quinta-feira, 29 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 18 – Anunciando a Pena de S. M. Stirling

Rodrigo Rosas Campos

Sempre Lembrando

    O livro como um todo é desaconselhável para menores de 18 anos.

    Há uma versão digital de Mulheres Perigosas, a menos que você queira muito o físico por este ou aquele conto, ou que você seja um colecionador de tudo o que se refere a Crônicas de Gelo e Fogo, vale mais a pena comprar o e-pub.

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas.

    Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Conto de Hoje: Anunciando a Pena

    Anunciando a Pena, escrito por S. M. Stirling, é o décimo sétimo conto do livro.

    As máquinas simplesmente pararam, levando o mundo a um colapso. Não há mais combustível ou eletricidade. Metais precisos perderam o valor e a agricultura regrediu a um estágio artesanal, tornando a comida escassa e preciosa.

    O conto é bem padrão, mas bem escrito e agradável de ler. Uma ideia antiga, mas muito bem elaborada, é só o cotidiano num mundo de regressão tecnológica severa. Como o próprio título revela, haverá um julgamento e uma pena.

    O melhor aspecto dessa história é o fato de que fica claro que só sua leitura completa dará condições para os leitores se posicionarem acerca de tudo o que é mostrado. É um texto que não permite julgamento precipitado. O mote é mais as condições que justificam as leis e suas mudanças que o julgamento e a condenação em si. Um conto bem interessante para os que se interessam por antropologia e direito.

    Falar mais é dar spoilers.

    Boas leituras e até a volta!

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 17 – Uma Rainha no Exílio de Sharon Kay Penman

Rodrigo Rosas Campos

Sempre Lembrando

    O livro como um todo é desaconselhável para menores de 18 anos.


    Há uma versão digital de Mulheres Perigosas, a menos que você queira muito o físico por este ou aquele conto, ou que você seja um colecionador de tudo o que se refere a Crônicas de Gelo e Fogo, vale mais a pena comprar o e-pub.

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas.

    Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Conto de Hoje: Uma Rainha no Exílio

    Uma Rainha no Exílio, escrito por Sharon Kay Penman, é o décimo primeiro conto do livro. Trata-se de um conto que narra fatos históricos de forma romanceada.

    Dezembro de 1189, Haguenau, Alemanha é quando e onde essa história se inicia. Constance de Hauteville está casada com Henrich. Ele a avisa da morte do rei da Sicília. Nesse meio tempo, o conde de Lecce assume o trono da ilha. Todavia, mesmo casada com um nobre alemão, Constance é a legítima herdeira do trono da Sicília, ao reivindicar a coroa, ela começa uma guerra entre Alemanha e Sicília que se arrastará por anos.

    Este conto é brilhante, é uma aula sobre as Cruzadas, é verdadeiramente interessante, é didático sem ser pedante. Professores de história, de boa, leiam Sharon Kay Penman, conteúdo é melhor absorvido quando acompanhado de estilo.

    Boas leituras e até a volta!

terça-feira, 27 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 15 – Cidade Lázaro de Diana Rowland & Parte 16 – O Nome da Fera de Samuel Sykes


Rodrigo Rosas Campos

Sempre Lembrando

    O livro como um todo é desaconselhável para menores de 18 anos.

    Há uma versão digital de Mulheres Perigosas, a menos que você queira muito o físico por este ou aquele conto, ou que você seja um colecionador de tudo o que se refere a Crônicas de Gelo e Fogo, vale mais a pena comprar o e-pub.

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas.

    Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Primeiro Conto de Hoje: Cidade Lázaro

    Cidade Lázaro, escrito por Diana Rowland, é o décimo quarto conto do livro.

    Uma pequena e instigante história policial. Quando o rio Mississipi muda de curso, a cidade de Nova Orleans entra em franca decadência. A morte de um cafetão leva o policial corrupto, Danny, a se envolver com uma dançarina e striper, Délia. Mas Délia também é desejada por Peter, um empresário que tem Danny em sua folha de pagamento e que quer transformar Nova Orleans numa nova Las Vegas.

    Aviso importante: NÃO leia a página que apresenta a autora, há uma pista forte do que acontecerá na história.

    Diana Rowland é simplesmente impecável. Das histórias policiais do livro é a melhor até agora. Essa história daria um excelente curta-metragem. Quase quebro minha promessa de só postar novamente quando tudo estivesse pronto por conta deste conto.

O Segundo Conto de Hoje: O Nome da Fera de Samuel Sykes

    O Nome da Fera, escrito por Samuel Sykes é o décimo oitavo conto do livro.

    Um conto de fantasia medieval com elemento de terror, uma fera a espreita, que, apesar de curto, irrita pelo tema batido e pela previsibilidade. É bem escrito, mas é básico demais. Para quem gosta de feijão com arroz, é uma boa pedida. Da minha parte, nada mais a declarar.

    Boas leituras e até a volta!

domingo, 18 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 12 – Eu Sei Escolhê-las de Lawrence Block, Parte 13 – A Garota no Espelho (ou a versão da Murta que Geme) de Lev Grossman & Parte 14 - Segundo Arabesque, Muito Lentamente de Nancy Krees

Rodrigo Rosas Campos

    Pois é, demorou um pouco, mas resolvi postar três partes (contos) do projeto Mulheres Perigosas de uma vez. O primeiro conto abordado hoje segue a melhor, ou pior, tradição de crimes de mundo cão, ou, em termos mais familiares a nós, brasileiros, a vida como ela é… Ele me obriga MESMO a deixar este aviso: desaconselhável para menores de 18 anos.

    O segundo é de um autor que usa descaradamente o universo de Harry Potter nos EUA.

    O terceiro se passa num futuro terrível de nosso planeta.



Sempre Lembrando

    Há uma versão digital de Mulheres Perigosas, a menos que você queira muito o físico por este ou aquele conto, ou que você seja um colecionador de tudo o que se refere a Crônicas de Gelo e Fogo, vale mais a pena comprar o e-pub.

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

    Então vamos aos contos de hoje:

O Primeiro Conto de Hoje: Eu Sei Escolhê-las

    Eu Sei Escolhê-las, escrito por Lawrence Block, é o nono conto do livro.

    Muito bom, mas muito curto. Um homem é escolhido por uma mulher num bar de beira de estrada. O que se desenrola é uma história digna de Nélson Rodrigues em A Vida Como Ela É… Falar mais, porém seria estragar a avalanche de surpresas.

    Este conto levou a classificação etária do livro para 18 anos, com certeza. É pesado. Pessoas sensíveis de qualquer idade, estão avisadas.

O Segundo Conto de Hoje: A Garota no Espelho

    A Garota no Espelho, de Lev Grossman, é o décimo segundo conto do livro e é um plágio descarado, idêntico de Harry Potter. É tão igual, que cheguei a procurar, na Internet,  uma autorização formal e oficial da J. K. Rowling para que ele usasse o mesmo universo. Não encontrei. Achei muita coisa, menos que ela o autorizou.

    Muito provavelmente, ele tem essa autorização: usa, menciona, nomes de personagens da série original, inclusive. Fica bem claro que é o mesmo universo de Harry Potter, só que em Nova York, EUA. Ele deve ter inclusive o aval da família do Tolkien para usar os hobbits, pois usa a palavra “hobbit” para se referir a um tipo de personagem, e não o termo genérico Halfling (para quem não sabe, a obra de Tolkien não caiu em domínio público e hobbit é um neologismo e um tipo de ser criado pelo Tolkien). Se um de vocês souberem aonde estão essas autorizações de uso, deixem o link nos comentários. Acho que, depois disso, muitos fãs irão querer oficializar suas respectivas escolas de magia também, não é o meu caso, mas não custa ajudar os amiguinhos.

    Segundo a Wikipédia, sob a alegação de que escreveu “um Harry Potter para adultos”, ele copiou descaradamente TUDO. Sem alterar nada. Verdade, criou os próprios personagens nos EUA do universo de Harry Potter, mas esses “novos” personagens são bem equivalentes, mais genéricos que equivalentes. De cara, o nome do conto é para falar da versão dele para a Murta Que Geme.

    Tudo tão igual que nem mesmo o título de “engenheiro de obras prontas” este escritor merece: um plágio, ainda que autorizado, não deixa de ser um plágio. Não dá nem para considerar como uma nova interpretação, é tudo cópia mesmo. Também não é um fã fic, pois ele não poderia lucrar com uma simples fã fic. Ele deve ter as autorizações da J.K. e da família do Tolkien.

    Seus defensores dirão: “Ele estava deprimido quando fez a versão dele”, pois ele que faça versão depressiva de algo que eu não goste! Pronto, falei! Enfim, resumindo, a história da Garota do Espelho é a história da versão dele para a Murta Que Geme. Falar mais que isso é entregar o modo como a menina morreu.

    Ao contrário de Explosivas, que apresenta uma nova nuance de fato, e é melhor que a versão oficial, A Garota do Espelho e seu autor nem são dignos de reais notas, mas estão no livro e eu me comprometi a comentar conto a conto.

O Terceiro Conto de Hoje: Segundo Arabesque, Muito Lentamente

    Segundo Arabesque, Muito Lentamente de Nancy Krees é o décimo terceiro conto do livro. Ler a introdução que fala sobre a autora é fundamental para esse conto.

    Estamos num futuro distópico da Terra. Um vírus esterilizou boa parte da população mundial e a humanidade só não regrediu a idade da pedra por ter mantido a escrita, a história e as ciências em geral, embora tenha havido uma regressão tecnológica severa. A falta de pessoas para repor a mão de obra levou todos os setores econômicos de todo o mundo a um colapso. A trama é contada por uma enfermeira de 64 anos, estéril de uma tribo nômade de caçadores e coletores.

    Esta senhora preserva a memória do passado através das lembranças e relatos de sua avó, que viveu na geração que presenciou o colapso e do fato dela ser uma das poucas pessoas da nova Terra a saber ler. Como não há como saber quais homens são férteis, as poucas mulheres férteis são obrigadas a copular com todos os homens da tribo. Para as inférteis, sobram os postos de enfermeiras, caçadoras, coletoras, guerreiras ou escravas sexuais, e esta última opção só quando o grupo tolera uma mulher estéril só para o sexo; é um mundo de poucas opções. O grupo está prestes a fazer um ritual de iniciação de uma jovem fértil nas ruínas de um teatro em Nova York.

    O cenário e as perspectivas são desoladores. A arte foi considerada uma subversão, por não ter utilidade no curto prazo, uma futilidade mesmo. Entretanto, quatro jovens do grupo descobrem, nas ruínas desse teatro, livros e outros resquícios da prática do balé clássico e decidem praticar mesmo que morram por isso.

    A enfermeira que narra a história se vê em uma posição delicada, pois tem que proteger esses jovens do líder do bando ao mesmo tempo em que percebe que o líder do outro bando esconde intenções sinistras por trás de uma aparente cordialidade. Todavia, este outro líder não desdenha da escrita e parece ser culturalmente superior.

    Esse texto é um exemplo de como escrever bem. A história é na primeira pessoa da perspectiva da enfermeira, Susan. Não há desperdício de palavras, todas as informações se encaixam e fazem sentido, enfim, este vale, sozinho, o preço salgado do livro inteiro. Além de usar um mundo destruído e desolado como pano de fundo para discutir o papel da mulher na sociedade, sendo feminista, mas não panfletário. E antes que algum desatento (ou desatenta) diga que esse é um cenário machista, volte ao início dessa resenha específica e veja que este conto foi escrito por uma mulher, que quis, justamente, discutir, em forma de ficção, o papel da mulher na sociedade.

    Também é uma excelente ambientação para uma aventura ou campanha de RPG.

Este Projeto Terá Uma Pausa

    Nem sei se vocês, leitores, repararão a pausa, mas decidi parar de postar enquanto não acabar o livro. Por que? Simples, tentar resenhar um a um na medida em que leio e postar está sendo contraproducente. Está me deixando lento. Além do mais, como acontece em antologias de autores diferentes, os estilos são muito diversificados, há contos de 20 páginas que possuem muitos acontecimentos e outros de 40 que poderiam ser resumidos num parágrafo, por exemplo. Há histórias brilhantes, mas que se o comentário for longo demais, se entrega a surpresa e o final, e há textos longos e chatos. Enfim, o próximo post do projeto só irá ao ar quando todas as resenhas já tiverem sido feitas. Fica o aviso.

    Eu vou continuar a leitura, fazer minhas anotações, planejar os posts, digitar os posts e, quando tudo estiver pronto, revisar e postar. Como aconteceu com este e outros posts do projeto, os contos menores darão posts com mais de um, os maiores, se houver necessidade, um post exclusivo e o vigésimo primeiro conto, o do Martin, sairá sozinho junto com as considerações finais acerca do livro como um todo.

    Já adianto que de tudo o que li, já gostei de 11 entre 21 histórias, ou seja, para mim, o livro valeu. Fora que ia comprar a versão física pelo conto de Cartas Selvagens de qualquer jeito. Aconselho a todos que quiserem o livro, comprem a versão eletrônica primeiro.

    Boas leituras e até a volta!

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 11 – O Inferno Não Tem Fúria de Sherilynn Kenyan

Rodrigo Rosas Campos



    Finalmente, chego ao décimo primeiro conto lido desse livro de 21 histórias diferentes. Agora só faltam mais 10 e a contagem regressiva começa. Já adianto, o de hoje é muito bom mesmo!

Sempre Lembrando

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013. Há uma versão digital de Mulheres Perigosas, a menos que você queira muito o físico por este ou aquele conto, ou que você seja um colecionador de tudo o que se refere a Crônicas de Gelo e Fogo, vale mais a pena comprar o e-pub.

O Conto de Hoje: O Inferno Não Tem Fúria

    O Inferno Não Tem Fúria, escrito por Sherilynn Kenyan, é o décimo sexto conto do livro e se baseia em uma lenda real.

    Cait Irwin é levada por três amigos a uma cidade-fantasma, Loina. Cait é médium e os amigos a levam junto, com equipamentos sofisticados de filmagem e gravação de áudio, com o objetivo de entrar em contato, ou mesmo filmar a fantasma que assombra a cidade.

    Todavia o que os três amigos realmente querem é descobrir onde está o lendário ouro enterrado. Cait tenta, em vão, avisar que a fantasma não entregará a localização do ouro, mas seus amigos, cegados pela ganância, não acreditam nela.

    O conto é incrível. A trama começa no meio da história e o uso de diálogos e flashbacks é incrivelmente bem-feito. Sherilynn Kenyon está de parabéns. Dizer mais sobre a excelência dessa história, contar o porquê de eu ter gostado tanto, seria dar spoilers. Uma obra brilhante em que o fim está no começo e o começo no fim. Tecnicamente é, provavelmente, a melhor do livro. Lembrando que ainda faltam 10 para eu terminar.

    Próximo conto do projeto: não definirei mais qual será o próximo conto do projeto.

    Boas leituras!

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 10 - Virgens de Diana Gabaldon

Rodrigo Rosas Campos

Sempre Lembrando


    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Conto de Hoje: Virgens

    Virgens, de Diana Gabaldon, é o décimo quinto conto do livro.

    Virgens é um dos poucos contos do livro com bem mais que 20 páginas. Começa na 423 e termina na 490, 67 páginas. Por essa razão, o escolhi para ser a parte 10. Explico. Primeiro, tentei ler na ordem maios ou menos certinha depois do quarto conto lido, mas Vizinhos começou muito engasgado e eu estava num embalo muito bom antes dele. Segundo, provavelmente um conto com 67 páginas poderia gerar um cometário que me desse a chance de escrever 3 parágrafos sem spoilers. Consegui meu segundo intento? Sim, mas por muito pouco. A autora poderia ter simplificado muita coisa. Até as cenas de ação anteriores a página 444 só estão lá para arrastar a história, mesmo os elementos importantes poderiam ter sido resumidos em vez de detalhados e muitos parágrafos são redundantes ou irrelevantes. Parece série de TV, tudo é mastigado demais, remastigado até.

    Virgens começa quando um soldado escocês poliglota é banido de sua terra e se une a um grupo de mercenários perto de Bordeaux, França em 1740. Jamie Fraser passa por pequenas batalhas e a escolta de uma carroça com carga preciosa enquanto o leitor descobre que ele e seu melhor amigo no grupo são virgens, isso mesmo, os protagonistas masculinos são virgens. Muitos acontecimentos, que imprimem um aparente dinamismo a trama, só estão lá para adiar o ponto aonde a autora quer chegar.

    Em meio a rotina dos mercenários, um médico judeu quer contratar o grupo. Só aí conhecemos Rebekah bat-Leah Hauberger. A missão agora é levar Rebekah, um valioso e raro pergaminho contendo a Torá e o dinheiro do dote da moça ao seu noivo em Paris, um rabino muito importante. É claro que toda essa carga preciosa, incluindo a honra da noiva, deverá chegar intacta ao destino. Mas nem todos os homens do próprio grupo possuem um bom histórico de respeito às mulheres como os dois cavaleiros virgens da trama. Será que o grupo completará a missão com pleno êxito?

    A história começa de verdade na página 456, tudo o que veio antes é só o prólogo que resumi acima. Justiça seja feita, Diana Gabaldon embroma, mas sabe embromar. Sabe encaixar cenas desnecessárias de forma que o leitor as compre, pois são bem narradas e bem dialogadas. Uma vez que o título da coletânea de contos é Mulheres Perigosas, não falarei mais nada acerca da trama. Que o perigo representado por Rebekah em defesa da própria honra seja uma surpresa para todos os leitores. Inclusive para mim, que consegui escrever um resumo da trama antes mesmo de terminar de ler.

    Este é outro conto que faz parte de uma série maior, chamada Outlander. Dá para entender o texto sem ler a série? Sim. Segundo a pequena biografia da autora, o conto Virgens se passa antes do primeiro volume da série e nem sequer é pertinente ou relevante para a mesma. A autora apenas aproveitou um personagem já existente para outra proposta de história, tanto que Virgens é uma ficção histórica. Curioso sobre Outlander? Faça uma pesquisa no Google. De fato, Virgens só se liga a essa série por um personagem comum que será alguém na série Outlander por algum outro motivo.

    Próximo conto do projeto: não definirei mais qual será o próximo conto do projeto. Testarei conto a conto até que só sobrem os que não gostei. O conto de Martin, entretanto, ficará para o último post, mesmo que eu o leia e o resenhe antes. Livros como Mulheres Perigosas são como convites, pois nos apresentam uma variedade de novos autores usando como chamariz um autor famoso (ou, ao menos, um que gostamos). Por outro lado, nem todos os novos autores experimentados agradarão. Virgens é melhor que Vizinhos, mas a embromação que odeio também está em Virgens. Não posso precisar quando a parte 11 sairá.

    Quase esqueço: há uma versão digital de Mulheres Perigosas, a menos que você queira muito o físico por este ou aquele conto, ou que você seja um colecionador de tudo o que se refere a Crônicas de Gelo e Fogo, vale mais a pena comprar o e-pub.

    Boas leituras!

sábado, 10 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 8 – Raisa Stepanova de Carrie Vaughn & Parte 9 - Lutando Com Jesus de Joe R. Lansdale

Rodrigo Rosas Campos

Antes de Continuar

    Antes de continuar, quero deixar bem claro que: a minha ideia original era fazer um post por conto, entretanto, apesar dos contos terem em média 20 páginas cada, há muito diálogo e muita descrição em cada um deles, logo, pouca história para muitas páginas. Se eu comentasse mais do que dois parágrafos sobre a maioria destes textos, eu entregaria os finais. Isso não é uma crítica negativa, é apenas uma característica da maioria destes autores.
 
Sempre Lembrando

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Primeiro Conto de Hoje: Raisa Stepanova

    Raisa Stepanova, escrito por Carrie Vaughn é o sexto conto do livro.

    Raisa Stepanova foi uma piloto de caça Yak soviética que encarou a Segunda Guerra Mundial tendo que se provar tão boa quanto seus pares homens e com o medo que seu irmão, um soldado soviético desaparecido, fosse considerado desertor caso não fosse novamente encontrado vivo ou morto.

    O elemento-chave dessa história é a angustia de Raisa a espera de notícias do irmão enquanto tenta seus quarto e quinto abates para ser considerada uma Às soviética. Através dessa personagem fictícia, a autora nos fala sobre a primeira piloto de caça soviética, considerada pela história da antiga URSS a primeira Ás e a primeira traidora das forças armadas de Stálin, Liliia Litviak.

    Um bom conto, muito agradável de ler, que alterna entre a narração em terceira pessoa com as cartas diárias que Raisa escreve ao seu irmão.

O Segundo Conto de Hoje: Lutando Com Jesus

    Lutando Com Jesus, de Joe R. Lansdale é o sétimo conto do livro.

    Um lutador de circuito clandestino de vale tudo, aonde o dinheiro é alto e há até risco de vida, ensina um jovem aprendiz a se defender de marginais em um bairro violento. Com o tempo, Marvin, o aprendiz de lutador, descobre que seu mentor e um de seus antigos adversários foram amaldiçoados por uma feiticeira e condenados a brigar eternamente pelo amor dela.

    Com todo seu conhecimento adquirido em literatura de terror, Marvin busca uma maneira de libertar seu mestre e o adversário eterno dele, Jesus, a Bomba, das garras místicas de Felina. Conseguirá o jovem Marvin quebrar esse feitiço ou ele próprio cairá nas garras da feiticeira?

    Essa é uma daquelas excelentes histórias, ricas em bons diálogos e detalhes que parecem ser destinadas a virar um episódio especial de Além da Imaginação. Não há, de fato, tantos acontecimentos relevantes e comentar além do que comentei seria dar spoilers. Todavia é um prato cheio para cenógrafos, roteiristas adaptadores, atores e diretores produzirem um bom curta ou um episódio de uma série de TV sem elenco fixo de personagens.

    E para deixar bem claro: se houver, entre vocês que leem estas linhas, aquele tipo de leitor que quando gosta não vê defeito, eu gostei desse conto, mas que o autor embroma, embroma.

    Próximo conto do projeto: Virgens.

    Boas leituras!

    P.S.: Este projeto dará uma longa pausa. Percebi que será mais produtivo acumular material do que ficar postando a medida que leio.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 5 – Ou Meu Coração Está Partido de Megan Abott, Parte 6 – A Canção de Nora de Cecelia Holland & Parte 7 – Explosivas de Jim Butcher

Rodrigo Rosas Campos

    Sim, teremos 3 contos do livro Mulheres Perigosas comentados hoje. Apesar deles não serem pequenos em número de palavras e páginas, comentar muito seria entregar os acontecimentos mais surpreendentes e não queremos estragar surpresas.
Sempre Lembrando

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Primeiro Conto de Hoje: Ou Meu Coração Está Partido

    Ou Meu Coração Está Partido, escrito por Megan Abbott é o segundo conto do livro.

    Quando a bebê de Lorie é raptada por uma desconhecida, o caso ganha os jornais e Lorie a fama de mãe relapsa e suspeita. A polícia a julga, os parentes e amigos a julgam, a sociedade a julga e todo esse julgamento é somado com a culpa de ter deixado a bebê com uma estranha por um instante.

    Em meio a tudo isso, Tom faz o papel do marido compreensivo. Entre evidências, desmentidos e comportamentos não esperados para uma mãe que teve a bebê raptada, o tempo passa só piorando a situação para todos.

    Esta história é um pequeno conto policial, o final me decepcionou, mas se eu revelar o porquê será spoiler. Dos cinco lidos até agora, este foi o que menos gostei, havia muita informação nos momentos que pedia menos e quando pedia mais, teve pouca.

    Notem que é a segunda vez que falo isso, gostei menos desse que do anterior. Decidi parar com isso, enquanto leio o livro, os autores ficarão mudando de posição o tempo todo. No final desse projeto, digo de quem mais gostei e de que menos gostei, se é que isso será pertinente.

O Segundo Conto de Hoje: A Canção de Nora

    A Canção de Nora, escrito por Cecelia Holland é o terceiro conto do livro.

    “Montmirail, Janeiro de 1169”, é situando o leitor no espaço e no tempo que a autora desse conto nos remete para a Inglaterra de Henrique II. Ler o texto sobre a autora que é conhecida por criar romances com base na história também ajuda o leitor a se situar.

    Voltando ao conto. As intrigas, trições, estratégias e acordos da corte inglesa, na perspectiva de Nora, uma jovem princesa que é apenas uma criança. Este é um daqueles contos em que comentar demais é entregar tudo. Mas confiem em mim, é muito instigante, muito bem escrito. A pequena heroína Nora cativará a todos nessa pequena canção.

O Terceiro Conto de Hoje: Explosivas

    Explosivas, escrito por Jim Butcher, é quinto conto do livro.

    Lendo a biografia do autor tive uma surpresa: este conto faz parte de uma série maior, do mesmo jeito que Mentiras Que Minha Mãe Contou e A Princesa e a Rainha que pertencem a Wild Cards e às Crônicas de Gelo e Fogo respectivamente. Como não conhecia essa série maior, tive que ir além do livro, pesquisei no Google, na Wikipedia e no site oficial da editora Tor que publicou Dangerous Women originalmente. Essa pesquisa foi feita em 07/06/2017.

    Explosivas mostra o que aconteceu a Molly Carpenter, parceira de Harry Dresden, mago e detetive particular de Chicago, depois da morte de seu chefe e mentor no último livro da série The Dresden Files. Essa série começou em 2000 e continua até hoje. Sim, o autor Jim Butcher matou seu protagonista, Harry Dresden, e, ao menos parece que, vai continuar a história com outros personagens. Ainda assim, soa como oportunismo para tirar proveito da onda Harry Potter? Soa. É oportunismo para tirar proveito da onda Harry Potter? Sim, é. Mas tirei minha armadura e li este conto com boa vontade, afinal, já havia pago pelo livro e o conto faz parte do pacote.

    De cara, a narração em primeira pessoa, o tom noir e o clima Lovecraftiano se impõem. Aparentemente, estamos no mundo criado por H. P. Lovecraft em que magia e sobrenatural são fatos científicos não compreendidos. Com o tempo, percebemos pitadas de Arthur Conan Doyle e vai ficando muito igual à narrativa de J. K. Rowling, mas com muito, muito mesmo, das ideias de Lovecraft renomeadas. Olha eu colocando a armadura de novo e mostrando as armas. Justiça seja feita, é muito melhor que o oitavo livro de Harry Potter, o texto para teatro, escrito pela própria J.K.

    Também mistura elementos de séries de TV como Buffy, enfim, essas produções que popularizaram conceitos trazidos por Anne Rice em suas Crônicas Vampirescas e o RPG Vampiro, a Máscara. Mas vamos a pergunta que não quer calar em casos como esse: é possível ler esse texto sem ter lido a série que o precede? Sim. Em sua narração, Molly nos dá todas as informações de que precisamos para entrarmos no contexto.

    O conto começa quando Molly volta de uma missão fracassada, onde ela não conseguiu evitar a morte de um adolescente. Logo, ela é chamada para resgatar o meio-irmão vampiro de seu mentor de uma raça de elfos bem específica que usa uma empresa de tecnologia como fachada para o mundo dos humanos. Todos os seres sobrenaturais não humanoides possuem disfarces humanos, por sinal. Ela terá a ajuda de uma lobismulher e da namorada do vampiro para tentar um plano de resgate.

    A trama maior é realmente bem explicada, apesar de se remeter aos livros anteriores. Enfatizo, não é preciso leitura prévia alguma. Personagens pipocam o tempo todo, mas diálogos e introspecções psicológicas em flashbacks dão conta dos recados. Fora que é um universo contemporâneo de magia padrão, com elementos de Lovecraft e Harry Potter, não há dificuldade de contextualização!

    Jim Butcher é um escritor original? Não. Mas é bem escrito e interessante. O autor sabe fazer um bom feijão com arroz e mostra que engenheiros de obras prontas também têm o seu valor. Quase esqueço, a série de livros virou série de TV. Há quem curta engenharia de obras prontas. Mas justiça seja feita, este genérico de Harry Potter está melhor que o texto de teatro da J. K. Rowling.

    Nessa hora, muita gente está pensando: “Mas nada vem do nada!”; “Você está sendo muito radical com Jim Butcher!”; “Você nem leu os livros da série que antecedem os contos!” etc. etc. Eu sei, eu sei, não li os livros que antecedem esse conto, sei que nada vem do nada, que todos temos que partir de coisas feitas antes de nós para realizarmos qualquer coisa; mas a minha bronca com Jim Butcher é que ele nem tenta trazer algo realmente novo. Mas, como já disse e repito, é bem escrito e interessante. O autor sabe fazer um bom feijão com arroz e mostra que engenheiros de obras prontas também têm o seu valor.

    Concluindo: Explosivas é bem divertido mesmo e muitas surpresas engraçadas ficam para o final, fui!

    Próximo conto do projeto: Raisa Stepanova

    Boas leituras!

Rabiscos: Fã Fic

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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 4 – Fora da Lei de Joe Abercrombie

Rodrigo Rosas Campos

Sempre Lembrando

Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.
 
O Conto de Hoje: Fora da Lei

Fora da Lei, escrito por Joe Abercrombie é o primeiro conto do livro.

Shy é uma ladra que roubou um banco na Europa, idade média. Porém, foi traída pelos seus três comparsas quando eles descobriram uma alta recompensa por ela. Seu único trunfo é a recompensa cair pela metade se ela for entregue morta. Ferida num vilarejo abandonado, com seu cavalo morto por uma flechada e pelo cansaço, ela se esconde da melhor maneira que pode num prédio de madeira com dois andares. Ela tem uma única faca, reza para que seu plano desesperado dê certo ou que eles a matem e percam metade da recompensa.

Shy pode até estar conformada com sua provável morte, mas não entregará sua vida facilmente e seus três caçadores verão, na prática, a dificuldade de capturar uma presa acoada, ainda mais com vida. Para eles, ela viva vale uma recompensa integral, para ela, as vidas deles não valem nada.

Apesar das armas e das roupas, tudo lembra um típico filme de traição e vingança no velho oeste. Uma história que poderia se encaixar em vários outros contextos, mas marcos, machados e tiros de arco e flechas definitivamente não são elementos do velho oeste norte-americano. Essa história se passa na idade média, mas não há ficção fantástica. Neste conto, esqueça magia, dragões ou cavaleiros honrados, é pé no chão e sangue nos olhos.

Gostei, mas o clima realmente pedia pólvora. Por esse motivo, dos 4 que eu li até aqui foi o que menos me agradou. Foi como ver personagens certos num cenário certo, mas com armas e vestimentas inapropriadas para a ocasião.


Próximo conto do projeto: Ou Meu Coração Está Partido

Boas leituras!

domingo, 4 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 2 – As Mãos Que Não Estão Lá por Melinda M. Snodgrass & Parte 3 – Cuidadores de Pat Cadigan

Rodrigo Rosas Campos

Sempre Lembrando

Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Primeiro Conto de Hoje: As Mãos Que Não Estão Lá

As Mãos Que Não Estão Lá, escrito por Melinda M. Snodgrass é o quarto conto do livro.
Um filho de alfaiate, inconformado por ter sido preterido ao posto de capitão de nave espacial de guerra por não ser um aristocrata, bebe num boteco num fim de universo quando encontra um bêbado que se diz um nobre decaído.

A história do bêbado remete ao tempo em que os humanos levaram seu imperialismo ao espaço. Preocupados com a pureza da espécie humana terrestre, os humanos trataram de criar leis anti-miscigenação com qualquer espécie sapiente de fora da Terra. Entretanto, os Cara, uma reça de notórios manipuladores genéticos, ignoraram tais proibições.

Com a ajuda de humanos insatisfeitos, desertores, inconformados vindo das classes inferiores da Terra, os cara começaram a implantar seus primeiros mestiços com humanos na Terra. Tem início a história da striper Samarith, uma dessas primeiras mestiças de humano e cara, de seu envolvimento amoroso com o aristocrata Rohan e de como este se tornou um nobre terrestre decaído, bêbado e desacreditado num boteco num fim de universo.

Será que o suboficial filho de alfaiate acreditará em tal história?

Um final surpreendente, uma leitura instigante, apesar do início arrastado. Melinda M. Snodgrass mostra toda sua maestria em construir uma pequena ópera espacial que se mescla à crítica social das mais pesadas distopias, abordando e renovando o tema de choque cultural na ficção científica.

O melhor até aqui.

Parte 3 – Cuidadores de Pat Cadigan

O segundo conto de hoje, terceiro lido para este projeto, é Cuidadores, escrito por Pat Cadigan, é o décimo nono conto do livro. Um pequeno conto policial com suspense e mistério.

Até que ponto um programa de TV sobre assassinas em série pode interferir na percepção de uma jovem mulher voluntária numa casa repouso para idosos? E se tal paranoia tiver fundamento e a cuidadora for subestimada pela irmã mais velha?

Mais do que desvendar um mistério na casa de repouso aonde a mãe está internada, as heroínas desta história terão um difícil dilema pela frente. Uma escolha com inúmeras implicações.

Dizer mais é dar spoilers.

Próximo conto do projeto: Fora da Lei

Boas leituras!

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Introdução e Parte 1 – Um Conto de Cartas Selvagens por Caroline Spector



Rodrigo Rosas Campos

Introdução

Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois, com um conto de Martin inclusive. E sim, o conto de Martin se passa no mundo das Crônicas de Gelo e Fogo, Westeros.

O Livro é editado no Brasil pela Leya/Omelete, 736 páginas, 21 histórias, 21 autores, R$ 71,90. Caro, eu sei, mas são 736 páginas, muitas heroínas e 21 universos.

Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Então, em vez de fazer uma resenha do livro como um todo, resolvi escrever sobre cada conto, um a um. E não vou escrever na ordem em que os contos aparecem, vou começar pelo conto que se passa num dos meus universos favoritos de super-heróis, o mundo distópico de Cartas Selvagens (Wild Cards).

Até porque todas as sinopses e resenhas na rede privilegiam o conto ambientado no universo da série de TV modinha do momento. Se o projeto de TV de Wild Cards sair do papel, vou esculachar os cretinos que disserem que são fãs de Cartas Selvagens, mas que nunca leram um livro ou gibi da série na vida antes. Afinal, hoje, todos amam Deadpool, principalmente os que nunca ouviram falar dele ou leram quadrinhos da Marvel antes e até mesmo depois do filme. Sim, espectadores de cinema e TV, vocês não são fãs de verdade, fãs de verdade são LEITORES de verdade. Desabafo feito, vamos a resenha do primeiro conto deste projeto. E tenho certeza que, se você está no blog do Juvenal ou no Literakaos, você é um leitor de verdade!

A propósito, cada conto será uma parte do projeto de leitura de Mulheres Perigosas. Em caso de contos curtos, haverá duas (ou mais) partes num texto só, como é o caso deste post, que traz a introdução ao projeto e a parte 1.

O livro conta com uma introdução geral e cada conto é antecedido por uma pequena biografia do(a) autor(a). Todos os contos foram publicados originalmente em 2013. Lembrando: os contos não serão lidos na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo. Deixarei o conto de Martin para o final.

Parte 1 – Um Conto de Cartas Selvagens por Caroline Spector

Mentiras que Minha Mãe Contou foi escrito por Caroline Spector, se passa no universo de Cartas Selvagens e é o vigésimo conto do livro.

A primeira pergunta que vem a mente quando falamos de universos de super-heróis é: quem nunca leu nada da série Cartas Selvagens/Wild Cards vai entender o texto? Nesse caso sim.

Caroline Spector usa cenários e diálogos de forma bem natural como elementos de contextualização. Assim, uma reportagem na TV assistida por Adesina fala do primeiro surto do vírus carta selvagem na Terra, dos heróis do passado etc. O conto se passa no ano em que foi publicado, 2013.

O leitor que não estiver habituado ao universo dos livros terá a mesma sensação de ver o filme Os Incríveis, onde a história é tão bem apresentada que não há tempo para perguntas como: “de onde vieram os poderes deles?”, “mas se o pai é forte e a mãe é elástica, por que as crianças têm poderes diferentes?” etc. Resumindo, tudo o que é importante para entender essa história está no seu próprio texto. É uma boa primeira leitura para Cartas Selvagens.

Fora que a prosa ainda oferece o recurso da introspecção psicológica, o leitor tem acesso aos pensamentos e memórias de cada personagem. No cinema ou no teatro, a voz em off torna esse recurso bem brega, mas em prosa funciona, pois é um recurso criado na e para a escrita.

Já falei, ou melhor, escrevi, muito sobre Cartas Selvagens, mas vamos para mais um resumo: Cartas Selvagens (ou Wild Cards) é um universo de super-heróis atípico e distópico. Mesmo os heróis imortais podem ser mortos, a morte não é reversível e você tem reais motivos para torcer para seu personagem preferido sobreviver; se ele(a) morrer, não voltará. Logo o tempo passa e novos personagens substituem os mais antigos. Os personagens de fato evoluem até morrerem, seja em ação, seja de velhice. É uma série contemporânea a Watchmen, começou a ser publicada na segunda metade da década de 1980, como livros em prosa, romance mosaico: cada capítulo é escrito por um autor(a), funciona como um conto fechado, mas forma uma história maior dentro de cada livro. Também faz parte do movimento de desconstrucionismo dos super-heróis, sendo uma série para adultos.

Na década de 1990, veio ao Brasil a primeira adaptação em minissérie em quadrinhos e a adaptação oficial para o sistema de RPG GURPS. Só nesta década (este post foi escrito em 2017), a Leya começou a lançar os primeiros livros no Brasil. Atualmente a editora está no sétimo volume (ainda ambientado na década de 1980), mas agora em parceria com o site de entretenimento Omelete.

Bubbles é uma heroína famosa, uma Ás. Seu poder é acumular energia cinética em forma de gordura e liberar essa energia em foma de bolhas de energia enquanto emagrece no processo. Em sua estada na África, ela adotou uma criança vítima de experimentos com o vírus carta selvagem. Adesina tornou-se uma coringa telepata com asas e corpo insetóide, também possui o poder de voar em curtas distâncias e velocidade acima da possibilidade humana comum.

Aqui vale ressaltar outra diferença de Cartas Selvagens em relação aos demais universos de super-heróis: o público não é burro. Chapéu é um par de óculos não enganam ninguém, todos os que manifestam poderes acabam tendo apelidos, não identidades secretas. Mesmo fantasias colantes e máscaras não funcionam, afinal, um colante marca uma silhueta, um tipo físico e uma altura. Não há máscara capaz de esconder a cor dos olhos e manter a visão perfeita do sujeito que a veste ao mesmo tempo; roupas podem rasgar no meio de uma luta, mostrando a cor da pele. Neste mundo até existiram fantasiados, mas foram considerados bobos ou tiveram sérios problemas psiquiátricos. Os ases na manga que conseguiram esconder seus poderes de carta selvagem por mais tempo foram, justamente, pessoas que os usavam de forma discreta, sem fantasias, muitas vezes como ferramentas de trabalho. E isso valeu tanto para os Ases quanto para os coringas com poderes, coringas/ases, uma vez que o poder nem sempre tem uma identificação com a eventual deformidade.

Voltando ao conto em questão: Bubbles é o apelido de Michelle Pond, ela é famosa e está passando por uma campanha de difamação. Ao investigar o ataque zumbi no desfile de carnaval, ataque direcionado a ela, ela descobre que há um novo Às no pedaço, cujo poder é roubar poderes. Inicialmente, ela acredita que o ataque foi perpetrado pela Às, Hoodoo Mama, cujo poder é animar cadáveres. Ao questioná-la, descobre sobre o ladrão de poderes e sobre sua limitação, o poder roubado só pode ser usado uma vez e depois volta para o(a) dono(a).

Boobles, Adesina e Hoodoo Mama começam a investigar, são auxiliadas por Juliette, via telefone celular e e-mail, que lista os grupos interessados em controlar ou destruir Áses e coringas poderosos.

A cada resposta encontrada, novas perguntas surgem e ir além daqui é dar spoilers.

Caroline Spector tem a habilidade de criar e escrever uma história realmente autocontida dentro de um universo maior. Os leitores terão a opção de buscar mais ou não, mas não há necessidade alguma de leituras anteriores para entender Mentiras que Minha Mãe Contou. Ela não é a única autora da série Wild Cards no livro Mulheres Perigosas, mas sua história é a única do livro ambientada naquele universo. Lembrando que Martin era o mestre de RPG do grupo, que resolveu romancear a campanha de super-heróis que jogava gerando a série de livros.

Até o momento, os únicos contos de Mulheres Perigosas que se passam em universos estabelecidos são este, Mentiras que Minha Mãe Contou, e A Princesa e A Rainha ou os “Negros” e os “Verdes”, um de Cartas Selvagens, outro de Crônicas de Gelo e Fogo respectivamente.

Próximo conto desse projeto: As Mãos Que Não Estão Lá

Boas leituras e até breve!

Rabiscos: Biscoito de Maisena

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[Resenha] Diário Macabro RPG Versão Beta

    Sim, isso é uma resenha de um RPG em fase beta. Descobri esse sistema ao consultar o site da editora do quadrinho Ink Madness . Diário ...