cara sortudo pondera sobre a sorte que está tendo durante o apocalipse zumbi, mas será que a sorte durará para sempre? E se a sanidade acabar antes da sorte? Será a sanidade uma parte inerente da sorte? Bem que o Daniel Esteves podia ter deixado essa história para o volume V, só para obrigar quem já tinha o original a ter que comprar outra revista. A Zapata Edições está virando DC ou Marvel.

    Histórias de terror com uma pegada metafórica da situação política brasileira, tal como A Noite dos Mortos-Vivos de George Romero tratou, implicitamente, do racismo nos EUA e da guerra do Vietnã. Um quadrinho nacional de terror imperdível. Atualmente disponível para compra no site da Zapata Edições juntamente com os volumes II, III e IV.

    Prestigiem os pequenos eventos de quadrinhos nas suas respectivas cidades. Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos


sexta-feira, 4 de abril de 2025

[Maréria] Mistérios & Detetives Para o Sistema Diário Macabro RPG


Rodrigo Rosas Campos


    Eis que o mestre (ou algum jogador do grupo) lê um livro de mistério em que o objetivo do protagonista detetive é descobrir quem cometeu o crime, seja um assassinato, um sequestro ou um grande roubo. Como levar isso para a mesa de RPG? Bom, qualquer sistema genérico pode rodar uma aventura em que o objetivo é descobrir o criminoso. Aqui, está claro que o cenário propriamente dito pode ser a cidade em que o grupo vive e joga e que cada aventura será um mistério diferente, com um novo elenco de NPCs que serão: as autoridades (que podem ou não serem recorrentes), os suspeitos, as vítimas, as testemunhas etc. e que os jogadores são os detetives que terão que descobrir quem matou (ou roubou etc.).

    Tendo o clima de investigação como premissa, o mestre usará a regra de ouro para selecionar as regras mecânicas que se encaixam nela e os jogadores terão que criar os personagens para desvendar o mistério apresentado pelo mestre. É neste ponto que todos os membros da mesa, tanto o mestre como os jogadores, deverão conhecer ao menos o básico do sistema usado. Assim, cada jogador saberá qual é o papel do mestre e como o papel dele e de cada um dos outros jogadores se complementam para a construção de uma história coletiva e divertida, o objetivo último de uma aventura ou campanha de RPG.

    Para início de conversa, se elimina a magia; todo personagem é humano; qualquer vantagem que seja impossível de se explicar por motivos de treino ou talento natural está proibida até para os NPCs. Vigilantes fantasiados ou super-heróis estão barrados em mistérios e detetives. Isso deverá ser feito com qualquer sistema genérico que o mestre escolha para rodar uma história sobre um mistério com os jogadores como os detetives. Jogar com Diário Macabro RPG sem a magia, sobrenatural etc. é bem mais fácil do que se pode imaginar. O sistema é praticamente genérico. Depois de ver o básico do sistema a seguir, procure o site da editora e baixe os arquivos de graça.

O Básico do Sistema Voltado Especificamente Para Mistérios & Detetives


    Diário Macabro RPG é um sistema de RPG de terror e horror, predominantemente narrativo, que está sendo desenvolvido pela equipe da Diário Macabro Editora. É um sistema simples em que jogadores e mestres usam no máximo 3 dados simples de 6 faces, os dados comuns que se acham em qualquer papelaria. Você e seu grupo podem baixar 4 arquivos grátis para experimentar esse sistema e ajudar. É um jogo focado em horror e terror, mas não é limitado em um só tipo de terror e horror. De fato, o sistema de regras é tão narrativo que chega a ser genérico, além de estimular o uso da regra de ouro na criação de regras da casa. Nem é preciso muito esforço para usar as mesmas regras para jogar uma aventura onde os jogadores terão que descobrir o culpado de um crime (quem matou ou quem roubou) como em uma história de detetive e mistério comum e realista.

    Também é interessante notar que, nesse sistema, o nível dos personagens jogadores corresponde a classe e que a classe não define que perícias (características e habilidades) o personagem terá, mas o quanto os personagens jogadores estão familiarizados ou não com as situações que serão propostas. Na ficha, as características e habilidades correspondem aos talentos. O jogo exige o lançamento de dados, mas lembra que o foco é predominantemente narrativo? Isso quer dizer que seu talento não pode ser simplesmente ágil (ou agilidade), o(a) jogador(a) terá que definir se o(a) personagem é um acrobata ágil, um nadador ágil ou se tem um pensamento ágil. A agilidade terá que ser especificada, assim como tudo. Colocar que o personagem é um bom lutador pode não ser o suficiente para o(a) mestre(a), o jogador terá que colocar que o personagem é bom de capoeira, judô, caratê etc., e isso é até mais aconselhável. Talvez o jogador tenha que definir até em que faixa o(a) personagem está. Por que isso acontece? Porque não há uma lista de perícias pré-definidas em Diário Macabro RPG, mas a própria regra exige que você especifique o máximo possível cada característica e habilidade para saber se a característica ou a habilidade dará bônus para atividades mentais (mente), sociais (influência) ou físicas (corpo) na hora de rolar 1 ou mais dados; um mínimo de 1 e um máximo de 3 para cada teste. Aqui, quanto menor é o valor dos dados, melhor.

    São os níveis dos personagens os aspectos mais afetados em uma abordagem mais realista, sem elementos sobrenaturais. Os níveis possíveis aos jogadores são: 1, inocentes, são personagens que nunca se viram envolvidos com um crime ou uma investigação criminal. São pessoas comuns que terão na primeira aventura (ou desventura) seus primeiros contatos com a investigação de um crime. Podem ser garotos enxeridos querendo desvendar o caso e se arriscando para o desespero dos pais e das autoridades. Podem ser suspeitos inocentes de um crime que decidem ajudar os detetives. Os inocentes terão inicialmente 3 talentos, 1 tormento, 1 tesouro, 1 aliado e 1 motivação. Como o inocente nunca teve contato com com uma investigação criminal, sua motivação poderá ser qualquer uma, desde se formar em algo ou mesmo de ser um detetive mesmo. Um tormento que cabe bem aqui seria ser condenado a cadeia por um crime que não cometeu; outro tormento possível seria o de não conseguir reconhecimento como o grande investigador que sonha ser e por aí vai.

    O nível 2 são os exploradores. Estes já tiveram algum contato desagradável com o uma investigação criminal e não farão nada de imprudente para repetir a dose. Eles terão que ter um bom motivo para se envolverem: um ente querido está sendo incriminado; ele(a) está sendo incriminado(a); algo deles foi roubado etc. Ou seja, os exploradores terão que se ver ameaçados ou ver entes queridos ameaçados de alguma forma. Estes começam com 4 talentos (ao menos um ligado a defesa e ataque), 2 tormentos, 2 tesouros, 1 aliado e 1 motivação. Seus tormentos serão tormentos ligados a vida cotidiana e a experiência desagradável de se ver envolvido(a) num crime de novo. E a motivação aqui se relaciona ao que os levou a se envolver em uma outra investigação criminal. Uma testemunha amedrontada não deixa de se encaixar aqui, ainda que por força das circunstâncias, por exemplo. Eles também podem aumentar um atributo a escolha do(a) jogador para além dos 9 pontos iniciais de atributos.

    O nível 3 são os caçadores, aqueles personagens que partem para o ataque de forma consciente. Agora sim temos os profissionais: detetives da polícia, detetives particulares, repórteres investigativos, médicos legistas e todo tipo de perito criminal. Estes começam com 4 talentos (ao menos um ligado a defesa e ataque), 2 tormentos, 3 tesouros, 1 aliado, 1 motivação, 1 aumento de atributo em 1 ponto para além dos 9 pontos iniciais em atributos e uma carta na manga, que, aqui terá que ser algo realista, acesso a um informante quente, que conhece tudo no submundo, acesso a informações sigilosas etc. Mas mesmo que a carta na manga seja uma perícia, ela é contada como um tesouro extra.

    No sistema Diário Macabro RPG, o ideal é que o grupo de personagens jogadores esteja no mesmo nível no início da aventura (ou campanha), mas o(a) mestre(a) pode permitir um grupo de personagens jogadores em que cada um tenha um nível diferente, nesse caso, ele(a) que lute para balancear os desafios. Fica claro que as regras funcionam melhor se o(a) mestre(a), depois de escrever a aventura, saber se o nível de desafio se encaixa melhor com personagens inocentes, exploradores ou caçadores e pedir aos jogadores que o grupo de personagens sejam só de inocentes, só de exploradores ou só de caçadores.

    Lembrando, não há uma lista de características e habilidades pré-definidas, se fizer sentido com a aventura proposta pelo mestre(a), com a história do personagem e for bem específico, o jogador pode criar um inocente que se interesse por casos policiais como um hobby, sem de fato levar isso muito a sério até que esteja perto de um caso, garoto(a) enxerido(a). Assim, um(a) inocente pode ter a habilidade “conhecimento de crimes via imprensa” e que haja um acordo entre mestre(a) e jogador(a) para o escopo e o alcance dessa habilidade de acordo com o cenário proposto na aventura. A seguir, uma versão econômica da ficha de Diário Macabro RPG:

    Ficha de Personagem do Diário Macabro RPG
    Nome do(a) Jogador(a):
    Nome do(a) Personagem:
    Nível:
    Motivação:
    Pontos de Experiência (XP):
    Mente:
    Influência:
    Corpo:
    Saúde:
    ( ) Proteção
    ( ) Contundido
    ( ) Ferido
    ( ) Detonado
    Stress:
    Características e Habilidades:
    -
    -
    -
    -
    -
    -
    Tormentos e Traumas:
    Tesouros:
    Aliados:

Ambientação

    Aqui tem mistérios. Você é um detetive e deve desvendar os mistérios propostos pelo mestre. As tramas possíveis são: Um assassinato. É imprescindível descobrir quem matou ou o crime ficará impune.
    O roubo de uma joia valiosa. É preciso descobrir quem roubou ou ela será vendida na ilegalidade.
    O roubo de uma obra de arte. É necessário descobrir quem roubou ou ela será vendida na ilegalidade.
    Um(a) inocente foi incriminado(a). Urge provar sua inocência ou uma injustiça será cometida.
    Uma dama misteriosa procura os detetives dos jogadores e é melhor ouvi-la ou uma informação valiosa pode se perder para sempre.
    Um suspeito(a) em fuga. É melhor capturá-lo ou ele(a) escapará!
    Um sequestro em que se tente resgatar a vítima e prender o sequestrador.
    Note que alguns destes motes são complementares, não excludentes. O suspeito em fuga pode ser alguém desesperado, não necessariamente o culpado. A pessoa incriminada deverá ter algum benefício com o crime, caso contrário o(a) criminoso(a) não a teria incriminado. É importante também que o cenário propriamente dito seja mostrado ou descrito de forma a dar pistas aos detetives/jogadores. Mais detalhes daqui a pouco.

    Mas que personagens os jogadores podem criar? São exemplos: um(a) garoto(a) enxerido(a) que quer ser detetive. Ele(a) será subestimado(a) por todos e pode ser considerado(a) bem inconveniente pelos detetives profissionais, policiais, particulares ou repórteres criminais, mas poderá se mostrar genial se o jogador tiver malícia para contornar isso.

    Ficha de Personagem do Diário Macabro RPG
    Nome do(a) Jogador(a):
    Nome do(a) Personagem: Um(a) garoto(a) enxerido(a)
    Nível: 1
    Motivação: se tornar um(a) grande detetive e criminólogo(a).
    Pontos de Experiência (XP):
    Mente: 3
    Influência: 3
    Corpo: 3
    Saúde:
    ( ) Proteção
    ( ) Contundido
    ( ) Ferido
    ( ) Detonado
    Stress:
    Características e Habilidades:
    - andar de bicicleta.
    - noções de karatê.
    - perspicaz, consegue perceber coisas que passam desapercebidas por outras pessoas.
    Tormentos e Traumas: não conseguir a fama desejada.
    Tesouros: seu telefone celular.
    Aliados: um(a) amigo(a) de infância sem juízo que embarca em qualquer furada.

    Um(a) detetive particular contratado(a). Possui uma inteligência acima da média e experiência. Esse tipo de personagem é contratado(a) pelos interessados no caso para resolvê-lo. O mais famoso deles, Sherlock Holmes, foi muitas vezes convocado pela própria polícia de Londres para ajudar em investigações truncadas.

    Ficha de Personagem do Diário Macabro RPG
    Nome do(a) Jogador(a):
    Nome do(a) Personagem: Um(a) detetive particular contratado(a)
    Nível: 3
    Motivação: ser um(a) profissional cujo trabalho ajude alguém.
    Pontos de Experiência (XP):
    Mente: 4
    Influência: 4
    Corpo: 2
    Saúde:
    ( ) Proteção
    ( ) Contundido
    ( ) Ferido
    ( ) Detonado
    Stress:
    Características e Habilidades:
    - uso de armas de fogo.
    - técnicas de investigação criminal.
    - lábia.
    - perspicácia.
    Tormentos e Traumas: já foi acusado injustamente e medo de incriminar um inocente.
    Tesouros: um laboratório próprio em casa; uma boa biblioteca relacionada a crimes; um carro; habilidade de atuação.
    Aliados: um(a) antigo(a) colega na polícia que é médico(a) legista.

    Um(a) detetive investigador(a) da polícia: possui autoridade estabelecida, o que em alguns sistemas se traduz em vantagem mecânica. Note que, mesmo que um ou mais jogadores escolham este tipo de personagem, o mestre terá que criar outros policiais como NPCs. É interessante que o(a) delegado(a) responsável pela delegacia do jogo seja um(a) NPC obrigatório(a).

    Ficha de Personagem do Diário Macabro RPG
    Nome do(a) Jogador(a):
    Nome do(a) Personagem: Um(a) detetive investigador(a) da polícia
    Nível: 3
    Motivação: servir e proteger.
    Pontos de Experiência (XP):
    Mente: 3
    Influência: 3
    Corpo: 4
    Saúde:
    ( ) Proteção
    ( ) Contundido
    ( ) Ferido
    ( ) Detonado
    Stress:
    Características e Habilidades:
    - uso de armas de fogo.
    - técnicas de investigação.
    - perspicácia.
    - lábia.
    Tormentos e Traumas: não conseguiu salvar um inocente e é malvisto por alguns de seus colegas por ter denunciado um ex-parceiro corrupto.
    Tesouros: distintivo, arma de fogo, material para coleta de provas e acesso ao banco de dados da polícia.
    Aliados: o(a) delegado(a) de sua delegacia.

    Um(a) repórter policial tem como sua maior vantagem uma vasta experiência em investigação de crimes. Não possui poder legal, mas não tem a má fama do garoto(a) enxerido(a). Ainda que o(a) repórter policial tenha alguma má fama, não será por ser subestimado(a).

    Ficha de Personagem do Diário Macabro RPG
    Nome do(a) Jogador(a):
    Nome do(a) Personagem: Um(a) repórter policial
    Nível: 3
    Motivação: dar um furo de reportagem que o(a) torne famoso(a).
    Pontos de Experiência (XP):
    Mente: 4
    Influência: 4
    Corpo: 2
    Saúde:
    ( ) Proteção
    ( ) Contundido
    ( ) Ferido
    ( ) Detonado
    Stress:
    Características e Habilidades:
    - perspicaz.
    - técnicas de investigação.
    - krav-magá.
    - lábia.
    Tormentos e Traumas: alcoólatra e uma péssima relação com a família.
    Tesouros: seu celular, seu laptop, seu carro e contatos quentes no submundo.
    Aliados: seu(sua) editor(a) chefe.

    Um(a) médico(a) legista possui as vantagens de conhecer medicina legal, ter poder legal (estar a serviço da polícia) e ter acesso ao laboratório pericial. Mas este tipo de personagem, o mestre já pode ou não reservar como NPC.

    Ficha de Personagem do Diário Macabro RPG
    Nome do(a) Jogador(a):
    Nome do(a) Personagem: Um(a) médico(a) legista
    Nível: 3
    Motivação: se vê mais como médico(a) do que como policial, sua maior motivação é salvar vidas ou diminuir as dores.
    Pontos de Experiência (XP):
    Mente: 6
    Influência: 1
    Corpo: 3
    Saúde:
    ( ) Proteção
    ( ) Contundido
    ( ) Ferido
    ( ) Detonado
    Stress:
    Características e Habilidades:
    - medicina.
    - medicina legal.
    - treino básico no uso de armas de fogo.
    - grande empatia.
    Tormentos e Traumas: muita autocobrança em relação a pacientes; medo de deixar escapar detalhes cruciais em uma autópsia.
    Tesouros: carro, instrumentos médicos, acesso ao banco de dados da polícia e um celular.
    Aliados: um(a) delegado(a) confiável.

    Um(a) perito(a) da polícia tem como vantagens o poder legal (trabalha para a polícia) e o acesso ao laboratório pericial. O mestre também pode querer que seja um NPC obrigatório. A diferença do(a) perito(a) para o(a) médico(a) legista estará no tipo de conhecimento. O(a) médico(a) entenderá da parte médica ao passo que o(a) perito(a) terá um conhecimento científico mais abrangente, possuindo especializações que complementem a medicina do(a) médico(a) legista. Tanto o médico legista quanto o perito e os policiais precisam entender de leis. É aconselhável que os detetives particulares também. Muitos detetives particulares da literatura, TV e cinema são descritos como ex-policiais.

    Ficha de Personagem do Diário Macabro RPG
    Nome do(a) Jogador(a):
    Nome do(a) Personagem: Um(a) perito(a) da polícia
    Nível: 3
    Motivação: servir e proteger.
    Pontos de Experiência (XP):
    Mente: 6
    Influência: 3
    Corpo: 1
    Saúde:
    ( ) Proteção
    ( ) Contundido
    ( ) Ferido
    ( ) Detonado
    Stress:
    Características e Habilidades:
    - criminalística.
    - química.
    - biologia.
    - treino básico no uso de armas de fogo.
    Tormentos e Traumas: medo de incriminar um inocente e timidez.
    Tesouros: instrumentos de coleta e análise; acesso ao laboratório da polícia; acesso ao banco de dados da polícia e uma vasta biblioteca de tudo o que possa estar relacionado a crimes.
    Aliados: um(a) delegado(a) de confiança.

Outros Detalhes

    Os lugares, personagens do mestre e eventos a espera dos jogadores terão que ser bem detalhados para que o grupo consiga chegar a uma conclusão. A cena do crime deve ser montada de acordo com o crime cometido, assassinato e roubo são diferentes crimes. Roubo de arte é diferente de roubo de joias ou dinheiro. Roubar um quadro é diferente de roubar uma escultura etc. Em uma cena de crime, pode haver a presença de um policial responsável, que pode gostar ou não de ver os jogadores. Os jogadores devem estar atentos para alguma prova negligenciada pelos policiais e detetives NPCs que passaram por ali.

    Na galeria de arte roubada, ou os jogadores conseguirão falar com o curador ou não. Em todo caso, talvez haja uma exposição em andamento, pois, apesar do roubo, a vida segue. Isso dependerá do delegado (NPC) e em quanto tempo a cena do crime ficará interditada. Na joalheria o dono da loja poderá estar ou não desesperado. Em todo caso, outras joias e relógios continuam expostos a venda. Na mansão da vítima podemos encontrar a governanta e fotos da vítima com um ou mais suspeitos. No boteco pé sujo, o balconista pode ter visto alguma coisa, fora os demais frequentadores mal-encarados que bebem ali. Pode ser o bar mais frequentado por um informante confiável etc. O laboratório pericial possui um técnico de laboratório (ou um papiloscopista) com instrumentos diversos de análises e um computador a serviço do(a) perito(a) e do(a) médico(a) legista.

    Outros elementos que podem ser relevantes são: a existência de algum informante que pode ser útil ao caso. Se ele ajudará por boa vontade ou se os jogadores terão que barganhar um preço em dinheiro ou favor, se a informação dele realmente vale a pena etc. Provas, onde elas serão encontradas? O que é preciso para que um objeto comprometa um suspeito? A vítima de roubo tinha seguro? É preciso verificar isso. A apólice está em nome de algum outro beneficiário? Onde está este documento? Existe alguma evidência de fraude contra o seguro? O testamento precisa ser examinado. Quem são os herdeiros da vítima? O que diz o laudo da autópsia? Se algum jogador tem acesso ao banco de dados da polícia, que informações confidenciais podem estar ali e ajudar no caso? Há algum suspeito de agora que já fora inocentado por falta de provas ou provas inconclusivas anteriormente? Só o(a) perito(a) da polícia e o(a) médico(a) legista estão autorizados(as) a usar o laboratório pericial. Mas algum detetive particular pode ter acesso a um laboratório próprio ou de outros.

    NPCs suspeitos são fundamentais e deverão ter características e motivações, em regras de RPG elas podem estar espalhadas em vantagens, desvantagens e na história do personagem. Sendo que tudo o que não for regra mecânica é pura história, mas essa história pode ou não colaborar como indício de inocência ou culpa. Vamos a alguns exemplos: Abigail Brito, refinada, entende de arte e é herdeira de uma grande fortuna, mas sua riqueza não será indício se a riqueza for prévia ao crime ou se sua fortuna não tiver ameaçada.
    Breno Costa, refinado, entende de arte e é herdeiro de uma grande fortuna. Em regras de RPG, sua ficha terá elementos semelhantes aos de Abigail Brito, mas algumas modificações sutis podem ser colocadas. Se ela entender mais de esculturas, ele pode entender mais de pinturas e vice-versa.
    Celina De Sousa, governanta, bem-educada e tem muitas dívidas.
    Dionísio Cardoso, mordomo, discreto e tem dívidas. Em regras de RPGs, estes podem ter culinária ou outras especializações que sirvam a afazeres domésticos como jardinagem, condução, mecânica etc.
    Elisa Borges, executiva, ambiciosa, almeja o controle da empresa.
    Fábio Linhares, executivo, ambicioso, quer montar sua própria firma. Em regras de RPG, os dois personagens anteriores terão especializações voltadas para administração, finanças e contabilidade.

    Todos podem ser suspeitos tanto de roubo quanto de assassinato, mas pessoas refinadas tenderão a ser mais suspeitas do roubo de arte. Podem conhecer receptadores em potencial, saberão retirar um quadro (ou escultura) do lugar sem danificá-lo(a) etc. Qualquer um pode roubar joias e dinheiro. Quem tem maior chance de ser o assassino(a) do magnata? O herdeiro direto, o empregado endividado e desesperado, ou o sócio que quis dar um golpe na firma e estava prestes a ser desmascarado? Os suspeitos podem e devem testemunhar uns contra os outros em qualquer caso ou combinações de casos.

    Não são todos os sistemas de RPG que tem “herdeiro de uma fortuna” como parte das regras mecânicas, alguns possuem a vantagem riqueza (fortuna etc.), mas a maioria dos sistemas não dirá como o personagem adquiriu sua riqueza, isso é determinado pelo contexto combinado entre mestre e jogador, pela história de cada personagem jogador que eventualmente possuir riqueza.

    Se o crime foi um assassinato, qual foi a arma do crime? Veneno, tiro, facada etc.? Se arma de fogo, quais suspeitos sabem atirar? A arma do crime poderá ser definida pelo laudo ou pelo depoimento de algum personagem. E aqui entramos no terreno do mestre. Caberá ao mestre dar ou não perícias ou especializações ligadas ao uso de armas de fogo ou venenos. Ele terá que criar uma ou mais soluções possíveis dentro de sua ambientação.

    Se o mestre decidir que o(a) culpado(a) é o(a) personagem X e os jogadores errarem, ninguém ganhará pontos de experiência. Neste caso, o mestre deve trabalhar para que a maioria dos indícios e das pistas apontem para um(a) único(a) culpado(a); a menos que esteja se baseando em algum livro que mostre o contrário. O mestre pode dar a cada suspeito uma motivação viável e ver como o grupo chegará ao(s) culpado(s) de acordo com a interação dos PCs entre eles e com os NPCs. Neste caso, sugiro que ao menos um NPC seja inocente de todo e que o mestre puna o grupo que o condenar. Afinal, não é justo que o jogador chame seu detetive de Sherlock Holmes, dê a ele várias perícias, altos atributos e características e o personagem faça todo o serviço por rolagens de dados enquanto o jogador, ele mesmo, não sabe somar 2+2 e chegar a 4. Quanto as fichas dos NPCs suspeitos, cabe a cada mestre criar uma a uma ou criar, um a um, seus próprios suspeitos e suas respectivas fichas, afinal, o jogador lê a parte do cenário que cabe ao mestre. Não se iludam, mestres, seus jogadores leram este texto.

    Outra alternativa, mais complicada, que o mestre poderia usar seria a de criar as fichas dos jogadores e distribuí-las aleatoriamente. Neste caso, um dos jogadores seria o culpado e tentaria incriminar os outros e atrapalhar os detetives. Ao passo que os outros jogadores interpretariam os suspeitos inocentes que tentariam ajudar os detetives, mas a desconfiança seria generalizada e isso geraria um jogo bem narrativo com um PvP intelectualmente desafiador. São inspirações para este tipo de aventura, A Ratoeira e o Assassinato no Expresso do Oriente, ambos de Agatha Christie. Concluindo, quanto maior for o número de livros de mistério e suspense lidos pelo mestre e pelos jogadores, mais recursos o grupo terá para levar até a mesa de RPG esse tipo de ambientação. RPG é um jogo em que se interpreta personagens, que se joga dados, que se cria histórias e que se lê também, afinal, os ingredientes de uma boa história passada podem se encaixar no caldeirão de suas histórias atuais.

    Boas leituras, boas aventuras, boas campanhas e boas rolagens!



 



quinta-feira, 3 de abril de 2025

Aviso Referente a IAs

 Eu, Rodrigo Rosas Campos, NÃO autorizo que meus textos, desenhos, ilustrações, quadrinhos etc. sejam usados para treinar IAs.

Sendo que o certo seria os donos das IAs perguntarem antes se podem usar material protegido por direitos autorais para treinar suas respectivas IAs.

Em todo caso, já FRISO que eu NÃO autorizo o uso de nenhum material meu para treinamento de IAs.

Rodrigo Rosas Campos

Rio de Janeiro, 03/04/2025.

Brasil

Rabiscos #174

Se precisar, clique na imagem para ampliá-la!

 


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