segunda-feira, 26 de junho de 2023

[Resenha] Escafandro: Cosmogonia de Wellington Srbek e Bia Donato, Uma Introdução à Mitologia Grega em Quadrinhos


    A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, nos traz Cosmogonia com textos de Wellington Srbek e desenhos, arte-final e cores de Bia Donato. O quadrinho é uma boa introdução à mitologia grega apresentando elementos do início do universo até a apresentação de três dos filhos de Zeus com mortais.

    Sua finalidade parece ser mais didática, como uma introdução a mitologia grega a partir de um apanhado geral. Contudo o autor emula um poema grego ao contar uma versão bem resumida de uma história composta por várias histórias. Os desenhos de Bia Donato são primorosos e remetem a gravuras gregas reais em jarros antigos. A maior parte da edição foca no surgimento do universo até a ascensão dos olimpianos.

    O quadrinho cumpre seu papel de entreter ensinando. É uma boa porta de entrada para a mitologia grega como um todo, esse objetivo é cumprido com louvor. Acho que teria sido melhor se fosse uma série? Acho. Mas a proposta da série Escafandro é ter histórias fechadas. Espero que a dupla volte para realizar uma série maior, fica a dica Ultimato do Bacon! A edição possui formato americano, lombada canoa grampeada, em cores, R$ 22,00 mais o eventual frete. Está a venda na loja virtual da editora Ultimato do Bacon e em gibiterias e livrarias reais e virtuais.

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos


    P.S.: O único senão do texto foi um trecho em que o autor fala da guerra “dos deuses contra os titãs”, sendo que os titãs são tão deuses quanto os olimpianos. Erro esse que também se manifesta na expressão “Não se pode agradar gregos e troinaos.”, quando Troia também era uma cidade estado grega e os troinanos também eram gregos. Não estraga a experiência, mas tive que colocar este P.S. pois a finalidade didática do texto é evidente. Sugiro uma revisão só desse recordatório, o do segundo quadro da página 16, em futuras reimpressões ou edições.



domingo, 25 de junho de 2023

[Resenha] Escafandro: O Mosaico de Luís Carlos Sousa e Lucas Rebelo – Mechas Versus Kaijus Made In Brazil

    A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, nos traz O Mosaico, história original de Luís Carlos Sousa e Lucas Rebelo. Sendo que Lucas Rebelo foi responsável pela criação, argumento, desenhos, cores e capa; enquanto Luis Carlos Sousa fez o roteiro, o texto propriamente dito com os diálogos, as letras e os balões.

    Mechas versus kaijus, ou seja, robôs gigantes tripulados contra monstros gigantes num mundo pós-apocalíptico. Essa é a premissa inicial de O Mosaico que vai muito além disso. Na história, um piloto de mecha está tentando sair de um local perigoso e desolado enquanto faz seu mecha carregar um mecha avariado. O piloto do robô gigante avariado está mal e é o irmão do piloto que está tentando resgatá-lo. Já nessa primeira parte da história, vemos que os autores abordaram um lado nada épico de uma premissa fantástica. Isso é sensacional!

    Entretanto, as notícias não são boas para os pilotos em fuga; o ponto de extração, onde uma nave resgataria os dois sobreviventes, ainda está a quilômetros de distância e não há nada que o comando possa fazer a respeito. Como nada é tão ruim que não possa piorar, os robôs em fuga são interceptados por um dos monstros gigantes daquele mundo. Em meio a esse caos, Póllux, o piloto do robô funcional, pede a seu irmão, Cástor, que este fale sobre a infância deles para que Cástor não durma, afinal, Castór está mal, se ele dormir, poderá morrer. Ir além daqui é dar spoilers.

    É excelente! É surpreendente, não esperava mesmo aquela conclusão. De fato é uma história em camadas e o risco de dar spoilers é grande. O que pode ser dito sem dar spoilers? No fundo, é uma história sobre violência cotidiana com uma crítica ao entretenimento que se apoia na violência e é voltado para crianças; um entretenimento baseado em “aventuras” que é sobretudo voltado aos meninos.

    É uma história com várias possibilidades de história dentro dela mesma. Uma história que questiona de forma sutil pequenos elementos da nossa sociedade. Uma história que traz tudo que está no cerne de uma boa ficção científica. Para quem souber ler, não será só sobre robôs lutando contra monstros. A edição possui formato americano, lombada canoa grampeada, em cores, R$22,00 mais o eventual frete. Está a venda na loja virtual da editora Ultimato do Bacon e em gibiterias e livrarias reais e virtuais.

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos



sábado, 24 de junho de 2023

[Resenha] Dissociação de Caio Zero


    Dissociação de Caio Zero, texto e desenhos, é a mais nova ficção científica do selo Negro Geek da editora Ultimato do Bacon. Como toda boa ficção científica, é sobre a nossa realidade, mas num pano de fundo futurista cyberpunk. E sobre o que é Dissociação mais precisamente?

    Dissociação é sobre a violência estatal contra comunidades periféricas que atinge sobretudo os jovens e as crianças negras e pobres. Na história, Marta luta para não esquecer seu filho, que desapareceu com outros dois garotos. O descaso das autoridades se manifesta pela atuação do S.F.M., Serviço de Força e Mídia, que luta para que o desaparecimento das três crianças seja esquecido e tenta limpar da memória de Marta as lembranças de seu filho, Amiri.

    Se a história parece real é porque foi baseada num desaparecimento real de três garotos do Rio de Janeiro. A polícia só começou a se mexer quando a mídia entrou no caso divulgando-o. Ainda assim, só um ano mais tarde, os corpos dos três garotos foram encontrados e o criminoso preso. Mas parece não haver por parte da polícia do Rio nenhuma urgência em encontrar três garotos negros e pobres de periferia a não ser enquanto a mídia televisiva está olhando.

    Esse caso de morte de crianças pretas e periféricas está longe de ser isolado, elas são as maiores vítimas de balas perdidas e nada é feito quando a bala é identificada como vindo de uma arma da polícia. Como toda boa ficção científica, Dissociação é um convite para olharmos dentro de nós mesmos enquanto indivíduos e enquanto membros de uma sociedade doente que aceita e normaliza a desigualdade racial e social. Mudanças não serão fáceis, rápidas nem milagrosas, mas precisam começar a acontecer. Uma boa surpresa da edição é o poema Brasilamentos de Dandara Suburbana que complementa a história com chave de ouro.

    A revista foi publicada por financiamento coletivo e estará disponível em gibiterias físicas e na Amazon assim que os apoiadores da campanha receberem seus exemplares. Capa cartão, formato americano, miolo preto e branco, história completa, alguns extras em textos de convidados, pequena biografia dos autores, lombada canoa grampeada. Foi publicada pela editora Ultimato do Bacon e pelo selo Negro Geek e, como as demais edições desse selo, acredito que o preço de capa ficará em torno de R$ 32,00 (mais o eventual frete).

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos



quarta-feira, 21 de junho de 2023

Garimpando em Gibiterias & Eventos Especial: Comparado Edições Antigas da Holy Avenger Com a Edição Definitiva em 4 Volumes

Sem spoilers!

    O quadrinho/mangá brasileiro Holy Avenger foi escrito por Marcelo Cassaro e desenhado por Erica Awano com personagens criados por Marcelo Cassaro, Erica Awano, Rogerio Saladino e J. M. Trevisan. E antes do mimimi dos puristas, esta publicação é considerada mangá até no Japão, podem pesquisar. Foi inclusive finalista do International Manga Award no Japão.

    Além de ser o mangá brasileiro de maior sucesso no mundo, foi o segundo quadrinho nacional com maior número de vendas na época de seu lançamento original, entre 1999 e 2003; foi mensal com 40 edições; só perdia para a imbatível Mônica (e sua turma) e chegou a ter especiais e algumas republicações antes da edição definitiva pela Jambô.

    Não li na época e, antes de fazer este comparativo, garimpei 4 exemplares da série original. Sempre vale a pena garimpar as edições antigas usando o site Guia dos Quadrinhos como referência, eu mesmo tive que recorrer a ele para esta resenha. Só não vale pagar mais caro por revista/edição antiga. Se for para pagar caro, economize e compre a edição nova. Cuidado com os picaretas que vendem “raridades”.


    Normalmente, não coloco sinopses oficiais em minhas resenhas, mas tendo em vista o que vou falar um pouco da história, procurei uma sinopse oficial do primeiro volume da editora Jambô no site dela. Primeiro falo da história como um todo, e todo cuidado é pouco, depois, comento as diferenças das edições originais que consegui garimpar e de como cada uma delas foi republicada na edição definitiva.


    “Lisandra. Criada por animais em uma ilha selvagem, esta jovem vivia feliz em seu mundo puro. Até que os sonhos vieram. Sonhos sobre o Paladino, um herói com o poder do Panteão. Sobre como ele havia sido derrotado por forças malignas. E sobre como Lisandra poderia ressuscitá-lo se encontrasse suas gemas divinas — os vinte Rubis da Virtude. Para ajudar Lisandra surgem Sandro, filho do maior ladrão do Reinado, Niele, a bela e maluca arquimaga élfica, e Tork, o troglodita anão. Este é o começo de Holy Avenger, uma saga épica de fantasia que ultrapassou 800 páginas. Com roteiro de Marcelo Cassaro (Turma da Mônica Jovem) e arte de Erica Awano (World of Warcraft), é um dos maiores quadrinhos brasileiros de todos os tempos. E agora está de volta, em edição definitiva.”

  A história é ambientada no mundo medieval fictício e fantástico de Arton, sim, é o mundo de Tormenta, um mundo de fantasia europeia padrão de espada e magia com elementos de mangá e muita brasilidade no tempero. Muita brasilidade mesmo, com direito a um elfo-do-mar falando gírias de surfista carioca e o temperamento fogoso de Niele entre outros destaques tipicamente brasileiros. Como já foi dito na sinopse oficial, Holy Avenger é uma aventura de fantasia bem sessão da tarde, aventurona mesmo, divertida e com muitas reviravoltas, explosões, magias e gargalhadas.

    Lisandra sonha (literalmente) em reunir os rubis da virtude para devolver a vida ao lendário Paladino. Para isso ela reúne um grupo de aventureiros para lá de improváveis e eles percorrem Arton em meio a encontros e desencontros. Nisso, eles também encontram com várias celebridades, heróis e vilões lendários. Além dos protagonistas, Lisnadra, Sandro, Niele e Tork, vemos o temível Mestre Arsenal, os magos rivais Talude e Vectorius, o necromante Vladislav Tpish, sua filha Pietra, Tarso entre outros.

    Nesta busca pelos rubis da virtude, muitos segredos virão a tona e um antigo grupo de aventureiros terá que se reunir novamente para evitar os planos ocultos de vilões que se escondem nas sombras. Será que o mundo de Arton aguenta isso? Aguenta. Falar mais é dar spoilers e eu sei que vocês (que não leram) não querem isso. Os desenhos de Erica Awano são magníficos e ela conta com um time de arte-finalistas e reticulistas bem competente para auxiliá-la. É uma arte de encher os olhos.



    Agora, vamos a comparação das edições. Em geral: enquanto as edições antigas foram em formato americano, os 4 volumes da edição definitiva são em formato mais ou menos magazine, mantendo a proporção do formato americano, capa dura, luxo etc. E já vou falando que coloquei as edições antigas na ordem que eu garimpei, não na ordem de publicação original. As edições antigas que eu consegui garimpar foram:

A Número 8 da Editora Trama

    Garimpei a edição número 8 da Trama por R$5,00 em uma feira do livro, ela é de julho de 2000: preciso tirar um elefante da sala, não consta no expediente o mês e o ano em que a revista foi publicada, tive que recorrer ao Guia dos Quadrinhos para ver isso. Ela foi republicada no volume 1 da edição definitiva da Jambô.

    A primeira diferença é a ilustração da capa se repetir na página 3 da mensal. Na página 4 uma tira vertical com uma pequena apresentação do elenco bem no estilo Folha Corrida dos Heróis da série Asterix, um “Até Agora...” dizendo o que aconteceu antes e um mapa de Arton. O número da parte e o título do capítulo.

    É claro que não há necessidade de reapresentar todos os personagens o tempo todo em uma edição definitiva em 4 volumes, e essa folha-corrida dos heróis foi cortada. Mas, estranhamente, todos os “Até Agora…” foram mantidos na edição definitiva. Outro corte que está presente na edição original é o mapa de Arton, o que acho um absurdo, afinal um mapa é sempre um elemento de ambientação.

    Depois tiraram as cores das 4 primeiras páginas de história. Um leitor da época reclamou na sessão de cartas que não havia cores em todas as páginas. Nesse ponto, concordo com ele, ou tudo em cores ou tudo preto e branco, mas, no Japão, também há o hábito de algumas séries em mangás terem apenas as primeiras páginas do capítulo em cores. Já nas republicações da Talismã, as cores foram substituídas por retículas e sombreamentos mais elaborados. Óbvio que cortaram a sessão de cartas e uma matéria da época sobre o AD&D que estava prestes a voltar a ser somente D&D. De fato, Dragão Brasil Apresenta: Holy Avenger era uma revista em quadrinhos e uma revista de RPG em geral ao mesmo tempo.

    Mas o mais absurdo é que cortaram os elementos de ambientação de RPG sobre os elfos do mar de Arton e as fichas de elfos do mar para 3 sistemas, incluindo 3D&T. Ou seja, as revistas originais também eram suplementos do cenário de Tormenta para RPGs, enquanto a edição definitiva é só a edição definitiva da história em quadrinhos.

    Mas a edição definitiva ganhou a série The Little Avengers, que não tem na original mensal. A arte da capa desta edição original 8 foi republicada nos extras do volume 2 da edição definitiva e nem sequer é uma ilustração de página inteira, dividindo espaço com textos e outras 2 imagens. Vai entender! É importante deixar claro que nas edições da trama, cada edição trazia uma parte da história.

A Número 5 da Editora Talismã

    Garimpei a edição número 5 da Talismã por R$5,00 no evento A Belle e a Feira de 10 de junho de 2023, sendo que a revista é de março de 2004: também não consta no expediente o mês e o ano em que a revista foi publicada, novamente tive que recorrer ao Guia dos Quadrinhos. Ela foi republicada no volume 1 da edição definitiva da Jambô. Ao contrário da Trama, a Talismã publicou duas partes por edição, logo, esta edição 5 da Talismã equivale a 9 e a 10 da Trama.

    A capa da edição 5 da Talismã não foi republicada na edição definitiva da Jambó em nenhum extra de nenhum volume. Na página 3, vemos a ilustração da capa da 9 da Trama, mas sem cores, que está em cores nos extras da Jambô. Na página 4 uma tira vertical com uma pequena apresentação do elenco bem no estilo Folha Corrida dos Heróis da série Asterix, um “Até Agora...” dizendo o que aconteceu antes e um mapa de Arton. Mas agora toda a parte interna é papel-jornal em preto e branco. Tiraram as cores do mapa de Arton.

    Foi ainda na reedição da Talismã que eles tiraram as cores das 4 primeiras páginas de história, a definitiva da Jambô só manteve isso. Também foi aqui que os elementos de RPG foram cortados. Nos anúncios da revista entendemos o porquê. Acontece que foi a editora Talismã quem primeiro publicou o material de Tormenta com a licença aberta do sistema d20. Logo, O material de RPG foi colocado nos livros Tormenta d20, O Reinado d20 e Holy Avenger d20 da Talismã. Os quadrinhos dessa edição são a Parte 9: Profunda Paixão e a Parte 10: Ascensão e Queda. Que estão no volume 1 da edição definitiva.

    A edição 8 da Trama, apesar de mais antiga, está muito melhor conservada que a 5 da Talismã, o que mostra que a qualidade gráfica da edição da Trama foi muito melhor que a da Talismã, que é bem ruinzinha. Lembrando, cada edição antiga da Talismã traz duas partes da história.

    Mas um detalhe bizarro me chamou atenção, a republicação da Talismã também tinha sessão de cartas, também era um personagem da história que respondia as cartas e as cartas foram respondidas como se a revista não fosse uma republicação. Assim, um leitor dá spoiler para a personagem que está respondendo as cartas. Ele fala de um evento que a personagem nega ter acontecido. Que evento é esse e quem era a personagem que respondia da perspectiva da republicação negando o evento que ainda aconteceria? Isso eu não digo. Seria spoiler para os garimpeiros de gibiterias e eventos.

A Número 6 da Trama

    Eu disse que não seria na ordem de publicação original. Garimpei a edição número 6 da Trama por R$4,00 numa feira do livro. Mais uma vez, não há o ano e o mês da publicação no gibi no expediente da página 6, se você tiver muito interesse, o caminho é o Guia dos Quadrinhos, mas isso deveria estar na publicação. Vamos ao gibi:

    A edição traz a cópia da capa na página 3, nas páginas 4 e 5 traz a apresentação do elenco, o que aconteceu até aquele momento e o mapa de Arton com o título da parte 6, Sonhos e Ilusões, as quatro primeiras páginas são em cores. Depois vem o anúncio da parte a seguir e os elementos textuais:

    Quebrando as Regras é uma matéria sobre a regra de ouro de RPG, não está assinada, mas provavelmente é do Cassaro ou do Saladino ou do Trevisan (tem muito do que marca o estilo do trio Tormenta original). Depois segue um texto com a história completa da Estalagem do Macaco Caolho (Empalhado) e a planta baixa de seus dois andares em cores. Tadinho do macaco, agora sei por que a Érica nunca o desenhou, ele não estava roubando, só estava pegando a devida remuneração.

    A sessão de cartas finaliza a edição na última página. Interessante notar que além de falar da história principal da revista, a sessão de cartas também tirava dúvidas de sistemas de RPG. Fora a matéria sobre a regra de ouro. Não era de se estranhar que o título completo da edição fosse Dragão Brasil Apresenta: Holy Avenger, era também uma revista sobre RPG.

    Na edição definitiva da Jambô, tanto a ilustração da capa quanto a parte 6 foram republicadas no volume 1. Interessante notar que nem todas as capas republicadas na edição definitiva da Jambô ganharam páginas inteiras, a da edição original 6 foi uma das que não tiveram a honra de uma página inteira, acho isso muito injusto, nem sempre os artistas estão inspirados e até a mais simples das capas originais é uma capa e merece o devido respeito, tenho dito.

A Número 21 da Trama


    Garimpei a edição número 21 da Trama por R$3,00 numa feira do livro. Mais uma vez, não há o ano e o mês da publicação no gibi no expediente da página 4, se você tiver muito interesse, o caminho é o Guia dos Quadrinhos, mas isso deveria estar na publicação. Vamos ao gibi: Imagem da capa repetida na página 3, página dupla com elenco, até agora, mapa de Arton e o número e o título da parte, Parte 21 Túneis e Trolls. Expediente e quadrinhos com as 4 primeiras páginas em cores.

    Depois foi antecipado o título da parte 22; sessão de cartas; A Linha do Tempo de Arton até então completa com todos os eventos anteriores ao número 1 de Holy Avenger. A revista termina com a matéria Cuidado com os Trolls, que inclui regras para os sistemas 3D&T e Daemon.

    A parte 21 da história foi republicada no volume 3 da edição definitiva da Jambô e a capa original da edição 21 está no volume 2 da edição definitiva em página inteira. Quem foi o editor troll responsável por tamanha incoerência? Quem foi esse seguidor de Ninb? É claro que isso será pretexto para futuras edições ainda mais definitivas seguindo as escolas Marvel e DC de picaretagens para com os leitores. De tempos em tempos surgem novas edições definitivas para todas as sagas que já tiveram uma ou mais edições definitivas. Sim, eles sabem o significado de “definitiva”, mas são picaretas mesmo.

Conclusões

    O que mais valoriza a publicação original da editora Trama é o fato de que todas as edições trazem materiais para se jogar RPG e o fato das primeiras páginas em cores remeterem ao modo como o Japão produz os seus mangás. Quanto as cores das primeiras páginas, os leitores mais puristas de mangá reclamam dessa perda. Enfim, eu sou adepto do ou é tudo em cores ou é tudo só em preto e branco. Até conheço a história do mangá, que os japoneses fizeram isso com as séries de maior sucesso, não coloriam tudo por economia, mas coloriam (e colorem até hoje) só as primeiras páginas para dar noção de como eram (são) as cores dos personagens, cenários etc. Mas prefiro que ou seja tudo em cores ou tudo em preto e branco; gosto pessoal nesse aspecto.

    Além disso a Trama foi além dos 40 capítulos com uma história extra em 2 edições a mais, havia o material de ambientação para RPG e cheguei a ver umas que não comprei com histórias extras menores. Sim, as edições originais de Holy Avenger pela trama trouxeram outras histórias curtas além de Holy Avenger.

    Tudo isso faz a edição da Trama ser a mais valiosa das 3 versões, mas nada de pagar acima de R$5,00 por revista velha, garimpe que você acha bons preços em gibiterias, sebos, feiras do livro e eventos de quadrinhos e literatura; fora que você sempre pode achar quadrinhos em bibliotecas públicas e ler de graça devolvendo depois.

    Voltando, me admira a Jambô não ter feito um omnibus desse material tal como a Trama o publicou, ao menos as páginas coloridas e as histórias extras. Nem tenham a esperança deles trazerem 42 edições encadernadas em fac-símile integrais, a parte de RPG está atualizada e pulverizada nas linhas Tormenta 20 e Tormenta Alpha para 3D&T e as sessões de cartas não fariam muito sentido hoje.

    Achei péssimo o corte dos elementos de RPG, mas, com relação a parte de ambientação e regras de sistemas, vejo vários motivos se mostrando presentes e pertinentes para esse corte: o primeiro, da parte da Jambô, ela quer vender o que há de mais atual na linha Tormenta para RPG, é assim hoje, foi assim quando eles passaram a publicar o material de Tormenta;

    O segundo é que é muito mais fácil vender uma edição de quadrinhos em estilo mangá definitiva de luxo de 4 volumes quando ela é só uma história em quadrinhos em estilo mangá. Afinal, ela não será restrita ao público de quadrinhos e que também gosta de RPG, ela vai para publico de quadrinhos em geral ou de mangá especificamente;

    O terceiro, sabemos que antes da licença aberta do sistema d20, as empresas estadunidenses detentoras dos direitos de GURPS e de AD&D implicaram com o avanço do cenário de Tormenta para esses sistemas no Brasil, mesmo com a chancela de uma revista impressa, a Dragão Brasil original.

    Quanto ao GURPS, a Devir realmente investiu em suplementos traduzidos para ele e, ainda assim, o cenário de Tormenta cresceu como suplemento não oficial para GURPS, que, por ter uma tradução oficial em português, foi o RPG mais popular no Brasil por anos. Mas, em se tratando de AD&D, mal sabiam os empresários gringos que, se não fosse o cenário criado na revista Dragão Brasil impressa, AD&D não teria o menor impacto por aqui enquanto RPG.

    Isso é uma longa história e sejamos francos, a maioria dos brasileiros nem associa o desenho animado exibido como Caverna do Dragão ao D&D original. Não houve até hoje um investimento real de editores brasileiros em trazer o material de AD&D/D&D para o Brasil com suporte para a comunidade que joga; nem mesmo na antiga editora Abril, que só queria se escorar numa marca que achava que venderia por si mesma, mal-acostumada que estava com Disney, Marvel, DC, depois de ter perdido a Turma da Mônica para a editora Globo na época. Fora que o corte da parte RPG se deu antes da Jambô, quando a Talismã assumiu o material de Tormenta, logo a parte quadrinhos foi separada da parte RPG.

    Mesmo ponderando esses motivos para o corte da parte de RPG, acho que descartar o que eles fizeram é triste. Afinal, até um mapa sem grid é um elemento de ambientação e imersão, fora os textos que acrescentavam histórias que não entraram na parte de quadrinhos. Mapas e plantas baixas são elementos de imersão que podem ser levados para qualquer formato, grids quadrados ou hexagonais. Mas, sabemos que esse material foi atualizado e espalhado na linha do Tormenta RPG desde a sua primeira versão com a licença aberta do sistema d20 na editora Talismã até hoje na Jambô.

    Entretanto, foi justamente esta mistura de quadrinho e RPG que fez de Tormenta uma obra transmídia de fato, antes desse termo sequer existir ou virar modinha. O termo modinha anterior, “multimídia”, estava associado a adaptações de uma obra em mídias diferentes, a transmídia vai mais além. Transmídia implica que uma obra é contada simultaneamente em diversas mídias, sendo que cada mídia traz obras originais dentro de um mesmo contexto maior.

    Ainda não entendeu a diferença de multimídia para transmídia? Vamos lá; o Homem de Ferro do cinema é alheio ao que acontece com o Homem de Ferro dos quadrinhos e vice-versa, isso é multimídia. Um personagem de Tormenta que aparece em uma aventura de RPG e depois em um quadrinho, lembrará do que aconteceu na aventura de RPG e no quadrinho se aparecer uma terceira vez num texto em prosa num romance de Tormenta. Depois, se ele aparecer em um videogame, lembrará do que aconteceu na aventura de RPG, no quadrinho e no romance. A cada vez que esse personagem aparecer em uma mídia diferente, ele lembrará de tudo o que ocorreu com ele nas aventuras das mídias anteriores.

    Como eu não ligo para o luxo das edições definitivas e nem para os extras de praxe (afinal, são extras de praxe), o que mais valoriza a edição definitiva em 4 volumes da Jambô é a série The Little Avengers, sendo que algumas das brigas entre o Cassaro e a Awano sobre os rumos da história já eram parte da história e não da paródia em tirinhas. Aliais, os textos extras deles na edição definitiva complementam essas informações de bastidores que eles mesmo parodiaram na época em que faziam o quadrinho. Amo metalinguagem, amo informações de bastidores, amei ver as informações de bastidores serem colocadas dentro da história como piadas.

    Bom, se for para pagar caro, pague pela edição mais recente, se for garimpar, garimpe aos poucos encontrando preços justos por edições antigas. Então fico por aqui, fiz o que pude, desculpe se foi pouco, querendo uma resenha da edição definitiva, clique aqui. Boas leituras e até mais!

Rodrigo Rosas Campos



    P.S.: notaram os preços esquisitos das edições números 6 e 21 da Trama? Acontece que numa mesma feira do livro havia a promoção 1 por R$5,00 e 3 por R$10,00 e o terceiro gibi que garimpei foi UFO Team #01, mini série em 4 edições de Marcelo Cassaro (texto) e Joe Prado (desenhos e arte-final), publicada pela editora Trama. Como dividir R$10,00 por 3 dá R$3,333…, resolvi simplificar e definir que uma saiu a R$ 4,00 e as outras duas saíram a  R$3,00. Ou seja, UFO Team #01 foi R$3,00 para não complicarmos a vida ainda mais.

    Mais uma vez, não há o ano e o mês da publicação no gibi, se você tiver muito interesse, o caminho é o Guia dos Quadrinhos, mas isso deveria estar na publicação. Vamos ao gibi: Gostei de UFO Team? Não.

    Marcelo Cassaro escreve a história misturando o estilo Bonelli com Image dos anos 1990. Com a inspiração do estilo Bonelli, ele escreveu uma história no Brasil como se norte-americana fosse, com personagens e cenários norte-americanos. Com a inspiração do estilo Image dos anos 1990, escreveu uma história rasa ilustrada com desenhos apelativos. Infelizmente, o estilo Image dos anos 1990 se sobressai.

    UFO Team é uma história rasa de super-heróis com mulheres hiper-sexualizadas em corpos impossíveis e em poses constrangedoras. Também é uma história com muita violência gratuita diante de uma invasão alienígena e uma organização secreta do governo americano para combater esses alienígenas.

    Já disse que foi uma história rasa? Bom, era o Cassaro querendo surfar o hype da Image e Joe Prado se esforçando para desenhar tão mal quanto Jim Lee e Rob Liefield. A parte boa é que Joe Prado não conseguiu ser tão ruim quanto Rob Liefield, mas chegou perto de Jim Lee e sua anatomia criativa, com direito a pernas desproporcionais e gigantes nas personagens femininas. Em todo caso, devia ter escolhido uma terceira Holy Avenger antiga. Holy Avenger é uma excelente história.

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Garimpando No Evento A Belle e a Feira de 10 de junho de 2023: Futum #01 de Vários Autores


+18


    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos.


    A pedra garimpada de hoje é Futum #01 de vários autores do quadrinho underground carioca, foi garimpada no evento A Belle e a Feira de 10 de junho de 2023 por R$30,00.


    Muito bom humor dentro do possível para falar de um tema polêmico, Futum é sobre a luta para descriminalizar a maconha. Erva essa cujo principal motivo de sua criminalização é o racismo, daí o muito bom humor dentro do possível. Sim, foi o racismo o maior motivo para a criminalização da maconha, o quadrinho abarca isso na nossa realidade com uma história que fala da violência policial em comunidades pobres, mais precisamente no Jacarezinho. Afinal, o álcool é sabidamente mais nocivo que toda a potencial nocividade da maconha, mas é legal.

    Além dos quadrinhos, Futum traz uma matéria sobre a precariedade da maconha em virtude da ilegalidade e um quadrinho que também fala sobre isso, de como os usuários não tem acesso a uma maconha de qualidade em virtude da ilegalidade. Enquanto isso os cigarros de nicotina são vendidos sem problemas, mas essa observação é minha, a equipe de Futum não perde tempo falando da nicotina. Apesar do gibi não falar, devemos sempre lembrar que os usos medicinais da maconha levariam alívio e cura a muitos pacientes a um custo baixo se a maconha fosse legalizada.

    As histórias da revista são muito curtas, de modo que não as comentarei uma a uma para não dar spoilers. O intuito da revista é fazer o leitor pensar sobre a realidade social e da injustiça que permeia a proibição da maconha no Brasil, ainda assim, o leitor tem o direito de discordar, estamos numa democracia.

    Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos

    P.S.: Para saber mais sobre o assunto, também recomendo o livro Maconha de Denis Russo Burgierman da Coleção Para Saber Mais da Super Interessante. É um livro de 2002, mas ainda é uma boa introdução sobre o tema e do porque se luta pela descriminalização da maconha no mundo. Ele passa pelos usos legítimos da maconha, da medicina às indústria têxtil e de papel.



quarta-feira, 14 de junho de 2023

Garimpando No Evento A Belle e a Feira de 10 de junho de 2023: Um Dia Eu Volto Para Buscar Estas Memórias de Gabriel Dantas


+18


    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos.

    A pedra garimpada de hoje é Um Dia Eu Volto Para Buscar Estas Memórias de Gabriel Dantas (texto e desenhos) e foi garimpada no evento A Belle e a Feira de 10 de junho de 2023 por R$20,00.

    Gabriel Dantas é conhecido por seus quadrinhos virtuais Bife de Unicórnio. Neste quadrinho impresso, Um Dia Eu Volto Para Buscar Estas Memórias, o autor mistura fantasia e realidade para falar de expectativas, frustrações, tristezas e decepções específicas e gerais.

    São histórias muito curtas, carregadas de reflexões e figuras de linguagem, metáforas textuais e visuais acerca de vários tipos de relacionamentos e situações. Impossível comentar história por história sem entregar finais ou desenvolvimentos, e acredite, aqui os meios falam mais que os finais. É um quadrinho lindo.

    É um quadrinho bonito de se ver e ler, mas é muito triste, não recomendo para quem está passando um momento mais delicado. Sobre vários aspectos, a melancolia deste quadrinho pode realmente deprimir alguém. Mas, friso novamente, é poema em textos e desenhos, é arte que faz refletir sobre muitas coisas cotidianas e micropolíticas de nossa existência tão humana e tão mundana.

    Da parte técnica da edição, só uma coisa me incomodou: é difícil de ler, os painéis de quadrinhos deveriam estar maiores nas páginas e as cores menos carregadas para facilitar a leitura. A fonte das letras, quase cursiva, também não ajuda muito.

    Concluindo, é um quadrinho muito bom MESMO, poema em texto e imagens, mas não é indicado se você estiver passando por um mau bocado.

    Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos

    P.S.: Se tudo der certo, o mais breve possível, teremos o primeiro crossover entre o Garimpando em Gibiterias e o Garimpando em Eventos. Isto porque estou comparando  edições diferentes de Holy Avenger: a original da Trama; econômica de 2 em 2 da Talismã; e a definitiva da Jambô em 4 volumes de luxo. Para isso, quero acumular pelo menos 4 edições da Trama ou da Talismã, já tenho a 8 da Trama e a 5 da Talismã. Esta edição 5 da Talismã também foi adquirida no evento A Belle e a Feira de 10 de junho de 2023. Mas lembrando, esse crossover entre os garimpos só ocorrerá se eu garimpar mais 2 ou mais exemplares antigos.




sábado, 3 de junho de 2023

Garimpando No Evento Sábado de Quadrinhos: Abiã #01 de Francisco Paschoal e Victor Moura


+18


    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos.

    A pedra garimpada de hoje é Abiã #01 com textos de Francisco Paschoal e desenhos de Victor Moura, publicada pela editora Mamakoosa, foi garimpada no evento Sábado de Quadrinhos na Biblioteca Parque de Niterói, R$ 12,50 por ter sido comprada junto com outra revista no evento (estou sem certeza agora se o preço cheio seria R$ 15,00), formato americano, miolo em cores e preto e branco, lombada quadrada, 146 páginas.

    Rio de Janeiro, uma adolescente possuída faz a avó da garota chamar um exorcista. Mas acontece o assassinato do exorcista e da avó da menina, enquanto ela própria desaparece. Isso faz a polícia procurar pela garota desaparecida que é também a principal suspeita do bizarro duplo homicídio. Durante as investigações dois policiais honestos descobrem ligações entre a ditadura militar e cultos satanistas. Mas o sobrenatural existe ou há uma explicação lógica para tudo? Esse é o resumo do início de Abiã.

    Não darei mais detalhes, a história é até boa, bem escrita e bem desenhada, mas a parte irritante é que a história continua na próxima edição, assim como outra revista da mesma editora. Enfim, esperarei a editora Mamakoosa completar essas séries, Abiã e as iniciadas no Almakoosa para comprar os encadernados completos se tiver grana sobrando e nada que não mereça mais minha atenção por estar minimamente completo.

    Querem seguir mesmo a tradição de terror e horror dos quadrinhos nacionais, brasileiros? Olhem para a Calafrio e tantas outras, deem aos leitores histórias minimamente fechadas, não critiquem a casa das ideias ou a distinta concorrente se querem usar a mesma tática irritante de histórias publicadas de forma incompleta para fidelizar leitores ingênuos ou com TOC. Quadrinho barato é quadrinho que não usa a coação das histórias que continuam na próxima edição. Bem, quando você enfrenta monstros, você se torna um.

    Enfim, é uma revista realmente boa, tenho que admitir, mas indicada somente para leitores que não se importam em esperar indefinidamente pelo fim de uma história. E não, não é em estilo mangá, é em estilo comics. Estilo de gibi brasileiro teria cada história minimamente fechada e juntas numa sequência contariam uma história maior.

    Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”. Faça a mesma coisa no site Literakaos.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos


sexta-feira, 2 de junho de 2023

Garimpando No Evento Sábado de Quadrinhos: Almakoosa #01

 +18

    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos.

    A pedra garimpada de hoje é Almakoosa #01, um almanaque da editora Mamakoosa com um mix de histórias em quadrinhos brasileiras de terror e humor para maiores. Foi garimpada no evento Sábado de Quadrinhos na Biblioteca Parque de Niterói. Foi R$ 12,50 por ter sido comprada junto com outra revista no evento (estou sem certeza agora se o preço cheio seria R$ 15,00), formato americano, miolo em cores e preto e branco, lombada quadrada, 150 páginas.

    O modo como ela foi publicada me gerou algumas dificuldades para escrever esta resenha, vamos lá: alguns créditos só se encontram na página 148 (o expediente), e não nas primeiras páginas de três histórias: Beastdores, Catecismo do Zebu e Horóscopo da Dona Morte. Dessa forma, a informação sobre quem fez o texto destas tramas pode estar imprecisa.

    Beastdores é em cores e é um foto quadrinho de um teatro de marionetes, mas não há o crédito de quem fez os bonecos, só de quem os manipulou para as fotos serem tiradas e virarem quadrinhos. Trata-se da reunião de bastidores dos monstros que fazem a revista Almanakoosa e a editora Mamakoosa. É divertido! A direção é de Isabela Dorneles; a manipulação é de Fernanda Silveira e Beto Dorneles; e o texto é de Frascisco Paschoal e Gabriel Billy (segundo a página 148). Também não há o crédito de quem tirou as fotos (iluminação etc.) e as colocou no formato de páginas de quadrinhos.

    Catecismo do Zebu é uma inusitada versão do Gênesis da perspectiva do demônio Zebu, o diabinho que faz parte da equipe da editora. Ilustrado por Victor Moura e Gus Micheski com texto de Frascisco Paschoal e Gabriel Billy (segundo a página 148). Contém passatempos!

    O Horóscopo da Dona Morte traz ilustrações de Victor Moura e Gus Micheski. Novamente, por suposição, o texto é de Frascisco Paschoal e Gabriel Billy (segundo a página 148). A partir daqui já fica mais fácil saber quem fez o que por história e a edição não fica tão zoada.

    Bartolomeu de Victor Moura, texto e desenhos, conta a história do personagem-título, um músico que trabalha como mecânico de carros e que teve sua vida marcada por ver demônios e ninguém acreditar nele. A história até parece estar concluída com um final, ainda que aberto, mas há um “continua” no lugar do fim e não há como saber que rumo ela tomará. O texto é bom, o desenho é estilo Hell Boy, mas um tabuleiro de xadrez tem 8 quadros por 8. Até gostei, MESMO, mas não posso julgar uma trama maior pelo primeiro capítulo. O primeiro capítulo é bom.

    Carga Infernal é sobre uma dupla de caminhoneiros, um vampiro que dirige a noite e um lobisomem que dirige de dia. Sim, esqueça o clichê da rivalidade entre vampiros e lobisomens, é um novo universo e a trama se passa nas estradas brasileiras. Com Francisco Paschoal no roteiro e Caio Gomes nos desenhos, ficamos sabendo um pouco sobre o presente de Wado, o vampiro caminhoneiro mulherengo e recém-transformado, e sobre o passado de Cícero, um lobisomem de nascimento, o sétimo filho homem depois de seis mulheres, que se tornou caminhoneiro. É muito interessante mesmo, mas comentar muito é dar spoilers, pena que continua. E neste caso não há nem a sensação de que o capítulo fecha uma trama ainda que aberta como acontece em Bartolomeu.

    Ignotos tem roteiro de Gabriel Billy e desenhos de Thiago Lima, trata-se de uma Liga Extraordinária com personagens da literatura brasileira. E sim, a literatura brasileira tem terror, horror e fantasia, mas os professores de literatura não valorizam isso e essa parte não cai no ENEM. Funesta, a rainha da Ilha do Nevoeiro, percebe haver uma segunda Lua no céu. Ela pede ajuda do Dr. Alpha que recebe seu pedido durante uma visita de Beta no farol espacial que Alpha toma conta. Mas aqui na Terra, ela não fica de braços cruzados e convoca Macário, Oscar, Simplício e Esphinge, pessoas com talentos especiais para resolver esse mistério. E a história continua na próxima edição. Apesar de não ter sequer a primeira história fechada, essa é a ideia mais original da revista Almakoosa.

    S.T.A.B. tem roteiros de Francisco Paschoal e desenhos de Rodrigo Avelino e Arthur Cordeiro. 2080, um futuro Rio de Janeiro cyberpunk assustadoramente parecido com nosso presente. Mesmo tendo duas partes publicadas neste almanaque, a história continua e isso é irritante. Parece até um gibi da Marvel ou da distinta concorrente.

    O Que Deu Nelas é um conto em prosa de Frascisco Paschoal com desenhos (ilustrações) de Rodrigo Avelino. Não é um quadrinho. Nesta história temos um início de apocalipse narrado em primeira pessoa que mistura elementos de Lovecraft, Alien e V, A Batalha Final. Há um final da história, ainda que em aberto, mas que pode ser entendido como sendo um final. A mistura de clichês óbvios me incomodou, afinal, não vi nenhuma originalidade, no sentido de novidade, mas é bem escrito e até divertido e as ilustrações são impagáveis.

    O que eu realmente não gostei dessa edição? Além da edição em si ser zoada em 3 histórias, temos um mix de histórias em que 4 histórias iniciadas continuam na próxima edição. Isso foi feito depois que os editores, tanto no editorial quanto na trama Beastdores, usam seus personagens para fazerem duras, verdadeiras e justas críticas às gigantes dos EUA, Marvel e DC.

    O que eles falam é verdade? Sim, inclusive o livro Marvel Comics, a História Secreta confirma tudo o que eles dizem. Tudo está documentado e já virou até livro sobre a História real dos quadrinhos. Todavia a DC e a Marvel, hoje, são o que os heróis da King Features Syndicate (Fantasma, Mandrake e Flash Gordon) foram nos anos 1980 e 1990, ou seja, nos dias de hoje, os super-heróis americanos das “duas grandes” (Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Homem-Aranha, X-Men, Vingadores etc.) perdem terreno para os mangás em geral, não formam público novo e vendem mais em republicações voltadas para leitores envelhecidos; da mesma forma que a Marvel e a DC na editora Abril eclipsaram os personagens heroicos da Kink Features Syndicate (Fantasma, Mandrake e Flash Gordon) nas décadas de 1980 e 1990.

    Independentemente das críticas a Marvel e a DC, eles publicam uma revista com 4 histórias sem final, 4 tramas com um “continua”. Isso é um absurdo! Muitos leitores enjoam da Marvel e da DC exatamente por isso, nenhum leitor deve ser obrigado a comprar a próxima edição sem nem ao menos saber em que edição cada história terminará. Colocar histórias que continuam sem que o leitor saiba ao menos quantos números terá a história foi e é uma leviandade cometida tanto pela Marvel quanto pela DC por décadas. Bem, quando você enfrenta monstros, você se torna um. Se bem que alguns só querem ser califas no lugar dos califas.

    Quer valorizar o quadrinho nacional? Justo, mas além do terror fazer parte de nossa tradição de quadrinhos, histórias fechadas como as da revista de terror Calafrio também fazem. Quer fazer críticas duras a outras empresas, direito de todos, mas não cometa as piores práticas que essas empresas cometem.

    Como já disse: achei Bartolomeu boa; Carga Infernal é bem interessante. Ignotos tem potencial, mas a trama não termina. S.T.A.B. é uma história cyberpunk no Rio de Janeiro do futuro. O Que Deu Nelas é um conto legal, mas que eu peguei todas as referências e não consegui curtir por isso, eu vi os truques. As histórias de humor com créditos zoados fazem rir. Esta é uma revista até boa, mas eu só a recomendo a leitores e leitoras de quadrinhos veteranos e veteranas que não se importam em esperar uma (ou mais) próxima(s) edição(ões) para saberem os finais das histórias que continuam sem previsão de quando chega o final, ou seja, é uma edição recomendada para leitores colecionistas e completistas. O que é uma pena por serem ótimas ideias, mas, enjoei de DC e Marvel exatamente por não estar mais disposto a assinar contratos vitalícios. Enfim, se você gosta de ler histórias sem previsão de fim, no melhor estilo casa das ideias e distinta concorrente, vá em frente.

    Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”. Faça a mesma coisa no site Literakaos.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos


quinta-feira, 1 de junho de 2023

Garimpando No Evento Sábado de Quadrinhos: Desorientanda Quadrinhos da Vida Acadêmica #1 e #2 de Rachel Paterman


    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos.

    As pedras garimpadas de hoje são Desorientanda Quadrinhos da Vida Acadêmica #01 e #02 de Rachel Paterman, foi garimpada no evento Sábado de Quadrinhos na Biblioteca Parque de Niterói, R$ 50,00 juntas na promoção com a autora, R$ 30,00 uma só. Formato paraguaio em cores. Clique na imagem do marcador para amplia-la e veja os contatos com a autora.

    Na edição 1, a orientanda desorientada da história, a Desorientanda, está as voltas com a escrita de seu trabalho de conclusão de curso e sua apresentação, no caminho, leituras, seminários, alguns e-mails errados etc. Tudo isso com muito bom humor e imaginação.

    Na edição 2, a Desorientanda conclui seu doutorado e, quando partirá para dar aulas, vem a pandemia de Covid. Além da mudança de lugar, vemos os desconfortos e gafes de se trabalhar em casa via remota.

    Reflexões sobre a vida acadêmica, a duração de um artigo em revista e de um livro, o prelo acadêmico, a não valorização da sociedade, o salário que não condiz com o esforço, tudo abordado com muito bom humor.

    Cada página dessas duas revistinhas é uma tira, falar sobre cada uma seria dar spoilers das piadas. Num país como o Brasil, onde a pesquisa científica é desvalorizada, Desorientanda é uma carta de amor com muito bom humor ao esforço dos cientistas de nosso país para avançar a ciência apesar de todos os obstáculos cotidianos. É uma leitura inspiradora, terna, divertida, que faz refletir e fundamental.

    Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”. Faça a mesma coisa no site Literakaos.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos


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