sábado, 16 de dezembro de 2023

[Resenha] Assombrações do Pernambuco Velho Volume 2 de Roberta Cirne – Um Livro de Contos do Projeto Sombras do Recife

 


   Expandindo seu projeto transmídia (com quadrinhos e livros) Sombras do Recife para todo o Pernambuco, a autora Roberta Cirne lança o volume 2 de Assombrações do Pernambuco Velho. Neste livro, além das lendas e histórias pesquisadas pela autora, Roberta Cirne também transforma em conto os relatos sobrenaturais dos(as) leitores(as) do site Sombras do Recife.

    São histórias curtas e fechadas com as lendas mais tradicionais da cidade de Recife e do Estado de Pernambuco acompanhadas de novos relatos. Paixões, tragédias, violência e aparições formam um mosaico da cultura, lendas e mitos de Pernambuco. Destaques para o inusitado caso d´O Incrível Lobisomem Do Bairro Do Cordeiro, dois outros lobisomens, A Verdadeira Lenda Da Alamoa, um poema para a Perna Cabeluda, A Enforcada Da Mata Do Charreta e muito mais.
 
    O texto é bem fluído, em contos em que folclore, história, terror e horror se misturam. Bem verdade que nem todas as assombrações são agressivas ou violentas, algumas crianças fantasmas só querem brincar, outras, achei que foram mal compreendidas, mas comentar sobre isso seria dar spoilers.

    Enriquecendo ainda mais a obra, a autora também é uma brilhante desenhista e cada uma das histórias ganhou uma ou duas ilustrações maravilhosas. Além de ser um livro de contos, Assombrações do Pernambuco Velho Volume 2 também é um livro de arte da melhor qualidade, assim como o primeiro. O texto de Roberta Cirne é excelente, você se sentirá como se ela estivesse falando com você.

    O preço do livro é de R$ 45,00 (mais eventual frete). Se demorar um pouco é porque os apoiadores do financiamento coletivo ainda estão recebendo. O livro se encontra em venda direta com a autora em suas redes sociais no Face, Insta e Twitter. Mais detalhes no site Sombras do Recife.

Boas leituras e bons sonhos! Hahahaha!

Rodrigo Rosas Campos



quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

[Resenha] Tê Rex: Livrofagia – Finalmente, o Terceiro Volume Impresso das Melhores Tiras da Internet

Fortemente aconselhável para todas as idades!

    Nada é mais avançado que um básico bem executado! Em Tê Rex: Livrofagia, com roteiros de Marcel Ibaldo e arte de Marcelli Ibaldo temos tiras muito, mas muito bem executadas mesmo! Bem executadas, divertidas, inteligentes e para todas as idades! Isso forma público novo.

    As tiras já foram publicadas no blog da Tê Rex, que está com tiras mais novas neste momento, mas finalmente, a terceira temporada está impressa num livro lançado por financiamento coletivo que ganhou edição pela Avec Editora. Preço: R$ 44,90 (mais o eventual frete, se comprado online, pode ser que esteja em promoção).

    As tiras contam as aventuras de Teresa Rex, ou Tê Rex para os amigos, ou Tê para os muito amigos, uma tiranossaura rex nerd que vive em meio ao mundo nerd da pré-história. Esta valente dinossaura adolescente encara todos os perigos da pré-história nerd sem medo, mas novos desafios surgem, alguns bem piores que os terríveis spoilers.

    Este livro mostra a nascimento do irmão caçula da Tê, Téo, um devorador de livros, no sentido literal, para desespero da Tê. Ela se vê as voltas com a missão de proteger sua preciosa coleção de livros e quadrinhos deste terrível e fofinho devorador de livros. Outro novo personagem é Bito, o animal de estimação da Tê, que não serve para proteger a coleção, mas é fofo e carinhoso com a Tê e com o Téo.

    As tiras do livro também mostram outras fases da série: o incrível super poder do Téo; as eleições pré-históricas marcadas por fake-news e discursos de ódio; como foi a pandemia e a vacinação da pré-história; o eterno atraso diante da pilha de leituras não lidas e as promoções de livros imperdíveis, uma reflexão sobre os novos hábitos de leitura influenciados pela exposição nas redes sociais. Essas tiras realmente nos levam a pensar: afinal deveríamos ler para nós mesmos e não como uma obrigação de cumprir metas para grupos de leituras; ler o que temos antes de comprar novos livros é um modo de lermos melhor sem cairmos na armadilha de um consumismo vazio. Enfim, cada leitor tirará suas próprias conclusões ao se identificar com a Tê.

    Bom, para os que quiserem experimentar as tiras antes de adquirir o livro, o blog da Tê Rex está logo ali a um Google de distância. Adquiri o meu exemplar por financiamento coletivo, mas os livros impressos já estão na Amazon e no site da Avec Editora para a compra. São muito bons! Este é o terceiro volume, lembra? Se demorar um pouco é pelo fato dos apoiadores estarem recebendo primeiro.

    Marcel Ibaldo já publicou, entre outros títulos, The Hype em parceria com Max Andrade e que rendeu um troféu HQ Mix. Marcelli é a desenhista, também tem trabalhos anteriores ao primeiro livro da Tê, como Closed Window. Espero que a Tê Rex seja a primeira de muitas séries e projetos de quadrinhos da Marcelli! A própria Tê Rex já foi premiada com o troféu Gibifest!

    Os extras são: um prefácio da Lu Cafaggi; a Tê Rex pelo traço de vários artistas consagrados dos quadrinhos nacionais, a minha preferida dessa vez foi a do Orlandelli. O livro tem lombada quadrada, 120 páginas, em cores e, principalmente, muitas risadas! “Rodrigo, essa resenha está muito parecida com a do segundo livro!” - Mas o que de diferente posso falar se a dupla de autores só melhora? Já falei das histórias mais específicas desta edição, então só me resta chover no molhado: a dupla de autores só melhora ao longo do tempo e das novas histórias! Quase esqueço, Tê Rex já tem uma música tema, mas ainda faltam as músicas dos outros personagens para ter uma trilha sonora completa.


Boas leituras!

Rodrigo Rosas Campos

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Rabiscos: Desejos de Ano Novo - a número 135

 Se preciso for, clique na imagem para ampliar!



Observação:

Não tenho o compromisso de publicar minhas tiras na ordem de produção. Publico na ordem que eu quero.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Rabiscos: A Melhor Opção

 Se precisar, clique na imagem para ampliar!


Sim, para os que no futuro repararem, estou publicando neste blog numa ordem diferente da ordem de produção!

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

[Resenha] Morte de Guilherme Bon e Carlos Ruas

   Um grupo de velhinhos prepara uma armadinha para a Morte. Quando ela vai pagar um deles, os demais acendem as luzes, enchem a Morte de tabefes e, quando ela está desacordada, põem-na numa combi e a enterram numa vala perto de uma colina perto de um cemitério. Parece que eles mataram a Morte. Depois disso, todos param de morrer no mundo inteiro.

    Esse é o início de Morte, uma história em quadrinhos de Guilherme Bon (texto e desenhos) e Carlos Ruas (texto), com cores de Natália Marques, Manda e Frank Martin e letras de Lilian Mitsunaga publicado pela editora Conrad.

    A história surpreende a medida que o tempo passa e ninguém mais morre. Os heróis que deram cabo da morte veem seus filhos e netos tendo filhos e netos e gerações nascem e crescem sem saber o que é morrer. Fora isso, a vida segue normalmente e situações estranhas e hilárias são desencadeadas pela ausência da Morte e pelo fim do perigo de vida. A imortalidade vira uma bela piada, para alguns de gosto duvidoso. Até o dia em que um dos nossos heróis se arrepende da imortalidade e do tédio que ela trouxe, vai até a vala desenterrar a Morte e, para surpresa dele, a Morte não está mais lá.

    Neste ponto, as pessoas voltam a morrer. Um adulto que nascera depois do desaparecimento da Morte se desespera diante da lista de coisas que podem matá-lo e é aqui que paramos para não entrarmos na zona de spoilers. Morte é um quadrinho muito bom, muito divertido e que nos faz refletir com humor sobre nossa mortalidade e o nosso medo da morte, da nossa própria morte e das mortes das pessoas ao nosso redor.

    O preço da edição é de R$ 74,90 (mais eventual frete), em cores, lombada quadrada, formato magazine, capa cartão, 144 páginas. Na loja do Carlos Ruas ou em livrarias e gibiterias presenciais e virtuais.

Boas leituras e bons sonhos! Hahahaha!

Rodrigo Rosas Campos

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Dicas de 3D&T: Pontos de Destino de Mega City para 3D&T


Rodrigo Rosas Campos

Observação importante: apesar da ficha de personagem de Mega City ter ficado defasada em relação ao 3DeT Victory, a regra de pontos de destino pode valer para qualquer versão passada ou futura do 3DeT.

    Uma dica para universos de super-heróis é o mestre permitir que personagens jogadores comecem com pontuações diferentes (entre 5, 7, 10 ou 12 pontos) e permita a aplicação da regra dos pontos de destino de Mega City para 3D&T da página 117.


Se precisar, clique na imagem para ampliar!


    Assim, se num grupo de 4 jogadores, um personagem tiver 12 pontos, o personagem com 10 pontos ganha 1 ponto de destino, o personagem com 7 pontos ganha 2 pontos de destino e o personagem com 5 pontos ganha 3 pontos de destino. Se o mais poderoso do grupo tiver 10 pontos, ele não ganha nada, os de 7 pontos ganham 1 ponto de destino e os de 5 pontos, 2 pontos de destino. Se o mais poderoso do personagem jogador do grupo for de 7 pontos, o de 7 não ganha nada e os de 5 pontos ganham 1 ponto de destino cada.

    E para que serve o ponto de destino?

    Para 4 coisas:

    Recuperar todos os pontos de vida, isso mesmo, o personagem se salva da morte.

    Reescrever uma cena de modo a favorecer o personagem, se o mestre não aceitar a proposta do jogador, o personagem mantém seu ponto de destino.

    Potencializar o ataque por força ou poder de fogo com bônus de +5 pontos em uma dessas características a cada ponto de destino gasto.

    Ganhar 2 pontos de personagem provisórios para comprar uma vantagem ou perícia por uma cena. Exemplos, se esconder usando a regra de invisibilidade ou manifestar um conhecimento de ciências na cena.

    Os jogadores de pontuação mais baixa ganham seus respectivos pontos de destino no início de cada sessão e eles não são cumulativos de uma sessão para outra. Ou seja, o personagem de 5 pontos que não usou seus 3 pontos de destino em uma sessão, terá os mesmos 3 pontos de destino na seguinte.

    A regra dos pontos de destino não se aplica a grupos onde todos os personagens jogadores comecem com o mesmo número de pontos iniciais. Também não se aplica pontos de destinho para que PCs se nivelem com NPCs aliados.

    Dica: Que um personagem, o tanque da equipe, tenha 12 pontos e os demais tenham 5.

Essa regra será perfeitamente compatível com o 3DeT Victory.

***

Ficha de Personagem do Cenário de Mega City


    Mega City para 3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome:
    Pontos:
    Escala:
    Características:
    Força:
    Habilidade:
    Resistência:
    Armadura:
    Poder De Fogo:
    Pontos de Vida:
    Pontos de Magia:
    Pontos de Experiência:
    Pontos de Destino:

    Vantagens:
        Vantagens simples:
        Vantagens mágicas:
        Perícias e Especializações:
        Superpoderes:
        Vantagem Única:

            Afiliação:
            Clã (para vampiros):
            Tribo (para lobisomens):
            Coro (para anjos):
            Casta (para demônios):
            Nicho (para humanos):

    Desvantagens:

    Tipos de Dano:
    Força:
    Poder de Fogo:

    Magias Conhecidas:
    Manobras de Combate Conhecidas:
    Equipamentos Conhecidos:
    Dons das Trevas (para vampiros) Conhecidos:
    Dádivas (para lobisomens) Conhecidas:
    Bençãos (para anjos) Conhecidas:
    Poderes infernais (para demônios) Conhecidos:

    Dinheiro e Itens:

    História: Mega City.

    BRAUNER, Gustavo.  Mega City: 3D&T Alpha.  Porto Alegre: Jambô, 2012.


segunda-feira, 9 de outubro de 2023

[Matéria] Como Adaptar Cartas Selvagens Para Mythras Imperativo

Rodrigo Rosas Campos

Cartas Selvagens/Wild Cards é uma série de livros desaconselhável para menores de 18 anos. É uma distopia pesada com super-heróis nada perfeitos.

  Antes de mais nada, a ambientação fica por conta do material que o grupo todo puder ler entre livros e quadrinhos de Wild Cards. Se o grupo ler em inglês, o material disponível para adaptar e jogar aumenta consideravelmente. Convenhamos, é melhor que apenas fãs da série topem jogar nesse universo que, por vários motivos, é de difícil recomendação para os dias de hoje. Ele surge quando Nova York era considerada a cidade mais violenta do mundo real e sem nenhuma preocupação com o politicamente correto. Diga-se de passagem, muitos autores pegam mais pesado que o Martin.

    Mas Cartas Selvagens não é uma apologia a violência, é uma crítica mordaz do que estava acontecendo na época. Contudo, tendo em vista as interpretações equivocadas de obras até mais populares como Watchmen e Cavaleiro das Trevas, é melhor não arriscar e deixar isso bem claro aqui.

   Já perdi a conta de quantas vezes tentei (e desisti de) adaptar Cartas Selvagens Para Mythras Imperativo. De quantos arquivos de rascunhos foram apagados e de quantos papéis (manuscritos de fato) foram rasgados e jogados no lixo. São dois os motivos maiores: o primeiro é a preguiça, autoexplicativo; o segundo é que só com o Mythras Imperativo, o adaptador de cenários (ou o mestre da mesa) terá que criar quase todos os poderes que faltam, bem como todas as raças alienígenas presentes na série Cartas Selvagens. Fora preencher todas as fichas dos NPCs, e preencher fichas de Mythras Imperativo é um pé no saco.

  Mas justiça seja feita, preencher a ficha de personagem é a parte mais irritante de 99,99% de todos os sistemas de RPG, com o agravante de que quanto mais detalhes há na ficha, menos explicativo é o texto das regras sobre como preencher a ficha. Mythras Imperativo quase ficou no 0,01%; o texto até que explica bem, mas se você rolar dados para as características, o conceito do personagem, que o livro pede para que seja definido antes das rolagens, pode ficar prejudicado. Afinal, você corre o risco de só rolar números baixos, fazendo seu detetive ser burro ou ganhando um bárbaro fraco. Entretanto, a sorte (ou a falta dela) é a principal estrela de Cartas Selvagens e quanto mais escolhas aleatórias o jogador fizer para criar o seu personagem, mais ele estará no clima do cenário.

  Ou seja, adaptar Cartas Selvagens para Mythras (Imperativo ou completo) é trabalhoso, mas não é difícil. Mas vamos ao contexto maior, um pouco de história, em resumo mesmo; o RPG Rune Quest gerou o BRP, que gerou o Superworld. Superworld é o sistema de RPG que foi jogado pelo grupo de um certo George R. R. Martin nos anos 1980. A partir dele, o grupo desenvolveu e escreveu a série de romances mosaicos Wild Cards/Cartas Selvagens. Muitos anos depois, Rune Quest também gerou o Mythras. Aí vem a pergunta: É possível adaptar e jogar Wild Cards usando apenas o Mythras Imperativo? Sim e de forma perfeita! Afinal, Mythras Imperativo é um derivado do BRP original que gerou o Super World que gerou a série Cartas Selvagens.

    “Mas por que eles fizeram romances e não um cenário próprio de RPG?” - Você me pergunta e eu respondo: porque eram os anos 1980, nenhuma editora de RPG queria fazer licença aberta de seus respectivos sistemas. Ironia das ironias, Wild Cards teve dois cenários oficiais para sistemas de RPG: o primeiro para GURPS, e o suplemento Cartas Selvagens foi parte do livro GURPS Supers no Brasil pela Devir nos anos 1990; e o segundo para a segunda edição de Mutantes & Malfeitores, ainda inédito por aqui. E que pelo jeito continuará inédito, uma vez que a Jambô já publicou no Brasil a terceira (e atual) edição de Mutantes & Malfeitores em português.

    Mas como criar Wild Cards usando apenas o Mythras Imperativo? Tendo lido ao menos o livro 1 e/ou  o 2 da série Wild Cards e o Mythras Imperativo, o mestre terá que usar a regra de ouro para complementar a versão imperativa do Mythras. Se o mestre tiver o Mythras completo, só os NPCs poderão se beneficiar disso. Nesse caso, o imperativo vira o livro do jogador.


    Depois, todos os personagens publicados serão adaptados pelo mestre e considerados NPCs obrigatórios. Ou seja, o mestre terá que preencher as fichas de todos os NPCs que ele adaptar ou criar.

    Da parte dos jogadores, eles interpretarão os infectados pelo vírus carta selvagem e estarão limitados a criação aleatória do personagem sem direito a troca de características (que devem ser roladas na ordem da ficha) só com poderes e magias disponíveis no imperativo. O máximo que o jogador escolhe são os elementos anteriores a infecção pelo carta selvagem como, sexo do personagem, profissão etc. Deixe essas escolhas para depois das rolagens dos dados. Essas são escolhas dos jogadores e são muito importantes. Seu personagem pode vir a ser mais útil ao grupo por sua atividade mundana do que pelo seu superpoder.

    Se o jogador rolar poder 3 até 6, ele é considerado um Dois de Paus. Terá que lutar para conseguir mais poder e sofrerá algum preconceito por parte de alguns NPCs ou mesmo de alguns PCs com poderes acima de 6. Aproveite bem o fato de poder escolher a profissão do personagem em uma cultura civilizada.

    Aqui começa o uso da regra de ouro em função do cenário específico: se o jogador rolar carisma 3, ele fica impedido de aumentar o carisma, é um coringa. Sofrerá preconceito entre os limpos e até entre alguns Ases. E aqui, essa desvantagem terá que ser relativizada, uma vez que no bairro dos coringas, ele será mais um e estará entre os seus.

    Se o jogador já quiser ter um personagem coringa, ele rolará testes de carisma com redutor em alguns cenários mais específicos, mas não estará limitado a carisma 3 e poderá criar seu personagem com a regra alternativa da distribuição de 75 pontos entre as características.

    Um exemplo de coringa carismática e até bela, que se confunde com uma Às, é a Peregrina, uma bela mulher alada que atua como heroína e apresentadora de TV. Por ela ter asas, tecnicamente, ela é uma coringa. Mas personagens como a Peregrina só são NPCs. Os coringas jogadores no máximo serão feios, mas charmosos.

 

 Os poderes dos personagens jogadores estão limitados aos super-poderes e magias da edição imperativa do Mythras. Mas os jogadores não escolhem os poderes e magia é a sorte grande.

    Para usar magia, o poder maior, o personagem jogador precisa rolar 18 em carisma e 18 em poder. Isso vale mesmo que o jogador peça para criar um coringa. Usar magia completa no universo de cartas selvagens é muita sorte, Fortunato que o diga.

 Ao menos no mundo de Cartas Selvagens, cada jogador ou terá magia ou apenas 1 super poder.

    É claro que o jogador que rolar 18 em poder e em carisma pode abrir mão do direito de usar magia. Neste caso, poderá escolher livremente o poder desde que escolha obrigatoriamente uma limitação. Afinal, ele já é um Às.

    Antes de sortear seu super-poder, o jogador precisará rolar 1d100. Se tirar 1, não terá limites para seu poder, se tirar acima de 1 terá que escolher um limite para seu poder depois de rolá-lo.

    São 17 super poderes disponíveis no Mythras Imperativo; começa em animação e termina em voo em ordem alfabética. O mestre vai numerar esses poderes de 1 a 17 na ordem que está no livro. O jogador rolará um d20; se o jogador tirar 18, 19 ou 20 ele rolará o dado de novo até sair um número entre 1 e 17. Se for o caso, escolherá um limite para seu poder.

    Este texto não é uma adaptação, mas mostra passos simples de como ela pode ser feita em cada mesa. Sei que os jogadores ficarão revoltados, mas o universo de Cartas Selvagem não é o melhor lugar do multiverso para quem tem superpoderes, muito pelo contrário, os normais, não infectados, se chamam de limpos (naturals ou nats em inglês) e segregam até os Ases por medo dos superpoderes. Tendo em vista alguns Ases, os limpos não estão de todo errados, apesar dos extremistas (sempre eles).

    Acontece que nada garante que filhos ou netos de Ases serão Ases, eles podem morrer ao chegar na adolescência ou se transformarem em coringas. Bom, alguém terá que ler ao menos o livro 1 da série, ou o 2. A partir do livro 5 de Wild Cards, os autores (e os editores) pararam de ambientar os novos leitores. Ou seja, o livro 5 e os posteriores exigem que o leitor tenha lido algum outro livro entre o primeiro e o quarto.

    Os NPCs que não podem faltar são Tachion, Juba e o Dorminhoco. Se estiver ambientando nos anos 1980, todos os que sobreviveram até o livro 6 também são obrigatórios. Sim, o índice de letalidade é alto e o Martin é o autor que menos mata personagens. Não acredita? Leia os livros da série. Outro detalhe: a dificuldade do cenário é muito difícil.

    Neste sentido, um bom universo paralelo, que atenua a violência da série original, é a minissérie em quadrinhos em 4 edições que foi publicada no Brasil pela editora Globo nos anos 1990. Se bem que, estranhamente, é mais fácil (e barato) achar o encalhernado, edições encadernadas de fato, que foram montadas com os encalhes da série original. O multiverso em Cartas Selvagens foi apresentado e oficializado no livro 9, ou seja, é parte do cânone.

    E lembre-se, aqui eu fui até bonzinho, o jogador só será coringa se rolar 3 em carisma ou pedir para ser um coringa. Quem leu um ou mais livros da série Cartas Selvagens sabe que coringas são a maioria dos que sobrevivem ao vírus e que a maioria dos coringas é só deformada, sem poder nenhum. Muitos coringas são visivelmente super fortes, alguns apenas aparentemente super fortes e há ainda os que escondem os poderes, pois a deformidade pode não estar ligada ao poder. É claro que coringas mais problemáticos terão que ser NPCs obrigatórios. Como disse antes, é um cenário que deve ser jogado por quem já é fã do cenário.


Boas leituras, bons jogos e até breve!


    P.S.: Os livros 1 ao 9 da série Wild Cards foram publicados no Brasil pela Leya e pela Leya em parceria com o Omelete. Até o fechamento deste arquivo, os livros 1 ao 3 estavam no catálogo da editora Suma (Suma de Letras da Companhia das Letras).





terça-feira, 3 de outubro de 2023

[Resenha] Ménage #6: Numa Banheira com Germana Viana, Marcatti e Laudo Ferreira


Desaconselhável para menores de 18 anos!

    Para os que ainda não conhecem a série Ménage (que absurdo), cada revista tem um tema e o tema é um objeto, um substantivo concreto e não vivo. A palavra da vez é banheira. Ménage #6 traz 36 páginas de histórias e os 3 autores mais destemidos dos quadrinhos nacionais. Os três são encarregados tanto dos respectivos textos quanto dos desenhos e das arte-finais. Vamos as histórias da edição:

    Continuando a maior história de Nós Quatro, iniciada na edição 4, nossos heróis se veem diante de uma Morte Em Caruaru. Infelizmente, eles são suspeitos e isso continua no próximo número. Onde a banheira entra nessa história? Bom, é ler e descobrir. Nós Quatro é a série de Germana Viana que está virando praticamente um dorama em quadrinhos.

    A história do Marcatti é o segundo capítulo de No Encalço de Josielder Coelho, um velho muito safado que mistura sonhos e realidade num mesmo conjunto de memórias o que resulta uma história para lá de bizarra e escatológica. Desta vez, sua neta está temerosa de que ele se afogue dormindo na banheira.

    Toni Musanti, o médium detetive, está de volta na história Do Lado De Onde Nada Se Quer Ver. Toni é “educadamente” chamado por um conhecido delegado, “amigo” dele desde a adolescência, para resolver um problema. Acontece que o delegado está sendo assombrado por um espírito que aparece só para ele em sua banheira. Cabe a Toni conversar com esse espírito para saber por que o delegado o matou e tentar resolver a questão. É a terceira história completa de Toni Musanti, quero mais histórias deste simpático detetive do oculto e espero que o Laudo resista a tentação do “continua…”, afinal, ele está sob a influência de uma marvete, a tentação é forte. A parte boa é que Toni Musanti, em suas 3 primeiras histórias, já pode ser considerado um clássico e, como bem sabemos, “A Marvel não tem clássicos!” (HELL do MdM).

    Duas histórias que continuam na 7 e personagens recorrentes feitos pelo Laudo, pelo Marcatti e pela Germana, uma marvete confessa, vide várias lives de Youtube. Daqui a pouco teremos capas alternativas de uma única edição que juntas formam um único painel; ou pior, capas holográficas que custam uma fortuna… , não, este risco não corremos nos quadrinhos independentes nacionais, falta verba. Para os que perderam os números anteriores, não se preocupem, procurem nas lojas dos autores e em gibiterias presenciais ou virtuais.

    Se ainda for a época do lançamento, vide data dessa postagem, pode demorar um pouco para o gibi estar disponível ou chegar até você, pois os apoiadores do financiamento coletivo ainda podem estar recebendo primeiro a edição 6, caso contrário, Ménage #6 já estará disponível com o preço de aproximadamente R$ 25,00 (mais eventual frete), miolo preto e branco, grampeada, formato paraguaio (americano reduzido). Nesta edição, Marcatti faz a capa. Os gibis da série também se encontram em algumas gibiterias presenciais e virtuais, caso se esgotem nas lojinhas dos autores.

Boas leituras!

Rodrigo Rosas Campos



sexta-feira, 29 de setembro de 2023

[Resenha] Clube dos 27 de Wes Oliveira e Isaque Sagara


 +18

    Terror, ficção e história da música se misturam em Clube dos 27 com textos de Wes Oliveira e desenhos de Isaque Sagara e a maior surpresa desse quadrinho é o modo como parte da história real é contada através dele. Acredito que muitos aficionados por jazz e rock ficarão surpresos, pois este quadrinho foi feito por dois caras que conhecem música como um todo. Pena que comentar decentemente seria dar spoilers, mas acredite, é a parte de realidade dessa ficção que mais vai surpreender a maioria dos leitores.

    Na história, conhecemos um garoto aficionado pelo clube dos 27, ele faz 27 anos e recebe um convite para entrar nesse clube. Mas como? Ele não é músico, não se lembra de ter feito pacto com o diabo e o Clube dos 27 é só uma lenda urbana envolvendo astros da música que supostamente fizeram pactos com o tinhoso e foram recolhidos depois de completarem 27 anos. Seria tudo isso uma pegadinha bizarra? Quem estaria fazendo isso com ele? Será que a brincadeira pode sair do controle? Teria a lenda do Clube dos 27 algum fundamento? Mas por que demônios rivais estariam atrás de um garoto que é só um fã dos músicos consagrados que fazem parte do lendário Clube dos 27?

    Clube dos 27 é uma história de terror com elementos de história da música para além do rock e do jazz, passa pela música brasileira e é surpreendente. Os desenhos de Sagara estão arrebatadores como sempre e o texto de Wes Oliveira usa todos os recursos disponíveis para surpreender os leitores e contar um pouco da história da música brasileira esquecida ou apagada. Sim, aparecem menções a Música Popular Brasileira, ao rock brasileiro e a um músico esquecido em nossos dias. Clube dos 27 é uma ficção que termina por resgatar um elemento importante da história de nossa música para um público mais amplo que músicos profissionais. Mas fico por aqui, não quero dar spoilers.

    Você terminará de ler o quadrinho e vai se interessar por todos os extras, mas os extras estão no fim por um motivo, não se afobe. Se o(a) leitor(a) não pegar as referências, não se preocupe, a lista completa delas está no final, a partir da página 92, mas deixe-a para o fim para você ter sua cabeça explodida ainda mais. É claro que algumas referências são muito fáceis, outras nem tanto e algumas só para iniciados num estudo musical profundo mesmo. As interações entre a música, artes plásticas, cinema e quadrinhos são de cair o queixo.

    Clube dos 27 é mais uma colaboração entre as editoras Trem Fantasma e Ultimato do Bacon; o preço da edição é de R$ 54,00 (mais eventual frete), miolo em cores, lombada quadrada, formato 18x26. Já na loja da Ultimato do Bacon e em livrarias e gibiterias reais e virtuais. Essa vale cada centavo!

Boas leituras, bons shows, discos, K7s CDs, MP3, músicas na nuvem etc. e bons sonhos, hahahaha!

Rodrigo Rosas Campos

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

[Resenha] Escafandro: Nirbuths de Mozart Couto

     A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, nos traz Nirbuths de Mozart Couto, texto, desenhos e arte-final. E as cores? Não tem cores. Nirbuths é a primeira Escafandro preta e branca e com um pouco mais de páginas. A história escrita no Brasil por um brasileiro segue a tradição Bonelli de se passar fora do Brasil com personagens estrangeiros, no caso, na Inglaterra do final do século XIX e início do XX com personagens ingleses.

    Esqueça os vampiros sedutores, nessa história eles são predadores agressivos, violentos e nada sutis, meio animalescos até. Londres está infestada de vampiros. Além da violência das criaturas, elas infectam suas vítimas transformando-as em novos vampiros, uma verdadeira epidemia. Mas o doutor Ethan tem uma ideia, perigosa, mas válida. Ele encontrou uma espécie de criatura na Turquia ainda mais letal, forte e maior que os vampiros, os nirbuths. Estes nirbuths são uma espécie de licantropos que também se alimentam de sangue e são maiores e mais letais que os vampiros. Porém, o sangue de um nirbuth inoculado em um humano pode deixar o humano mais forte que um vampiro e ainda assim controlável.

    Tudo isso em hipótese e é claro que há um risco dessa cobaia humana se tornar um problema pior que os vampiros, e todos sabemos que não é uma boa ideia controlar uma praga com o acréscimo de uma nova espécie sem predadores naturais numa região. Mas o doutor Ethan possui amostras de sangue de nirbuths e as autoridades locais em desespero dispõe de dois prisioneiros para serem cobaias do experimento que, se der certo, exterminará os vampiros de Londres e matará os voluntários depois. É claro que os dois prisioneiros aceitam a proposta e é claro que nem todos os detalhes do plano foram ditos aos criminosos escolhidos.

    Ir além daqui é dar spoilers, afinal, são os leitores que devem descobrir se o plano desesperado deu certo ou não. Como já dito, este é um quadrinho que mostra as criaturas brigando no braço, nas garras e nas presas enquanto os humanos temem ser infectados ou mortos. Tanto os vampiros quanto os nirbuths são caçadores e predadores. As cenas de luta entre as criaturas são o ponto alto da história e o desenho de Mozart Couto entrega o gore prometido.

    Escafandro: Nirbuths já está disponível na loja da editora Ultimato do Bacon e em livrarias e gibiterias presenciais e virtuais a R$ 24,00 (mais eventual frete).

Boas leituras e bons sonhos, hahahaha!

Rodrigo Rosas Campos

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

[Resenha] Escafandro: A Prisioneira de R. F. Lucchetti com Nova Roupagem de Laudo Ferreira

 

 

Esta história é aconselhável para maiores de 18 anos!

Pode acionar gatilhos!

    A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, nos traz A Prisioneira com texto de R. F. Lucchetti e desenhos, arte-final e cores de Laudo Ferreira. Sim, se você é das antigas, se trata da mesma história, o mesmo roteiro, que R. F. Lucchetti publicou numa Terror Especial de 1972 e republicou em Almanaque Terror Especial em 1975. Os desenhos originais foram de Nico Rosso e Kasuhiro Yoshikawa. Neste remake, o diretor…, digo, o desenhista Laudo Ferreira resgata a história com um novo traço e uma nova narrativa mantendo-a nos anos 1970.

    A Prisioneira conta a história de Leonor, que acusa o marido de ter uma amante e conspirar para roubar sua fortuna. Ela é internada em um manicômio como se sua história fosse um surto psicótico. Mas e se ela estiver falando a verdade? Será Leonor uma doente ou uma prisioneira?

    Leonor segue a tradição de narradores não confiáveis, basicamente, a história dá margem a várias interpretações e vieses. Isso não é tão simples de se fazer como parece, afinal, seja ela uma doente psiquiátrica ou uma prisioneira desacreditada, a parte mais aterrorizante é que ela não está bem em nenhuma das duas hipóteses. Ela está aprisionada em ambas as possibilidades. É a visão de quem lê que dará o veredito em meio ao desenrolar dos acontecimentos.

    Laudo Ferreira traduz este horror da desesperança com maestria tendo como base o mesmo texto de R. F. Lucchetti usado por Nico Rosso e Kasuhiro Yoshikawa em 1972. Os extras da edição trazem fotos das capas das revistas antigas e algumas fotos das páginas da história original, bem como fragmentos do roteiro.

    Escafandro: A Prisioneira é ao mesmo tempo uma nova edição e um resgate histórico, ou seria o oposto? Enfim, essa é uma pergunta que cada pessoa que ler responderá a sua maneira. Assim como é o olhar de cada pessoa que ler esta história que definirá se Leonor escapou ou não de sua condição e que condição afinal era essa; é o olhar de cada pessoa que ler esta história que colocará esta edição mais na categoria de inédita ou mais na categoria de resgate histórico.

    Escafandro: A Prisioneira está a venda na loja da Ultimato do Bacon e em livrarias e gibiterias reais e virtuais a R$ 22,00 mais eventual frete. Talvez os apoiadores do financiamento coletivo ainda estejam recebendo, portanto aguarde.

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

[Resenha] O Medo À Espreita & Outras Histórias de H. P. Lovecraft

 

+18

    Não dá para ignorar ou perdoar o racismo de Lovecraft que se reflete ao longo de sua obra. Por um lado, ele foi a fonte de várias ideias, personagens e cenários que, por sua força, influenciam a cultura pop até hoje, além de ter sido o primeiro autor a compartilhar suas criações com outros autores. Por outro, era racista, xenófobo, antissemita etc. Se você, leitor ou leitora, não se considera latino(a) por ser brasileiro(a) e descendente de portugueses, pois bem, latinos são os que falam línguas nativas derivadas do latim e, em um destes contos, Lovecraft aponta sua metralhadora de preconceitos racistas e xenófobos contra portugueses e seus descendentes, fique avisado(a). A tradução de Rodrigo Breunig é cruel e não poupa o leitor de nada, nada mesmo. Não sou a favor de censuras, o texto é o texto e precisa ser traduzido da forma mais fiel possível, mas acho que a L&PM, enquanto editora, deveria incluir textos adicionais para contextualizar melhor Lovecraft, sua personalidade, o ambiente onde cresceu e sua época. As duas páginas de biografia chapa-branca não são suficientes. Tirado o elefante branco da sala, vamos ao livro.

    Não comentarei todos os 12 contos do volume, afinal tudo é do mesmo autor e alguns estão ali só para fazer volume de tão fracos que são. Além do racismo evidente em alguns textos, outra característica de Lovecraft que também costuma decepcionar novos leitores é o fato do autor ter sido bem prolixo e enfadonho, há muito texto e poucas ideias em seus trabalhos. O conto que dá título ao volume, O Medo à Espreita, por exemplo, pode ser encarado como uma variação menos inspirada de A Cor Que Veio do Espaço sob a forma de uma casa num terreno assombrado comum.

    Além de Muralha do Sono e Do Além apresentam as máquinas que inspiraram e inspiram obras como Os Caça Fantasmas até os dias de hoje. Na primeira, temos uma máquina que permite a um homem visitar o sonho de outras pessoas, na segunda, aparece uma máquina capaz de mostrar o sobrenatural aos homens.

    O Cão (conto mais conhecido em outras traduções como O Cão de Caça) é uma história no contexto do livro maldito Necronomicon e apresenta um cão diabólico com asas de morcego assombrando o protagonista. Dagon e A Sombra Sobre Innsmouth são os que se ligam mais diretamente a mitologia de Cthulhu e ao centro do universo que Lovecraft criou e compartilhou ainda em vida com outros autores. Universo este que gera obras até nossos dias como o romance Território Lovecraft de Matt Ruff e o quadrinho As Três Sepulturas de Fábio Yabu e Fred Rubin.

    O preço do livro O Medo À Espreita & Outras Histórias é de R$ 33,90, possui versão digital mais em conta em várias livrarias presenciais e virtuais.

Rodrigo Rosas Campos

 


    P.S.: a quem interessar possa: li esse livro por conta de As Três Sepulturas de Fábio Yabu e Fred Rubim; estes autores transformaram 3 contos de Lovecraft em uma única história. Os contos foram A Tumba de 1917, O Depoimento de Randolph Carter de 1919 e O Cão de Caça de 1922. Destes 3 contos, O Cão de Caça era o único que eu ainda não havia lido. Em relação a As Três Sepulturas, não espere fidelidade absoluta na adaptação de Yabu e Rubin; eles tiraram os contos originais de sua ordem de publicação original e criaram uma quarta história que se passa em um universo paralelo ao original com uma trama nova em relação as fontes. Eu adorei isso. Eles melhoraram em muito os conteúdos fontes.

    O Cão de Caça está nesse volume de O Medo À Espreita da L&PM Pocket sob o título de O Cão. Também na coleção L&PM Pocket estão A Tumba no livro A Tumba e Outras Histórias e O Depoimento de Randolph Carter no livro Nas Montanhas da Loucura e Outras Histórias de Terror.


quinta-feira, 7 de setembro de 2023

[Resenha] As Três Sepulturas de Fred Rubim e Fábio Yabu – Mais Um Horror Cósmico Made In Brazil


 +18

    As Três Sepulturas é um quadrinho de terror para maiores, com desenhos de Fred Rubim e textos de Fábio Yabu com colaborações de Rubim. Normalmente, não sou de indicar prefácios, mas o prefácio de Yabu nesta edição merece muito ser lido. Já pela capa, fica claro que a história é baseada na obra de Lovecraft, mas aí entra uma questão: é uma adaptação direta ou uma releitura? Em As Três Sepulturas temos as duas coisas juntas numa mesma história.

    Fábio Yabu se utiliza de três contos de H. P. Lovecraft e cria uma quarta história através das lacunas e conexões inexploradas dos textos originais. Em seu prefácio, ele agradece as colaborações de Rubim no texto para deixar a trama mais fluida. O resultado é uma excelente história única e inteira. Você não precisa ler os 3 contos em que Yabu se inspirou para entender. Fazer isso é muito difícil, todo mérito para Yabu e Rubim que trabalharam em conjunto para entregar uma história inteiramente única e completa.

    A história se passa em 1920, Dunsany, EUA, Wolfgan Hunter, um cientista forense, é chamado pelo detetive de polícia Simon Porter para elucidar um simples caso de violação de tumba. E essa aparentemente simples violação de tumba se revela como algo muito além da vida mundana. Naquela tumba, não estavam enterrados apenas restos mortais, mas um segredo que pode levar a destruição de toda nossa realidade. No decorrer da investigação temos uma estranha criatura sobrenatural a solta, criminosos estranhamente interessados em uma estatueta antiga e em um livro que supostamente pode trazer mortos de volta a vida.

    Apesar do desenho de Rubim remeter a Mike Mignola, As Três Sepulturas bebem de outras tradições, tanto dos quadrinhos nacionais quanto dos internacionais. A começar pela tradição de quadrinhos de terror no Brasil, com revistas lembradas até nossos dias como Terror Negro, Calafrio e Mestres do Terror. A tradição de se fazer histórias ambientadas em outros países e em outras culturas remete aos quadrinhos de velho oeste italianos da Bonelli, mas também nos lembra de que o auge dos quadrinhos de terror no Brasil foram na ditadura militar, quando nem sempre era aconselhável usar nosso próprio quintal como cenário. A história tem muitas camadas e os monstros não são apenas externos.

    Para os que não se recordam, o trabalho anterior de Yabu e Rubim foi a adaptação do Nerdcast RPG Cthulhu para os quadrinhos em Os Sussurros do Caos Rastejante. Desde aquela época, Yabu mostrou vontade de contar sua própria história naquele universo e com a mesma parceria de Rubim, a dupla realizou o feito com maestria. Uma excelente história de horror cósmico envolvendo segredos antigos de alienígenas ancestrais entre nós desde o início dos tempos.

    Concluindo, As Três Sepulturas é uma história inspirada na obra de Lovecraft que junta elementos de três contos do autor e gera uma história única e nova, Yabu e Rubim conseguem estar nos dois pilares da originalidade, recorreram a três fontes originais existentes e fizeram uma história original no sentido de nova, única. O terror psicológico remete a psicologia analítica de Jung, uma vez que equilibra e menciona tanto a vontade de poder em Nietzsche quanto o desejo sexual em Freud. Me surpreenderam as camadas do texto para além do sobrenatural e do horror cósmico.

    O preço da edição é de R$ 39,90 (mais eventual frete), miolo em preto e branco, lombada quadrada, formato americano, capa cartão, 112 páginas; R$ 19,00 em versão digital. Na loja da Jambô Editora ou em livrarias e gibiterias reais e virtuais.

Boas leituras e bons sonhos! Hahahaha!

Rodrigo Rosas Campos



sexta-feira, 1 de setembro de 2023

[Matéria] Homem-Grilo Para 3D&T Alpha


Personagem de Cadu Simões et all. adaptado por Rodrigo Rosas Campos


    Antes de mais nada, o Homem-Grilo foi criado pelo escritor Cadu Simões e por vários desenhistas ao longo do tempo. Mais detalhes no site do personagem.

    Esta ficha foi adaptada com regras do livro Mega City para 3D&T de 2012 sob o manual básico de 2015. Eu sei que 3D&T sofrerá mudanças, ou já sofreu, mas pretendo usar o Homem-Grilo como um exemplo de conversão das versões de 3D&T no futuro.

    3D&T – Defensores deTóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Homem-Grilo
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 1
    Habilidade: 3
    Resistência: 1
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 0
    Pontos deVida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: história, geografia e filosofia (1 ponto); escalar, constância e queda lenta
(1 ponto); sentido de perigo, audição aguçada e visão aguçada (1 ponto).
    Desvantagens: identidade secreta (-1 ponro) Carlos Parducci; código dos heróis (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: esmagamento.
    Poder de Fogo: perfuração (se tiver pode ser flechas).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: dinheiro, ha, ha, ha, ha!
    História: Homem-Grilo, criado por Cadu Simões et all.

    Observação: 3DeT Victory já está sendo feito e, assim que eu tiver o manual, farei novas postagens envolvendo o Homem-Grilo para 3DeT.

    Homem-Grilo está licenciado sob uma licença creative commons by-sa 4.0 internacional.

domingo, 20 de agosto de 2023

[Resenha] Usagi Yogimbo Livro 4: A Conspiração Rugido do Dragão de Stan Sakai

 

+12


    Usagi Yogimbo Livro 4: A Conspiração Rugido do Dragão de Stan Sakai, chega pela editora Hyperion Comics em formato original americano, miolo preto e branco, capa cartão, a R$ 49,90. Bom, o coelho samurai dispensa apresentações, mas caso você ainda não o conheça, ele é criação do norte-americano descendente de japoneses Stan Sakai para homenagear a cultura de seus antepassados nos EUA. O traço realmente lembra o de mangá, mas a leitura é no sentido ocidental.

    Em todas as edições anteriores, faram publicadas pequenas histórias fechadas, nesta temos uma única história com início, meio e fim em 7 partes (edições originais). É a primeira história em que todos os personagens da série Usagi Yojimbo se encontram em 1990, ano de sua publicação original nos EUA.

    Lorde Tamakuro está reformando sua fortaleza, há a suspeita de que ele esteja preparando uma grande conspiração contra o Shogun pelo domínio de todo o Japão. Neste sentido, nossos amigos se envolvem na defesa do Shogun com alianças improváveis contra Tamakuro, um inimigo comum. Falar mais é dar spoilers. A aventura em sete partes envolve as armas de fogo no Japão feudal, ainda que uma visão fantástica do Japão feudal com animais antropomorfizados.

    É uma aventura excelente, escrita de forma brilhante, muito bem desenhada, ágil, divertida e com um subtexto histórico que me lembrou o melhor de Asterix. Publicada originalmente em 1990 nos EUA, A Conspiração Rugido do Dragão foi a maior história fechada de Usagi Yojimbo até então.

    Se você nunca leu o personagem, pode inclusive começar por ela. A série como um todo é verdadeiramente indicada para todas as idades a partir dos 12 anos (segundo a própria revista e as demais edições da série); você pode até ler fora de ordem se quiser, mas, há riscos de spoilers leves se você fizer isso. Como todas as edições anteriores, A Conspiração Rugido de Dragão é simplesmente impecável! Vale VERDADEIRAMENTE cada centavo!


Boas leituras e até breve!

Rodrigo Rosas Campos



terça-feira, 15 de agosto de 2023

[Matéria] Heróis das Crônicas de Ghanor do Nerdcast RPG para 3D&T Alpha

Adaptações livres e sem fins comerciais de Rodrigo Rosas Campos

Observações Iniciais

Eu sei, em 2022, a Jambô editora lançou uma versão oficial de A Lenda de Ghanor RPG para a variante do sistema d20 usada em Tormenta 20. Mas, Ghanor é um cenário, cada grupo tem o direito de trocar de sistema se quiser.

Também sei que em 2024, será lançada a mais nova versão do 3DeT, o 3DeT Victory. Como não pretendo adaptar estes personagens para o futuro 3DeT tão cedo, para aqueles que preferirem o 3D&T Alpha, aproveitem essas adaptações.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Ruprest, doppleganger ladino.
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 2
    Resistência: 2
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 1
    Pontos de Vida: 10
    Pontos de Magia: 10
    Pontos de Experiência:
    Vantagem Única: doppleganger (1 ponto).
    Vantagens: doppleganger, regeneração e adaptador (0 ponto); crime (2 pontos)
    Desvantagens: restrição de poder (-3 pontos) só se transforma em seres humanos, não transforma a roupa e nem muda a genitália.
    Tipos de Dano:
    Força: perfuração e corte (adaga).
    Poder de Fogo: perfuração (adaga).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: um colar com um pingente que ele sempre usa para dizer que é ele aos companheiros.
    História: Nerdcast RPG Medieval e no livro Crônicas de Ghanor Guia Ilustrado Oficial da Primeira Trilogia do Nerdcast Especial de RPG. Adivinha quem criou e interpretou esse. Doppleganger, uso da regra de ouro para construir uma vantagem única. Se você só tiver o manual básico de 3D&T de 2015, ele não veio com a opção doppleganger jogável nas vantagens únicas. Entretanto, doppleganger é um dos poderes da vantagem única nanomorfo. Logo, para construir um doppleganger em 3D&T só com o manual básico, jogadores e mestres usarão as regras doppleganger, regeneração e adaptador da vantagem única nanomorfo, sim, o nome do poder será o nome da vantagem; ele não será considerado um constructo, logo poderá sofrer danos de magias ou poderes mentais; custará 1 ponto de personagem e será batizada como a vantagem única doppleganger.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Nilperto, bardo humano.
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 1
    Resistência: 3
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 0
    Pontos de Vida: 15
    Pontos de Magia: 15
    Pontos de Experiência:
    Vantagem Única: humano (0 ponto).
    Vantagens: artes (2 pontos); magia elemental espírito (2 pontos).
    Desvantagens: fetiche (-1 ponto) tamborete; ponto fraco (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto) aventureiro.
    Tipos de Dano:
    Força: esmagamento.
    Poder de Fogo: perfuração (flechas).
    Magias Conhecidas: Ataque mágico; Cancelamento de magia; Detecção de magia; Força mágica; Pequenos desejos; Proteção mágica.
    Dinheiro e Itens: tamborete.
    História: Nerdcast RPG Medieval e no livro Crônicas de Ghanor Guia Ilustrado Oficial da Primeira Trilogia do Nerdcast Especial de RPG.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Edsert, elfo e bobo da corte.
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 1 +1(elfo)= 2
    Resistência: 1
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 1
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagem Única: elfo (1 ponto).
    Vantagens: visão aguçada (0 ponto); artes (2 pontos); crime (2 pontos).
    Desvantagens: munição limitada (-1 ponto); código dos heróis (-1 ponto); ponto fraco (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: espada (corte e perfuração).
    Poder de Fogo: flechas (perfuração).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: inicialmente, nada de útil.
    História: Nerdcast RPG Medieval e no livro Crônicas de Ghanor Guia Ilustrado Oficial da Primeira Trilogia do Nerdcast Especial de RPG.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Feldon, druida, elfo e bêbado.
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 0+1 (elfo)=1
    Resistência: 3
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 1
    Pontos de Vida: 15
    Pontos de Magia: 15
    Pontos de Experiência:
    Vantagem Única: elfo (1 ponto).
    Vantagens: visão aguçada (0 ponto); magia elemental terra (1 ponto); metamorfose (2 pontos) em animais.
    Desvantagens: munição limitada (-1 ponto); ponto fraco (-1ponto); má fama (-1 ponto) alcoólatra.
    Tipos de Dano:
    Força:
    Poder de Fogo:
    Magias Conhecidas: Ataque mágico; Cancelamento de magia; Detecção de magia; Força mágica; Pequenos desejos; Proteção mágica.
    Dinheiro e Itens:
    História: Nerdcast RPG Medieval e no livro Crônicas de Ghanor Guia Ilustrado Oficial da Primeira Trilogia do Nerdcast Especial de RPG.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Artimus, paladino humano.
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 1
    Resistência: 2
    Armadura: 1
    Poder De Fogo: 0
    Pontos de Vida: 10
    Pontos de Magia: 10
    Pontos de Experiência:
    Vantagem Única: humano (0 ponto).
    Vantagens: Paladino (1 ponto); esportes (2 pontos).
    Desvantagens: Códigos de Honra dos Heróis e da Honestidade (0 ponto); jamais pode adquirir Magia Negra (0 ponto); munição limitada (-1 ponto); ponto fraco (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: corte e perfuração (espada).
    Poder de Fogo:
    Magias Conhecidas: Cura Mágica e Detectar o Mal.
    Dinheiro e Itens: espada, armadura etc.
    História: Nerdcast RPG Medieval e no livro Crônicas de Ghanor Guia Ilustrado Oficial da Primeira Trilogia do Nerdcast Especial de RPG.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Rufus Cave, humano bárbaro e ranger.
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 2
    Resistência: 2
    Armadura: 0
    Poder De Fogo: 0
    Pontos de Vida: 10
    Pontos de Magia: 10
    Pontos de Experiência:
    Vantagem Única: humano (0 ponto).
    Vantagens: esportes (2 pontos); sobrevivência (2 pontos).
    Desvantagens: fúria (-1 ponto); munição limitada (-1 ponto); ponto fraco (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: perfuração e corte (espada).
    Poder de Fogo: perfuração (flechas).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: armas.
    História: Nerdcast RPG Medieval e no livro Crônicas de Ghanor Guia Ilustrado Oficial da Primeira Trilogia do Nerdcast Especial de RPG.

    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Royston Cave, humano, bárbaro.
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0
    Habilidade: 2
    Resistência: 1
    Armadura: 2
    Poder De Fogo: 0
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagem Única: humano (0 ponto).
    Vantagens: esportes (2 pontos); adaptador (1 ponto).
    Desvantagens: munição limitada (-1 ponto); fúria (-1 ponto); código dos heróis (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: corte e perfuração (espada).
    Poder de Fogo: perfuração (flechas).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: armas e armadura.
    História: Nerdcast RPG Medieval e no livro Crônicas de Ghanor Guia Ilustrado Oficial da Primeira Trilogia do Nerdcast Especi

Quem sabe no futuro eu não os refaça para o 3DeT Victoty? Deixem pedidos nos comentários se quiserem!


Bibliografia


    OTTONI, Alexandre (textos)/ RAMOS, Andrés (ilustrações).  Crônicas de Ghanor Guia Ilustrado Oficial da Primeira Trilogia do Nerdcast Especial de RPG.  Curitiba: Nerd Books, 2013.

    Jovem Nerd
    https://jovemnerd.com.br

domingo, 13 de agosto de 2023

Rabiscos #131 - Dia dos Pais

Se necessário, clique na imagem para ampliá-la!


 

 Observação: as tiras nem sempre são publicadas na ordem de produção!

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

[Resenha] Noite Em Claro de Martha Medeiros

    Noite Em Claro de Martha Medeiros, editora L&PM, saiu originalmente em 2012. Tem 64 páginas, mas o preço de R$5,00 não pode mais ser garantido nem em sebos em virtude da inflação do período. Neste livro, vemos mais uma aula brilhante de narração em primeira pessoa de Martha Medeiros. Conhecemos uma personagem que resolve escrever um livro durante uma chuva torrencial e reza para a chuva não acabar até ela acabar a história.

    E quem é a personagem e sobre o que é a história? A personagem é uma repórter que tem um programa de entrevistas numa TV a cabo às 22:00. Ela resolve falar sobre o psicótico fã que manda e-mails para ela e, no processo, acaba falando também de suas primeiras experiências sexuais. A chuva que começou grossa, começa a rarear e ela decidiu que quer escrever o livro durante a chuva, ou seja, se parar de chover, o livro ficará inconcluso.

    Os capítulos não possuem títulos ou números, eis que na página 17, ela lembra quando chegou na festa em que faltou luz. Foi quando ela conheceu o marido dela e ficamos sabendo que ela está casada a oito anos com um paraplégico. Nisso, Éder manda um e-mail dizendo saber onde ela está, se isso for verdade, a informação não foi conseguida por meios legais. Cheguei eu na parte em que falar mais é dar spoilers? Sim e não.

    Sim, se eu for além daqui, direi detalhes que estragarão as surpresas, fora os detalhes que já não escrevi. Não, pois este é um dos raros livros que, mesmo imutável, uma vez que está escrito em papel, tem o poder de ter sua temática e gênero de acordo com a disposição do leitor durante a leitura. Se um leitor mudar a disposição e reler, mudará tudo tendo em vista o mesmo texto. Como posso afirmar isso? Esta resenha está sendo escrita a partir de uma releitura, este livro já não é lançamento há anos.

    Mistério e suspense, só suspense, erótico, pornográfico, tudo junto ou outra coisa? Este livro será algo de acordo com a disposição do leitor (ou leitora) no momento mesmo em que estiver lendo (ou relendo). Só não digo que ele é só mistério, pois a minha disposição raramente é mistério para mim. E antes que você pergunte “O que o livro é para mim agora?”, já te corto com a resposta: você não tem o direito de saber isso sem me conhecer pessoalmente e por muito tempo.

    Pode-se dizer que esse livro toca na falsa sensação de intimidade que desconhecidos tem ao se relacionarem via Internet, sensação essa que só cresce nas redes sociais e que pode nos levar a grandes enganos. Enfim, paro por aqui. O livro é bom, é bonito e é barato, confie em mim!

    Boas Leituras e até breve!
    Rodrigo Rosas Campos

quarta-feira, 5 de julho de 2023

[Resenha] Tudo Que Eu Queria Te Dizer, o Livro das Cartas de Martha Medeiros

   Em 2007, quando o livro Tudo Que Eu Queria Te Dizer de Martha Medeiros foi lançado pela editora Objetiva, as cartas, folhas de papel com textos manuscritos enviadas fisicamente em envelopes pelos Correios, já estavam em desuso por conta do e-mail e das redes sociais. Ainda assim, Martha Medeiros resolveu contar histórias através de cartas. Cada remetente escreve para um destinatário tudo o que quer dizer, mas que, por algum motivo, não consegue. A partir destas cartas, histórias se revelam.

    Como todos os textos são da mesma autora, falarei só das três cartas/histórias que mais gostei e depois farei um apanhado geral. A carta que começa na página 111 é de uma mãe que quer ser cremada e se vê obrigada a escrever uma carta para seus três filhos, pois cada um deles foge do assunto “morte” quando ela tenta falar pessoalmente.

    A carta iniciada na página 139 é de uma mulher para uma amiga. A remetente viveu a abertura política do Brasil de forma militante e ativa, e se vê as voltas com a filha mais velha que não gosta de praia ou aglomerações e tem poucos amigos. No desabafo que ela escreve a amiga de longa data (a destinatária), questionamentos aparecem: será a liberdade uma ideia de definição absoluta? Que insegurança é essa que assola uma mulher quando os desejos de sua filha não correspondem aos dela frente a mudanças no mundo? Não foi exatamente por mudanças no mundo que a mulher lutou quando jovem?

    A carta da página 155 é de um padre para um delegado e tem revelações sobre um escabroso crime envolvendo uma criança como vítima. Poderia o padre ter guardado esse segredo alegando segredo de confissão? Uma história de mistério com um final surpreendente.

    Além dessas 3 histórias contadas através de cartas, desfilam pelo livro: amores frustrados, decepções, expectativas, desabafos entre tantos outros escritos que, em poucas páginas cada, contém histórias de grandes significados.

    Todos os textos, todas as cartas, são de Martha Medeiros, que conseguiu dar a cada personagem uma vida, uma personalidade e um estilo de escrita únicos. Martha Medeiros conseguiu desenvolver um estilo múltiplo para que cada um de seus personagens remetentes pudessem ser heterônimos de fato. Foi plural como o universo, assim como Fernando Pessoa antes dela. A leitura é altamente recomendada, ao menos por uma carta/história, você vai se apaixonar.

    Boas Leituras e até breve!

    Rodrigo Rosas Campos

[Resenha] Diário Macabro RPG Versão Beta

    Sim, isso é uma resenha de um RPG em fase beta. Descobri esse sistema ao consultar o site da editora do quadrinho Ink Madness . Diário ...