sexta-feira, 29 de setembro de 2023

[Resenha] Clube dos 27 de Wes Oliveira e Isaque Sagara


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    Terror, ficção e história da música se misturam em Clube dos 27 com textos de Wes Oliveira e desenhos de Isaque Sagara e a maior surpresa desse quadrinho é o modo como parte da história real é contada através dele. Acredito que muitos aficionados por jazz e rock ficarão surpresos, pois este quadrinho foi feito por dois caras que conhecem música como um todo. Pena que comentar decentemente seria dar spoilers, mas acredite, é a parte de realidade dessa ficção que mais vai surpreender a maioria dos leitores.

    Na história, conhecemos um garoto aficionado pelo clube dos 27, ele faz 27 anos e recebe um convite para entrar nesse clube. Mas como? Ele não é músico, não se lembra de ter feito pacto com o diabo e o Clube dos 27 é só uma lenda urbana envolvendo astros da música que supostamente fizeram pactos com o tinhoso e foram recolhidos depois de completarem 27 anos. Seria tudo isso uma pegadinha bizarra? Quem estaria fazendo isso com ele? Será que a brincadeira pode sair do controle? Teria a lenda do Clube dos 27 algum fundamento? Mas por que demônios rivais estariam atrás de um garoto que é só um fã dos músicos consagrados que fazem parte do lendário Clube dos 27?

    Clube dos 27 é uma história de terror com elementos de história da música para além do rock e do jazz, passa pela música brasileira e é surpreendente. Os desenhos de Sagara estão arrebatadores como sempre e o texto de Wes Oliveira usa todos os recursos disponíveis para surpreender os leitores e contar um pouco da história da música brasileira esquecida ou apagada. Sim, aparecem menções a Música Popular Brasileira, ao rock brasileiro e a um músico esquecido em nossos dias. Clube dos 27 é uma ficção que termina por resgatar um elemento importante da história de nossa música para um público mais amplo que músicos profissionais. Mas fico por aqui, não quero dar spoilers.

    Você terminará de ler o quadrinho e vai se interessar por todos os extras, mas os extras estão no fim por um motivo, não se afobe. Se o(a) leitor(a) não pegar as referências, não se preocupe, a lista completa delas está no final, a partir da página 92, mas deixe-a para o fim para você ter sua cabeça explodida ainda mais. É claro que algumas referências são muito fáceis, outras nem tanto e algumas só para iniciados num estudo musical profundo mesmo. As interações entre a música, artes plásticas, cinema e quadrinhos são de cair o queixo.

    Clube dos 27 é mais uma colaboração entre as editoras Trem Fantasma e Ultimato do Bacon; o preço da edição é de R$ 54,00 (mais eventual frete), miolo em cores, lombada quadrada, formato 18x26. Já na loja da Ultimato do Bacon e em livrarias e gibiterias reais e virtuais. Essa vale cada centavo!

Boas leituras, bons shows, discos, K7s CDs, MP3, músicas na nuvem etc. e bons sonhos, hahahaha!

Rodrigo Rosas Campos

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

[Resenha] Escafandro: Nirbuths de Mozart Couto

     A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, nos traz Nirbuths de Mozart Couto, texto, desenhos e arte-final. E as cores? Não tem cores. Nirbuths é a primeira Escafandro preta e branca e com um pouco mais de páginas. A história escrita no Brasil por um brasileiro segue a tradição Bonelli de se passar fora do Brasil com personagens estrangeiros, no caso, na Inglaterra do final do século XIX e início do XX com personagens ingleses.

    Esqueça os vampiros sedutores, nessa história eles são predadores agressivos, violentos e nada sutis, meio animalescos até. Londres está infestada de vampiros. Além da violência das criaturas, elas infectam suas vítimas transformando-as em novos vampiros, uma verdadeira epidemia. Mas o doutor Ethan tem uma ideia, perigosa, mas válida. Ele encontrou uma espécie de criatura na Turquia ainda mais letal, forte e maior que os vampiros, os nirbuths. Estes nirbuths são uma espécie de licantropos que também se alimentam de sangue e são maiores e mais letais que os vampiros. Porém, o sangue de um nirbuth inoculado em um humano pode deixar o humano mais forte que um vampiro e ainda assim controlável.

    Tudo isso em hipótese e é claro que há um risco dessa cobaia humana se tornar um problema pior que os vampiros, e todos sabemos que não é uma boa ideia controlar uma praga com o acréscimo de uma nova espécie sem predadores naturais numa região. Mas o doutor Ethan possui amostras de sangue de nirbuths e as autoridades locais em desespero dispõe de dois prisioneiros para serem cobaias do experimento que, se der certo, exterminará os vampiros de Londres e matará os voluntários depois. É claro que os dois prisioneiros aceitam a proposta e é claro que nem todos os detalhes do plano foram ditos aos criminosos escolhidos.

    Ir além daqui é dar spoilers, afinal, são os leitores que devem descobrir se o plano desesperado deu certo ou não. Como já dito, este é um quadrinho que mostra as criaturas brigando no braço, nas garras e nas presas enquanto os humanos temem ser infectados ou mortos. Tanto os vampiros quanto os nirbuths são caçadores e predadores. As cenas de luta entre as criaturas são o ponto alto da história e o desenho de Mozart Couto entrega o gore prometido.

    Escafandro: Nirbuths já está disponível na loja da editora Ultimato do Bacon e em livrarias e gibiterias presenciais e virtuais a R$ 24,00 (mais eventual frete).

Boas leituras e bons sonhos, hahahaha!

Rodrigo Rosas Campos

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

[Resenha] Escafandro: A Prisioneira de R. F. Lucchetti com Nova Roupagem de Laudo Ferreira

 

 

Esta história é aconselhável para maiores de 18 anos!

Pode acionar gatilhos!

    A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, nos traz A Prisioneira com texto de R. F. Lucchetti e desenhos, arte-final e cores de Laudo Ferreira. Sim, se você é das antigas, se trata da mesma história, o mesmo roteiro, que R. F. Lucchetti publicou numa Terror Especial de 1972 e republicou em Almanaque Terror Especial em 1975. Os desenhos originais foram de Nico Rosso e Kasuhiro Yoshikawa. Neste remake, o diretor…, digo, o desenhista Laudo Ferreira resgata a história com um novo traço e uma nova narrativa mantendo-a nos anos 1970.

    A Prisioneira conta a história de Leonor, que acusa o marido de ter uma amante e conspirar para roubar sua fortuna. Ela é internada em um manicômio como se sua história fosse um surto psicótico. Mas e se ela estiver falando a verdade? Será Leonor uma doente ou uma prisioneira?

    Leonor segue a tradição de narradores não confiáveis, basicamente, a história dá margem a várias interpretações e vieses. Isso não é tão simples de se fazer como parece, afinal, seja ela uma doente psiquiátrica ou uma prisioneira desacreditada, a parte mais aterrorizante é que ela não está bem em nenhuma das duas hipóteses. Ela está aprisionada em ambas as possibilidades. É a visão de quem lê que dará o veredito em meio ao desenrolar dos acontecimentos.

    Laudo Ferreira traduz este horror da desesperança com maestria tendo como base o mesmo texto de R. F. Lucchetti usado por Nico Rosso e Kasuhiro Yoshikawa em 1972. Os extras da edição trazem fotos das capas das revistas antigas e algumas fotos das páginas da história original, bem como fragmentos do roteiro.

    Escafandro: A Prisioneira é ao mesmo tempo uma nova edição e um resgate histórico, ou seria o oposto? Enfim, essa é uma pergunta que cada pessoa que ler responderá a sua maneira. Assim como é o olhar de cada pessoa que ler esta história que definirá se Leonor escapou ou não de sua condição e que condição afinal era essa; é o olhar de cada pessoa que ler esta história que colocará esta edição mais na categoria de inédita ou mais na categoria de resgate histórico.

    Escafandro: A Prisioneira está a venda na loja da Ultimato do Bacon e em livrarias e gibiterias reais e virtuais a R$ 22,00 mais eventual frete. Talvez os apoiadores do financiamento coletivo ainda estejam recebendo, portanto aguarde.

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

[Resenha] O Medo À Espreita & Outras Histórias de H. P. Lovecraft

 

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    Não dá para ignorar ou perdoar o racismo de Lovecraft que se reflete ao longo de sua obra. Por um lado, ele foi a fonte de várias ideias, personagens e cenários que, por sua força, influenciam a cultura pop até hoje, além de ter sido o primeiro autor a compartilhar suas criações com outros autores. Por outro, era racista, xenófobo, antissemita etc. Se você, leitor ou leitora, não se considera latino(a) por ser brasileiro(a) e descendente de portugueses, pois bem, latinos são os que falam línguas nativas derivadas do latim e, em um destes contos, Lovecraft aponta sua metralhadora de preconceitos racistas e xenófobos contra portugueses e seus descendentes, fique avisado(a). A tradução de Rodrigo Breunig é cruel e não poupa o leitor de nada, nada mesmo. Não sou a favor de censuras, o texto é o texto e precisa ser traduzido da forma mais fiel possível, mas acho que a L&PM, enquanto editora, deveria incluir textos adicionais para contextualizar melhor Lovecraft, sua personalidade, o ambiente onde cresceu e sua época. As duas páginas de biografia chapa-branca não são suficientes. Tirado o elefante branco da sala, vamos ao livro.

    Não comentarei todos os 12 contos do volume, afinal tudo é do mesmo autor e alguns estão ali só para fazer volume de tão fracos que são. Além do racismo evidente em alguns textos, outra característica de Lovecraft que também costuma decepcionar novos leitores é o fato do autor ter sido bem prolixo e enfadonho, há muito texto e poucas ideias em seus trabalhos. O conto que dá título ao volume, O Medo à Espreita, por exemplo, pode ser encarado como uma variação menos inspirada de A Cor Que Veio do Espaço sob a forma de uma casa num terreno assombrado comum.

    Além de Muralha do Sono e Do Além apresentam as máquinas que inspiraram e inspiram obras como Os Caça Fantasmas até os dias de hoje. Na primeira, temos uma máquina que permite a um homem visitar o sonho de outras pessoas, na segunda, aparece uma máquina capaz de mostrar o sobrenatural aos homens.

    O Cão (conto mais conhecido em outras traduções como O Cão de Caça) é uma história no contexto do livro maldito Necronomicon e apresenta um cão diabólico com asas de morcego assombrando o protagonista. Dagon e A Sombra Sobre Innsmouth são os que se ligam mais diretamente a mitologia de Cthulhu e ao centro do universo que Lovecraft criou e compartilhou ainda em vida com outros autores. Universo este que gera obras até nossos dias como o romance Território Lovecraft de Matt Ruff e o quadrinho As Três Sepulturas de Fábio Yabu e Fred Rubin.

    O preço do livro O Medo À Espreita & Outras Histórias é de R$ 33,90, possui versão digital mais em conta em várias livrarias presenciais e virtuais.

Rodrigo Rosas Campos

 


    P.S.: a quem interessar possa: li esse livro por conta de As Três Sepulturas de Fábio Yabu e Fred Rubim; estes autores transformaram 3 contos de Lovecraft em uma única história. Os contos foram A Tumba de 1917, O Depoimento de Randolph Carter de 1919 e O Cão de Caça de 1922. Destes 3 contos, O Cão de Caça era o único que eu ainda não havia lido. Em relação a As Três Sepulturas, não espere fidelidade absoluta na adaptação de Yabu e Rubin; eles tiraram os contos originais de sua ordem de publicação original e criaram uma quarta história que se passa em um universo paralelo ao original com uma trama nova em relação as fontes. Eu adorei isso. Eles melhoraram em muito os conteúdos fontes.

    O Cão de Caça está nesse volume de O Medo À Espreita da L&PM Pocket sob o título de O Cão. Também na coleção L&PM Pocket estão A Tumba no livro A Tumba e Outras Histórias e O Depoimento de Randolph Carter no livro Nas Montanhas da Loucura e Outras Histórias de Terror.


quinta-feira, 7 de setembro de 2023

[Resenha] As Três Sepulturas de Fred Rubim e Fábio Yabu – Mais Um Horror Cósmico Made In Brazil


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    As Três Sepulturas é um quadrinho de terror para maiores, com desenhos de Fred Rubim e textos de Fábio Yabu com colaborações de Rubim. Normalmente, não sou de indicar prefácios, mas o prefácio de Yabu nesta edição merece muito ser lido. Já pela capa, fica claro que a história é baseada na obra de Lovecraft, mas aí entra uma questão: é uma adaptação direta ou uma releitura? Em As Três Sepulturas temos as duas coisas juntas numa mesma história.

    Fábio Yabu se utiliza de três contos de H. P. Lovecraft e cria uma quarta história através das lacunas e conexões inexploradas dos textos originais. Em seu prefácio, ele agradece as colaborações de Rubim no texto para deixar a trama mais fluida. O resultado é uma excelente história única e inteira. Você não precisa ler os 3 contos em que Yabu se inspirou para entender. Fazer isso é muito difícil, todo mérito para Yabu e Rubim que trabalharam em conjunto para entregar uma história inteiramente única e completa.

    A história se passa em 1920, Dunsany, EUA, Wolfgan Hunter, um cientista forense, é chamado pelo detetive de polícia Simon Porter para elucidar um simples caso de violação de tumba. E essa aparentemente simples violação de tumba se revela como algo muito além da vida mundana. Naquela tumba, não estavam enterrados apenas restos mortais, mas um segredo que pode levar a destruição de toda nossa realidade. No decorrer da investigação temos uma estranha criatura sobrenatural a solta, criminosos estranhamente interessados em uma estatueta antiga e em um livro que supostamente pode trazer mortos de volta a vida.

    Apesar do desenho de Rubim remeter a Mike Mignola, As Três Sepulturas bebem de outras tradições, tanto dos quadrinhos nacionais quanto dos internacionais. A começar pela tradição de quadrinhos de terror no Brasil, com revistas lembradas até nossos dias como Terror Negro, Calafrio e Mestres do Terror. A tradição de se fazer histórias ambientadas em outros países e em outras culturas remete aos quadrinhos de velho oeste italianos da Bonelli, mas também nos lembra de que o auge dos quadrinhos de terror no Brasil foram na ditadura militar, quando nem sempre era aconselhável usar nosso próprio quintal como cenário. A história tem muitas camadas e os monstros não são apenas externos.

    Para os que não se recordam, o trabalho anterior de Yabu e Rubim foi a adaptação do Nerdcast RPG Cthulhu para os quadrinhos em Os Sussurros do Caos Rastejante. Desde aquela época, Yabu mostrou vontade de contar sua própria história naquele universo e com a mesma parceria de Rubim, a dupla realizou o feito com maestria. Uma excelente história de horror cósmico envolvendo segredos antigos de alienígenas ancestrais entre nós desde o início dos tempos.

    Concluindo, As Três Sepulturas é uma história inspirada na obra de Lovecraft que junta elementos de três contos do autor e gera uma história única e nova, Yabu e Rubim conseguem estar nos dois pilares da originalidade, recorreram a três fontes originais existentes e fizeram uma história original no sentido de nova, única. O terror psicológico remete a psicologia analítica de Jung, uma vez que equilibra e menciona tanto a vontade de poder em Nietzsche quanto o desejo sexual em Freud. Me surpreenderam as camadas do texto para além do sobrenatural e do horror cósmico.

    O preço da edição é de R$ 39,90 (mais eventual frete), miolo em preto e branco, lombada quadrada, formato americano, capa cartão, 112 páginas; R$ 19,00 em versão digital. Na loja da Jambô Editora ou em livrarias e gibiterias reais e virtuais.

Boas leituras e bons sonhos! Hahahaha!

Rodrigo Rosas Campos



sexta-feira, 1 de setembro de 2023

[Matéria] Homem-Grilo Para 3D&T Alpha


Personagem de Cadu Simões et all. adaptado por Rodrigo Rosas Campos


    Antes de mais nada, o Homem-Grilo foi criado pelo escritor Cadu Simões e por vários desenhistas ao longo do tempo. Mais detalhes no site do personagem.

    Esta ficha foi adaptada com regras do livro Mega City para 3D&T de 2012 sob o manual básico de 2015. Eu sei que 3D&T sofrerá mudanças, ou já sofreu, mas pretendo usar o Homem-Grilo como um exemplo de conversão das versões de 3D&T no futuro.

    3D&T – Defensores deTóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Homem-Grilo
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 1
    Habilidade: 3
    Resistência: 1
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 0
    Pontos deVida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: história, geografia e filosofia (1 ponto); escalar, constância e queda lenta
(1 ponto); sentido de perigo, audição aguçada e visão aguçada (1 ponto).
    Desvantagens: identidade secreta (-1 ponro) Carlos Parducci; código dos heróis (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: esmagamento.
    Poder de Fogo: perfuração (se tiver pode ser flechas).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: dinheiro, ha, ha, ha, ha!
    História: Homem-Grilo, criado por Cadu Simões et all.

    Observação: 3DeT Victory já está sendo feito e, assim que eu tiver o manual, farei novas postagens envolvendo o Homem-Grilo para 3DeT.

    Homem-Grilo está licenciado sob uma licença creative commons by-sa 4.0 internacional.

[Resenha] Diário Macabro RPG Versão Beta

    Sim, isso é uma resenha de um RPG em fase beta. Descobri esse sistema ao consultar o site da editora do quadrinho Ink Madness . Diário ...