Sem dar muitos spoilers, Tecnodreams de Isaque Sagara, texto e arte, é uma ficção científica em que a realidade virtual é a estrela. Será? Como toda boa ficção científica, Tecnodreams é sobre a nossa realidade, mas num pano de fundo futurista. Nesse caso, nem tão futurista aqui, uns 10 a 20 anos no futuro mais ou menos. Com influências do cyberpunk, o mundo de Tecnodrems é bem parecido, quase igual, ao nosso. As protagonistas são Cida, a empregada doméstica que mora na periferia, e Viviane, a patroa rica que é tenista, mas que conseguiu sua fortuna por herança.
Em Tecnodreams, Cida acaba sendo voluntária para os primeiros experimentos em conectar o cérebro de forma direta com a máquina. Nesta história, a empresa quer estudar um novo tipo de entretenimento, um indutor de sonhos. Mas ir além daqui é dar spoilers. O maior objetivo da ficção científica é nos fazer refletir sobre nossa própria realidade e o texto desse quadrinho é certeiro neste aspecto.
Nos desenhos estão pontuados os detalhes de que a trama se passa não muito longe em nosso futuro. Lembra do “será?” no início destas linhas? Pois é, as relações sociais são as estrelas e o realismo só dá espaço para a fantasia futurista bem aos poucos mesmo. Difícil dizer que é um excelente quadrinho sem dar spoilers para justificar. Digamos que Isaque Sagara está mais perto de Luís Fernando Veríssimo e de Nélson Rodrigues do que de Isaac Asimov. Acho, inclusive, que Isaque Sagara faz um texto passando a mensagem no meio da história de forma irretocável e excelente.
Outro ponto brilhante são os desenhos e a narrativa gráfica de Sagara. Os desenhos são precisos e a leitura é lisa. E é um desenho que você voltará para apreciar de novo e de novo e de novo. Um desenho bonito e uma narrativa que conduz o seu olhar. Referências a cultura pop estão por toda a parte, mas se você não as reconhecerem, não se preocupe, você entenderá a história e, um dia, elas farão sentido e você relerá esta história com os olhos de quem pescou a referência. É uma história que ganha nuances com o passar dos anos de qualquer leitor(a).
Lembrando que a história maior não é sobre uma máquina capaz de induzir sonhos, isso é só um dos panos de fundo para uma história que se passa entre uma humilde empregada doméstica e sua patroa tendo todos os arredores dessa relação mostrados em desenhos e diálogos brilhantes.
A revista foi publicada por financiamento coletivo e estará disponível em gibiterias físicas e na Amazon a R$ 32,00 (mais o eventual frete) assim que os apoiadores da campanha receberem seus exemplares. Capa cartão, formato americano, miolo preto e branco, história completa, alguns extras em textos de convidados, pequena biografia do autor, lombada canoa grampeada. Foi publicada pela editora Ultimato do Bacon e pelo selo Negro Geek.
Boas leituras,
Rodrigo Rosas Campos
Bacana ficção cientifica...
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