domingo, 30 de julho de 2017

Choques Alienígenas de Alan Moore (que Escreveu no Módulo Protocolar) ou É Só Para se Divertir, Esqueça o Brilhantismo do Mago

    Antes de mais nada, até gostei, mas não valeu os R$79,90 do preço pelos motivos que revelarei a seguir. Choques Alienígenas reúne as séries D. R. & Quinch e Skizz, ambas publicadas originalmente em capítulos de mais ou menos cinco páginas na revista mix britânica 2000 AD entre 1983 e 1993. Essas histórias, contudo, trazem um Alan Moore protocolar, escrevendo o que os editores determinaram. Não esperem o brilhantismo que consagrou o escritor, nem o famoso humor refinado dos ingleses em geral.

    D. R. & Quinch é uma zoeira politicamente incorreta no melhor estilo Mad. Não espere mesmo refinamento, sutileza ou brilhantismo, é escracho puro; Skizz é um genérico do filme E.T., que é até mencionado, assim como vários filmes e séries de ficção científica ou fantasia espacial, não espere novidade ou a originalidade fora da curva que consagraram Moore. Mas vamos por partes.

    D. R. e seu amigo Quinch são dois alienígenas universitários, inconsequentes e delinquentes. Foram escritos numa época em que não havia patrulhas do “politicamente correto”, portanto, leitores sensíveis, estejam avisados. Eles vivem amalucadas aventuras nas quais barbarizam tudo e todos. São histórias para desligar o cérebro e curtir. Apesar de ser bem regular, mesmo levando em conta o que era publicado nos anos 1980, até na Mad, vemos que essa série influenciou videogames atuais como a série GTA, mas revelar mais é dar spoilers.

    Moore abandonou essa dupla de personagens em 1985, a continuação e o final da série, com o escritor Jaime Delano, também estão no encadernado. Os desenhos dessa série foram de Alan Davis, a última trama contou com a arte final de Mark Farmer, que melhorou infinitamente o traço de boa técnica de Davis. Muitas das piadas são bem datadas, o que afasta o leitor atual. A tradução priorizou o modo como os jovens falam e escrevem hoje em dia, mas não creio que funcionará muito para quem não viveu os anos 1980.

    Skizz tem texto de Alan Moore com arte de Jim Baikie. Os editores pediram a Moore um genérico de E.T., mas vamos as diferenças que fazem alguma diferença: Skizz é um intérprete do império Tau-Ceti, ele toma um atalho para uma conferência e cai na Terra. Sua espécie evoluiu de cangurus e ele fica aflito ao descobrir que a espécie dominante do planeta azul em que caiu evoluiu de símios.

    Ele cai numa rodovia perto de uma grande cidade e é achado por uma adolescente. Por ser um intérprete, um misto de tradutor e linguista, ele usa suas habilidades para interpretar e tentar comunicação com Roxy. É claro que as autoridades estão atrás de Skizz e as coisas não serão tão fáceis como no filme E.T., que foi feito para crianças. Infelizmente, ir além daqui seria dar spoilers. Os personagens coadjuvantes são muito bons e, como tudo na obra de Moore, refletem a realidade social da Inglaterra no momento em que foram escritos. Como já disse, a história não é ruim, mas é uma história genérica feita sob encomenda.

    Normalmente essa seria a parte em que eu diria “pare de comprar mensais e guarde seu dinheiro para o que realmente importa!”, mas dessa vez a editora Mythos errou feio, errou rude! Vamos aos defeitos da edição:

    Não há versão em capa mole, mais barata; nenhuma das duas histórias merecia um acabamento tão bom e um preço final tão caro. O papel cartão, no miolo, estaria de bom tamanho e a edição deveria ter custado, no máximo, R$25,00, afinal, a edição é em preto e branco; papel tão bom para quê? Editores, querem a renovação do público de quadrinhos? Que tal edições mais acessíveis, que atraiam mais do que leitores saudosistas e colecionadores na faixa dos 30 e 40 anos? É claro que ninguém quer a volta do formatinho para tudo, mas meios termos são possíveis. Fora que, mesmo sendo histórias de Alan Moore, ele estava protocolar, essas histórias não valem R$79,90. São histórias genéricas que não ficam melhores só por terem sido escritas pelo autor de Watchmen e V de Vingança.

    Concluindo: Choques Alienígenas traz histórias datadas que foram feitas para serem datadas. Por gostar de Alan Moore, me vi fazendo o ingrato papel de boi de piranha. Estou alertando vocês, leitores, o preço é caro demais. Quando o encalhe estiver a R$25,00 incluindo o frete, mesmo com a futura desvalorização do Real, comprem. Antes disso, esperem e leiam qualquer outra coisa de Alan Moore.

    Boas leituras!
    Rodrigo Rosas Campos

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Juvenal, o Velho Hippie #73

O roteiro já estava pronto antes da fatalidade. Aproveitei e fiz a homenagem.
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sábado, 1 de julho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 21 – A Princesa e A Rainha de George R. R. Martin e Considerações Finais

Ufa, finalmente a parte final e as considerações finais desse projeto de ler todos os contos de um livro de vários autores.

Lembrando

    O livro como um todo é desaconselhável para menores de 18 anos.

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres  fortes e ativas.

    Os contos não foram resenhados na ordem em que aparecem no livro, mas na minha ordem de leitura.

Chegamos, Finalmente, ao Ultimo Conto: A Princesa e A Rainha


    A Princesa e A Rainha, escrito por George R. R. Martin é o vigésimo primeiro conto do livro, ou o último dos 21. Este conto se passa no universo de As Crônicas de Gelo e Fogo, antes do primeiro livro da série. A pergunta que não quer calar já foi respondida, não é necessária leitura prévia de nada para entender, uma vez que narra eventos anteriores ao primeiro volume.

    Antes de mais nada, confesso: isso é a primeira leitura de Crônicas de Gelo e Fogo que faço. Espero Martin terminar a série de livros ou morrer sem terminar. Se ele terminar, inicio a série maior, se ele morrer, leio o que foi escrito, considerarei o final em aberto e imaginarei meu próprio final. Não considero adaptações, por mais bem-feitas que sejam, não sou um leitor passivo, finais abertos ou histórias inacabadas devem ser completados por cada leitor. Esperar por finais oficiais de histórias com finais em aberto ou inacabadas, ou ainda, exigir finais felizes, mesmo que na base de marteladas, é coisa de leitores fracos.

    A Princesa e A Rainha se passa 200 anos antes do primeiro volume da série. O rei morreu, e haverá uma guerra civil entre seus herdeiros, mais precisamente, entre o filho e a filha que casou com um nobre distante. Pois é, Martin se baseou mesmo na história real, vide Uma Rainha no Exílio, para criar seu mundo com dragões.

    O que vejo é, basicamente, uma versão sombria de Senhor dos Anéis de Tolkien, como se fosse escrito no estilo de Robert Ervin Howard, criador de Conan, o Bárbaro, Salomão Kane, Red Sonja, Kull entre outros. E antes que digam “sombria e realista”, eu digo que se fosse realista não haveria dragões. Como gosto de sangue nos olhos, sexo e cabeças voando (me julguem), gostei dessa história. Lembrando que espada e magia também possui a vertente pesada para um público mais velho, adolescente e adulto; Conan é tão espada e magia quanto o Senhor dos Anéis, embora este tenha sido direcionado para um público infantil com o objetivo de mostrar até para uma criança que a guerra não é uma coisa boa.

    Indo ao conto propriamente dito: O rei Visery I Targaryen morre. Sua filha mais velha, do primeiro casamento, está longe; Rhaenyra é casada com o também nobre Daemon. A segunda esposa do rei morto conspira para que o trono fique com o filho, o filho homem mais velho do rei, cujo nome é Aegon. Alguns nobres ficam do lado da filha, mais velha dentre todos os filhos do falecido rei, formando o grupo dos negros; outros, ficam do lado do filho homem mais velho do rei, no grupo conhecido como verdes.

    Nem a filha mais velha dentre todos os filhos do rei, nem o filho homem mais velho do rei estão dispostos a abrir mão do trono de ferro de Westeros. Esta é uma narrativa detalhada da chamada “dança” dos dragões que, na verdade, foi uma morte dos dragões, segundo Gyldain, da cidade de Vilavelha, transcrito por George R. R. Martin.

    Falar mais acerca da trama em si é entrar no terreno arenoso dos spoilers. O texto é como se fosse escrito por Gyldain, que conta a história depois dela ter acontecido e intercalando momentos em que faz uma resumo geral bem didático, como um fac-símile de livro de história, com diálogos e cenas mais detalhados a fim de dar o clima de família unida, só que não; da elegância e da honradez dos nobres, só que menos ainda! E ainda tem momentos aonde versões diferentes do mesmo fato são apresentadas, como se o personagem Gyldain falasse com o leitor numa taverna. É baixaria para deixar até Nélson Rodrigues e o Ratinho ruborizados! E, sejamos honestos, é legal!

    O clima é tenso, Maquiavel total, a palavra de um nobre não vale absolutamente nada e, depois de escolhido um lado, os nobres envolvidos resolverão na base da guerra mesmo, com direito a muitas mudanças de casaca. Tudo por um trono, irmã contra irmão, exércitos contra dragões, dragões contra exércitos e outros dragões etc. Provavelmente, quem acompanha os livros da série Crônicas de Gelo e Fogo já sabe de tudo o que esta história traz. Para quem nunca leu, é como parte de um volume zero da série.

    Enquanto lia o texto, comprei a história e todos os seus elementos, Martin é bom em fazer o leitor suspender a descrença. Depois de terminada a leitura, pensei no modo como os dragões foram descritos, que eram indomáveis, que era mais fácil matar um dragão do que cavalgar em um etc., enfim, acho que os dragões serem usados como armas foi roteirismo. Do jeito que foram descritos, seria mais fácil os dragões viverem voando livres e felizes do que se deixarem montar e tomarem partido em briga de bandidos. De que lado fiquei? Do lado dos dragões, torcendo para que eles se libertassem e queimassem todos aqueles bandidos. Dragões burros esses do Martin, tão poderosos e tomando partido em briga de bandidos. Mas Martin compensa essa incoerência interna com uma narrativa barra pesada e envolvente. Ler ao som de bandas de metal é o ideal. Enfim, antes de ler o primeiro volume da série principal, vou esperar ele terminar (ou morrer).

    Enfim, apesar dos defeitos, gostei, nada mais a declarar sobre A Princesa e A Rainha. Pena que briga de bandido não tem a menor graça na vida real. Agora vamos as considerações finais deste projeto de leitura sobre esse grande (literalmente) livro que reúne 21 autores contemporâneos da literatura estadunidense e que é um tributo às mulheres, adoravelmente perigosas e devidamente empoderadas.

Considerações Finais

    Mulheres Perigosas reúne 21 histórias completas, 9 contos escritos por homens e 12 por mulheres. Todas as protagonistas dos contos são mulheres, mesmo quando a narração é feita por um homem ou na terceira pessoa. Todos os contos foram escritos especialmente para esta coletânea: Dangerous Women, no título original em inglês publicado em 2013 nos EUA pela editora Tor.

    As histórias são de vários gêneros: o livro possui três contos de espada e magia; dois de fantasia no tempo atual; três de ficção científica; cinco contos históricos; quatro contos policiais; um de super-heróis; e três de terror. O livro físico é, sem dúvida, um ótimo presente para quem lê vários gêneros literários. De pelo menos uma história o(a) presenteado(a) gostará. Certamente agradará às mulheres leitoras, uma vez que elas são as estrelas absolutas das histórias; empoderamento feminino total.

    Os leitores atentos devem ter percebido que li primeiro o conto de Cartas Selvagens (Wild Cards) e depois de autoras que já conhecia. Deixei o do Martin para o final. Já expliquei isso, mas vou repetir e complementar: Martin está nos holofotes, mais pela série de TV que pelos livros propriamente ditos. Todos os sites e blogs, quando não simplesmente repetem a sinopse oficial, estão focando no conto dele; muita gente que vê a série vai comprar os livros e esse inclusive só para exibir na estante. Bazingueiros, vocês não me enganam.

    A própria capa do livro confirma minha opinião. Afinal de contas, as melhores histórias se passam ou no tempo (até então) presente da publicação (2013 nos EUA) ou, pelo menos, da Segunda Guerra Mundial em diante. Fora que 13 das 21 histórias se passa ou no presente ou no futuro. Ou seja, a capa da edição brasileira foi feita para chamar fãs da série de TV ou do Martin, nem a equipe da Leya faz segredo disso. Há inclusive um vídeo no You Tube com a equipe que fez a capa para a edição nacional do livro.

    Enfim, quero mostrar aos leitores que esse é um livro para experimentar as autoras e autores pouco conhecidos por aqui. Ou seja, não resenhei conto a conto de uma antologia para gente que só busca mais do mesmo, para estas pessoas a opinião alheia sequer é necessária. Estes comprarão pela capa e exibirão o volume na estante.

    Livros como esse são bons, pois nos apresentam uma variedade de autores usando como chamariz um autor famoso (ou, ao menos, um que gostamos, no meu caso, 4 que eu já gostava). Por outro lado, nem todos os autores experimentados nos agradarão, isso é fato. Os que me agradaram não necessariamente agradarão a todos vocês etc., o gosto é assim, totalmente aleatório e, ao mesmo tempo, de cada um.

    As biografias dos autores que antecedem cada conto são, na maioria dos casos, listas de obras e prêmios, poucas dizem algo relevante sobre o conto apresentado, uma das poucas que fala dá uma baita pista para spoiler, cuidado.

    Alguns textos são partes de universos maiores, mas o entendimento é garantido em todos esses casos. Nada exige leitura prévia. Sobre isso, vale destacar que todos esses autores já têm certa fama nos EUA. Lá, apesar da série de TV evidenciar as Crônicas de Gelo e Fogo, Martin não é tão escada (chamariz de público para outros autores) como é aqui no Brasil.

Clique na tabela para ampliar!

Os contos têm em média 20 páginas cada, ainda assim, muitos deles poderiam ser cortados pela metade e alguns tiveram um final tão abrupto que parecem que foram cortados mesmo, mas não pela metade. Outro fator que me incomodou em alguns deles foi o que chamo de falsa narrativa em terceira pessoa: se o autor quer colocar a história toda da perspectiva de um(a) único(a) personagem, por que não deixar o(a) personagem narrar a história de uma vez em vez de ficar fazendo introspecção psicológica localizada? Nossa, como me irrita ser enganado.

    Minha ideia original era fazer uma postagem por conto, mas apesar da média de página por conto ser grande, não há, na maioria deles, história suficiente para um comentário de mais de dois parágrafos sem spoilers; logo, esse projeto contou com 13 postagens. Há detalhes demais nas histórias, nem todos necessários, mas, é o que a maioria dos leitores de hoje parece curtir. Além de evidenciar que todos os autores querem conquistar produtores de cinema e televisão além de leitores propriamente ditos. Em muitos casos, acho que eles nem querem realmente leitores propriamente ditos. Muitos diálogos são necessários em histórias que serão encenadas, não em histórias feitas para serem lidas e quando o diálogo só está lá para explicar algo ao leitor, sem nenhuma cara de conversa casual real, isso fica evidente.

    Senti falta de uma ilustração por história. A ilustração da capa já enfatizou o gênero fantasia, espada e magia, o que foi muito injusto, já que a maioria dos textos se passa do século XX em diante e não na idade média ou em mundos medievais. Todas as histórias mereciam uma representação gráfica, no mínimo, para compensar isso. Fora que ficção científica e policial são melhores que fantasia, espada e magia. Além do terror nesse livro ser no tempo presente e um dos contos históricos estar no século XX.

    Não desgosto de fantasia, espada e magia, prefiro policial e ficção científica; mas, no caso dessa edição brasileira, a capa é uma injustiça mesmo. Teria comprado o livro a mais tempo se não tivesse que me esforçar para ver que havia cartas selvagens nele. Ele veio lacrado e a Internet brasileira só prioriza Crônicas de Gelo e Fogo por ter série de TV.

    E, sim, não compraria um livro tão grande se não tivesse ao menos um texto que pudesse me agradar, que não fosse de uma autora que eu já havia testado e aprovado ou de uma série que eu já gostasse. Esse tijolo não é barato, me julguem!

    Comecei postando as resenhas na medida em que lia os contos, isso não deu muito certo. Fiquei com mais má vontade ainda dos autores que não gostei (foram 5) por eles diminuírem meu ritmo de leitura etc. Até o momento em que decidi que só postaria novamente quando terminasse o livro todo e escrevesse todas as resenhas. Sei que algumas postagens ficaram pequenas demais, paciência.

    Perguntas que não querem calar:

    O livro como um todo é bom? Sim. Antes de terminar o livro, já havia gostado de 11 das 21 histórias, portanto, minha resposta é sim; achei o livro bom antes do fim da leitura.

    Com o fim da leitura do livro todo, continua bom ou melhorou a avaliação? Melhorou a avaliação. Terminando de ler tudo, dos 21 contos, gostei de 16 e não gostei de 5, ou seja, o livro foi ótimo.

    A Leya disponibilizou edição digital? Sim. A menos que você seja muito fã de algum dos autores envolvidos e queira ter o livro físico de qualquer jeito, vale mais a pena comprar o digital.

    Por que demorei para terminar a leitura? Em primeiro lugar o número de páginas, 734. Em segundo lugar, um dos fatores que determinam minha velocidade de leitura é o quanto consigo gostar do estilo do autor; vários autores, várias velocidades distintas, impossível pegar um embalo único e mantê-lo. Os cinco dos quais detestei são de amargar, nem os teria completado se não fosse o compromisso com esse projeto.

    Qual o conto que mais gostei? Segundo Arabesque, Muito Lentamente. Brilhante história apocalíptica. Um vírus esterilizador faz a humanidade regredir por falta de reposição de mão de obra em setores-chave. Os protagonistas lutam para recriar uma arte perdida, o balé clássico, em meio ao caos, pois que toda arte foi considerada perda de tempo, portanto, uma subversão e um crime em si. Escrita pela brilhante Nancy Krees.

    Qual o conto que menos gostei? Detestei mesmo A Garota No Espelho; não por ser mal escrito, mas por ser um plágio desavergonhado sem nenhum esforço real de trazer ao menos uma nova nuance sobre o original, que é a série Harry Potter. Não há nem como chamar de reinterpretação, o fato de ser a versão depressiva não é suficiente, nem mesmo para isso. É plágio mesmo. Mas se ele lucrou com uma fan fic, você, fã de Harry Potter, escreva para J. K. e veja como conseguir a autorização. A única coisa elogiável desse autor é que ele escreve bem, apesar da completa falta de criatividade e imaginação. A parte boa é que a série dele abriu um precedente para os que escrevem fã fic de Harry Potter de forma honesta lucrarem.

    Se eu gostei do conto ambientado em Westeros? Sim, gostei. Mas nem de longe é o melhor do livro e nem entra nos meus 10 mais. Como já disse, lá nos EUA, Martin não é tão escada assim, vide as premiações e currículos de cada autor da coletânea.

    Fã boys de Martin ou da série de TV, não torrem minha paciência, não desgosto dele, mas não o acho essa Coca-Cola toda! Wild Cards/ Cartas Selvagens não é só dele e ele está longe de ser o melhor autor dos autores de Cartas Selvagens. Dorminhoco, o melhor personagem da série, não é dele! Tachion, o mais importante personagem de Cartas Selvagens, também não é do Martin. Martin não é o pior autor de Cartas Selvagens, justiça seja feita, mas também está longe de ser o mais brilhante. Sim, comecei esse projeto para falar de Cartas Selvagens e termino falando de Cartas Selvagens.

    Fim do projeto de resenhar todos os contos do livro Mulheres Perigosas. Espero que tenham gostado! Comentários serão bem-vindos.

    Boas Leituras!

    Rodrigo Rosas Campos.

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 19 – Sombras Nas Florestas do Inferno de Brandon Sanderson & Parte 20 – Vizinhos de Megan Lindholm


Rodrigo Rosas Campos

Sempre Lembrando

    O livro como um todo é desaconselhável para menores de 18 anos.

    Há uma versão digital de Mulheres Perigosas, a menos que você queira muito o físico por este ou aquele conto, ou que você seja um colecionador de tudo o que se refere a Crônicas de Gelo e Fogo, vale mais a pena comprar o e-pub.


    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas.

    Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Primeiro Conto de Hoje: Sombras Nas Florestas do Inferno

    Sombras Nas Florestas do Inferno, escrito por Brandon Sanderson, é o décimo conto do livro.

    Um famoso caçador de recompensas, Raposa Branca, é tema de altas conversas em uma taverna. Quem é a mulher perigosa dessa história? Farei silêncio, os spoilers começam logo nas primeiras páginas. E como são instigantes essas primeiras páginas e as seguintes. Se você gosta de reviravoltas, esta história está recheada delas.

    Um cenário de fantasia medieval trabalhado no clima político corrupto brasileiro onde ninguém é tão inofensivo quanto parece. Cada página, uma surpresa e a vontade de ir para a próxima. Enfim, paro por aqui.

O Segundo Conto de Hoje: Vizinhos

    Vizinhos, escrito por Megan Lindholm, é o oitavo conto do livro.

    O início é engasgado. Muito texto para poucos acontecimentos. Uma senhora testemunha o desaparecimento de uma velha amiga, em vez de chamar a polícia, chamou o filho. O fato é que depois do desaparecimento, ela vê uma estranha neblina, pessoas estranhas e estranhos acontecimentos. Será que ela enlouqueceu? Será algo sobrenatural? Será que ela enlouqueceu e também testemunha o sobrenatural?

    Na melhor tradição de Edgar Allan Poe, Lindholm põe em cheque a sanidade da protagonista para deixar o leitor decidir o que acha. O diferencial dela é colocar páginas desnecessárias para contar uma história que se torna mais previsível, exatamente por ter páginas demais. As ideias são interessantes, não que sejam novas, mas é mal escrito e previsível. Não gostei. É uma das histórias culpadas por eu ter demorado a ler o livro, ritmo arrastado com personagens redundantes e constantes reafirmações desnecessárias da opinião da autora que já era clara, não precisava repetir e repetir. Vizinhos é uma daquelas histórias que parecem feitas para virar filme, há muita gente que gosta, bem verdade.

Boas leituras e até a volta!

[Resenha] Diário Macabro RPG Versão Beta

    Sim, isso é uma resenha de um RPG em fase beta. Descobri esse sistema ao consultar o site da editora do quadrinho Ink Madness . Diário ...