sexta-feira, 24 de julho de 2015

sábado, 11 de julho de 2015

Direto ao Ponto: Não Encontro

Direto ao Ponto

Rodrigo Rosas Campos

Não Encontro

Um casal na bilheteria do teatro não consegue ingresso, só havia um disponível. Ou há um número ímpar de lugares ou alguém assistirá sem companhia.

Um homem só chega e compra o último ingresso. O casal vai embora, talvez tentará amanhã.

O homem que comprou o último ingresso entra e assiste a peça sentado entre dois casais.

Quando o espetáculo acaba, o homem que comprou o último ingresso volta para casa. O número de cadeiras era par, mas os solitários não se encontraram.

© Rodrigo Rosas Campos, 2015.

Direto ao Ponto: Fila de Supermercado

Direto ao Ponto

Rodrigo Rosas Campos

Fila de Supermercado

Numa fila de supermercado, um garoto com somente uma bisnaga de ketchup entra na fila atrás de um senhor grisalho.

O senhor está com um carrinho abarrotado. O garoto percebe que esqueceu o relógio e pergunta as horas ao senhor. O senhor responde as horas e, aproveitando a quebra do gelo, desabafa:

- Hoje, é sábado, quinta-feira foi feriado, meu chefe não me liberou ontem, tive que trabalhar, minha mulher e filhas partiram para Búzios na quarta, e eu tive que ficar aqui. Foi para isso que me casei: trabalhar feito escravo, fazer supermercado enquanto elas estão lá se divertindo sem mim e as minhas custas desde quarta.

Chega a vez do senhor, ele passa as compras, paga, vai embora com resmungos esporádicos.

Quando o garoto termina de pagar o ketchup, o senhor já está longe, pois apertou o passo mal-humorado.

Alguém que, sem querer, ouviu e viu toda a cena pensa: “Certas pessoas nasceram para solidão, por quê se casam? O que este homem esperava de um casamento além de idas a supermercados?”.

© Rodrigo Rosas Campos, 2015.

A Abóbora da Cinderela

A Abóbora da Cinderela
Um Conto de Rodrigo Rosas Campos
Garçons em mesas de bar sempre conhecem mais do que vivem. Se o bar for a beira mar então, nem se fala. As pessoas não reparam esses seres, visíveis apenas no anotar dos pedidos e no entregar dos pratos e bebidas.
Num dia especialmente lindo de verão, duas amigas voltam da praia e sentam-se nesse bar, um entre tantos, pedem suas cervejas com as guarnições. Enquanto esperam, engrenam uma conversa.
- Foi bom nos encontrarmos hoje, né?
- Desde o colégio não nos vemos.
- Mas você foi no meu casamento.
- Nem me fala, querida, até hoje não casei. Sou executiva, bem sucedida, e os homens não se aproximam de mim. Meu relacionamento maior foi com um cara que namorei por cinco anos e quando tentamos morar juntos não durou nem um mês.
- Deixe de besteira, todo dia eu penso em me divorciar, tenho inveja de você.
- Inveja de mim?! Eu que queria o que você tem.
- O que eu tenho, querida? Chego a casa cansada do trabalho e ainda tenho que cuidar da casa, meus filhos cismam em se machucar ou ficar doentes sempre que estou prestes a ser promovida. Meu marido é um acomodado que perdeu a chance de irmos morar nos Estados Unidos. Você já morou lá fora, eu quando muito vou uma vez ao ano e, hoje, tenho que levar fedelhos a tira colo.
- Que absurdo! Você desdenhando da sua vida. Eu, te invejei na tua festa de casamento.
- É, mas mentiram para nós, o conto de fadas é ao contrário. Quando você é filha, você é princesa, você casa, vira borralheira. Você troca a carruagem pela abóbora da Cinderela. E é com a abóbora que você fica para o resto da vida, não com a carruagem.
- Eu gosto de abóbora.
- Mas a abóbora apodrece. Você aí, sem filhos, empregão. Eu, prestes a me separar daquele traste sabendo que, mesmo quando isso acontecer, tenho meus filhos que, querendo ou não, limitam minhas chances de crescimento na empresa.
- Quer mesmo saber, quisera eu que o Roberval, o carinha com quem fiquei cinco anos, gostasse tanto de crianças quanto o Juliano, teu marido.
- Pois, se você quiser pode pegar aquele traste pra você, de boa mesmo!- fala a mulher com amargura e desilusão reais, e continua - Você tem empregada. O que eu e ele ganhamos mal dá para a diarista uma vez na semana.
- É só isso mesmo? Você está com um rancor, ele por acaso te traiu?
- Quem trai aquela besta sou eu. Pena que meu chefe não me dá bola, tenho que me contentar o Tavares mesmo, que também é casado. Tô te falando, mentiram para nós, o conto de fadas é ao contrário. Quando fui filha, fui princesa, casei, virei borralheira. Tudo o que me sobrou foi a abóbora da Cinderela, pode até ter sido gostosa no início, mas hoje tá podre.
Nesse momento, o garçom traz as cervejas e os salgados pedidos. A conversa das duas se perde em assuntos amenos e o velho garçom que já ouvira de tudo não consegue evitar o pensamento: “Todos querem sempre o que deixaram de ter.”. A vida é uma eterna fábrica de clichês.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Em Busca de Editora

Fãs do Juvenal, o Velho Hippie, e das minhas outras tiras. Estou querendo achar uma editora que queira publicar esse trabalho. Se algum editor estiver interessado ou se alguém souber de editoras que possam se interessar, favor deixar o contato nos comentários.

Obrigado pela ajuda,
Rodrigo Rosas Campos

domingo, 5 de julho de 2015

Direto ao Ponto: Pesadelo

Direto ao Ponto

Rodrigo Rosas Campos

Pesadelo

Acordou de um pesadelo.

Nele não havia monstros: vampiros, lobisomens, fantasmas, trevas, alienígenas, sombras ou seres rastejantes. Era só uma briga em família.

Só uma briga em família como tantas. Incompreensão de uma pai para com um filho, como tantas incompreensões pontuais de pais e filhos.

Ele acordou desse pesadelo.

“Ser aceito como se é pelos que estão ao nosso redor. Sem máscaras ou subterfúgios. É só isso que todos nós queremos.”

Esse pensamento veio-lhe logo que acordou. Levantou-se.

© Rodrigo Rosas Campos, 2015.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

No Final

Poema inédito de Rodrigo Rosas Campos.

No Final

Houve um tempo
Em que eu acreditava
Que meus ídolos seriam eternos.
Houve um tempo
Em que eu acreditava que tudo daria certo.

Então não venha agora
Me dizer
Que tudo dará certo
No final,
Pois o fim da maioria é incerto.

O fim da maioria é incerto.

Houve um tempo
Em que eu acreditei
Que mesmo na hora mais incerta
Tudo iria dar certo.
Mas o certo é só o predomínio do incerto.

Então não venha agora me dizer
Que tudo dará certo no final,
Até porquê, a vida não tem final.

Houve uma morte antes de cada nascimento,
E, antes da morte, muita vida nascerá.
A vida não tem final
E cada fim é incerto.

E cada fim é incerto.

O certo é só o predomínio do incerto.

Rodrigo Rosas Campos

Dedicado aos meus traidores, passados, presentes e futuros.

© Rodrigo Rosas Campos, 2015.

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