quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Garimpando Em Gibiterias: A Era Metalzóica de Pat Mills e Kevin O´Neill

O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Lá fora, grandes obras permanecem em catálogo permanente tal como livros clássicos. Os editores de quadrinhos nacionais são bem imediatistas e até mesmo obras como Watchmen e Maus ficam difíceis de encontrar de tempos em tempos. A série “Garimpando em Gibiterias” fala de quadrinhos que valem a pena “garimpar” em gibiterias, sebos, estoques antigos de livrarias virtuais e, se a grana estiver muito curta, em bibliotecas públicas. Sim, existem quadrinhos em bibliotecas públicas, é só procurar.

    A pedra garimpada hoje é A Era Metalzóica de Pat Mills (texto) e Kevin O´Neill (arte).

    Desaconselhável para menores de 18 anos.

    Publicada no Brasil em 1989 pela editora Abril na edição 9 da série Graphic Novel. Originalmente publicada nos EUA em 1986 pela DC Comics. Importante frisar que, nesse caso, a DC foi só a editora. A história pertence aos autores e nunca foi parte da linha editorial regular (do universo regular corrente) da DC.

    Se o leitor achou que esta resenha demorou mais para sair do que as demais, é porquê tive que reler a revista. É o tipo de obra que não dá para escrever sobre só usando a memória. A arte de Kevin O´Neill é primorosa, ele desenha, arte finaliza e colore, numa época em que não havia coloração por computador. A capa é de Bill Sienkiewicz, e, como você já deve ter visto, é animal em todos os sentidos. Os autores Pat Mills e Kevin O´Neill são dois britânicos e fazem parte da Invasão Britânica nos quadrinhos norte-americanos na década de 1980. Mas vamos a história:

    A Era Metalzóica conta a história de como a Terra foi dominada por robôs. Os seres humanos mais afortunados conseguiram abandonar o planeta em função de um cataclismo, os robôs se tronaram literalmente vivos, sexuados inclusive, e alguns até sapientes e sencientes. Aos poucos humanos que permaneceram no planeta coube a má sorte de viverem escondidos no subterrâneo.

    A história começa enquanto uma tribo de mekakas cuida de sua vida e uma jovem humana que ousou dar um passeio nesse perigoso planeta chamado Terra cruza o seu caminho. Ela abalará todos os dogmas religiosos dos mekakas, pois sabe como tudo aconteceu. Nesse ínterim há ainda um encontro com uma tribo humana sobrevivente na Terra e os bancos de dados dos rodomamutes que se aproximam trazem mais detalhes sobre toda a verdade.

    Um quadrinho de raiz, tudo foi feito a mão, desenhos, arte final, cores etc.; a maioria dos textos são diálogos, mas haja dialogo. Se você é aquele tipo de leitor que acha que a figurinha diminui a necessidade de leitura, irá se surpreender, pois há muito o que ler.

    Uma história com início, meio e fim, sem continuação e em edição única de luxo; isso é a Era Metalzóica, esse é o conceito real de graphic novel. Série encadernada em edição de luxo não é graphic novel: graphic novel é uma história pensada para ser publicada em edição única e de luxo. Ideal para fãs de quadrinhos, leitores casuais e fãs de ficção científica pós apocalíptica.

    Se o leitor buscar cada um desses nomes no Google ou na Wikipédia verá o quão importantes são Pat Mills e Kevin O´Neill para os quadrinhos tal como os conhecemos hoje. Também é uma amostra de tudo o que os anos 1980 tinham de mais ousado, afinal, temos cenas de sexo com um robô macho e uma robô fêmea, fora o parto de um filhote de rodomamute. Quando veremos algo assim em quadrinhos novamente? Não sei mesmo a resposta.

    Bom, o garimpo suspenderá suas atividades por tempo indeterminado. Assim que der, trago uma nova pedra preciosa da arte sequencial.

    Até breve e boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos

    P.S.: Também podem ser consideradas garimpos de gibiterias as seguintes obras que já foram mencionadas por aqui: Zumbis e Outras Criaturas das Trevas; Quadrinhópole #08; Projeto Superpowers; e Kirby Gênesis. O Princípio Dilbert é um livro em prosa que contém tiras em quadrinhos, e é catalogado oficialmente como humor.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Garimpando Em Gibiterias: Halo Graphic Novel

Como vocês já perceberam, o Garimpando em Gibiterias de hoje falará sobre a primeira adaptação para os quadrinhos do videogame Halo. Este jogo não se popularizou por aqui, mas a série é considerada o Star Wars do videogame, com fãs nos EUA, Canadá, Europa e Japão. Master Chief possui, inclusive, uma estátua num renomado museu de cera. Mas antes de falar da edição em si, quero gastar umas linhas explicando o porquê de iniciar este texto com o título Garimpando Em Gibiterias, que me esqueci de colocar no Almanaque Contos da Madrugada.

    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Lá fora, grandes obras permanecem em catálogo permanente tal como livros clássicos. Aqui, só a Record consegue manter Asterix, e só a série Asterix, em catálogo permanente. Os editores de quadrinhos nacionais são bem imediatistas. Até mesmo obras como Watchmen e Maus ficam difíceis de encontrar de tempos em tempos.

    Eu queria escrever sobre quadrinhos importantes, todavia deve ser frustrante para um leitor ouvir dizer sobre algo, se interessar, e não conseguir encontrar, ou encontrar a um preço absurdo por ser difícil de achar, uma vez que não está em catálogo permanente.

    Resumindo, quando coloco “Garimpando em Gibiterias” antes do título do quadrinho, estou falando de algo que vale a pena ler para experimentar. Vale a pena “garimpar” em gibiterias, sebos, estoques antigos de livrarias virtuais e, se a grana estiver muito curta, em bibliotecas públicas. Sim, existem quadrinhos em bibliotecas públicas, é só procurar. É claro que a situação fica ainda pior quando falamos de quadrinhos nacionais, mas isso não vem ao caso agora, vamos a edição de hoje:

    Halo Graphic Novel é uma edição histórica por vários motivos: é a primeira adaptação do jogo Halo para os quadrinhos; foi produzida como se fosse independente por Lorraine McLess (uma das responsáveis pelo jogo na Bungie) e Maria Paz Cabardo; à Marvel Comics coube somente imprimir e cuidar da publicação nos EUA e no resto do mundo; contou com quatro histórias fechadas feitas por escritores e artistas de ponta que faziam sucesso nos quadrinhos independentes na Europa, Inglaterra, EUA e Japão; conta com uma galeria de imagens irada; e traz um dos últimos trabalhos do saudoso Jean “Moebius” Giraud, falecido em 2012. Mas vamos por partes.

    O mais importante a ser frisado aqui é que todos os que trabalharam nessa edição, trabalharam para as representantes da Microsoft e da Bungie: Lorraine McLess e Maria Paz Cabardo. Quando tudo estava pronto, elas abriram uma concorrência para ver qual editora rodaria o material impresso. A Marvel Comics veio com a proposta de lançar Halo GN no mundo todo. No Brasil, coube a Panini, que detêm os direitos da Marvel aqui, traduzir e publicar a história para nós em 2007. Tudo isso e muito mais está no prefácio de Lorraine McLess para a edição.

    Agora a pergunta que não quer calar: preciso ter jogado o jogo (a série de jogos) para entender as histórias? Não, a edição foi pensada para agradar fãs de quadrinhos ou do jogo. Para os leitores que não jogam, há textos introdutórios antes de cada uma das quatro histórias, que evidenciam momentos que não são mostrados nos jogos e personagens coadjuvantes e antagonistas. Para dar um diferencial, as tramas não focam no Master Chief, mas no universo do jogo ao redor dele.

    Todas os autores e artistas das histórias possuem uma pequena biografia/bibliografia no final de cada história. Ou seja, para o leitor casual que gostar de um ou mais daqueles autores há um belo guia do que procurar depois.

    A primeira história é A Última Viagem da Infinite Succor, escrita por Lee Hommock e ilustrada por Simon Bisley. Aqui, temos a perspectiva da aliança alienígena Covenant contra o inimigo comum, a Flood. Nessa história vemos que os humanos não são tão bons moços assim. É a maior história da edição e o “herói” do jogo é chamado de o Demônio da Terra. Bom, ficará mais claro mais a frente que os terráqueos atacaram primeiro.

    Quem testou a armadura do Master Chief? Saiba lendo Testando Armaduras de Joy Foeber (texto), Ed Lee (desenhos) e Andrew Robinson (arte final). Fãs de games em geral terão um belo service surpresa.

    Escapando da Quarentena de Tsutomu Nihei (texto e arte) mostra um oficial humano, o sargento Johnson, fugindo de uma base infectada pela flood.

    O Segundo Amanhecer Em Nova Mombasa traz o texto de Brett Lewis e a arte de Moebius em um de seus últimos trabalhos. Mostra o ataque dos alienígenas a cidade de Nova Mombasa da perspectiva de um fotografo que monta e manipula imagens para fazer a propaganda das forças terrestres e convencer a população de que o governo da Terra tem razão. Dá ao leitor a perspectiva da população civil no universo do jogo e é a melhor história da edição.

    Galeria traz imagens feitas por artistas de quadrinhos, da Bungie e da Microsoft ambientadas no universo do jogo.

    Conta ainda com uma página extraída de fóruns da Internet que serve como seção de cartas de um gibi que ainda seria feito.

    Halo GN é perfeita para fãs de quadrinhos, fãs de videogame, fãs de ficção científica, fãs dos artistas e escritores mencionados e leitores casuais. Lorraine McLess e Maria Paz Cabardo produziram e editaram uma edição de quadrinhos que merece estar na estante de qualquer fã de quadrinhos, jogue ele videogame ou não. De fato, elas são as maiores heroínas dessa edição. Acredite, não é só um caça-níquel para atrair quem joga o jogo, é bom como história em quadrinhos.

    Aqui, não entrei em detalhes sobre a história de bastidores do jogo Halo, para os que quiserem saber mais sobre tudo o que existe sobre esse jogo, recomendo o canal do Zangado (https://www.youtube.com/channel/UCuVIWETFdxzwlHEHMbhm2_w).

    Além de quadrinhos, o universo do jogo foi expandido em livros, animações, uma série para Youtube oficial, brinquedos, com destaque para linha Lego, etc.

    Hoje, os quadrinhos atuais de Halo são publicados pela Dark Horse. A Marvel perdeu os direitos de licenciamento de Halo pouco antes de ser comprada pela Disney.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Garimpando Em Gibiterias: Almanaque Contos da Madrugada #01

 Eis que me cai nas mãos uma edição de quadrinhos nacionais de terrir de 2010. O Almanaque Contos da Madrugada #01, um ilustre perdedor do troféu HQ Mix. Esta edição surgiu quando o editor, Felipe Meyer (será ele parente de uma certa escritora?), estava com preguiça de editar o zine Contos da Madrugada #03. Logo, a solução foi recauchutar, digo, republicar algumas histórias da Contos da Madrugada #01 e 02 no Almanaque Contos da Madrugada #01. Isso mesmo, e essa história foi colocada como história em quadrinhos dentro da edição em questão. Pode se considerar que é a história inédita da edição. Ela acontece em vários momentos entre as republicações.

    O Rei Contra Zumbis Em Ritmo de Aventura: os escritores Felipe Meyer, Cadu Simões e Daniel Esteves, os desenhistas Felipe Cunha, Hugo Nanni e o arte-finalista Gil Tokio fazem uma mistura inusitada: Roberto Carlos enfrentando fãs zumboas numa zoeira digna de um filme de Tarantino.

    Demetrius Dante, o Detetive do Absurdo em Zombie Walk: zumbis de verdade se misturam aos participantes fantasiados da Zombie Walk em São Paulo. E agora, o que pode acontecer? Roteiro de Cadu Simões, lápis de Laudo e nanquim de Omar. Demetrius Dante é um personagem criado por Will.

    O Que Você Faria Se Só Lhe Restasse Esse Dia? De Gil Tokio e Felipe Meyer, uma história sem palavras em duas páginas. A única que pode ser considerada pesada de verdade, terror mesmo e sem palavras.

    Cosmologia de Cadu Simões e desenho de Jozz: e se o mundo fosse um programa de TV cancelado?

    Summer Zombie de Daniel Esteves (texto) e M. Venceslau (desenhos): o dilema de urubus diante de um surto de zumbis. Comer ou não comer essa comida que anda?

    O Poderoso Lester: duas páginas de um super-herói brasileiro para lá de inusitado. De Hugo Nanni e Felipe Meyer.

    Passo-a-passo de uma Capa: sim, para encher linguiça, e a equipe nem disfarça isso, foi feita uma história de uma página mostrando como a capa foi feita. É parte da trama que mostra os bastidores.

    A Briga de Deus e o Diabo Contra os Homens Curiosos: não é que os homens se converteram em uma ameça tão grande a ponto de Deus e o Diabo quase juntarem forças para evitar que a curiosidade humana destrua o mundo, o céu e o inferno. De Daniel Esteves (texto) e de Sam Hart (arte).

    Por fim, duas páginas revelando detalhes de bastidores da capa para os leitores rirem mais um pouco.

    Minhas impressões: acho que Felipe Meyer, pelos seus textos, deve ser parente de uma certa escritora de sucesso. Não tenho como afirmar, mas a suspeita é forte. Almanaque Contos da Madrugada #01 é uma edição de 2010, coedição do selo Gasosa e do coletivo Quarto Mundo. Diversão e riso sem compromisso no melhor estilo Mad Brasil. O preço de capa foi R$5,00 em 2010; 32 páginas; miolo preto e branco.

Boas leituras!

Rodrigo Rosas Campos

Rabiscos: Mudanças

Antecipando a tira de 16/09/2017. Lembrando, as tiras são aos sábados e, quando dá, as sextas.
Clique na imagem para ampliar!

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Direto ao Ponto: Justificativa



Rodrigo Rosas Campos

    Explicou humildemente a situação e concluiu: - É isso.

    Eis que ouviu em resposta: - Isso explica, mas não justifica.

    Virou-se e começou a voltar de onde viera; então ouviu: Ei, aonde pensas que vais?

    Incrédulo, virou-se e respondeu: - Embora, já que tudo explica, e nada justifica, o que mais tenho a fazer aqui?

    E foi.

    Fim

domingo, 3 de setembro de 2017

São Paulo dos Mortos 3 Ganha o 29° Troféu HQ Mix na Categoria de Melhor Publicação Independente de Grupo


 Antes de mais nada, parabéns a todos os outros ganhadores das demais categorias!

    São Paulo dos Mortos 3 foi financiado pelo Catarse, depois do sucesso dos dois volumes anteriores. Este ano, Daniel Esteve e sua brilhante equipe de desenhistas, arte-finalistas e o capista ganharam o Troféu HQ Mix na Categoria de Melhor Publicação Independente de Grupo.

    A resenha de São Paulo dos Mortos 3 já foi publicada por aqui (junto com as duas edições anteriores), mas tendo em vista a ocasião, ela está republicada abaixo com ligeiras mudanças. É um quadrinho que vale a pena e não é necessário a leitura dos anteriores para entender o terceiro volume.

    São Paulo dos Mortos III tem capa de Alex Rodrigues, publicada em 2016 com 88 páginas. Traz as histórias:

    Zoológico de São Paulo, com arte de Al Stefano. Um odontologista ganha a vida extraindo os dentes de entes queridos que viraram zumbis e os parentes ficam com pena de matar. Um dia é chamado para extrair os dentes de um casal de leões no Zoo de São Paulo. Um brilhante conto que usa os mortos-vivos como metáfora para falar de luto. Daniel Esteves está de parabéns.

    Roller Dead, com arte de Sueli Mendes, mostra a história de uma menina que sofreu com os mal tratos do pai contra ela e sua mãe e a fidelidade de uma cachorra, a Furiosa, mesmo depois da morte e da transformação em zumbi.

    Churrasco Grego é uma tocante história sem palavras desenhada por Ibraim Roberson a partir de um roteiro de Daniel Esteves.

    Zegna, com arte de Samuel Bono e Omar Viñole. Como você reagiria a um empresário que, em pleno apocalipse zumbi, acha que um terno de marca é prioridade?

    Templo possui arte de Alex Rodrigues. Morto boy e Doutor se encontram para realizar uma tarefa na comunidade cristã que está sitiada em um grande templo. Lá chegando se deparam com pessoas a beira de uma nova idade média teocrática, conspirações e disputas internas dos bispos por poder. Conseguirão eles realizar o trabalho e escapar com vida?

    Como as tramas são muito curtas, penei para não dar spoilers. O primeiro São Paulo dos Mortos foi publicado em 2013, o segundo em 2014 e o terceiro em 2016; isso é sinal de carinho e respeito de Daniel Esteves com sua própria criação e seus leitores. Ele escreve quando tem algo relevante a contar, não para fazer salsichas mensais de tramas repetidas e redundantes. As histórias são fechadas, São Paulo dos Mortos 3 não exige a leitura dos anteriores. O formato externo é americano, mas o coração é brasileiro e no modo de fazer quadrinhos, o brasileiro se pauta nos franco-belgas, todas as histórias são planejadas para serem fechadas e relevantes. Mesmo quando há referências e os personagens estão no mesmo universo, as referências não se convertem em pré-requisitos para o entendimento, o leitor é respeitado. É perfeito para fãs de quadrinhos brasileiros de terror e leitores ocasionais.

    Adquiri o pacote das 3 edições da série na campanha de São Paulo dos Mortos III no Catarse, não sei o preço no site da Zapata Edições. Além dos artistas mencionados acima, que desenharam as histórias, há os não mencionados que fizeram as ilustrações para as galerias internas das edições. Todas incríveis. Parabéns a todos, sobretudo ao editor sênior da Zapata Edições.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos

    Mais sobre São Paulo dos Mortos 3 e o Troféu HQ Mix (http://www.universohq.com/noticias/divulgados-os-vencedores-do-29-trofeu-hq-mix/).

    Resenha geral da série São Paulo dos Mortos (https://literakaos.wordpress.com/2017/04/25/resenhas-sao-paulo-dos-mortos-i-ii-e-iii-resenha-geral/) ou (http://juvenalvelhohippie.blogspot.com.br/2017/02/sao-paulo-dos-mortos-i-ii-e-iii-resenha.html).

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Garota Siririca de Love Love 6



Não aconselhável para menores de 16 anos.

Está escrito no próprio livro que ele é desaconselhável para menores de 16 anos, mas, para evitar o mimimi de quem tampa o Sol com a peneira, sei que vocês estão aí, e a pior censura é a autoimposta, amplio para 18 anos. Também é desaconselhável para gente fresca ou preconceituosa. Se você se reconheceu, pare de ler essa resenha agora e volte para seu mundinho limitado e desatualizado.

Um grito de emancipação do prazer feminino em forma de quadrinhos, assim é Garota Siririca de Gabriela Masson, mais conhecida por Love Love 6. O texto reflete a justa ira por séculos de repressão a sexualidade feminina, principalmente em nosso país, onde todos os movimentos libertários chegaram com décadas de atraso graças às constantes e terríveis ditaduras pelas quais passamos e a um conservadorismo religioso sufocante.

Os desenhos são poemas gráficos que transgridem ao mostrar a beleza no ato de se tocar de uma mulher. Garota Siririca demonstra que para uma mulher ser amada (por um homem ou por outra mulher), ela precisa amar-se primeiro, literalmente e em todos os sentidos, no sentido táctil inclusive. Conhecer-se, saber-se e desejar-se são condições essenciais para a mulher conhecer e ser conhecida, desejar e ser desejada e saber e ser sabida por outras pessoas, homens ou mulheres a escolha de cada mulher.

Tudo é abordado sem pudores: da repressão sexual contra as mulheres desde a infância até o direito de assumir o prazer solitário, tão comum aos meninos, tão desestimulado para as meninas, passando pelo direito de uso de brinquedinhos variados pensados para elas.

É um livro que merece ser lido por todos: homens, mulheres, heterossexuais, homossexuais, bissexuais etc. Afinal, todos nós temos histórias a contar, somos sempre muito mais do que fazemos ou deixamos de fazer na cama e todos, todos nós mesmo, temos o direito de falar e de nos fazermos ouvir.

O livro está a venda na loja Love Love 6 (http://www.lovelove6.com/loja.html). Está apertado(a), experimente de graça em Garota Siririca (http://www.garotasiririca.com).

Boas leituras!

Rodrigo Rosas Campos

Rabiscos: O Ataque

Clique na imagem para ampliar!

[Resenha] Diário Macabro RPG Versão Beta

    Sim, isso é uma resenha de um RPG em fase beta. Descobri esse sistema ao consultar o site da editora do quadrinho Ink Madness . Diário ...