segunda-feira, 25 de março de 2024

[Matéria] Ilha dos Monstros, o RPG, Para o Sistema de Regras de RPG C4


Baseado na obra de Ota e Flávio Colin

Adaptação Sem Fins Lucrativos: Rodrigo Rosas Campos

+18

Alerta de Spoilers!

Introdução


    Sob os pseudônimos de Juka Galvão e J. Batalha, Otacílio d´Assunção Barros, o Ota, escreveu e Flávio Colin desenhou Os Estranhos Hóspedes do Hotel Nicanor. A história é um terrir da melhor qualidade, onde o riso culpado é a regra. Originalmente a série foi publicada na década de 1980 e reiniciada na década de 1990, o politicamente correto ainda não vigorava, fique avisado(a) MESMO!

    A trama começa quando dois criminosos veem seu carro atolado em meio a uma tempestade. Mas há uma placa, indicando o Hotel Nicanor e é para lá que eles vão. Nicanor é um senhor simpático, mas fica desesperado quando os hóspedes inesperados chegam, afinal, o hotel está lotado por uma convenção que ainda está para chegar.

    Sem saber inicialmente que está lidando com criminosos em fuga, Nicanor tenta fazê-los ir embora da forma mais educada possível, mas eles insistem em ficar, a força se preciso, só para descobrirem, tarde demais, que a convenção é de estranhos monstros casados com estranhas bruxas e que esses estranhos hóspedes se alimentam de carne humana.

    O tom da série é satírico, politicamente incorreto, mas sempre crítico e ácido, tanto em relação a sociedade brasileira da década de 1980, quanto a sociedade brasileira da década de 1990. A história tem duas versões, uma iniciada em 1981 e outra iniciada em 1994. Estas histórias foram republicadas em 2022 pela editora MMarte no livro Os Estranhos Hóspedes do Hotel Nicanor.

    E não é que o Ota estava iniciando um projeto para transformar aquele mundo em um cenário de RPG. O nome seria A Ilha dos Monstros, o RPG, um RPG que expandiria o universo do Hotel Nicanor. Mas só foram escritas 8 páginas de ambientação, sem regras mecânicas, mas com uma boa descrição do cenário e dos personagens. Mostra inclusive alguns vestígios de planos para roteiros futuros, que não foram levados a cabo depois da morte de Colin.

    Neste texto, você encontrará o cenário adaptado para o sistema de RPG C4. Mas, se você é mestre de RPG e quiser, aí está sua chance de criar e testar um sistema caseiro ou fazer um hack para o sistema genérico de sua preferência: GURPS, 3D&T Alpha, 3DeT Victory, BRP, Fate etc, para abarcar o mundo do desafortunado Nicanor. Este texto também traz as regras do cenário que devem ser seguidas em qualquer sistema de RPG genérico que dê suporte à magia, vida urbana atual, terror e ficção científica.

Regras Desse Cenário Válidas Para Qualquer Sistema – Avisei que Teria Spoilers


    1. Pelo menos o mestre deve ter lido o livro inteiro Os Estranhos Hóspedes do Hotel Nicanor de Ota e Flávio Colin, publicado pela editora MMArte, sobretudo a Ilha dos Monstros, o RPG nas páginas 176 até 184.

    1.1. Ideal mesmo seria se o grupo inteiro tivesse lido o livro inteiro antes de jogar a ambientação.

    2. O mestre (de preferência com o grupo) deverá escolher um sistema de RPG que dê suporte a magia, ficção científica, terror e vida urbana atual, ou seja, de preferência um sistema genérico. No Brasil, o sistema genérico mais popular é o GURPS, que foi publicado oficialmente no país pela Devir. Entretanto deixo, na bibliografia deste texto, outras sugestões de sistemas genéricos, inclusive nacionais, além das variantes do sistema nacional Defensores de Tóquio.

    2.1. Aqui, especificamente, foi escolhido o sistema de RPG C4.

    2.2. Espaço para acréscimos de observações sobre o sistema de regras de RPG usado pelo grupo que poderá se desdobrar em 2.3, 2.4, 2.5 etc. na medida da necessidade.

Regras d´A Ilha dos Monstros, o RPG para o Sistema C4

    2.3. Pelo menos o(a) mestre(a) deverá ler os manuais básicos dos sistemas C4 e Calisto 2.0 antes do início da aventura ou campanha, uma vez que há vantagens de Calisto 2.0 compatíveis com C4 e que podem aparecer nas fichas dos NPCs e que podem estar disponíveis aos personagens jogadores dependendo do mestre.

    2.3.1. Perícias de Calisto 2.0 para C4.
    Acrobacia se mantém igual em ambos os sistemas.
    Animais é uma novidade de C4. Detalhes em Condução.
    Aparência não existe em C4. Neste cenário, parte dessa perícia pode ser interpretada como lábia ou a pessoa ser atraente ou sedutora será apenas parte do conceito do(a) personagem. Lembrando que as bruxas da Ilha dos Monstros só possuem aparência humana normal até atingirem uma idade em que seria impossível a um ser humano viver.
    Arte é nova de C4.
    Combate se mantém igual em ambos os sistemas.
    Condução de Calisto 2.0 foi substituída e dividida por animais (para montarias) e veículos (para veículos artificiais) em C4.
    Conhecimento se mantém igual nos dois sistemas.
    Coragem se manteve igual em ambos os sistemas.
    Crime se manteve igual em ambos os sistemas.
    Força de Calisto 2.0 foi substituída por potência em C4.
    Lábia se manteve igual em ambos os sistemas.
    Percepção se manteve igual em ambos os sistemas.
    Potência é uma novidade em C4. Substitui e unifica vigor e força de Calisto 2.0.
    Tecnologia é uma novidade em C4
    Veículos é uma novidade de C4, vide condução.
    Vigor de Calisto 2.0 foi substituído por potência em C4.

    2.3.2. Tabela de Poderes de Calisto 2.0 para C4. Todos os poderes de Calisto e C4 podem ser usados neste cenário. Poderes não previstos em nenhum desses sistemas e que estão no cenário devem ser criados por regras da casa. Tabela a seguir.

    2.4. A única desvantagem prevista em C4 é a munição limitada para qualquer combate com armas de longo alcance.


    2.5. A ficha em branco do sistema de RPG C4.

    Ficha de Personagem de C4
    Nome:
    Conceito:
    Pontos de Vida:
    Pontos de Energia:
    Perícias etc.:
    *
    *
    *
    *
    *
    *

    2.6. Licença Aberta de Calisto v.2.0

    A licença mecânica do sistema Calisto v.2.0 é aberta, ou seja, qualquer material pode ser publicado usando as regras (mas não personagens e ilustrações) de Calisto v.2.0.

    Calisto v.2.0 é um sistema de RPG criado por Tiago Junges. A editora Coisinha Verde é a detentora dos direitos de publicação desse material, que pode ser baixado gratuitamente em (http://coisinhaverde.com.br/jogos/).

    2.7. Licença Aberta de C4

    A licença mecânica do sistema C4 é aberta, ou seja, qualquer material pode ser publicado usando as regras (mas não personagens e ilustrações) de C4.

    C4 é um sistema de RPG criado por Tiago Junges. A editora Coisinha Verde é a detentora dos direitos de publicação desse material, que pode ser baixado gratuitamente em  (www.coisinhaverde.com).

    2.8. Mais detalhes do funcionamento deste cenário dentro do sistema de regras específico de C4, vide as observações das Fichas.

    3. Todo personagem publicado do livro Os Estranhos Hóspedes do Hotel Nicanor será, obrigatoriamente, um personagem do mestre, NPC.

    4. Que personagens os jogadores poderão interpretar? Isso dependerá da aventura que o(a) mestre(a) quer propor. Ou seja, é o(a) mestre(a) que, a cada aventura ou campanha, definirá os limites do que o grupo de jogadores interpretará.

    4.1. Um grupo de humanos que naufragou em uma das ilhas do triângulo das bermudas e que ainda não sabe nem em qual das ilhas está e nem o que os aguarda.

    4.2. Um grupo de humanos nativos e cativos da Ilha dos Monstros que decide fugir da ilha, ou, ao menos, tentar uma fuga.

    4.3. Se o grupo de humanos de 4.1 e 4.2 conseguir fugir do arquipélago do triângulo das Bermudas e chegar no nosso mundo, eles terão que lidar com um ambiente que os tratará como loucos. No caso de 4.2, eles nem sequer existirão legalmente em nosso mundo.

    4.4. Um grupo de monstros que enfrentam as forças armadas dos monstros da ilha de Milikonia.

    5. Aqui, as Fichas não trazem os personagens que foram mortos ao longo das histórias, ou seja, o mestre só faz as fichas de personagens mortos durante a série se desejar. A ambientação padrão se dá depois do roteiro inédito nunca desenhado O Ataque Ao Hotel Nicanor.

Ambientação

    A ambientação é o texto a Ilha dos Monstros, o RPG, páginas 176 até 184 do livro Os Estranhos Hóspedes do Hotel Nicanor de Ota e Flávio Colin, publicado pela editora MMArte.

Sugestões de Aventuras ou Campanhas

    Um grupo de humanos naufraga em uma das ilhas do Triângulo das Bermudas e deve tentar fugir das criaturas da ilha em que naufragaram.

    Um grupo de monstros e bruxas terá que enfrentar os monstros rivais de Milikonia.

    Um grupo de humanos nascidos e cativos da ilha Monstro resolve tentar uma fuga.

Fichas

Observações Iniciais


    Optei por adaptar os personagens do quadrinho da forma mais econômica possível, mas os personagens publicados são NPCs obrigatórios; mestres, vocês sabem que estão livres para mudar tudo para mais de acordo com o grau de dificuldade da aventura ou campanha.

    Todo monstro NPC da Ilha dos Monstros terá obrigatoriamente pelo menos +1 em potência, percepção, imortalidade (não morre de causas naturais) e em regeneração. Não morrer de forma natural neste cenário significa que o personagem passará da vida humana até ser morto podendo ter até mais de 500 anos de idade. Estes personagens só poderão morrer de forma mecânicas, ou seja, seus corpos precisam ser atacados por fatores externos. Venenos, doenças etc. não os matarão. Isso também vale para as bruxas e, a depender do(a) mestre(a), para os habitantes das outras ilhas.

    Se o monstro for um personagem jogador, PC, é o mestre que terá de escolher entre regeneração ou imortalidade para o uso dos jogadores em seus monstros e bruxas da Ilha dos Monstros personagens jogadores. O mesmo vale para os monstros espaciais.

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Nicanor
    Conceito: humano dono de Hotel.
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Energia: 35
    Perícias etc.:
    * conhecimento (hotelaria) +4
    * conhecimento (culinária) +3
    * percepção +2
    * veículos (carros) +1
    * lábia +1
    * tecnologia +1

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Ágata
    Conceito: bruxa nova da Ilha Monstro, ela adora o estilo de vida da família, filha do Presidente e irmã de Priscila.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * veículos (vassoura voadora) +4
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +1
    * telecinesia +2
    * ilusão +2
    * bola de fogo +3

    Observação: toda bruxa da Ilha dos Monstros terá ao menos +1 ponto em veículos (vassoura voadora), imortalidade (não morre de causas naturais) e telecinesia. Depois disso a criação é livre. Transformar os inimigos em animais é um poder não previsto em C4 e que cada mestre terá que experimentar como regra da casa em cada grupo.

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Priscila
    Conceito: bruxa nova da Ilha Monstro, ela é vegana, tem compaixão pelos humanos e odeia o estilo de vida da família, filha do Presidente e irmã gêmea de Ágata.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * veículos (vassoura voadora) +2
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +4
    * telecinesia +2
    * lábia +1
    * campo de força +3

    Observação: todo personagem jogador terá que fazer um teste de percepção para não confundir as irmãs gêmeas. Chamar a Ágata de Priscila será fatal para um ser humano (ou mesmo para outro monstro).

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Presidente
    Conceito: o chefe e o mais poderoso dos monstros da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 40
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * veículos +4
    * regeneração +4
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +4
    * percepção +4
    * potência +4
    * combate (garras e presas) +4

    Observação: não dá para fazer o Presidente sem que ele seja muito melhor que os demais monstros logo de cara.

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Isaac
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * regeneração +3
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +4
    * percepção +2
    * potência +1
    * combate (garras e presas) +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Orestes
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * regeneração +3
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +2
    * percepção +1
    * potência +1
    * combate (garras e presas) +4
    * veículos +1

    Observação: em geral, os monstros da Ilha dos Monstros terão mais pontos de vida do que de energia e as bruxas da Ilha dos Monstros terão mais pontos de energia do que de vida. Afinal, elas soltam magia e eles usam força bruta.

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Nestor
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * regeneração +1
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +1
    * percepção +1
    * potência +2
    * combate (garras e presas) +3
    * veículos +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Diogo
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros. Um fofo, o marido de Ágata.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +4
    * percepção +2
    * regeneração +3
    * imortalidade +1
    * combate (garras e presas) +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Aargoraa
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +1
    * percepção +2
    * regeneração +3
    * imortalidade +4
    * combate (garras e presas) +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Abdias
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +3
    * percepção +2
    * regeneração +1
    * imortalidade +1
    * combate (garras e presas) +1
    * veículos (jipe) +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Armandinho
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +2
    * percepção +1
    * regeneração +2
    * imortalidade +3
    * combate (garras e presas) +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Asmodeu
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +1
    * percepção +4
    * regeneração +2
    * imortalidade +4
    * combate (garras e presas) +1

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Belial
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +2
    * percepção +2
    * regeneração +3
    * imortalidade +1
    * combate (garras e presas) +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Bolestério
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +1
    * imortalidade +2
    * regeneração +3
    * percepção +4
    * combate (garras e presas) +2

    Observação: aparece na chamada da p.62 do livro. Por uma letra, não sei se por engano do letrista ou falta de memória do roteirista, não é o irmão do presidente. Tratei estes dois nomes, Bolestério e Bolostório, como dois monstros distintos.

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Caifás
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +3
    * imortalidade +2
    * regeneração +1
    * percepção +4
    * combate (garras e presas) +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Caolho
    Conceito: monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +2
    * imortalidade +3
    * regeneração +4
    * percepção +1
    * combate (garras e presas) +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Cornélio
    Conceito: um monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +2
    * imortalidade +2
    * regeneração +3
    * percepção +1
    * combate (chifres) +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Crispim
    Conceito: um monstro da Ilha dos Monstros.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +3
    * imortalidade +2
    * regeneração +1
    * percepção +4
    * combate (garras e presas) +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Dona Alceia
    Conceito: bruxa da Ilha dos Monstros, ela é a esposa do Presidente, mãe das gêmeas e do Júnior.
    Pontos de Vida: 10
    Pontos de Energia: 30
    Perícias etc.:
    * veículos (vassoura voadora) +2
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +1
    * telecinesia 4
    * disparo de energia +2
    * campo de força +3

    Observações: ela também pode transformar aliados em animais e é necromante, estes não são poderes previstos em C4 e cada grupo terá que usar a regra de ouro criar e testar essas regras da casa. Ela é a única bruxa nomeada, as esposas dos demais monstros que estão no congresso no Hotel Nicanor serão criadas livremente pelo grupo, mestre(a) e jogadores(as).

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Júnior
    Conceito: monstro criança da Ilha dos Monstros, filho do Presidente.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * potência +2
    * imortalidade +2
    * regeneração +4
    * percepção +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Nana
    Conceito: bruxa da Ilha dos Monstros, babá do Júnior e tem uma queda pelo Nicanor.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * veículos (vassoura voadora) +1
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +3
    * telecinesia +2
    * conhecimento (culinária dos habitantes da Ilha dos Monstros) +4
    * percepção +2

    Observação: a magia de Nana é mais fraca que as das demais bruxas da Ilha dos Monstros.

Monstros Espaciais


    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Bolostório
    Conceito: monstro espacial. Ele é um monstro espacial, é o líder dos monstros espaciais e é irmão do Presidente. Na página 118, o roteiro não desenhado, ele chama o Presidente de mano.
    Pontos de Vida: 40
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +4
    * imortalidade +2
    * regeneração +4
    * percepção +2
    * proteção épica: defesa +3
    * arma épica: ataque +3
    * veículos (discos voadores) +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: cada mestre(a) ou jogador(a) que o nomeie
    Conceito: um monstro espacial.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +3
    * regeneração +2
    * arma poderosa: ataque +2
    * imortalidade +1
    * percepção +1
    * proteção especial: defesa+1
    * veículo (disco voador) +2

    Observações: neste cenário, somente os monstros espaciais poderão usar as regras de C4 para equipamentos especiais. Da mesma forma que acontece com os monstros da Ilha dos Monstros dos jogadores, os monstros espaciais dos jogadores terão que usar ou imortalidade ou regeneração (nunca as duas vantagens iniciais juntas) a critério do mestre.

    As bruxas espaciais não foram mostradas, mas elas devem pilotar as vassouras espaciais, bem como ter os mesmos poderes das bruxas da Ilha dos Monstros e a possibilidade de uso das regras de equipamentos especiais para defesa.

Personagens Não Nomeados


    Ficha de Personagem de C4
    Nome: cada jogador(a) ou mestre(a) que o nomeie
    Conceito: um monstro masculino da Ilha Monstro
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * potência +4
    * imortalidade +3
    * regeneração +1
    * percepção +2
    * combate (garras e presas) +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: cada jogador(a) ou mestre(a) que o nomeie
    Conceito: modelo de Bruxa da Ilha Monstro.
    Pontos de Vida: 10
    Pontos de Energia: 30
    Perícias etc.:
    * veículos (vassoura voadora) +4
    * imortalidade (não morre de causas naturais) +2
    * telecinesia +2
    * disparo de energia +4

    Observação: monte suas bruxas a vontade tendo em vista que os poderes obrigatórios de todas as bruxas devem ter pelo menos +1.

Personagens de Outras Ilhas


    Ficha de Personagem de C4
    Nome: General
    Conceito: o líder dos monstros militares de Milikonia.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * combate (metralhadora) +1
    * veículos +3
    * conhecimento (estratégia) +4
    * coragem +2
    * potência +2

    Observação: os monstros militares de Milikonia são bem iguais. Suas mulheres são monstras de corpos femininos da mesma espécie e não usam magia.

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Mulher do General
    Conceito: Mulher do General e mãe do Juliano, ela não é nomeada mesmo.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * lábia +4
    * crime +2
    * arte (culinária) +2
    * percepção +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Juliano
    Conceito: filho do General. No final do roteiro não desenhado, retorna como zumbi.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * combate (mordida) +4
    * percepção +2
    * coragem +4
    * potência +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: Major
    Conceito: Monstro Militar.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * combate (metralhadora) +4
    * veículos +3
    * conhecimento (estratégia) +2
    * coragem +1
    * potência +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: a ser escolhido pelo(a) mestre ou jogador(a).
    Conceito: Monstro Militar
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * combate (metralhadora) +2
    * veículos +3
    * conhecimento (estratégia) +1
    * coragem +4
    * potência +2

    Observação: geralmente, o nome de um monstro militar é a sua patente.
    Ficha de Personagem de C4
    Nome: a ser escolhido pelo(a) mestre ou jogador(a).
    Conceito: Monstra Mulher de Militar
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * lábia +2
    * crime +4
    * arte (culinária) +2
    * percepção +4

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: a ser escolhido pelo(a) mestre ou jogador(a).
    Conceito: Monstra Militar
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * combate (metralhadora) +4
    * conhecimento (estratégia militar) +3
    * percepção +2
    * acrobacia +1
    * veículos +2

    Observação: o nome de uma monstra militar tenderá a ser o de sua patente.

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: a ser escolhido pelo(a) mestre ou jogador(a).
    Conceito: Sereia da Ilha das Sereias.
    Pontos de Vida: 30
    Pontos de Energia: 10
    Perícias etc.:
    * lábia +2
    * ilusão +4
    * arte (canto) +4
    * acrobacia +2

    Ficha de Personagem de C4
    Nome: a ser escolhido pelo(a) mestre ou jogador(a).
    Conceito: Amazona da Ilha das Amazonas.
    Pontos de Vida: 20
    Pontos de Energia: 20
    Perícias etc.:
    * combate (escolha a arma) +4
    * percepção +1
    * acrobacia +2
    * conhecimento (estratégia militar) +3
    * animais +2

Mythos da Ilha Mythos


    Aqui, em qualquer sistema de regras de RPG, mestres e jogadores podem criar qualquer ser de qualquer mitologia de forma a livre interpretá-los de acordo com o contexto do cenário. Claro, se a criação de um centauro (por exemplo) estiver prevista no sistema de RPG usado pelo grupo, o grupo estará limitado às regras do sistema de RPG escolhido. No caso do sistema C4, no manual básico gratuito, criem a vontade os seres da ilha Mythos.

Considerações Finais


    Bom, não é um cenário indicado para crianças e toca em tópicos sensíveis. Como disse, o ideal é que todos os membros do grupo tenham lido o quadrinho, gostado do quadrinho e queiram jogar naquele cenário antes mesmo de uma sessão zero.

    Mesmo que o grupo inteiro goste do quadrinho, uma sessão zero é altamente recomendada para que o mestre saiba os limites dos jogadores.

    Dito isso, boas leituras e bons jogos!

Bibliografia

    BARROS, Otacílio d´Assunção (textos)/ COLIN, Flávio (artes).  Os Estranhos Hóspedes do Hotel Nicanor.  Goiânia: MMarte, 2022.

Sites

Coisinha Verde

  Wiki How to do anything.../ How To Write Rules for Your Own RPG
    https://www.wikihow.com/Write-Rules-for-Your-Own-RPG

sexta-feira, 1 de março de 2024

[Matéria] Multiverso dos Super-heróis Br

Rodrigo Rosas Campos

Introdução

    Não entrarei no mérito acadêmico de que super-heróis são manifestações típicas dos EUA assim como o rock e o jazz mesmo quando feitos por não estadunidenses fora dos EUA. Essa é a mesma discussão sobre o rock brasileiro, o bang-bang italiano, o jazz fora dos EUA e o samba fora do Brasil. Essa discussão é linda quando envolve gente que consegue manter uma discussão civilizada, onde os participantes concordam em discordar, se for o caso, e que conhecem o assunto de verdade, por livros, e não por posts de redes sociais. Em todo o caso, além do tema dividir opiniões, não é o foco aqui.

    E nem quero comentários a respeito, quem quiser se polarizar que faça isso longe. Com quem eu sei que não discute tudo na base da torcida Fla x Flu, GreNal etc. eu falo isoladamente, de preferência, presencialmente. O que importa aqui é que brasileiros escreveram, desenharam e publicaram super-heróis em território nacional. Sigamos a partir daqui:

Encontros e Universos Paralelos


    Os super-heróis brasileiros são de seus respectivos autores (ou herdeiros) e são pouquíssimos os universos compartilhados entre eles. Já houve vários encontros entre eles (os chamados crossovers), mas cada uma destas edições foi um projeto distinto e pontual. Esses crossovers ocorreram antes e durante a implementação das plataformas de financiamento coletivo no Brasil. Confira no Guia dos Quadrinhos.

    Para garantir a independência e os direitos autorais, não se pratica aqui o abuso que se pratica nos EUA em que pessoas jurídicas podem ser detentoras de obras intelectuais e artísticas, há um multiverso para os heróis brasileiros exatamente para evitar conflitos entre autores com relação a esses encontros.

    Ou seja, a menos que todos os personagens sejam do escritor do encontro que você lê, cada autor dos personagens envolvidos decide se o encontro terá ou não repercussão e até que ponto para seu respectivo personagem. E sejamos sinceros, apesar do grande número desses encontros (que parecem poucos por conta de tiragens pequenas), a maioria dos autores brasileiros tem o hábito de criar seus próprios personagens em todos os tipos de obras.

    Outro detalhe é que da perspectiva de um autor brasileiro típico é mais fácil criar sua própria vampira do que querer usar a Mirza. Ou mesmo é mais fácil criar sua própria super-heroína do querer usar a Velta. Com efeito, as obras mais atuais de super-heróis independentes, no Brasil e até nos EUA, trazem universos completos de um só autor (escritor) ou de uma só equipe criativa (escritor, desenhista etc.). Afinal, usar a Mirza ou a Velta não significa apenas ter que pagar direitos aos autores, isso é mais do que justo, significa que o(a) escritor(a) que usar a Mirza ou a Velta não poderá fazer o que quiser com nenhuma das duas.

    Apesar desse dificuldade, há um esforço real em fazer um universo compartilhado nos moldes da DC ou da Marvel com super-heróis brasileiros de vários autores, o que, a longo prazo se mostra uma péssima ideia. O destino de todo universo compartilhado é ficar enfadonho com vários personagens e histórias redundantes; quem acompanha (e abandona) DC e Marvel sabe muito bem disso. Mas se for só para lucrar mais vendendo produtos licenciados, as figurinhas (imagens etc.) importam mais que a qualidade das histórias (do texto), aí vale tudo.

    Mas voltando ao ponto: existem encontros entre super-heróis brasileiros de autores diferentes. Fora que você ainda pode partir do pressuposto que personagens de um mesmo autor vivem no mesmo universo até que o mesmo diga o contrário. E sim, existem universos compartilhados no Brasil, eles nunca alcançaram o tamanho e a divulgação de uma DC ou Marvel, mas esses universos existem. É claro que não conseguirei falar de todos aqui, até porquê são vários autores produzindo juntos ou separados até hoje.

    Mas vamos definir uma coisa aqui: há quem defenda que quando falamos em universo compartilhado, estamos falando de universos em que autores distintos usam personagens uns dos outros e em vários títulos, várias revistas ao mesmo tempo. Isso está certo? Está. O problema é que a maioria dos autores brasileiros cria sozinha (ou com a ajuda de desenhistas no caso de escritores de quadrinhos que não desenham) seu próprio elenco de personagens. Enfim, essa discussão é longa, mas aqui valerá tanto universos com personagens de um único autor(a ou equipe criativa), quanto de universos com personagens de vários autores (ou de várias equipes criativas) diferentes. E por onde começamos? Pelas datas, a melhor pedida é pela revista do Raio Negro brasileiro.

Raio Negro e Seu Universo Compartilhado


    O Raio Negro brasileiro foi criado por Gedeone Malagola em 1966, ele era para ser a história secundária do Homem Lua, mas o editor preferiu colocar o Raio Negro na capa e no título. Além dos dois personagens anteriores, também estava na revista o Hydroman. Se os outros personagens de Gedeone Malagola estão no mesmo universo, não tenho como responder agora, mas esse trio da revista do Raio Negro se encontrou ao longo da duração da revista.

    Eu sei, o Raio Negro é uma cópia do Lanterna Verde que parece o Ciclope, o Hydroman é uma cópia do Namor e o Homem Lua é meio bizarro com aquele aquário na cabeça lembrando o Mistério, inimigo do Homem-Aranha. Ainda assim esses três personagens brasileiros possuem fãs que não deixam suas petecas caírem. Além do mais, até prova em contrário, qualquer personagem que Gedeone Malagola tenha criado com a mesma temática de super-herói depois dessa revista pode estar no mesmo universo do Raio Negro.

Editora Graúna


    1967, a Marvel chegava ao Brasil pela EBAL e aparecia na TV em seus famosos “desenhos desanimados”. Nesse clima, a pequena editora Graúna é fundada para criar um universo de heróis nos moldes da Marvel no Brasil. Sim, uma editora surgiu no Brasil no final da década de 1960 para emular a Marvel. Surgiam Golden Guitar, Homem Fera e Mystiko, cada um em sua revista, mas no mesmo universo compartilhado onde os autores se misturavam.

    Mystiko é uma cópia descarada do Senhor Destino, o Doctor Fate, da DC, mas até aí, copiaram mas tiveram o cuidado de não desenhar igual e de ambientar o texto no Brasil, diferença pouca, mas que faz uma diferença real: a melhor definição prática do “copia, mas não faz igual.”.

    O Homem Fera, apesar do visual e do nome, não se parecia nem com o Fera dos X-Men, nem com o Pantera Negra; era um domador de circo que usava sua pantera-negra como arma na luta contra o crime. Problemático hoje? Sim. Mas animais em circo só foram proibidos no Brasil nos anos 1990. Ou seja, se desde 1967 a Sociedade Protetora dos Animais olharia o Homem Fera com desdém, hoje ele seria cancelado até pelo grande público na primeira edição.

    O melhor destes três foi o mais inusitado. Golden Guitar chegou surfando no sucesso da Jovem Guarda, tinha um visual parecido com o do Roberto Carlos e uma guitarra elétrica dourada cheia de truques que usava para combater os malfeitores. Só num desenho animado de 1981 que os americanos fariam um super-herói roqueiro que usava uma guitarra elétrica como uma super arma, ou seja, em 1967, Golden Guitar foi um precursor em seu conceito.

    Mas a editora Graúna não teve o mesmo folego financeiro para concorrer com as demais que tinham as licenças da Marvel, DC, King Features etc. e esse universo foi cancelado por falta de vendas mesmo. Ainda que o Brasil tivesse um público leitor numeroso como os de EUA, Europa e Japão, acho que, desses três personagens, Golden Guitar seria o único que conseguiria chegar bem até os dias de hoje ou que um editor teria coragem de tentar revitalizar sem medo.

    Afinal, Mystiko não passava de uma cópia, ainda que bem-feita, e o Homem Fera era um domador de circo, não importam as mentiras que digam, animais em circo sofriam maus-tratos, isso é fato. A proibição dessa prática foi justa. E para os editores que possam se interessar pelo primeiro super roqueiro da história, Golden Guitar foi criado por Rivaldo A. Macedo, Rubens Cordeiro, A. Torres e Apa (Aparecido Benedito da Silva).

O Universo e o Multiverso da Velta


    Velta é a mais famosa super-heroína brasileira hoje. Criada por Emir Ribeiro em 1973 em um fanzine, ela não fez muito barulho na época, mas é anterior a Mulher Hulk de Stan Lee na Marvel e não depende de um protagonista masculino anterior, sendo portanto, uma verdadeira precursora. Abduzida por um alienígena, ganhou o poder de se transformar numa gigante superforte, com grande resistência e poder de regeneração além de soltar raios elétricos pelos dedos. Velta se torna uma detetive, não é má, mas só trabalha por dinheiro.

    Emir Ribeiro também criou a Garota de Borracha, o Homem de Preto, Nova e outros personagens e decidiu que todos viviam no mesmo universo através de encontros entre eles. Entretanto, Velta é a personagem que mais coleciona crossovers com personagens de outros autores, as vezes com o aviso de que se trata de uma “Realidade Alternativa” na capa. Se contarmos todos os encontros da personagem como válidos, canônicos, no termo da modinha, ela faz parte de um universo muito maior que a soma dos personagens de seu autor e também de um multiverso maior ainda.

    Os exemplos são fáceis de achar até no Google imagens com uma pesquisa simples pelo nome da Velta. Além de marcar presença em histórias de outros personagens de seu próprio autor, Velta já se encontrou com o Vigilante Rodoviário, Judoka, Mirza, Naiara, Lagarto Negro e faz parte do Projeto Alfa que reúne vários super-heróis brasileiros em um único universo.

    Enfim, lendo só as histórias de Velta, missão difícil tendo em vista que as tiragens de cada edição não são tão grandes quanto a heroína, é possível definir em quantos universos ela existe e quem está no universo original dela além dela mesma e dos demais personagens de seu próprio autor. Despretensiosamente, Velta foi a primeira personagem a ligar os super-heróis brasileiros de uma forma mais natural e orgânica.


O Catalogador de Lancelott Martins e o Multiverso Br.


    O Catalogador foi criado por Lancelott Martins e publicado pela primeira vez em 2012. Prudente, Lancelott Martins fez de seu personagem um viajante do multiverso que cataloga heróis de várias realidades e os une para resolver problemas pontuais. Assim, personagens de um autor podem se encontrar com personagens de outro autor sem obrigar ninguém a seguir cronologias posteriores ou anteriores.

    Mas o multiverso abre possibilidades, não as fecha. Um mesmo personagem pode existir em vários universos e em universos unificados diferentes que podem surgir daí. Creio que Lancelott Martins é prudente em não tentar unificar todos os personagens de autores distintos sabendo que autores brasileiros são bem protecionistas com suas obras, autorais mesmo, e que seria muito difícil um acordo a longo prazo que agradasse a todos por muito tempo numa linha única. Há décadas a Marvel e a DC são duas zonas, imagine se elas não tirassem os direitos dos respectivos autores e tivessem que negociar com cada um a cada edição.

    Fora que é extremamente irritante não ter em mãos uma edição com uma história que se basta. Exemplo: se a história tem início, meio e fim e é minimamente divertida, pouco me importa se Mirza, Velta e Catalogador estão no mesmo universo desde sempre ou se eles se juntaram para resolver uma ameaça comum às suas três realidades, o importante é a história ser fechada e divertida.

    Bom, o Catalogador foi criado com a intenção de ser o elo entre todos os personagens dos quadrinhos de super-heróis brasileiros, está virtualmente em todos os universos e num grande multiverso unificado.

Universo (e o Multiverso) do Homem-Grilo


    O Homem-Grilo foi criado por Cadu Simões e Ricardo Marcelino para defender Osasco City, uma versão fictícia de Osasco no Estado de São Paulo. Criado sob uma licença aberta, creative commons, vários autores e desenhistas já fizeram histórias com ele, o que na visão de alguns, e eu me incluo nessa, soa como um multiverso. Afinal, cada autor fará uma variante diferente do personagem.

    Mas não é só isso, Homem Grilo não ficou sozinho por muito tempo em Osasco City e a própria cidade ganhou versões fictícias dos arredores da Osasco real com outros heróis. Outros desenhistas entraram no projeto de Cadu Simões e outros autores como o Will agregaram os personagens deles num universo unificado. Assim, as histórias do Sideralman estão no mesmo universo do Homem Grilo e sua turma. Mas não é só isso, o Bucha já se encontrou com Sideralman e existe no universo do Homem-Grilo por tabela.

    Enfim, o universo (e o multiverso) do Homem-Grilo é composto de personagens que se juntaram a medida que seus autores se conheceram e resolveram juntá-los, um universo criado por autores independentes de forma orgânica e natural.

O Universo dos Personagens de Eugênio Colonnese


    Em 2001, Watson Portela reuniu os personagens de Eugênio Colonnese numa aventura só na revista A Última Missão. Participaram da trama o Gato, Angélica, Mirza, Mylar, Pele de Cobra e Superargo. Como Colonnese participou do evento de lançamento da revista junto com Watson Portela, podemos concluir que os personagens de Colonnese nos quadrinhos sempre partilharam a mesma realidade com as bençãos do autor.

    Note que ao longo do tempo esses personagens foram de editoras diferentes, mas, no mundo dos quadrinhos independentes, onde as editoras não roubam direitos autorais, mais valem os autores que fazem os personagens do que as marcas atreladas aos personagens. Isso é maravilhoso!

Comando Justiça


    Em um fanzine em 1995, Darlei Nunez criou o Comando Justiça com novas versões, sucessores, dos heróis brasileiros mais conhecidos. Entre eles, um novo Capitão 7, afrodescendente, uma Mulher Lua, um novo Hydroman entre outros. É claro que o autor tem personagens próprios além dos descendentes dos antigos, logo o Comando Justiça divide a cena com os Protetores.

Universo Alfa: A Primeira Ordem


    Iniciativa recente de Elyan Lopes, o criador do Capitão R.E.D. Está sempre em financiamento coletivo desde 2015. Reúne os mais atuais autores de super-heróis brasileiros e é a mais ambiciosa tentativa de colocar todos os super-heróis do Brasil no mesmo contexto. Já possuem edições lançadas, se eles conseguirão manter isso, não sei, mas a ideia é colocar todos mesmo, ou ao menos, assim parece.

Os Sete


    Com a presença do Catalogador, Eberton Ferreira reúne seus próprios heróis aos de outros autores para fomentar a criação e a ampliação dos super-heróis no Brasil. Está em financiamento coletivo desde 2021, mas começou bem antes disso.

Universos de Autores ou Equipes Feitos Para Histórias ou Séries Fechadas


    É claro que há novos super-heróis brasileiros autorais e seus respectivos universos compartilhados surgindo até hoje, o tempo todo. Destaco As Empoderadas de Germana Viana de 2015; Esquadrão Vitória de Gico Galli em 2017 e 2020; e Dias de Horror de Danilo Beyruth e demais desenhistas do Chiaroscuro Studios em 2017. Com efeito, estas três histórias são só algumas das mais atuais e as melhores ao meu ver. Em todas elas temos universos estabelecidos em que super-heróis surgem e vivem suas aventuras. Mas em todas elas, cada autor ou equipe tem seu próprio elenco de super-heróis.

    As Empoderadas é a série com personagens de Germana Viana; Esquadrão Vitória é uma série que traz os personagens de Gico Galli; e o universo de Dias de Horror de Danilo Beyruth e Chiaroscuro Studios traz os personagens desta equipe criativa para esta história específica. E nem poderia esquecer Os Fabulosos de Roger Cruz que é uma sátira dos mutantes da Marvel dos anos 1990, uma sátira que ficou muito melhor que o original, diga-se de passagem. Também é preciso lembrar o U.F.O. Team, criado por Marcelo Cassaro e Joe Prado, que é um grupo de super-heróis compartilhando um mesmo universo maior.

    Como já disse, não dá para falar de todos, fiz o melhor que pude, boas leituras e até breve!


[Resenha] Diário Macabro RPG Versão Beta

    Sim, isso é uma resenha de um RPG em fase beta. Descobri esse sistema ao consultar o site da editora do quadrinho Ink Madness . Diário ...