quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Uma Ficha Modelo de Samurai Humano(a) Para o RPG 3D&T

Rodrigo Rosas Campos

Ficha de Personagem de Tormenta Para 3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha

Nome:

Pontos: 5

Escala: N

Características:

Força: 0

Habilidade: 2

Resistência: 1

Armadura: 1

Poder De Fogo: 1

Pontos de Vida: 5

Pontos de Magia: 5

Pontos de Experiência:

Vantagem única: humano (0 ponto).

Vantagens: adaptador (1 ponto); esportes (2 pontos).

Kits:

Desvantagens: código da derrota (-1 ponto); código do combate (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto).

Tipos de Dano:

Força: corte (katana).

Poder de Fogo: perfuração (flechas).

Magias Conhecidas: nenhuma.

Dinheiro e Itens: espada samurai, arco e flechas.

História: é um personagem modelo. Se o cenário for realista, munição limitada é zero ponto e acrescenta o código dos heróis (-1 ponto). O nome, o(a) jogador(a) escolhe.

Imagem: Domínio Público: Pesquisei [samurai public domain] no Google.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

[Matéria] Usagi Yogimbo para 3D&T


Adaptação livre sem fins comerciais por Rodrigo Rosas Campos


    Ficha de Personagem de Tormenta Para 3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha
    Nome: Usagi Yogimbo
    Pontos: 5
    Escala: N
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 2 +1(kemono)=3
    Resistência: 1
    Armadura: 1
    Poder De Fogo: 0
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagem única: kemono (1 ponto) coelho.
    Vantagens: audição aguçada (0 ponto); adaptador (1 ponto); esportes (2 pontos).
    Kits:
    Desvantagens: código da derrota (-1 ponto); código do combate (-1 ponto); código dos heróis (-1 ponto); munição limitada (0 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: corte (katana).
    Poder de Fogo: perfuração (flechas).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: espada samurai, arco e flechas.
    História: Usagi Yogimbo de Stan Sakai.

    No mundo de Usagi Yojimbo todos são kemonos, embora portais sejam abertos com alguma frequência e humanos possam ser vistos de vez em quando. Todos possuem munição limitada também. Se o mestre não permitir personagens publicados, este pode servir de modelo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

[Resenha] O Zorro de Johnston McCulley é Bem Livremente Adaptado Para os Quadrinhos por Germana Viana em Escafandro: Z – A Marca da Liberdade

    A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, tem como UM de seus propósitos um mergulho no domínio público para dele pescar histórias a serem adaptadas para os quadrinhos. Eis que Germana Viana (textos, desenhos e arte-final) pesca e adapta, bem livremente, o Zorro de Johnston McCulley. E quando eu digo bem livremente é bem livremente mesmo.

    A história de Germana é uma ficção em que o autor real do Zorro, Johnston McCulley, encontra as inspirações para o personagem que ele ainda escreveria, ou seja, é uma pequena ficção histórica. Germana tomou o escafandro para fazer uma bagunça boa no fundo desse mar.

    “Mas não vai ter o Zorro lutando de capa e espada?” Vai, vai sim, fique tranquilo, isso também está na história. Quer dizer, com espada, mas sem capa. Sem capa, tecnicamente sim, absurdo! Fazer o quê? Germana é discípula de Edna Mode.

    Na história de Germana, o repórter Johnston McCulley e seu ilustrador Phelps são enviados para Los Angeles para entrevistar o capitão Marshall, mal sabem eles que, pôr traz da fachada de homem de bem do capitão há um plano para tomar as terras de Lolita e de sua família. Tudo isso em meio a opressão dos camponeses que efetivamente trabalham na terra.

    Mas um homem se rebela contra essa situação e McCulley e Phelps acabam se vendo as voltas com Z e seu grupo rebelde. Assim, McCulley conhece os homens e mulheres que vão inspirá-lo na criação do seu futuro personagem mais famoso, o Zorro.

    Ir além daqui é dar spoilers, mas vamos a opinião: Germana Viana faz uma releitura do Zorro ousada em vários aspectos. O elemento que poderia ser o mais surpreendente é entregue logo na belíssima primeira página, ou seja, é uma ficção onde o escritor real (tratado de forma ficcional) conhecerá a inspiração de sua futura criação literária.

    Na releitura de Germana, há outras duas releituras do Zorro que foram feitas em filmes antigos. Se eu falar que filmes são esses, dou spoilers para eventuais cinéfilos. Se você estiver curioso sobre isso, a autora fala de suas influências em vários vídeos no canal do You Tube Sobrecapa.

    Voltando ao aspecto história em quadrinhos, Germana Viana reúne René Goscinny, Albert Uderzo, Marv Wolfman, George Perez, John Romita e Sal Buscema numa pessoa só. Fora a referência a desenhos animados antigos do Pernalonga que ela consegue encaixar numa história de Zorro.

    Comentar essa revista como se deve seria mostrar todas as páginas quadro a quadro com as comparações dos outros artistas do lado, mas acho que os editores da revista Escafandro iam ficar muito chateados se eu fizesse isso. Quem puder, confie em mim, compre o gibi e prepare-se para um Zorro diferente e divertidíssimo. Quer dizer, não um só, mas você não quer spoilers, quer?

    A revista estará a venda no site da Amazon a (aproximadamente) R$ 22,00 (mais o eventual frete) e em algumas gibiterias assim que chegarem para todos os apoiadores do financiamento coletivo.

    Só uma coisa me incomodou na edição, o nome de Johnston McCulley, o autor da obra original, não aparece na capa. Isso é um defeito das quatro edições iniciais da série Escafandro lançadas até agora. Afinal, se a história é baseada em uma obra anterior, o nome do autor original deve estar na capa também. “Mas o autor original é um personagem dessa história!” - Eu sei, mas o nome dele deveria estar na capa do mesmo jeito.

    Quase esqueço, as cores são de Fabiana Signorini, do coletivo Senhoritas de Patins.

    A resenha de Z, A Marca da Liberdade termina aqui, mas antes de ir preciso corrigir uma impressão errada que tive em relação a série Escafandro como um todo tendo em vista as três primeiras edições que foram adaptações do domínio público.

    Com base nos vídeos sobre a série no canal Sobrecapa, devo mencionar que, apesar das cinco primeiras revistas da série Escafandro estarem ancoradas na literatura de domínio público, a série não se limitará a adaptações literárias e terá, inclusive, personagens inéditos, uma já anunciada, no futuro.

    Sim, a quinta edição ainda será levemente ancorada no domínio público e a sexta já tem a confirmação de ser uma história 100% inédita! Mas então qual será o padrão da série Escafandro? A Escafandro sempre trará histórias completas, um respeito ao leitor por parte dos editores da Ultimato do Bacon; sempre será em cores, os editores querem que a revista pegue quem já está enjoando dos super-heróis do eixo DC/Marvel; e contará com uma boa qualidade gráfica. Vejam os vídeos do canal Sobrecapa para mais detalhes.


Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Garimpando Em Gibiterias: Orixás Renascimento de Alex Mir, Germana Viana, Laudo Ferreira e Omar Viñole

   O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Lá fora, grandes obras permanecem em catálogo permanente tal como livros clássicos. Os editores de quadrinhos nacionais são bem imediatistas e até mesmo obras como Fradim, Watchmen, Piratas do Tietê e Maus ficam difíceis de encontrar de tempos em tempos. A série “Garimpando em Gibiterias” fala de quadrinhos que valem a pena “garimpar” em gibiterias, sebos, estoques antigos de livrarias virtuais, feiras de livros e, se a grana estiver muito curta, em bibliotecas públicas. Sim, existem quadrinhos em bibliotecas públicas, é só procurar.

    A pedra garimpada de hoje é Orixás Renascimento de Alex Mir (roteiro e edição), Laudo Ferreira (capa e desenhos), Germana Viana (arte e cores) e Omar Viñole (cores). O preço foi R$22,00 (mais eventual frete), formato americano, lançada em 2018; e foi garimpada na loja virtual de um dos autores, procure e visite todos.

    Aviso importante! Se você for um intolerante religioso ou um racista, este quadrinho não é para você. Para as pessoas que praticam o respeito as diferenças e a empatia, vamos em frente. Orixás Renascimento traz duas histórias com roteiro de Alex Mir:

    A primeira é Iroco com arte de Laudo Ferreira e cores de Omar Viñole. Numa vila da África, as mulheres não conseguem ter filhos. Decididas a não perderem seus maridos, elas se munem de coragem e vão pedir ajuda para a primeira das árvores. Mas, Irôco não fará nada de graça e qual será o preço que essas mulheres terão que pagar pelas suas crianças? A história é curta, ir além daqui é dar spoilers.

    A segunda história, Oxum, o Voo do Pavão, teve desenhos e cores de Germana Viana. Os orixás se revoltam contra Olorum, que, em reprimenda, pune a Terra com uma seca. Conseguirá Oxum levar a Olorum um pedido de perdão em nome da sobrevivência da humanidade? Novamente, ir além daqui é dar spoilers.

    A revista contém extras bem interessantes: uma bibliografia com as fontes estudadas pelo autor dos textos; sketches, rascunhos e passo a passo da criação de página; galeria de arte trazendo também gravuras de artistas convidados e biografia dos autores. A revista é parte de uma série, mas as histórias são completas e autocontidas. Textos e desenhos são primorosos. Uma coleção que vale muito a pena ler.

    Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa “Pesquisar no Blog”, digite garimpando e clique no botão “pesquisar”. Faça o mesmo no blog Literakaos.

Boas leituras!

Rodrigo Rosas Campos


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

[Resenha] De Onde Viemos? As Histórias dos Criacionismos de Diversas Religiões em Quadrinhos por Carlos Ruas e Seus Incríveis Amigos

Aconselhável a todas as idades!

    Carlos Ruas é um escritor e um desenhista, autor de Um Sábado Qualquer. Ele e sua criação dispensam apresentações. Mas este livro, De onde Viemos? é a história mais importante da série  Um Sábado Qualquer. A série foi criada para questionar os dogmas religiosos e pregar a tolerância entre as diversas religiões existentes hoje.

    Em Um Sábado Qualquer, os deuses se reúnem do Boteco dos Deuses para comer, bater papo e, assim como seus devotos mais radicais, ficarem brigando pelo título de qual deus é o mais verdadeiro. E eis que surge a pergunta “quem criou o mundo e os humanos?” e os deuses começam uma briga, cada um tentando impor sua história, até que Oxalá tem a ideia de trazer dois humanos para julgarem qual o melhor criacionismo.

    Ao contrário da maioria das histórias da série Um Sábado Qualquer, De Onde Viemos não é formado por tiras soltas, mas por páginas (e eventuais páginas duplas) completas. Externamente, lembra o formato franco-belga, consagrado no mundo por Asterix, internamente, os vários estilos dos desenhistas formam um mosaico gráfico da diversidade de formatos dos quadrinhos brasileiros. Quando cada deus conta sua história, muda o artista.

    Assim, Anderson Awvas ilustra o criacionismo Vodu; Cecília Ramos, o das Ilhas Banks; Daniel H.D.R., o grego; Wesley Samp, o Maia; Guilherme Nascimento, o nórdico; Gustavo Borges, o da China antiga; Jean Lins, o Yourubá; Lais Santos, o Desana; Mario Cau, o do Egito Antigo; Paola Tabata, o Hindu; Paulo Moreira, o eslavo; e Abel, o criacionismo cristão; o criacionismo bônus do povo Tariana é ilustrado por Tom Gomes.

    Os humanos escolhidos para fazerem o julgamento, isso não é spoiler, está em todas as sinopses do livro espalhadas pela Internet e na página do financiamento coletivo do mesmo são George Lemaître, que formulou a teoria do Big Bang, e Charles Darwin, que formulou a teoria da seleção natural. Depois dos criacionismos dos deuses, é a vez dos cientistas explicarem a criação pelas ciências, mostrando que teorias são bem mais que ideias, são ferramentas de construção de conhecimentos baseadas em evidências que se complementam e se confirmam mutuamente. Sujeitas a revisões e a novas reflexões constantes.

    Carlos Ruas desenha o resto auxiliado por Lorar, esta com as ilustrações mais científicas e didáticas; os coloristas são João Lucas, Wesley Kyo e Daniel Rodrigues. Fora o auxílio, a consultoria técnico-científica especializada, de Pirulla, ele mesmo, Emílio Gracia e Caio Gomes.

    Enfim, é um livro sobre os fundamentalismos limitantes versus as reflexões libertadoras e constantes. O papel das religiões e o papel das ciências e de como religiões e ciências podem conviver em harmonia em prol da melhoria da vida humana como um todo. Só devemos rezar para que as pessoas entendam! Afinal, eles desenharam, se está desenhado, não há desculpa para não entender. É preciso muita má vontade para não furar a bolha e passar a respeitar o diferente.

    Como tudo o que faz pensar de verdade, o livro não dá todas as respostas, mas ferramentas iniciais para os leitores questionarem as regras ao redor e, eventualmente, criarem ou recriarem as próprias regras; tudo com muito bom humor e riso. Adquiri o livro De Onde Viemos? no financiamento coletivo do Catarse, mas para achar Carlos Ruas, este e os outros livros do autor é só dar um Google em Um Sábado Qualquer. Não sei quando você chegou aqui, mas o livro estará (ou agora deve estar) disponível em várias livrarias reais e virtuais assim que todos os apoiadores receberem. Contém bibliografia, fichas dos desenhistas e uma folha para a futura coleção completa dos autógrafos etc.

    Boas leituras, bom divertimento e boas reflexões!

    Rodrigo Rosas Campos


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

[Resenha] Usagi Yogimbo Livro 1: Ronin de Stan Sakai


Finalmente de volta no Brasil, a obra-prima dos quadrinhos, Usagi Yogimbo de Stan Sakai, agora em formato original americano, miolo preto e branco, capa cartão, pela editora Hyperion Comics.

    Bom, o coelho samurai dispensa apresentações, mas caso você tenha chegado agora no planeta Terra, ele é criação do norte-americano descendente de japoneses Stan Sakai, para homenagear a cultura de seus antepassados nos EUA. O traço realmente lembra o de mangá, mas a leitura é no sentido ocidental. As homenagens ao Lobo Solitário de Kazuo Koike e Goseki Kojima são evidentes.

    As histórias são bem curtas, mas destaco a primeira que mostra como Usagi Yogimbo virou um ronin após a morte de seu mestre. Apesar de só ter sido publicado por aqui duas vezes e de nenhuma editora ter completado a série por aqui, Usagi Yogimbo é uma influência para todos os quadrinhos estadunidenses, com efeito, sua influência se estende a criação dos Tartarugas Ninja, tendo inclusive feito uma participação especial na primeiríssima série de desenhos animados dos quelônios mutantes.

    Agora é torcer para que a Hyperion Comics finalmente complete essa série por aqui. Uma série verdadeiramente indicada para todas as idades, com muito bom humor, gargalhadas até e com várias camadas de compreensão e entendimento, para crianças de 12 a 120 anos (ou até bem mais).

Boas leituras e até breve!

Rodrigo Rosas Campos

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Garimpando Em Gibiterias: Mercenário$ Especial de Fran Briggs e Anna Giovannini

    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Lá fora, grandes obras permanecem em catálogo permanente tal como livros clássicos. Os editores de quadrinhos nacionais são bem imediatistas e até mesmo obras como Fradim, Watchmen, Piratas do Tietê e Maus ficam difíceis de encontrar de tempos em tempos. A série “Garimpando em Gibiterias” fala de quadrinhos que valem a pena “garimpar” em gibiterias, sebos, estoques antigos de livrarias virtuais, feiras de livros e, se a grana estiver muito curta, em bibliotecas públicas. Sim, existem quadrinhos em bibliotecas públicas, é só procurar.

    A pedra garimpada de hoje é Mercenário$ Especial de Fran Briggs (texto) e Anna Giovannini (texto e arte), por R$19,90, aventura completa, formatinho estilo mangá, lombada quadrada, capa em cores e miolo em preto e branco. É um mundo de fantasia medieval típico de RPG, é publicado pela Jambô, mas não se passa em Arton (ou ao menos não parece por essa edição). Com efeito, a própria sinopse oficial no site da editora, o livro é de 2016, mas ainda está em catálogo, comprova isso. A trama é boa, divertida, cumpre o que promete, mas é rápida demais, essa podia ter mais páginas; pelo menos, mais 10 páginas de história. Sem mais delongas, vamos ao resumo:

    O misterioso elfo Windslasher se junta ao humano manipulador de sombras, Gaspar; a um humano bardo, Franco; e a uma anã bárbara, Marga. Eles estão na busca de um pergaminho sobre uma terrível praga. Este pergaminho, entretanto, possui uma terrível magia que pode intensificar ainda mais a praga, não curá-la. Este terrível poder não pode cair em mãos erradas e encontrar o valioso manuscrito é só o início da aventura.

    Em comum, nossos quatro mercenários têm mais amor pelo valor financeiro do pergaminho do que pelos eventuais benefícios ou malefícios que o mesmo pode trazer para o mundo. Em que mãos este terrível segredo acabará? Quem será o maior antagonista de nossos protagonistas anti-heróis? Ir além daqui é dar spoilers. Apesar das 96 páginas, a história é muito curta mesmo. O desenho é primoroso, os diálogos são bons e os personagens são interessantes, mas podia ter mais texto e mais páginas. Enfim, como aventura divertida cumpre bem o seu papel!

    Além dessa edição especial com uma aventura completa, há uma série Mercenário$ no site da Jambô. Se vai se ligar à Tormenta, só lendo a série maior para saber. Deixe seus comentários com carinho e educação, pois eles serão lidos com carinho e educação. Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “Garimpando em Gibiterias” e clique no botão “Pesquisar”. Ou digite apenas “garimpando” e encontrará títulos a mais em garimpos de eventos. Faça a mesma coisa no site Literakaos. Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos


    P.S.: fichas de dois protagonistas da história em versões de 5 pontos para 3D&T cujas adaptações não implicam em spoilers. Se seu mestre não permitir o uso de personagens publicados, eles podem servir de modelos. A trama e seu cenário são facilmente adaptáveis para RPGs.

    Ficha de Personagem de Tormenta Para 3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha
    Nome: Marga, uma anã bárbara.
    Pontos: 5
    Escala: N
    Características:
    Força: 2
    Habilidade: 0
    Resistência: 1+1 (anão)=2
    Armadura: 1
    Poder De Fogo: 1
    Pontos de Vida: 10
    Pontos de Magia: 10
    Pontos de Experiência:
    Vantagem única: anão(anã, 1 ponto).
    Vantagens: inimigos (0 ponto) orcs, meio orcs, goblinoides, e trolls; infravisão (0 ponto); resistência a magia (0 ponto); montaria, arquearia e metalurgia (1 ponto); alpinismo, natação e doma (1 ponto).
    Kits:
    Desvantagens: ponto fraco (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto); fúria (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: corte e perfuração (machado de duas mãos).
    Poder de Fogo: perfuração (flechas).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: machado de duas mãos, besta e aljava de flechas.
    História: Mercenário$ de Fran Briggs e Anna Giovannini

    Ficha de Personagem de Tormenta Para 3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha
    Nome: Franco, humano bardo
    Pontos: 5
    Escala: N
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 1
    Resistência: 3
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 1
    Pontos de Vida: 15
    Pontos de Magia: 15
    Pontos de Experiência:
    Vantagem única: humano(a) (0 ponto).
    Vantagens: magia elemental espírito (2 pontos); arquearia, canto e instrumentos musicais (1 ponto).
    Kits:
    Desvantagens: fetiche (-1 ponto) flauta; ponto fraco (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: corte e perfuração (adaga).
    Poder de Fogo: perfuração (flechas).
    Magias Conhecidas: Ataque mágico; Cancelamento de magia; Detecção de magia; Força mágica; Pequenos desejos; Proteção mágica.
    Dinheiro e Itens: flauta, adaga, arco e aljava de flechas.
    História: Mercenário$ de Fran Briggs e Anna Giovannini.

    Observação: em 3D&T, manipulador de sombras, ou umbromante, teria má fama, poder vingativo, magia negra, clericato de um(a) deus(a) da sombra (ou um mentor ou um patrono), e além das magias conhecidas comuns teria escuridão, invisibilidade e buraco negro.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

[Resenha] Corenstein Volume 2 de Cora Ottoni

 Se eu fosse parafrasear as tiras de Cora Ottoni no geral, diria, todos nós somos Frankensteins de nós mesmos e feliz de quem pode amar seu próprio monstrinho interior, no caso, monstrinha. Cora Ottoni cria Corenstein para expor seu lado mais engraçado sem se expor de fato e com muito carinho e ternura sem detrimento da autocrítica.

   Corenstein Volume 2 de Cora Ottoni. A série de tirinhas é publicada originalmente na Internet em seu segundo volume impresso em cores, 112 páginas, R$40,00 (mais eventual frete). Rir de si mesmo é um sinal de inteligência, Corenstein é o alter ego de Cora Ottoni, escritora e desenhista destes quadrinhos que esbanjam bom humor e inteligência ao falar de seus micos, alegrias e até reflexões sobre o cotidiano de hoje. E ela é brilhante!

    Eu sei que essa resenha está um pouco (muito) atrasada, mas apesar de não ser mais lançamento Corenstein volume 2 ainda está em catálogo nas melhores livrarias e gibiterias reais e virtuais. Falar de uma série de tiras é complicado, são piadas de, no máximo, uma página. O que pode ser dito sem dar spoilers? Os temas:

    Cotidiano, festas, bebedeiras, namoros, amizades, quadrinhos, desenho, trabalho, costumes, decepções, expectativas, tudo o que cerca a vida da personagem em sua visão para lá de pessoal e bem-humorada.

    Enfim, confiem em mim, ou busquem a parte do livro que está online, e deve ter até coisa nova online esperando para ser impressa em volumes vindouros. Corenstein começou como um projeto para o Inktober de 2016. Confira e seja honesto, se gostar de verdade, compre os impressos, já são dois, e incentive a artista a continuar expondo seus micos divertidos e que podem ser cometidos por qualquer pessoa!

    É riso garantido, tem tiras em que o eu futuro da Corenstein fala com seus futuros netos, para mim o ponto mais alto do livro, enfim é uma série de tiras fantásticas!

 O volume 1 comprei no evento  Lady Lúdica & Minas Nerds no longínquo ano de 2019.

Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Frankenstein, O Cientista e Sua Criação para Fichas do Sistema de RPG 3D&T

Adaptações Livres por Rodrigo Rosas Campos

Personagens criados por Mary Shelley

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha -Ficha de Personagem
    Nome: Doutor Victor Von Frankenstein
    Pontos: 7
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 1
    Resistência: 1
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 2
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: riqueza (2 pontos); medicina (2 pontos); máquinas (2 pontos); natação, mergulho e corrida (1 ponto)
    Desvantagens: munição limitada (-1 ponto); ponto fraco (-1 ponto); assombrado (-2 pontos) pelo monstro que ele criou.
    Tipos de Dano:
    Força: esmagamento.
    Poder de Fogo: perfuração (armas de fogo).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: castelo e laboratório.
    História: SHELLEY, Mary.  Frankenstein.  Porto Alegue: L&PM, 2009.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha -Ficha de Personagem
    Nome: O Monstro de Frankenstein
    Pontos: 7
    Características:
    Força: 2
    Habilidade: 1
    Resistência: 2
    Armadura: 1
    Poder De Fogo: 0
    Pontos de Vida: 10
    Pontos de Magia: 10
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: idiomas (2 pontos); alpinismo, armadilhas e intimidação (1 ponto); primeiros socorros, furtividade e rastreio (1 ponto); natação, mergulho e corrida (1 ponto).
    Desvantagens: munição limitada (-1 ponto); monstruoso (-1 ponto); má fama (-1 ponto) é chamado de monstro; modelo especial (-1 ponto) bem mais alto que a média.
    Tipos de Dano:
    Força: esmagamento.
    Poder de Fogo: arremesso de objetos.
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: roupa esfarrapada do corpo.
    História: SHELLEY, Mary.  Frankenstein.  Porto Alegue: L&PM, 2009.

sábado, 6 de novembro de 2021

[Resenha] Tetris: Os Jogos Que as Pessoas Jogam de Box Brown

   Aviso, não consigo deixar de ser apaixonado por Tetris e por quadrinhos. Até acrescentei informações que não estão no livro. Ou seja, não consigo ser imparcial com Tetris. Tetris e quadrinhos são as duas maiores paixões da minha vida! Por isso, tentarei escrever essa resenha sem babar, muito. Afinal, sou leitor de quadrinhos e um jogador apaixonado por Tetris.

    É claro que antes de Box Brown publicar este quadrinho, eu já conhecia a história do melhor videogame de todos os tempos, o Tetris, de várias reportagens lidas. Todas elas e este livro (inclusive) trazem informações complementares. Informações que estão em todas ou que estão em algumas ou que estão em só uma, fora o que não lembro se já li antes. Mas vou respirar e tentar falar deste quadrinho só pelo aspecto quadrinho. Se você já conhece a história do Tetris, pule a parte do resumo e vá direto para minha opinião sobre o quadrinho.

    Como o que importa aqui são os detalhes do meio da história e como tudo isso já foi notificada pela imprensa, quem nunca leu nada a respeito de Tetris e não quiser saber nada antes de ler o livro, o livro é bom, pode procurar e ler sem medo. Também acabei colocando coisas na resenha que não estão no livro pelas várias reportagens sobre videogames que li ao longo da vida em revistas de informática e jogos.

    A história começa na antiga URSS, 1984, Moscou, o Centro de Computação na Academia de Ciências. Alexey Pajitnov criou o Tetris tentando adaptar o jogo de encaixe de peças de madeira Pentaminós para computador. Como ele queria dar um movimento de queda para as peças, elas deixaram de ser formadas por cinco quadradinhos e foram reduzidas a quatro quadradinhos cada, assim surgiu o Tetris.

    O quadrinho ainda dá um panorama da história dos jogos pelo mundo e a da dos videogames como um todo antes de focar em Tetris. É impressionante como quase nada chegou ao Brasil e o próprio Atari 2600 aqui foi comercializado sem chegar sequer a 10% de seu potencial. Duvida? Pesquise Atari 2600 no Google.

    Voltando ao Tetris: a trajetória do maior e melhor videogame de todos os tempos é conturbada e confusa. A URSS não tinha a expertise de negociar direitos autorais e um empresário estadunidense saiu sublicenciando Tetris pelo mundo com base num fax com a intenção de fazer um negócio emitida por um órgão do governo soviético, um acordo que foi posto em frente antes de ser de fato fechado. Este mal entendido partiu de uma exposição de eletrônicos na Hungria. Todos os primeiros Tetris de PC, videogames e fliperamas eram ilegais fora da URSS. Quando a Nintendo percebeu o truque do primeiro empresário, caiu matando para negociar com os soviéticos pelos direitos oficiais.

    Quanto ao criador do jogo e seu melhor amigo que o ajudou a polir a versão original (e era considerado cocriador), eles só ganharam dinheiro depois da queda do regime socialista e quando se mudaram para os EUA. O livro também detalha como Tetris se espalhou rapidamente de mão em mão, disquete em disquete, HD em HD na URSS antes de chegar na Hungria e a confusão toda começar. Até a temida KGB entrou nesse jogo para investigar o que estava acontecendo com Tetris no resto do mundo. O humor do quadrinho as vezes soa melancólico, uma vez que Tetris foi o maior caso de roubo de diretos autorais da história e o maior caso de pirataria da história dos videogames.

    Alexey Pajitnov vê jogos como obras de arte e foi justamente o Tetris que elevou o videogame ao status de obra de arte, tornando-se parte permanente do acervo em exposição do Museu de Arte Moderna de Nova York. Tetris, esse jogo tão amado, tão subestimado pelas novas gerações, gerou filhos, jogos derivados, como o Joias, cuja versão mais famosa e infame é o detestável Candy Crush. Tetris, esse jogo que está acima de todas as polêmicas e disputas. Tetris é amor em forma de pixels, é vida, Tetris é Arte! Epa…, voltando: Atari, Nintendo, Spectrum Holobyte, Mirrorsoft (não está errado), foram muitas as empresas e pessoas envolvidas na conturbada história de Tetris que pode ser vista como uma grande comédia de erros em torno de diretos autorais e patentes.

    Agora que já resumi a história, vamos a minha opinião sobre o quadrinho em si: se você joga videogames e quer saber um pouco mais de como funciona os bastidores dessa indústria, Tetris: Os Jogos Que As Pessoas Jogam é fundamental. Se você for nintendista, mais ainda; a história do Tetris passa pela criação do Game & Wacth até sua evolução para Game Boy. Fora que, na guerra fria pelos direitos do Tetris, foi a Nintendo que levou a melhor.

    Os desenhos são cartunescos, lembrando Dilbert e Mundo Avesso. Em alguns momentos soam bem protocolares até, mas Box Brown usa isso a favor da história reproduzindo tecnicamente telas de jogos antigos, com destaque óbvio para as várias telas de Tetris ao longo dos anos e plataformas. É como se o leitor de hoje tivesse a experiência de olhar telas de videogames antigos como antigamente com a emulação das definições das épocas. Uma viagem no tempo imersiva e eficaz.

    Este quadrinho, Tetris: Os Jogos Que as Pessoas Jogam não chega a ser um Maus, mas cumpre seu objetivo com louvor: contar de forma divertida e agradável sem perder a objetividade (que eu perdi várias vezes nessa resenha) a história do maior e melhor videogame de todos os tempos, o Tetris! O que? Você não acha que Tetris é o maior e melhor videogame de todos os tempos? Certo, estamos numa democracia e eu sou um apaixonado completo confesso. Não acredite em mim, se informe. Vença a ignorância, pesquise no Google fora de sua bolha de jogos (seja ela qual for), leia este e outros livros sobre videogames e informática em geral e vá jogar Tetris como se deve, linhas de 10 quadrados aumentado a velocidade a cada 5 linhas eliminadas. O melhor jogador é o que joga por mais tempo, que elimina mais linhas e, por isso, faz mais pontos.

    As únicas cores usadas no livro são o preto e o amarelo, com detalhes azuis na capa, lombada e contracapa. Não possui extras, o formato é de livro, capa cartão com orelhas, 256 páginas. Publicado originalmente em 2016 nos EUA, Tetris foi publicado no Brasil pela editora Mino, ainda está disponível em catálogo, mas não é mais um lançamento. Quanto ao preço, comprei na promoção da Mino no Mino Day, não sei quanto está agora na loja virtual da Mino ou em outras lojas presenciais ou virtuais.


Boas leituras e bons jogos!
Rodrigo Rosas Campos

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

[Resenha] Quando a Música Acabar de Isaque Sagara

+ 18

    Antes do plano Real, havia a hiperinflação, é neste contexto que Isaque Sagara narra a história de uma festa de aniversário na periferia de São Paulo em maio de 1991 em Quando a Música Acabar. O autor não tem idade para ter vivido isso, mas fez uma reconstituição primorosa, resgatando moedas e valores hiperinflacionados de produtos populares como elementos de cenário. Um tempo em que o CD dava seus primeiros passos no Brasil, a Internet não era tudo isso, os orelhões eram mais presentes que os celulares e o LP de vinil ainda era dominante.

    É o aniversário de Bruno. Contrariando um padrasto abusivo, Tiago libera sua casa para a festa e chama amigos e até uma banda. Lisa, namorada de Bruno, descobre que está com AIDS e tem que contar isso ao namorado no dia do aniversário dele. Eles tem o hábito de transar sem preservativos, será que Lisa terá coragem de estragar a festa? Ir além e responder essas perguntas é dar spoilers.

    Isaque Sagara retrata o cotidiano de uma época como poucos. O quadrinho é fantástico, pena que é tão curto. Se você não entender as gírias e expressões da época, não se preocupe, as expressões faciais e corporais dos personagens não deixam dúvidas da mensagem. Sagara é um artista de quadrinhos completo, igualmente excelente no texto e na arte. Depois desse quadrinho o autor também fez o texto e a arte de Tecnodrems.

    A edição tem capa cartão, lombada quadrada, miolo em preto e branco, menor que o formato americano, maior que o formatinho. Quando a Música Acabar é da editora Mino e está disponível em catálogo, mas não é lançamento e essa é a primeira reimpressão. Quanto ao preço, comprei na promoção da Mino no Mino Day, não sei quanto está agora na loja virtual da Mino ou em outras lojas presenciais ou virtuais.

    O livro Quando a Música Acabar é parte do projeto Narrativas Periféricas, financiado por via de financiamento coletivo em uma parceria da editora Mino, do Chiaroscuro Studios e do evento Perifacon, cuja edição de 2020 teve que ser cancelada por conta da epidemia do vírus Corona. Em função dos atrasos na vacinação contra a Covid 19, também não houve eventos presenciais em 2021. Que venha a Perifacon de 2022 e mais Narrativas Periféricas no futuro é o que todos desejamos.

Boas leituras!

Rodrigo Rosas Campos

terça-feira, 26 de outubro de 2021

[Matéria] Azzo Von Klatka, um Vampiro de Domínio Público NPC Para 3D&T

Adaptação livre por Rodrigo Rosas Campos

Desaconselhável para menores de 18 anos.

Introdução

    Azzo Von Klatka é o vampiro do conto The Mysterious Stranger escrito por um alemão Anônimo anos antes do famoso Drácula (e Stoker copiou muita coisa daqui). Já chegou a ser publicado no Brasil sendo uma das publicações mais recentes a do livro Contos de Vampiros 14 Clássicos Escolhidos de 2009. Esta é uma adaptação livre em versão NPC, afinal, não reli o conto, adaptei de memória e quem disse que ele foi destruído completamente? Hahahahaha!

A Ficha de 3D&T


    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha -Ficha de Personagem
    Nome: Azzo Von Klatka
    Pontos: 30
    Características:
    Força: 3
    Habilidade: 3
    Resistência: 3
    Armadura: 1
    Poder De Fogo: 1
    Pontos de Vida: 15
    Pontos de Magia: 15
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: sobrevivência (2 pontos); esportes (2 pontos); forma de névoa (1 ponto); Aceleração (1 ponto); adaptador (1 ponto); paralisia (1 ponto); imortal (1 ponto); invulnerabilidade (3 pontos); telepatia (1 ponto); controle de animais (1 ponto); controle emocional (2 pontos); controle mental (2 pontos); riqueza (2 pontos) ele é dono de seu castelo; manipulação (2 pontos); audição aguçada, faro aguçado e radar (1 ponto).
    Desvantagens: vampiro (-1 ponto); dependência (0 ponto) sangue; maldição (0 ponto); fobia (-1 ponto); vulnerabilidade a químico (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: esmagamento.
    Poder de Fogo: perfuração (flechas).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: castelo e arredores.
    História: The Mysterious Stranger – Anônimo – domínio público (https://souo.fandom.com/wiki/Full_Text:_Mysterious_Stranger). Já foi publicado no Brasil no livro Contos de Vampiros 14 Clássicos Escolhidos de 2009 da editora Pocket Ouro (https://www.skoob.com.br/contos-de-vampiros-27621ed30012.html).

Boas leituras, bons jogos e até breve!

sábado, 23 de outubro de 2021

[Resenha] Tecnodreams de Isaque Sagara

    Sem dar muitos spoilers, Tecnodreams de Isaque Sagara, texto e arte, é uma ficção científica em que a realidade virtual é a estrela. Será? Como toda boa ficção científica, Tecnodreams é sobre a nossa realidade, mas num pano de fundo futurista. Nesse caso, nem tão futurista aqui, uns 10 a 20 anos no futuro mais ou menos. Com influências do cyberpunk, o mundo de Tecnodrems é bem parecido, quase igual, ao nosso. As protagonistas são Cida, a empregada doméstica que mora na periferia, e Viviane, a patroa rica que é tenista, mas que conseguiu sua fortuna por herança.

    Em Tecnodreams, Cida acaba sendo voluntária para os primeiros experimentos em conectar o cérebro de forma direta com a máquina. Nesta história, a empresa quer estudar um novo tipo de entretenimento, um indutor de sonhos. Mas ir além daqui é dar spoilers. O maior objetivo da ficção científica é nos fazer refletir sobre nossa própria realidade e o texto desse quadrinho é certeiro neste aspecto.

    Nos desenhos estão pontuados os detalhes de que a trama se passa não muito longe em nosso futuro. Lembra do “será?” no início destas linhas? Pois é, as relações sociais são as estrelas e o realismo só dá espaço para a fantasia futurista bem aos poucos mesmo. Difícil dizer que é um excelente quadrinho sem dar spoilers para justificar. Digamos que Isaque Sagara está mais perto de Luís Fernando Veríssimo e de Nélson Rodrigues do que de Isaac Asimov. Acho, inclusive, que Isaque Sagara faz um texto passando a mensagem no meio da história de forma irretocável e excelente.

    Outro ponto brilhante são os desenhos e a narrativa gráfica de Sagara. Os desenhos são precisos e a leitura é lisa. E é um desenho que você voltará para apreciar de novo e de novo e de novo. Um desenho bonito e uma narrativa que conduz o seu olhar. Referências a cultura pop estão por toda a parte, mas se você não as reconhecerem, não se preocupe, você entenderá a história e, um dia, elas farão sentido e você relerá esta história com os olhos de quem pescou a referência. É uma história que ganha nuances com o passar dos anos de qualquer leitor(a).

    Lembrando que a história maior não é sobre uma máquina capaz de induzir sonhos, isso é só um dos panos de fundo para uma história que se passa entre uma humilde empregada doméstica e sua patroa tendo todos os arredores dessa relação mostrados em desenhos e diálogos brilhantes.

    A revista foi publicada por financiamento coletivo e estará disponível em gibiterias físicas e na Amazon a R$ 32,00 (mais o eventual frete) assim que os apoiadores da campanha receberem seus exemplares. Capa cartão, formato americano, miolo preto e branco, história completa, alguns extras em textos de convidados, pequena biografia do autor, lombada canoa grampeada. Foi publicada pela editora Ultimato do Bacon e pelo selo Negro Geek.

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos



sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Garimpando Em Gibiterias Especial – Astro City Volumes 6 e 7 – A Era Das Trevas Completa


Desaconselhável para menores de 18 anos.


    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Lá fora, grandes obras permanecem em catálogo permanente tal como livros clássicos. Os editores de quadrinhos nacionais são bem imediatistas e até mesmo obras como Watchmen, Fradim, Maus e Piratas do Tietê ficam difíceis de encontrar de tempos em tempos. A série “Garimpando em Gibiterias” fala de quadrinhos que valem a pena “garimpar” em gibiterias, sebos, estoques antigos de livrarias virtuais, feiras de livros e, se a grana estiver muito curta, em bibliotecas públicas. Sim, existem quadrinhos em bibliotecas públicas, é só procurar.

    As pedras garimpadas de hoje são Astro City – Volumes 6 e 7 – A Era das Trevas de Kurt Busiek (texto); Brent Anderson (arte); Alex Ross (concepção visual dos personagens e capas); e Alex Sinclair (cores); publicadas aqui pela Panini.


Bem-vindo a Astro City!


    Astro City é a cidade que serve de principal cenário (e de título) para a série de minisséries e edições únicas de super-heróis escrita por Kurt Busiek. Normalmente, cada encadernado dessa série traz uma história fechada ou um conjunto de histórias fechadas com o mesmo tema - dentro da temática maior que é um universo de super-heróis.

    Mas, de todas as minisséries e edições únicas que compõe as histórias fechadas da série maior que é Astro City, A Era das Trevas durou bem mais que seis edições americanas originais de 24 páginas. Basicamente, foram 4 partes de 4 capítulos cada, totalizando 16 edições originais fora os extras e complementações da trama que compuseram os dois encadernados. Então veio a Panini e começou a publicar (e a republicar) Astro City no Brasil.

    A editora optou por trazer direto as versões encadernadas para tirar o atraso; republicar o que outras editoras já haviam publicado antes e acelerar o que faltava. Porém, cometeu um erro de cálculo terrível com A Era das Trevas. Como já dito, suas versões originais geraram dois encadernados para uma única história nos EUA.

    Alguém na Panini não reparou isso e, em 2016, publicou o volume 6 e esqueceu que, justamente essa trama em especial só terminava no seguinte, o 7. Só em 2018, a conclusão saiu. Hoje, 2021, com os Correios atrasando as minhas encomendas, resolvi reler A Era das Trevas, até porquê, já passou a raiva pela Panini por ela ter levado mais de um ano para terminar de publicar a história; então pude reler a história com calma; experiência essa que a Panini me negou no passado, ou alguém fica calmo esperando por mais de um ano o fim de uma única história?

    Voltando: aqui, falarei de Astro City: A Era das Trevas como um todo. Ela foi publicada originalmente nos EUA entre 2005 e 2010, mas se passa entre as décadas de 1970 e 1980, sendo que o início da trama é, especificamente, em 1972 com direito a flashbacks anteriores aos anos 1970.

    Quem acompanha Astro de muito tempo, sabe que algo terrível aconteceu ao Agente de Prata e que a população da cidade sente-se envergonhada pelo seu destino. A Era das Trevas é a trama que conta o que aconteceu da perspectiva de dois irmãos, um policial - Charles Williams - e um criminoso - Royal Williams.

    Os irmãos eram crianças e estavam juntos quando as ações da Piramide incendiaram o apartamento da família. O Agente de Prata estava por perto, mas não viu os garotos que escaparam do fogo sozinhos, enquanto os pais morriam queimados. Por terem se desiludido com os vigilantes e os super-heróis, um se torna policial, por achar que a lei deve ser feita e executada por humanos normais; o outro, motivado por niilismo, entra numa carreira criminosa. A Era das Trevas é narrada da perspectiva desses dois irmãos, pessoas comuns, sem poderes. Um do lado da lei e outro fora da lei.

    Tudo o que é preciso saber dessa história está nos volumes 6 e 7 de Astro City, mas vamos a uma contextualização mais abrangente, para este post não parecer tão largado em relação a série maior. Nos encadernados 1 ao 5 de Astro City, o destino do Agente de Prata é tido como de conhecimento de todos os habitantes da cidade e é um motivo de vergonha para os astrocitadinos. Em meio ao dia a dia de um policial e de um criminoso, é exatamente a história do Agente de Prata, permeada por outros personagens e suas histórias, que será contada.

    O agradecimento que Alex Ross faz a Bob Scheck, na época, editor da editora independente Dark Horse, é revelador. A Era das Trevas foi concebida para ser a PRIMEIRA história e foi apresentada a Bob Scheck que a recusou. Busiek e Ross queriam iniciar a série pela desconstrução dos super-heróis e mostrar a reconstrução aos poucos, mas todos os cenários e personagens eram inéditos.

    Scheck lembrou aos dois que nenhum leitor compraria uma trama similar a Watchmen com personagens totalmente inéditos em plenos anos 1990, mesmo depois do sucesso da dupla em Marvels e aproveitando parte da premissa desta, a perspectiva de seres humanos sem poderes, uma vez que os novos heróis mais sombrios, realistas e violentos já estavam bem banalizados nos anos 1990.

    Assim, Busiek, Ross e Anderson se concentraram no presente de Astro City, quando a imagem dos heróis já havia sido reconstruída. Ao longo das histórias iniciais, pistas foram sendo dadas para que o leitor soubesse que algo muito grave aconteceu ao Agente de Prata e que isso começou um pouco antes da morte do herói e repercutiu por muito tempo depois.

    Por mais que a viagem no tempo e outros elementos típicos de tramas de super-heróis estejam presentes na Era das Trevas, o leitor casual não se perde, justamente por acompanhar tudo isso da perspectiva de dois personagens sem poderes que não viajaram no tempo.

    Note que a série Astro City estreia na década de 1990 e, só em 2005, Busiek começa a contar para os leitores a história que é um marco para o cenário desde o início da série. Todas as pessoas comuns de Astro sabem o que aconteceu ao Agente de Prata, mas os leitores não sabiam. Vamos lembrar que as primeiras edições de Astro City foram publicadas nos EUA sob o selo Image antes de Reino do Amanhã da (na época) distinta concorrente e que Jim Lee, o editor, fazia parte da Image.

    O que aconteceu depois, a separação da Wild Storn da Image, a venda do estúdio de Jim Lee para a DC, Astro City sob o selo Ws e depois Vertigo, não vem ao caso agora. Mas Astro City foi um sucesso já no selo Image conquistando crítica, prêmios e público nos EUA. Sucesso que, infelizmente, não se repetiu no Brasil.

    Mas calma, você não precisa ler os cinco primeiros volumes. Se decidir, poderá fazê-lo até fora de ordem. Pode até ler os volumes seguintes sem problemas (neste caso, spoilers eventuais por sua conta e risco). Mas os volumes 6 e 7 DEVEM ser lidos nessa ordem. São os únicos volumes de encadernados de Astro que verdadeiramente dependem um do outro. O final do 6 está no 7 e o início do 7 é o 6. Aqui, não há negociação possível.

    Voltando: Charles, o policial, se vê no meio de uma corporação corrupta e é ameaçado de morte caso não aceite se corromper. Por outro lado, Royal é um batedor de carteiras pé de chinelo que, eventualmente, faz bicos para grandes chefões traficantes e está diante da possibilidade de uma promoção. Todavia, para que esta promoção aconteça, Royal terá que aceitar o que ele abomina, usar armas de fogo e matar.

    E para você, marvete, que acha que a Marvel é a casa das ideias, note a Estelaria combatendo uma invasão alienígena grávida muitos anos antes da Mulher-Aranha! E você DCnauta, continue quieto, pois Astro não pertence nem a DC, nem a Vertigo, pertence aos seus criadores! Sim, Astro City é 100% autoral!

    Mas a gravidez de Estelária não é a única surpresa de Astro para com seus leitores: como já disse, a história do Agente de Prata contada pelos dois irmãos é permeada por outros heróis, afinal, Astro City está em um universo de super-heróis maior. Kurt Busiek consegue surpreender com o uso de velhos arquétipos e clichês virando-os do avesso. Fica claro que Ross ouviu as ideias de Busiek até em relação a alguns visuais de personagens. Afinal, até os buchas de canhão precisam de visuais legais!

    Aqueles que julgam obras pela capa se surpreendem com a parte da história que apresenta o personagem Hellhound (Cão do Inferno na tradução da Panini). Os leitores que respeitam Busiek ficam curiosos para saber o que o autor fará com aquele arquétipo aparentemente manjado.

    As cores digitais são algo que me incomodam e isso está presente em A Era das Trevas. Os relâmpagos em torno da Veludo Negro são mais reluzentes e ofuscantes do que uma fotografia genuína de uma tempestade elétrica seria, por exemplo. A cor digital em quadrinhos quase sempre soa muito falsa. São pouquíssimos os coloristas que sabem como o efeito produzido numa tela de PC, num emissor de luz, ficará quando impresso num papel, um refletor de luz. E olha que Sinclair nem é dos piores.

    Bom, ir além daqui é dar spoilers. Você encontra os volumes 6 e 7 de Astro City fácil, fácil, em qualquer livraria ou gibiteria com site na Internet. Pode ser até que sua gibiteria favorita, mais perto de sua casa ou trabalho, tenha ambos. Compre os dois juntos se puder. Faça pesquisa de preços, vale a pena pesquisar preço mais barato? Sempre!

    Os dois volumes de Astro City: Era das Trevas são diversões garantidas para leitores de quadrinhos casuais, novos ou antigos de super-heróis. Bom, agora é torcer para que Astro City como um todo seja completada no Brasil, que ela não amargue as estatísticas de séries incompletas em nosso país. A Panini prometeu ir até o volume 12 e cumpriu, mas nos EUA, Astro City foi além.

    Quer conhecer mais deste garimpo de gibis? Na área de pesquisa deste blog, digite “Garimpando em Gibiterias” e clique no botão “Pesquisar”. Faça a mesma coisa no site Literakaos.

Você está deixando Astro City, dirija com cuidado! Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos


Para Saber Mais: Astro City no Brasil


    Astro City nunca foi vendida no Brasil da forma correta. Todos os editores enfatizaram suas promoções nas capas de Alex Ross, mas Alex Ross só é responsável pelas capas e pela concepção visual dos personagens que aparecem nas capas; é a maioria, mas não são todos. Isso criou uma expectativa nos leitores brasileiros de que achariam as páginas pintadas de Ross no interior das edições, e isso não aconteceu.


    Assim, os leitores ignoraram Astro, apesar de Brant Anderson seguir os parâmetros estabelecidos por Ross e usar os mesmos modelos vivos deste, sim Alex Ross usa modelos vivos. Antes de Astro City, Brant Anderson foi o responsável pela mais importante graphic novel dos X-Men, Deus Cria, o Homem Mata, escrita por Chris Claremont; publicada no Brasil tanto pela Abril quanto pela Panini. Anderson conhece e sabe usar anatomia, perspectiva, proporção e escala. Seu traço é impecável! Nos EUA, ele figura como um dos grandes, tão reconhecido quanto George Perez, Mike Grell, Frank Miller, Brian Bolland entre outros.


    Astro City é o universo de super-heróis criado por Kurt Busiek: ele criou um novo universo para mostrar a evolução dos super-heróis, tudo o que eles podem ser e todos os públicos DIFERENTES que eles podem atingir. É uma série que NÃO merece ficar conhecida por ser a série em que Alex Ross só faz as capas. Respeitem os textos de Busiek e os desenhos de Anderson. Sem eles, todos os super-heróis correriam o risco de terem acabado nos famigerados anos 1990, lembrando que originalmente, Astro City começou a ser publicada ANTES do Reino do Amanhã.


    Agora sim, você está deixando Astro City, dirija com cuidado!

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

[Resenha] Os Mitos de Lovecraft da Editora Skript Reúne Histórias Curtas Nacionais e Estrangeiras Baseadas na Obra de H. P. Lovecraft

 +18

    Os Mitos de Lovecraft da Editora Skript de 2020 não é mais um lançamento, mas é fácil de encontrar na Amazon e em várias lojas reais ou virtuais. Só consegui ler esse livro recentemente e este post demorou um pouco, pois não acho justo falar só sobre as histórias que mais gostei. Falarei um pouco de cada história, ainda que só o nome da história, autor e desenhista para não dar spoilers se ela for curta demais.

    O livro tem formato americano, capa dura, conta com autores e desenhistas nacionais e estrangeiros em uma só coletânea. Foi editado por Douglas P. Freitas e possui prefácio de Alexandre Callari (Pipoca & Nanquim), posfácio do editor, capa de Amaury Filho, agradecimento aos apoiadores do financiamento coletivo (terminado em 25/07/2020) e pequenas biografias dos autores, desenhistas e arte-finalistas.

    Como já visto no título da resenha, trata-se de uma antologia de histórias baseadas na obra de H. P. Lovecraft no universo criado por ele para o horror cósmico de Cthulhu e os outros monstros alienígenas/deuses ancestrais de sua família. Preciso ler algo anterior para entender as histórias desse livro? A resposta é depende.

    Para 5 das 15 histórias, sim, você precisará ser um iniciado nas obras de H. P. Lovecraft para embarcar nas propostas dos autores. Para 10 destas 15, não; vocês podem ler sem medo. Sem mais delongas, vamos as histórias na ordem em que aparecem no livro.

    Aeons por Salvador Sanz, o desenho é primoroso, o texto é bom, mas parece mais um prólogo do que uma trama curta completa. Falta uma história depois dessa introdução. Logo a primeira história é uma daquelas em que o leitor já precisa estar por dentro dos mitos, não é para novatos.

    Piloto por Julius Kcvalheiyro: no meio da guerra, um piloto é encontrado com um estranho ferimento. Conseguirá o grupo de soldados salvar o piloto da morte? É uma boa história. Curta, básica, despretensiosa, bem-feita e que não requer nenhuma leitura prévia.

    The Other Things por Danilo Beyruth. Ele fez texto e arte do que seria uma adaptação bem livre do conto Nas Montanhas da Loucura de H.P. Lovecraft. Mas apesar da reflexão da história ser passada, parece que falta algo, como se ele tivesse deixado um prólogo de uma história e não temos o resto, no caso, não temos o resto da adaptação específica dele. Enfim, quem leu o conto original encarará como um complemento. Quem não leu o conto original entenderá, mas verá uma história incompleta. Afinal, “o que aconteceu depois?” será a pergunta, pois a grande reflexão da história é entregue de bandeja antes do fim, ou melhor, da interrupção abrupta da narrativa. Essa é uma daquelas propostas para iniciados. “Você não gostou?” - Até gostei, mas eu já li Nas Montanhas da Loucura.

    O Abismo por Diego Moreau (texto) e Verônica Berta (desenhos). 1986, auge da guerra fria, um submarino russo leva um cientista civil alemão ao fundo das fossas Marianas. Estranhas vozes começam a aparecer nas cabeças da tripulação e o capitão começa a questionar quem será que realmente os enviou até lá. Mais uma vez estamos diante de uma trama cujo final parece um início de uma história maior que não será contada. Outra das histórias para já iniciados, minimamente, o leitor deve entender os elementos visuais da trama para entender o contexto maior.

    Lovecraft 2088 por Fred Rubim. Aqui, somos transportados para um futuro cyberpunk. Nesse contexto pode uma realidade virtual baseada numa ficção levar seus usuários a loucura real? É isso que dois espiões hackers estão prestes a descobrir. Mais um ponto para o básico bem executado. Essa é um ponto de partida para quem não conhece nada de H. P. Lovecraft ou de cyberpunk.

    Sob as Trevas por Douglas Freitas (texto) e Chairim Arrais (desenhos). Na era hiboriana, um cimério e uma ruiva estão entre soldados querendo recuperar uma pedra preciosa roubada por eles e um segredo monstruoso adormecido numa caverna. O segredo parece ser desconhecido de todos, pois nenhum deles estava preparado. Será que eles sobreviverão? Arte muito bem-feita! E o que os brasileiros fazem pela era hiboriana que os gringos não fazem? A deixam bem mais quente! Essa é para maiores! O melhor de tudo é que você, leitor ou leitora, não precisa conhecer nem os mitos de Cthulhu, nem a era hiboriana para entender. Essa história ressalta as interligações das obras de H. P. Lovecraft com as obras de Robert E. Howard e os pontos onde seus mundos fictícios convergiram. Mas quem fez o quê? Amei essa história, mas o título e os créditos deveriam estar na primeira página inteira do quadrinho. Seguindo as convenções com base no sumário e que foram confirmadas no posfacio, o primeiro nome é de quem escreve, o segundo é de quem desenha.

    Acórdão da Corte de Azathoth por Caio Henrique Amaro (texto), Rob Saint (desenhos) e Daielyn Cris Bertelli (arte-final). Essa é uma excelente paródia no melhor estilo Mad in Brazil! O que levaria seres alienígenas superiores ancestrais julgarem a humanidade indigna de continuar existindo? Que grande atrocidade foi cometida por um representante da espécie humana e quem foi essa pessoa? As respostas serão hilárias, bem como o desenrolar do julgamento! Segunda melhor do livro! Não requer nenhum conhecimento prévio.

    Um Passo Além do Umbral do Passado por Cayman Moreira. Tentar resumir essa história é dar spoilers. Os desenhos são incrivelmente bonitos, o texto é muito bom, cumpre o papel da antologia, gostei muito mesmo, mas faltou ir além da inspiração de H. P. Lovecraft. Faltou um toque mais pessoal do autor no texto. Ela tem um final aberto, pois dá elementos para o leitor imaginar possibilidades do que vem depois. Essa não requer nenhuma leitura prévia.

    Lave Bem Sues Pulmões por Fábio Ochoa (textos) e Camila Raposa (desenhos). Excelente, não requer leituras prévias. Confie em mim, é curta demais para eu comentar sem spoilers. Tem um tom inicialmente satírico, mas aborda a atual cultura do ódio e do cancelamento. Me lembrou o Pasquim.

    O Portal por Ally Ribeiro, depois da morte dos pais, uma menina vai morar com o tio, mas as relações dela com o tio não eram muito amigáveis e ela sai da casa de seu tutor. Anos depois, o tio morre em circunstâncias misteriosas e ela herda toda sua fortuna e a casa. O único quarto trancado e sem chave é o ateliê, onde ela nunca pôde entrar enquanto morava lá. Essa não requer leitura prévia. É boa.

    Crossroads por Terrance Grace (texto) e Sílvio DB (desenhos). Esta parte da premissa que Lovecraft intuía uma verdade na qual não acreditava e o trata como personagem fictício. Aqui, o(a) leitor(a) precisa ser iniciado dentro dos continuadores de Lovecraft para entender. É boa? Só se você já estiver no clima e muito mais pelos desenhos. O texto é clichê, bem ruim mesmo. Sem querer comparar e já comparando, Alan Moore fez melhor.

    Poppa Mamba por Yuri Perkowski Domingos; nas selvas do Vietnã, durante a guerra, um filho de político em uma busca exotérica vai para a selva do sudeste asiático e dá trabalho para um grupo de soldados veteranos, que lutam na guerra e deveriam estar de folga, mas tem que ir resgatá-lo. O que mais pode dar errado? Um dos melhores textos do livro com um desenho que parece propositalmente desleixado para enfatizar os absurdos das situações. Os personagens são desenhados de forma caricata e parece haver uma influência do saudoso Ota no texto de Domingos. Não precisa de leitura prévia para se entender.

    Éons por Alice Monstrinho requer que você já saiba o que é o Necronomicon e que ele já teve uma capa parecida com a desse livro em um filme antigo, embora nas histórias originais, ele se parece com um livro comum, vulgar e inofensivo. Esta é uma para iniciados entre iniciados. Na verdade, perece o meio de uma história maior.

    A Chegada do Vazio por Alexandre Callari (texto) e Leonardo da Silva Felipe (desenhos) uma menina sobrevivente num apocalipse zumbi tenta salvar um menino. Logo descobrirá que os vivos também podem ameaçar os vivos. O que a tona uma sobrevivente? Descubra lendo este conto que não precisa de leituras prévias.

    Cthulhu!? por Orlandeli é a história de alguém tão invisível que nem com um polvo na cabeça é visto. Não precisa de pré-requisitos, poética, triste, só não será entendida pelos que não são  capazes de nenhuma empatia. Até é a melhor do livro, mas apresenta uma abordagem tão nova que comparar com as demais é injusto.

    Sobre o livro como um todo: Vale a capa dura e o acabamento de luxo? Pelos desenhos até que sim. Mas é o tipo de edição que só vai agradar em cheio quem já gosta de H. P. Lovecraft, de quadrinho independente, de quadrinho nacional, de quadrinho estrangeiro e de terror nos quadrinhos. É um livro nichado demais. Mesmo com 10 histórias brilhantes e que não precisam de contextualização prévia, 5 de suas histórias não ajudam. Lovecraft tinha vários defeitos, mas ele sabia escrever histórias fechadas em si mesmas e ainda assim conectadas entre elas. Caso tenha se interessado, espere baratear.

    Perguntas que não querem calar: Gostei do livro? Das 15 histórias em quadrinhos, gostei de 10, logo, achei bom. Qual história mais gostei? Seria injusto falar de uma só pois Cthulhu!? por Orlandeli está muito fora da curva em todos os quesitos! É impecável e perfeita. Logo depois dela, destaco Acórdão da Corte de Azathoth por Caio Henrique Amaro, Rob Saint e Daielyn Cris Bertelli, uma excelente paródia no melhor estilo Mad in Brazil!

    Qual história menos gostei? Aqui também seria injusto falar de uma só, uma vez que as cinco que não gostei muito foram pelo mesmo motivo: usam o universo compartilhado de Lovecraft como muleta para não terem uma coerência interna própria. Se você não entender é porque não é um iniciado em Lovecraft e em seus continuadores antes das respectivas leituras. São elas: Aeons, The Other Things, O Abismo, Crossroads e Éons.

    Dessas, Crossroads foi a pior. Mesmo com um desenho fantástico, surreal e psicodélico, ela traz um texto horroroso que não passa de uma colagem de clichês Lovecraftianos que não agradará nada nem a novos nem a antigos leitores do autor. Em todas essas histórias me senti pegando uma edição de revista de meio de saga de super-heróis do eixo Marvel/DC. Só entendi estas cinco por estar familiarizado com o contexto maior. Lovecraft tinha vários defeitos, pessoais até, mas ele sabia escrever histórias fechadas em si mesmas e ainda assim conectadas entre elas. Você não precisa ter lido nada de Lovecraft anteriormente para iniciar a leitura de qualquer uma de suas histórias.

    É um livro que poderia ser melhor, mas em média os desenhos estão muito superiores ao texto e isso deixa as histórias desbalanceadas. Ainda assim o saldo final foi positivo, são 10 histórias que valem a pena num total de 15!

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

[Matéria] Astro City no Brasil Será Mais Uma Série Incompleta?

Rodrigo Rosas Campos

    Astro City é a série autoral de super-heróis com textos de Kurt Busiek, concepção visual e arte das capas de Alex Ross e a arte interna de Brent Anderson. Em Astro City há heróis representantes de todas as tendências e de todas as eras dos quadrinhos. Aqui no Brasil, a série passou por quatro editoras e os editores daqui nunca acertaram a mão com ela.

    Mas vamos ao contexto: aqui, a editora Abril publicou Marvels. Com o sucesso de Marvels, muito mais pela arte de Alex Ross, o Reino do Amanhã da DC foi publicado pela mesma editora pouco depois. E isso foi antes de Astro City ser publicada no Brasil. Entretanto, originalmente, Astro City saiu nos EUA entre Marvels e O Reino do Amanhã. Isso fez toda a diferença na recepção da série por aqui.

    O pouco sucesso de Astro City no Brasil se deveu ao nome de Alex Ross, mas, nessa série, ele só fez as capas e as concepções visuais dos personagens que apareceriam nas capas. Assim, muitos leitores brasileiros se ressentiram ao não ver suas pinturas em aquarelas foto realistas no interior das revistas. Nenhuma das editoras nacionais que trouxeram Astro City ao Brasil teve o cuidado de divulgar a proposta original da série, em que as ideias são predominantemente do escritor Kurt Busiek. A sensação de traição que o leitor brasileiro sentiu ao não ver a arte de Ross no interior das edições foi quase inevitável. Nos EUA, todos sabiam que Ross faria a concepção visual dos personagens e as capas, somente. Mais precisamente, Ross faria a concepção visual dos personagens que apareceriam nas capas. Mas vamos por partes.


    A primeira editora brasileira a trazer esse material foi a Pandora Books de 2002 até 2005. A segunda foi a Devir em 2006, que publicou dois encadernados. A terceira foi a Pixel Media, de 2007 até 2009, republicando muita coisa em mais de um especial e terminando por colocar Astro City num mix mensal sob o título Fábulas, que só durou quatro edições. Depois disso, Astro City ficou sem publicação no Brasil entre 2010 e 2014.

    A quarta editora foi a Panini, que assumiu a série de 2015 até 2019. Além de já ter republicado todo o material anteriormente publicado pelas demais. Ela foi a editora no Brasil que mais publicou Astro City com 12 volumes da série de encadernados, interrompendo a saga maior do Homem Quebrado, que fica incompleta, apesar de não afetar a sensação de conclusão dos volumes publicados. Busiek sabe escrever sem que o leitor se sinta no dever de assinar contratos vitalícios, isso é raro.

    Lá fora, a série primeiro foi publicada pela Image que se fragmentou, ficando com a Ws. Esta foi comprada pela DC, mas manteve o selo. A compra da Ws pela DC foi a verdadeira troca de editora, pois, quando os personagens de Jim Lee foram para o universo DC e o selo Ws acabou, Astro City foi transferida para o selo Vertigo, que era um selo que pertencia a DC. Lembrando que a DC/Vertigo não é proprietária nem de Astro City, nem de Vampiro Americano, nem de Y, o Último Homem, nem de Fábulas etc. Entretanto, a Vertigo (o selo Vertigo), hoje, acabou.

    O selo que substitui a Vertigo só publica (ou republica) a parte da Vertigo que é propriedade intelectual da DC, o que não é o caso de Astro City, que é de seus 3 autores. E como está Astro City lá fora hoje? Não sei. O que sei é que, originalmente, Astro City tem 17 volumes encadernados, aqui só vieram 12, e ainda foi prometida uma série de graphics novels que, até onde sei, não saíram nem lá fora.

    Voltando para o Brasil: a Pandora Books publicou a primeira série em formato de minissérie em três partes, com duas edições originais em cada edição nacional. Esse material foi republicado no volume 1 encadernado da Panini.

    A Devir lançou os dois encadernados mais adultos da série até então: Inquisição e o Anjo Caído. Estes foram republicados pela Panini com os títulos mudados para Confissão e o Anjo Maculado, respectivamente.

    A Pixel fez edições especiais enfocando personagens antes de pôr a série num mix de Fábulas que só durou quatro edições e apresentou uma história do Caixa de Surpresas. Esse foi o ponto louvável da Pixel: separar as edições por personagens. Assim a história de Astra pôde ser contada sem a advertência “desaconselhável para menores de 18 anos” que acompanha os encadernados da Panini.


    Acontece que Astro City têm personagens para todas as idades e gostos, mas na hora de encadernar, uma ou outra história mais pesada aumenta a classificação etária da edição inteira. Entretanto a Pixel, antigo selo do grupo Ediouro, resolveu não investir na série a longo prazo, abrindo mão de tudo o que era da DC que estava publicando até aquele momento. As revistas da editora traziam material dos selos Vertigo e Wild Storm, lembrando que, na época, Astro City era do selo Ws e Fábulas era do selo Vertigo. As edições da Pixel são memoráveis, mesmo não tendo publicado muito material, eles lançaram o guia turístico de Astro City para apresentar uma gama maior de personagens, bem mais do que a Pandora e a Devir juntas na época.

    A Panini, em sua série de encadernados, republicou tudo o que as editoras anteriores publicaram e foram além. Na época, ela alternava os encadernados entre o material mais antigo e da fase até então mais atual nos EUA, que, até então, era inédita no Brasil. Ao todo a Panini publicou 12 volumes de Astro City. Mesmo não completando a série, é a editora que mais publicou Astro City no Brasil.

    E agora? Agora, não sei. Há o risco real de Astro City prosseguir como uma das muitas séries de quadrinhos inacabadas no Brasil. Ou pior, ser completada em edições de luxo que estrangulem o potencial de formação de publico leitor que a série verdadeiramente tem. Uma vez que tudo no Brasil encareceu e se os quadrinhos simples estão mais caros, os de luxo estão mais caros ainda.

    Como Astro City é uma série de super-heróis autoral, com um só escritor enfocando a história da cidade e só mostrando o que é realmente relevante, ela é uma série de super-heróis sem pré-requisitos, cada encadernado é uma porta de entrada para qualquer leitor que nunca leu nada de super-heróis na vida. Ou seja, é uma série formadora de público. Com efeito, somente as edições 6 e 7 devem ser lidas nessa ordem. Com efeito, Heróis Locais (O volume 5) e a Era das Trevas I e II (os volumes 6 e 7 respectivamente) são ótimas portas de entrada tanto para os super-heróis em geral, quanto para o universo de Astro City especificamente.

    Quase todos os volumes da série (1, 2, 3, 4, 5, 8, 9, 10,11 e 12) trazem histórias completas e fechadas e podem, inclusive, serem lidos fora de ordem. É claro que há riscos de spoilers se você ler fora de ordem, mas o ponto fundamental é que o passado não é pré-requisito para entender as histórias presentes, poucos autores de quadrinhos conseguem fazer isso com super-heróis e ainda manterem uma cronologia; Busiek consegue utilizando o conceito de legado, personagens protagonistas se revezam com o tempo, alguns mantendo as identidades de seus antecessores, outros com identidades próprias, mas os arquétipos passam de geração em geração em legados.

    Restam aos leitores e leitoras que quiserem conhecer este universo o garimpo de gibis em sebos e gibiterias reais ou virtuais. Comprando edições nacionais ou importadas. As principais fontes de informação desse post, além dos encadernados lançados no Brasil são: o verbete em inglês de Astro City na Wikipédia e o site Herocopia, sancionado pelos autores de Astro City. Para um pouco mais sobre Astro City, clique aqui.

Boas leituras e até breve!



[Resenha] Diário Macabro RPG Versão Beta

    Sim, isso é uma resenha de um RPG em fase beta. Descobri esse sistema ao consultar o site da editora do quadrinho Ink Madness . Diário ...