Rodrigo Rosas Campos
Alerta de Spoilers!
Se você ainda não leu
Watchmen, pare agora!
O mesmo vale para
todas as obras mencionadas aqui: Astro City, Reino do Amanhã,
A Era de Ouro, Wild Cards (ou Cartas Selvagens), Para o
Homem Que Têm Tudo, Crise nas Infinitas Terras, 1984, Crise
de Identidade, Os Supremos (The Ultimates), Authority,
Marvels, Planetary, Ex Machina, O Cavaleiro das Trevas
e Admirável Mundo Novo.
As histórias mencionadas aqui
não são recentes, se o leitor ainda não as leu e, ainda assim,
continuar, um ou outro spoiler pode ser inevitável.
Ainda está aí, ou você já
leu Watchmen e as outras histórias, ou fique por sua conta e risco.
1. Um Pouco Sobre os Bastidores
de Watchmen
Apesar de Watchmen ter sido uma
revolução, a chamada desconstrução dos super-heróis começou
antes. Em 1997 Neil Gaiman escreveu um prefácio para uma edição
encadernada de Astro City. Nesse texto, ele lembra que houve uma
desconstrução dos super-heróis anterior a Watchmen e a Cartas
Selvagens. Tal obra saiu em prosa (num livro sem figuras). Vejamos o
que Gaiman declarou:
“Em seu romance Superfolks,
Robert Mayer usou super-heróis como metáfora para tudo o que os
Estados Unidos se tornaram nos anos 1970; a perda do sonho americano
significava a perda dos sonhos americanos e vice-versa.” (GAIMAN,
p.10, 1997)
Todos já devem conhecer a
história por trás de Watchmen, mas não tem como falar dessa série
sem lembrar de seus bastidores.
A DC, editora do Superman,
Batman, Mulher-Maravilha, Novos Titãs etc., tinha o hábito de
comprar editoras menores e seus respectivos personagens. Uma dessas
editoras foi a Charlton Comics, cujos principais personagens eram
Besouro Azul, Questão, Pacificador, Capitão Átomo, Peter
Cannon/Thunderbolt e Nightshade. Com essas novas aquisições, os
editores quiseram revitalizar esses personagens para um novo público
na década de 1980. Para essa missão foram chamados: Alan Moore para
os roteiros; ele já escrevia com sucesso nos quadrinhos britânicos
e na própria DC, com sua memorável passagem pelo Monstro do
Pantano; e Dave Gibbons para os desenhos; parceiro de Moore em vários
trabalhos anteriores na Inglaterra e que, na DC, junto com Moore,
havia feito a - considerada por muitos - melhor história do Superman
de todos os tempos, a emblemática Para o Homem que Têm Tudo.
Ficou
estabelecido que a trama seria uma minissérie envolvendo todos os
personagens da Charlton Comics de uma vez só. Moore escreveu os
primeiros roteiros que começavam com o assassinato do Pacificador.
Os editores da DC gostaram da trama, mas a acharam ousada demais.
Temeram que os personagens ficassem inutilizáveis para futuras
publicações comerciais,
assim como a venda de
produtos relacionados.
Mas,
para aproveitar a história, eles pediram a Moore e Gibbons que a
reescrevessem, mas com os seus próprios personagens. Tendo agora
personagens próprios, sem amarras cronológicas passadas e sem
amarras de interesse
comercial
para limitar seus futuros, Moore e Gibbons fizeram de Comediante,
Coruja II, Espectral II, Dr. Manhattan, Ozymandias e Rorscharch o
maior sucesso de público e crítica da DC Comics
de
todos os tempos.
Entretanto, o acordo, feito
entre a DC e os autores, previu que os direitos de tudo envolvendo
Watchmen ficariam com a DC enquanto ela republicasse a história. Ou
seja, os autores continuaram a produzir sob uma variante do contrato
original. Ninguém previu o tamanho do sucesso, mas todos quiseram
ousar. Assim, a revitalização dos personagens da Charlton Comics
foi adiada e nascia Watchmen, a história de quadrinhos de
super-heróis que elevou, finalmente, os super-heróis ao status de
arte de forma incontestável.
Toda ousadia que não foi
permitida com os personagens oficiais da antiga Charlton Comics
estava liberada. Watchmen é uma obra revolucionária em tudo, até
para os dias de hoje. Suas republicações pelo mundo todo são, até
hoje, o produto mais lucrativo da editora estadunidense. Isso sem
contar as vendas de estatuetas, camisas, o filme (e seus produtos
mais específicos relacionados) e tantos outros produtos derivados.
Muitos, como o RPG oficial, nem chegaram no Brasil (a não ser
importados).
Na história vemos um único
herói que ganhou superpoderes e se afastou da humanidade, vigilantes
com sérios problemas psicológicos e até com inclinações nazistas
atuando nos EUA desde antes da Segunda Grande Guerra Mundial. O mundo
de Watchmen não é tão preto e branco quanto o sofrido, rancoroso,
amargo e intolerante Rorscharch gostaria. E mesmo com todos esses
defeitos monstruosos, nós nos importamos com cada um deles.
“[...] a perda do sonho
americano significava a perda dos sonhos americanos e vice-versa.”
(GAIMAN, p.10, 1997)
Ou ainda, lembrando a cena em
que o Coruja II pergunta ao Comediante o que aconteceu com o sonho
americano, o Comediante pede ao Coruja II que olhe ao redor daquele
caos e diz que o sonho virou realidade.
Pelo brilhante texto de Moore,
entendemos como a Espectral I perdoou o Comediante e que lógica há
nas atitudes controversas do todo poderoso Dr. Manhattan, único
daquele universo a ter superpoderes e o superpoder dele é poder
fazer, simplesmente, tudo. Tudo mesmo.
Watchmen foi publicada
originalmente nos EUA entre 1986 e 1987 pela DC Comics. A série logo
ganhou o mundo com sucesso, consagrando definitivamente o nome de
Alan Moore.
2. A História
Watchmen se passa numa Terra
alternativa onde o surgimento do Dr. Manhattan em 1959 muda
completamente a história. O EUA vencem a guerra do Vietnã; o
escândalo de Watergate nunca acontece; Nixon é reeleito e os
vigilantes mascarados que não estão a serviço do governo são
caçados.
Pouco antes da caça as bruxas,
Ozimandias revela-se Adrian Veidt, desiste do vigilantismo e
enriquece explorando sua antiga carreira de vigilante com livros de
autoajuda, filmes, desenhos animados e brinquedos baseados em si
mesmo.
Rorscharch enlouquece durante um
brutal caso de sequestro e assassinato de uma menina, separa-se da
parceria com o Coruja II e torna-se ilegal depois da Lei Keene, que
proíbe a atuação de vigilantes mascarados.
Anos depois, o Comediante, que
trabalhou para o governo americano desde a segunda Guerra e tinha
vários inimigos políticos e pessoais, é assassinado. Rorscharch
descobre sua identidade e vai alertar os antigos justiceiros
mascarados sobre uma conspiração para matá-los.
Watchmen
trás muitas referências da
editora DC e da antiga Charlton Comics espalhadas pela história. As
duas mais gritantes são: o
emblema do governo na base militar onde o Dr. Manhattan faz suas
pesquisas – Rockfeller Military Research Center - é uma variação
do S do Superman. Isso está no quadro 1 da página 21 da edição 1
de 12 da editora Abril de 1999; depois
que a mãe de Rorscharch perde a guarda do filho por maus tratos, ele
é encaminhado ao lar Charlton, o nome da antiga editora do Questão
e companhia. Isso está nos fac-símiles de documentos da edição 6
de 12 da Abril de 1999. Notem que estes são só os exemplos mais
gritantes. Moore adora por referências sutis
em todas as tramas que escreve, com Watchmen não foi
diferente.
A série Watchmen se consolidou
como uma história fechada de Alan Moore e Dave Gibbons que agradou
fãs de várias gerações. Qualquer tentativa que a DC fizesse de
continuar esse universo sem seus criadores só poderia resultar em
fracasso, como, aliais, já foi Before Watchmen. Isso, infelizmente,
terá que ser retomado mais tarde. Esperemos que os executivos da DC
tenham aprendido a lição.
3. O Ás na Manga Esquecido da
Revolução (ou Uma Vertente Esquecida)
“A ressurgência dos quadrinhos
ocorrida na época também transpareceu na ficção em prosa; os
primeiros volumes das antologias Wild Cards, editadas dor George R.
R. Martin, mostram um bom trabalho ao evocarem novamente […]
super-heróis num contexto de prosa.” (GAIMAN, p.11, 1997).
Não foi só Watchmen que
revolucionou o modo como o grande público enxergava os super-heróis.
Durante a produção de Watchmen, o primeiro livro de Cartas
Selvagens também estava sendo gestado.
Um grupo de RPG, cujo mestre era
um certo George R. R. Martin, entra em contato com o sistema Super
World, de Steve Perrin, especializado em super-heróis. Logo eles
criam os próprios personagens, cenários e toda a campanha em si.
Para ajudar um dos membros com problemas financeiros, eles decidem
romancear a campanha. George R. R. Martin já era editor e o grupo
decidiu que todos os heróis daquele universo seriam adultos, mais
voltados para a ficção científica do que para a fantasia e que,
por isso, teriam uma origem comum. Todos os personagens mudaram para
entrarem nesse novo contexto. Coube a Melinda Snodgrass criar o
Doutor Tachion, alienígena que criou o vírus carta selvagem que se
espalhou pela Terra gerando mutações, mortes ou deformidades na
população mundial. Coube a Martin, o mestre da mesa, escrever as
lacunas, amarrar os textos, polir as incoerências cronológicas e
aprovar a redação final. Tudo isso num mundo sem a Internet de
hoje, década de 1980.
Toda essa parte da história
ocorre junto com a produção de Watchmen, mas o primeiro livro Wild
Cards sai algum tempo depois da Watchmen #01 chegar nas comic shops
americanas. Apesar de, em Cartas Selvagens, vários personagens terem
superpoderes, a discussão é a mesma de Watchmen: como seriam se
vivessem no mundo real, se alterassem a história, se envelhecessem
etc. Assim, Watchmen e Cartas Selvagens são as mais relevantes obras
distópicas a envolverem super-heróis e a revolucionarem o gênero
tornando-o, finalmente, adulto.
Num dos Quadrims Casts ouvidos
para essa pesquisa, Nikita, Barbara Coelho, menciona a série de
quadrinhos Rising Stars. Muitos dirão que essa série parece mais um
filho compacto de Cartas Selvagens do que um descendente direto de
Watchmen. Digo isso para salientar o quanto a temática das duas
séries que redefiniram os super-heróis, Watchmen e Cartas
Selvagens, são similares em temática, questionamentos, textos e
contexto, ao ponto de serem facilmente confundidas. Ou não, uma vez
que a parcela de leitores de Cartas Selvagens, ao menos aqui no
Brasil, é pífia.
Finalmente, agora, Com Vocês:
4. Os Filhos de Watchmen
(ou Todos Querem um Genérico de
Watchmen para Chamar de Seu)
Watchmen influenciou
praticamente todos os anos 1990. Nos quadrinhos autorais, na própria
DC e na Marvel, todos queriam ter um genérico de Watchmen para
chamar de seu.
“O problema do reavivamento dos
super-heróis em meados de 1980 era que os ganchos temáticos errados
eram os mais fáceis de roubar. Watchmen e O Cavaleiro das Trevas
deram origem a uma quantidade demasiada de histórias em quadrinhos
ruins: sem humor, cinzentas, violentas e monótonas.” (GAIMAN,
p.11, 1997).
Neste momento, explícito uma
lacuna até aqui: O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, não foi
mencionado. Por quê? Apesar de apreciar muito essa história e o
trabalho autoral de Miller, Sin City entre outros, considero a
parcela de Cavaleiro das Trevas nessa revolução menor. Afinal,
Miller não criou o Batman, apenas resgatou e potencializou elementos
de violência que existiram na era de ouro, quando o Batman foi
criado por Bob Kane e Bill Finger. Para quem acha o Batman de Miller
violento, saibam que, antes do Robin, Batman usava uma pistola e
matava os criminosos. Voltando a pauta: vejamos os mais notórios
rebentos de Watchmen.
4.1. Na Própria DC
Sim, ao ver o sucesso de
Watchmen, a DC, que temia pela reputação dos personagens da
Charlton, logo se arrependeu, ou, ao menos, assim parece. Ela era a
detentora dos diretos da trama e dos personagens, mas o público fiel
a série e aos seus criadores jamais aceitaria que outros tocassem
naquele universo.
Sem sucesso, os executivos da
editora tentaram fazer com que Moore retomasse a história. Isso
(entre outras coisinhas que o leitor pode ver ao longo da Internet)
gerou a briga entre o autor e a editora. Moore considera Wathcmen uma
história fechada. Que cada leitor complete as lacunas como nas obras
1984 e Admirável Mundo Novo, livros fundamentais para o subgênero
da ficção científica chamado de distopia. Lembrando que o
subgênero cyberpunk também é sobre distopias e é influenciado por
esses livros, direta ou indiretamente.
A DC ainda tinha muitos
personagens próprios e muita vontade de criar algo que se
equiparasse a Watchmen. Os casos mais notórios são comentados aqui.
A primeira tentativa foi uma minissérie, em quatro partes, chamada A
Era de Ouro.
A Era de Ouro
Para falar sobre A Era de Ouro
(título original: “The Golden Age”) é necessário recuar no
tempo, antes da Crise nas Infinitas Terras.
A DC usava o multiverso como
explicação para que suas estrelas maiores da Liga da Justiça
estivessem jovens. Assim, o Superman, Batman e a Mulher-Maravilha
originais da Sociedade de Justiça da América eram versões mais
velhas de outro universo, com o Batman original já morto, inclusive.
Acontece
que a cada editora (ou grupo de personagens) que a DC adquiria (por
compra ou briga judicial) um novo universo era criado para acomodar
esses personagens sem que eles interferissem no que acontecia no
universo da Liga da Justiça vigente
até então.
Isso não seria tão
problemático se os futuros de cada personagem, as vezes do mesmo
universo, não divergissem. Se admito que Superman e Flash mais
recentes pertencem ao mesmo mundo, como o futuro de um é diferente
do outro? Com histórias envolvendo viagens no tempo e entre
universos e com todas elas valendo, o público se distanciou da linha
editorial da DC e os roteiristas ficavam com muita dificuldade em
escrever sem bater de frente com o que fora feito antes.
Estava ficando difícil para os
leitores mais novos entenderem todas as histórias da DC, que exigiam
cada vez mais conhecimento do passado editorial de cada personagem.
Foi aí que a DC resolveu unificar seus universos com a Crise nas
Infinitas Terras de Marv Wolfman e George Perez.
Até aí, nenhum problema, os
personagens de outras editoras recomeçariam do zero como se tivessem
nascido na DC. Era um renascimento geral e nenhuma história anterior
teria mais valor. Ficou estabelecido que os heróis da Liga da
Justiça seriam do presente e que os duplos da Sociedade da Justiça
seriam apagados. Mas, nem toda duplicata era perfeita e muitos eram
únicos. Aí recomeçou a confusão.
Superman, Batman e
Mulher-Maravilha eram Clark Kent, Bruce Wayne e Diana Princess nos
dois universos apagados e continuaram com suas identidades e origens
semelhantes (reformuladas, quase idênticas, recontextualizadas,
relidas etc.) no unificado, sendo que a identidade da
Mulher-Maravilha se tornou pública no pós Crise.
Mas Hawkman, Flash e Lanterna
Verde eram Carter Hall, Alan Scott e Jay Garrick na SJA e Katar Hol,
Barry Allen e Hall Jordan na LJA, possuíam origens totalmente
diferentes nos dois universos e nenhum deles foi apagado no universo
unificado. Personagens como o Senhor Destino, Espectro, Vingador
Fantasma, Desafiador, Nuclear, entre tantos outros, só existiam em
um universo cada. Desse modo, a única diferença entre a antiga SJA
e a SJA do universo DC unificado foi que, esta última nunca teve um
Superman, um Batman e uma Mulher-Maravilha.
Foi com estes personagens
antigos, que eram únicos da era de ouro dos quadrinhos ou que
tiveram duplicatas imperfeitas na era de prata, que a SJA ressurgiu
no universo unificado da DC, que agora, apostou na premissa de
Watchmen para personagens oficiais. Foi a série A Era de Ouro,
passada no pós segunda guerra até o início dos anos 1960, dando um
salto para os 1980, quando os, até então, novos Superman, Batman e
Mulher-Maravilha surgiram.
Apesar de ter sido o primeiro
filho de Watchmen da DC, A Era de Ouro não teve o sucesso esperado.
Era um Watchmen genérico com os personagens da SJA. A história não
era ruim, mas como as comparações com a obra de Moore e Gibbons
foram inevitáveis, não repercutiu como os editores da DC comics
desejavam. Chegou a ser publicada aqui no Brasil pela editora Metal
Pesado, escrita por James Robinson, com arte de Paul Smith. Vale a
leitura.
Reino do Amanhã
Sem dúvida o mais querido dos
filhos de Watchmen - pela arte matadora de Alex Ross - dentro da
própria editora DC comics.
Reino do Amanhã se passa no
futuro do universo, até então, unificado da DC. Apesar do texto
mais ou menos (e cheio de falhas e incoerências monstruosas) de Mark
Waid, a ideia da série, que foi de Alex Ross, foi tão boa e ele
caprichou tanto na execução gráfica, que Reino do Amanhã cumpriu
com louvor o que a Era de Ouro não conseguira.
Foi por muito tempo o Watchmen
dos personagens oficiais da DC. Talvez a Crise de Identidade tenha
tirado este posto de Reino do Amanhã. Isso é assunto para um debate
que não cabe aqui.
Apesar de ainda ser um Watchmen
genérico com os personagens oficiais da DC, a editora teve a coragem
de mostrar os lados B do Superman e da Mulher-Maravilha fugindo do
clichê “eles mudaram de lado” e mostrando como as decisões
erradas de ambos quase levaram o mundo a um colapso total.
A
série também funcionou como uma crítica contra os copistas de
Moore e Gibbons que lançavam heróis parrudos de videogame aos
borbotões, colocavam uma conspiração meia boca como
pano de fundo
e diziam que aquilo era
influência de Watchmen nos famigerados anos 1990. Isso será
retomado mais tarde.
Hoje, com a volta do multiverso
da DC, Reino do Amanhã continua sendo uma boa história, excelente
pela parte do Ross em trama e arte, mas é só mais um universo
paralelo da DC.
Crise de Identidade
Num
ato de coragem ainda maior que em Reino do Amanhã, a DC permitiu que
Brad Meltzer (texto)
e Rags Morales (arte)
fizessem Crise de Identidade, uma desconstrução dos super-heróis
nos moldes de Watchmen, com os personagens oficiais e no presente
editorial da época, 2004 nos EUA. Talvez por isso, Crise de
Identidade seja o Watchmen da Liga da Justiça, bem mais que Reino do
Amanhã.
A trama se dá quando se
descobre que os vilões já tinham descoberto as identidades secretas
dos heróis e que a LJA, numa decisão polêmica, apagou, por meio de
lavagens cerebrais, essas informações deles. Comentar
mais seria dar spoilers. É uma história muito recomendada pela
crítica especializada, mas, com a volta do multiverso, é de um
universo específico da DC.
Before Watchmen: o Filho Bastardo
Que Nasceu Morto
Before Watchmen é o mais
recente e detestado, para não dizer odiado, de todos os filhos de
Watchmen. Odiado por razões óbvias: além de desnecessário, não
foi feito por Moore e Gibbons. Essa série desnecessária “funciona”
como “prelúdio” para Watchmen. Foi o único fracasso de um
produto diretamente derivado de Watchmen. Esse é o único caso em
que nem vale a pena creditar os autores específicos. Tudo o que é
necessário saber sobre Watchmen está em Watchmen de Alan Moore e
Dave Gibbons.
Antes
de passar para o próximo tópico, não pense o leitor que o
multiverso é ruim, muito pelo contrário. O conceito de universos
paralelos
valida todas as histórias, boas ou más, desses personagens antigos
que continuam sendo publicados com produções inéditas. Se uma
história entra em choque com o que aconteceu em
histórias passadas, aceite que está num novo universo e que a
história anterior também vale. É a relativização da cronologia,
são várias linhas de tempo igualmente válidas coexistindo.
4.2. Na Marvel
Os Supremos (The Ultimates)
Para falar dos Supremos, é
preciso falar um pouco da Marvel antes do universo ultimate.
Ao contrário da DC, que
apresentava seus heróis como símbolos vivos, representantes ideais
de virtude, ética e moral, a Marvel sempre mostrou seus heróis como
seres humanos normais que ganhavam (ou manifestavam) poderes
superiores, mas mantendo os defeitos humanos de antes.
Acontece que os personagens da
Marvel também envelheceram, e os leitores novos já não conseguiam
entender histórias carregadas de referências de antes deles terem
nascido. Até o Homem-Aranha e os X-Men originais já estavam com 30
anos a mais tempo do que seria possível.
Já na década de 1980, a Marvel
lançou a linha Novo Universo Marvel, com personagens totalmente
inéditos e uma linha de tempo zerada em paralelo com o tradicional
num outro selo. Por vários motivos, que não vem ao caso agora, esse
universo e seus personagens foram abandonados.
Sem
querer criar um recomeço tão radical quanto a Crise nas Infinitas
Terras da distinta concorrente, a Marvel, nos anos 1990, criou um
novo universo, chamado de Heróis Renascem, que reiniciava somente as
histórias do Quarteto Fantástico, Homem de Ferro, Capitão América
e Vingadores. Por vários motivos, que não vem ao caso agora, esse
universo foi abandonado e seus personagens voltaram para o universo
antigo. Pelo menos até alguns retcons e revisitações que, agora,
também, não vem ao caso.
Perto
dos
anos 2000, houve uma nova tentativa da Marvel de recriar seu universo
para as novas gerações, mas dessa vez, a editora foi mais ousada.
Sem tirar o Homem-Aranha do universo original - não haveria
repetição dos erros do projeto Heróis Renascem, que já havia
fracassado - a Marvel duplicou seu maior sucesso de todos os tempos.
Surgia o universo ultimate com The Ultimate Spider-Man (o
Homem-Aranha Ultimate). Foi esse Homem-Aranha, inclusive, a base para
os três primeiros filmes do aracnídeo no
cinema. Outros títulos
seguiram o Homem-Aranha nesse novo universo. Mas a decisão em
relação aos Vingadores foi mais ousada ainda. A Marvel também
queria um genérico de Watchmen para chamar de seu. E, para isso, até
o nome do grupo foi mudado para the Ultimates (os Supremos, na
tradução da Abril).
Os
Supremos, de Mark Millar
(texto) e Bryan Hitch (arte),
nasciam como um grupo de super-heróis a serviço da agência secreta
S.H.I.E.L.D., ideia reaproveitada dos Vingadores de Heróis Renascem.
Mas a pegada de desconstrução daqueles heróis foi bem-feita o
suficiente para a série agradar em cheio os fãs adultos e a critica
especializada.
O título Os Supremos foi, por
muito tempo, sucesso no mundo todo. Mas houve mudanças nas
diretrizes editoriais da Marvel e na equipe criativa da revista.
As
primeiras histórias dos Supremos são leituras indicadas por muitos
fãs e críticos. Mas por vários motivos, que não vem ao caso
agora, esse universo foi abandonado e seus personagens duplicados
foram apagados da cronologia oficial da Marvel. Bem, pelo menos até
segunda ordem (que já
aconteceu), quem
acompanha a Marvel e a sua distinta concorrente sabe que palavra
escrita e dada não vale absolutamente nada para elas.
A
história Guerra Civil (Marvel), que já
foi adaptada para o cinema,
também pode ser encarada como um Watchmen a moda Marvel, mas ela foi
só uma consequência comercial do sucesso dos Supremos, só
que no universo tradicional
(até então corrente) da Marvel, conhecido como 616.
Guerra
Civil foi escrita por Mark Millar e desenhada por Steve McNiven em
título próprio em
7 edições; mas é necessário ler os títulos específicos dos
personagens participantes para uma compreensão completa, decisão
editorial burra. Resumindo, é a mesma história do Reino do Amanhã
da DC numa escala menor e com maiores pretensões. Capitão América
faz o Papel do Batman; Homem de Ferro faz o papel do Superman; Nitro,
do Parasita; os Novos
Guerreiros, o do Magog e dos heróis mortos da Charlton; o
Homem-Aranha funciona como o Capitão
Marvel/Shazam; e
a S.H.I.E.L.D. como o
Luthor, o resto é figurante
de luxo. Essa
trama só encontrou sua grande popularidade em função do contexto
político dos EUA na época em que foi publicada por lá.
Agora,
só aguardando o futuro para
saber mais. A Marvel passou
por um novo reboot, o
primeiro de forma assumida. Uma menção honrosa ao Capitão América
Negro, um retcon de boa qualidade, que nunca foi publicado aqui no
Brasil.
4.3. Nas Independentes
Apesar
de as duas grandes tentarem recriar a pegada conspiratória com
heróis problemáticos e não inocentes de Watchmen com seus
personagens oficiais (TMs), foram os autores independentes que melhor
desenvolveram a ideia de desconstruir os super-heróis. Algumas vezes
de forma escancarada, outras relativizando-os.
Enfim, ficou evidente que o sucesso estrondoso de Watchmen só foi
possível porque os personagens foram criados do zero e não
reciclados a partir de títulos, marcas e TMs que precisariam ser
perpetuados depois. Não era esperado o sucesso comercial de
Watchmen, por isso Moore e Gibbons tiveram liberdade e a história
teve sucesso
total.
Era óbvio que o Rorscharch
vinha do Questão, todos conheciam a história por trás da história.
Mas ao tirar do Rorscharch o passado do Questão, Moore fez o
original passar a ser um genérico tosco de seu próprio derivado.
Não a toa, a linha do Questão, de 1986 em diante, passou a
aproximá-lo do Rorscharch; enquanto o Questão original era para ser
um genérico do bem-humorado Spirit de Will Eisner.
A maioria das editoras
independentes (menores) de quadrinhos dos EUA não retira os direitos
autorais dos criadores, que recebem pelos direitos autorais, não
salários ou pagamentos por prestação de serviços. Neste terreno,
os nomes dos escritores e/ou desenhistas valem mais que os nomes dos
selos que vinculam suas obras, que podem mudar e mudam de editoras,
inclusive.
No final dos anos 1980, os
artistas resolveram que não queriam mais jogar talento fora enchendo
os cofres das duas grandes, DC e Marvel. Usando a pegada
conspiratória de Watchmen, desenvolveram personagens equivalentes
das duas grandes editoras em suas obras próprias, na cara dura, e
começaram a faturar. É óbvio que esse movimento gerou muito lixo.
Estamos falando dos anos 1990, e, até da sociedade que formou a
editora Image original.
Nessa época, os videogames de
tiro em primeira pessoa, série Doom, Duke Nuken, Quake e Half
Life/CS eram febres. Todos os heróis de gibis viraram marombados com
trabucos atirando primeiro e nem perguntando depois com histórias
toscas e superficiais de conspirações por trás. A violência ficou
gratuita e chocante. Sem contar que toda heroína virou uma Lara
Croft genérica, com curvas e peitos impossíveis e pouca roupa: se a
garota vai dar porrada em bandido, nada melhor que usar um bikini
para isso: sim, foi a fase mais machista do gênero.
Todavia, a fase dos grafismos
com textos conspiratórios superficiais, violência gratuita,
apelação sexual nas personagens femininas exageradas até para o
gênero de super-heróis e personagens genéricos inexpressivos
começou a acabar quando Alex Ross ilustrou Marvels (o passado da
Marvel) e Reino do Amanhã (o futuro da DC). Somente a partir daí, a
obra de Moore e Gibbons começou a ser, verdadeiramente, revisitada,
as conspirações voltaram a ficar boas e a violência deixou de ser
gratuita. Dessas histórias, algumas são dignas de nota pela maioria
da crítica especializada.
Mas antes de prosseguir, este
ensaio não seria completo sem mencionar o desenho animado da Pixar,
os Incríveis. Seu início é totalmente Watchmen. É uma animação,
mas deve constar nesse ensaio sobre quadrinhos. Voltemos aos
quadrinhos.
Authority
Authority,
um mundo com arquétipos (versões genéricas) dos heróis da DC, mas
que eles dominaram o mundo, pois decidiram que os humanos normais não
eram competentes para continuar no controle. Nesse contexto, sem
amarras editoriais, o Meia Noite e o Apolo assumiram que eram gays.
Criados por Warren Ellis (texto)
e Bryan Hitch (arte).
Planetary
Planetary, um Watchmen com
multiverso de Warren Ellis (texto) e John Cassaday (arte).
Ex Machina
Ex Machina; um genérico do
Homem de Ferro que revela sua identidade e se torna prefeito de New
York. De Brian K. Vaughan (texto) e Tony Harris (arte), é bem a
proposta de como seriam esses personagens fictícios em nosso mundo.
Astro City
Astro
City; me dê uma chance,
continue lendo. Sei que
muitos discordarão da colocação dessa série como uma influência
direta de Watchmen. Acontece
que, nesta cidade, criada por Alex Ross (concepção visual e arte
das capas), Kurt Busiek (texto) e
Brent Anderson (arte), há heróis representantes de todas as
tendências e de todas as eras dos quadrinhos. Logo, é uma série de
histórias fechadas para todos os gostos.
Busiek
explica que, depois que os super-heróis foram desconstruídos por
histórias como Watchmen e O
Cavaleiro das Trevas, de
Frank Miller (texto e arte), eles precisariam ser reconstruídos.
Nesta reconstrução,
nada ficou de fora, nenhuma peça foi esquecida, nem os heróis
ideais, nem os mais problemáticos, nem os anti-heróis etc.; ou
seja, não deixa de ter heróis com a pegada pessimista de Watchmen,
mas mostra que um mesmo
cenário pode abarcar personagens para todo tipo de público,
inclusive os que curtem heróis ideais, e de
todas as faixas etárias.
Com
efeito, as influências de Moore sobre a equipe já são mostradas na
edição 4 do primeiro volume, Proteção, e
totalmente sentida no volume dois, Confissão.
Outro detalhe a ser destacado são as referências a Watchmen
espalhadas logo nas seis primeiras histórias, bem como o fato de que
muitos personagens são só vigilantes fantasiados e equipados, sem
super poderes. As seis primeiras
histórias da série foram republicadas pela Panini em Astro City
volume 1 Vida na Cidade Grande, que já havia saído no Brasil.
Astro City também é importante
por outras duas razões: a primeira, por ter começado a devolver,
ainda nos anos 1990, o status que os super-heróis estavam perdendo
nesta década; a segunda, e irônica, é que foi um dos títulos
independentes que começou a ser publicado na antiga Image, tirando-a
do buraco pouco antes de sua fragmentação. Com a fragmentação da
Image, Astro City foi para a Ws de Jim Lee. Este vendeu a Ws para a
DC, mas os direitos de Astro City e de muitos títulos da antiga Ws
pertencem aos seus criadores. Hoje, a cidade está no selo Vertigo.
Pode-se dizer que Astro City foi
o aperfeiçoamento das ideias de seus criadores em Marvels, mostrando
como cidadãos humanos normais teriam suas vidas afetadas por
vigilantes, super-humanos e seres sobrenaturais de toda a ordem e da
perspectiva deles, simples mortais. Por ser uma obra abrangente, cada
episódio é um aspecto da vida daquela realidade, e os anti-heróis
problemáticos também são abordados. No volume 2, Confissão,
Busiek nos remete a caça as bruxas contra os quadrinhos, ao livro A
Sedução do Inocente e seus alvos preferidos, quadrinhos de terror e
a dupla dinâmica, Batman e Robin. Tudo isso através da história do
Confessor, um vampiro vigilante que havia sido padre, e seu ajudante
Coroinha, que descobre o segredo do mentor.
Se Batman é um sujeito normal
se passando por criatura da noite sobrenatural, o Confessor era uma
criatura da noite sobrenatural tentando se passar por um vigilante
humano; um contraponto genial concebido por Busiek. Mas o que bate o
martelo para que Astro City figure nessa lista é a sua concepção
original, só revelada na série Astro City: The Dark Age, cujo
primeiro volume foi publicado, pela primeira vez aqui no Brasil, pela
Panini, sob o título de Astro City: A Era das Trevas 1: Irmãos &
Outros Estranhos.
O agradecimento que Alex Ross
faz a Bob Scheck, na época editor da editora independente Dark
Horse, é revelador. A Era das Trevas é a maior série desta série
de minisséries e histórias fechadas que é Astro City. Com 16
edições originais, foi encadernada lá fora em 2 volumes. É a
história que conta, finalmente, o que aconteceu ao Agente de Prata
na perspectiva de dois irmãos humanos normais, um policial e um
criminoso, e de como eles vivem numa cidade grande cheia de
superpoderosos.
Essa é a Era das Trevas do
universo de Astro City que foi concebida para ser a primeira história
e que foi apresentada a Bob Scheck que a recusou. Busiek e
Ross queriam iniciar a série pela desconstrução e mostrar a
reconstrução dos heróis aos poucos, mas todos os cenários e
personagens eram inéditos.
Scheck lembrou aos dois que
nenhum leitor compraria uma trama similar a Watchmen com personagens
totalmente inéditos em plenos anos 1990, mesmo depois do sucesso da
dupla em Marvels e aproveitando parte da premissa. Novos heróis
sombrios era uma premissa que tinha sido bem banalizada nos anos
1990.
Assim, Busiek, Ross e Anderson
se concentraram no presente de Astro City, quando a imagem dos heróis
já havia sido reconstruída. Ao longo das histórias iniciais,
pistas foram sendo dadas para que o leitor soubesse que algo muito
grave aconteceu ao Agente de Prata e que isso começou um pouco antes
da morte do herói e repercutiu muito tempo depois.
A Era das Trevas conta a
história do Agente de Prata e é um chute no saco e um soco no
estômago dos que subestimam os roteiros de Kurt Busiek. Ele consegue
surpreender com o uso de velhos arquétipos e clichês virando-os do
avesso. Aqui, fica claro de que Ross ouviu as ideias de Busiek até
em relação a alguns visuais de personagens. Os idiotas que julgam
obras pela capa se surpreendem com a história que apresenta o
personagem Hellhound. Os leitores que respeitam Busiek ficam curiosos
para saber o que o autor fará com aquele arquétipo manjado.
Quando escrevo estas linhas, a
Panini está adiando a publicação de Astro City: A Era das Trevas -
volume II. Uma lástima.
Projeto Superpowers
Apesar de ser uma boa história,
Projeto Superpowers é um genérico de Watchmen com super-heróis que
caíram em domínio público. De Alex Ross (texto, concepção visual
e artes de capa), Jim Krueger (texto e roteiro), Carlos Paul (arte),
Douk Klauba (arte) e Stephen Sadowski (arte). Este foi o projeto em
que Alex Ross mais escreveu. Produzida para a editora independente
Dynamite, a série, utilizando super-heróis caídos em domínio
público, abraça a magia e a ciência miraculosa, características
do gênero, para criar um cenário distópico. Apesar de a história
ser boa (merece um 7.0), não chega nem perto do brilhantismo e do
sucesso dos projetos anteriores e posteriores em que Alex Ross se
envolveu.
É fiel ao plot de mundo a beira
do caos graças a um erro crasso de um super-herói do passado, o
Combatente Ianque; mas deixa o gancho para uma sequência (o Projeto
Super Powers 2 etc.) e foi usado como ponto de partida para que a
Dynamite criasse seu próprio universo para competir com as gigantes
DC e Marvel. Muitos dos outros projetos de Ross nessa editora
derivaram dessa primeira série.
Tais fatos geraram uma má
aceitação dessa trama pela crítica e público; este já saturado
de histórias em que os heróis do passado voltam para consertar tudo
e influenciar a novas gerações depois de uma longa ausência, em
pleno ano de 2008. Pior ainda, isso ter sido feito pelo próprio Ross
que encabeçou a reconstrução com Marvels, Astro City e Reino do
Amanhã. Como desenhista, pintor e artista gráfico, Ross é
brilhante como sempre, apesar da pintura digital da parte interna
soar fake e dos desenhistas não seguirem a risca as concepções
visuais dele.
Todavia, como escritor e
desenvolvedor de enredos, Ross é autor de um tema só, e, neste
projeto, o texto é predominantemente dele, repetindo basicamente a
premissa do Reino do Amanhã. O fato do final ter soado como fim de
piloto para série de televisão também é um ponto desconcertante.
Parece que Ross concebeu uma ambientação de RPG para que outros
jogassem. Este foi um projeto da Dynamite Entertainment e o Ross foi
o diretor contratado. Apesar de tudo isso, merece uma nota 7.0, mas
foi o único dos grandes projetos de Ross a não ganhar nenhum
prêmio.
Aliais, outro alvo da crítica é
justamento o fato de Ross ter trabalhado sob contrato para a editora.
Os direitos de Projeto Superpowers pertencem à editora, não a Ross
e sua equipe, apesar dos personagens serem de domínio público, a
trama específica criada por Ross é da editora.
Com
isso, está encerrada a lista dos mais notórios filhos de Watchmen.
Não são os únicos, mas
são os mais emblemáticos. Bem
verdade que muitos, dignos de nota, ficaram de fora: Powers,
The Boys, Invencível e
tantos outros também poderiam estar aqui, mas não haveria espaço
que chegasse para detalhar todos eles.
“Por que não falou de V de
Vingança e da Liga Extraordinária?” Porque V de Vingança e a
Liga Extraordinária são do próprio Alan Moore, logo, irmãs de
Watchmen. E este texto é sobre obras influenciadas por Moore, não
sobre as outras dele mesmo.
Conclusão
Todo
admirador verdadeiro do trabalho de Moore e Gibbons concordará que
Watchmen é uma história fechada, tão bem-feita e autocontida em
suas 12 edições, que não admite nenhuma
mudança ou
acréscimo. Um universo
fechado que não admite interferências ou crises, nem reboots, nem
retcons, nem prólogos tardios ou continuações oficiais vindouras
etc. Ou seja, o que não for escrito por Moore e desenhado por
Gibbons, não é Watchmen, mesmo que alguém
na
DC coloque esse título.
Todavia, tudo o que foi feito
depois de Watchmen tem algum elemento de Watchmen; a história de
super-heróis que se tornou fundamental para o gênero, exatamente
por aproximá-lo do terror e da ficção científica distópica e por
refletir sobre o fato de que super-humanos seriam tão perigosos
quanto magos malignos, vampiros, lobisomens e monstros em geral.
Vale lembrar que a história é
boa porque se queria contar uma boa história. O sucesso comercial e
a venda de produtos derivados não eram esperados, foram
consequências.
Fim
Anexo
Tabela de Equivalência dos
personagens da Charlton Comics com os de Watchmen
Universo da antiga Charlton
Comics
|
Universo de Watchmen
|
Pacificador
|
Comediante
|
Besouro
Azul/Ted Kord
|
Coruja
II
|
Nightshade
|
Espectral
II
|
Capitão
Átomo
|
Manhattan,
Dr.
|
Peter
Cannon, Thunderbolt
|
Ozymandias
|
Questão
|
Rorscharch
|
Esta tabela se encontra em
tantos sites, que não sei quem a fez originalmente. Ao reproduzi-la,
cortei os personagens secundários de Watchmen e seus equivalentes da
Charlton.
Bibliografia
Livros
HUXLEY,
Aldous. Admirável Mundo Novo.
26ª ed. São Paulo: Globo, 2000.
ORWELL,
George. 1984. 23ª
ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1998.
ROSS,
Alex (história, artes
de capas,
concepção visual e direção de arte)/
KRUEGER, Jim
(história e texto)/
PAUL, Carlos (arte)/ KLAUBA,
Doug (arte)/ SADOWSKY, Stephen (arte).
Projeto Super Powers.
São Paulo: Devir,
2011.
ROSS,
Alex (arte)/ WAID, Mark (texto). Reino do Amanhã: Edição
Definitiva. São Paulo:
Panini, 2013.
Periódicos
ANDERSON,
Brent (arte)/ BUSIEK, Kurt (texto)/ ROSS, Alex (capas e concepção
visual). Astro City: Vida na Cidade Grande.
São Paulo: Panini, 2015.
ANDERSON,
Brent (arte)/ BUSIEK, Kurt (texto)/ ROSS, Alex (capas e concepção
visual). Astro City volume 2: Confissão.
São Paulo: Panini, 2015.
ANDERSON,
Brent (arte)/ BUSIEK, Kurt (texto)/ ROSS, Alex (capas e concepção
visual). Astro City - volume 6 – A Era das
Trevas 1: Irmãos & Outros Estranhos.
São Paulo: Panini, 2016.
GAIMAN, Neil. Introdução In
ANDERSON, Brent (arte)/ BUSIEK, Kurt (texto)/ ROSS, Alex (capas e
concepção visual). Astro City volume 2:
Confissão. São Paulo: Panini, 2015. p. 10 – 14.
Gibbons,
Dave (arte)/
Moore, Alan (texto).
Watchmen: Nº 01 de 12.
São Paulo: Abril, 1999.
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Moore, Alan (texto).
Watchmen: Nº 02 de 12.
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Watchmen: Nº 04 de 12.
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Watchmen: Nº 05 de 12.
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Watchmen: Nº 06 de 12.
São Paulo: Abril, 1999.
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Watchmen: Nº 07 de 12.
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Watchmen: Nº 08 de 12.
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Watchmen: Nº 09 de 12.
São Paulo: Abril, 1999.
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Watchmen: Nº 10 de 12.
São Paulo: Abril, 1999.
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Watchmen: Nº 11 de 12.
São Paulo: Abril, 1999.
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Watchmen: Nº 12 de 12.
São Paulo: Abril, 1999.
Sites
ArgCast!
http://www.dinamo.art.br/podcast
http://www.dinamo.art.br/podcast/argcast-71-a-era-de-ouro/.
http://www.dinamo.art.br/podcast/143/.
Guia dos Quadrinhos
http://www.guiadosquadrinhos.com
http://www.guiadosquadrinhos.com/capas/era-de-ouro-a/a%2005801
em 26/03/2015.
http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/supremos-os-edicao-definitiva-%28capa-dura%29-%282-edicao%29/su011202/98807
em 28/03/2015.
Legião dos Heróis
http://legiaodosherois.virgula.uol.com.br/2013/conheca-watchmen-quem-vigia-os-vigilantes.html
também foi consultado em 23/03/2015.
Nerdologia
https://www.youtube.com/watch?v=9QjcRbXKr1U
em 27/11/2016.
QuadrimCast
http://www.quadrimcast.com.br
http://www.quadrimcast.com.br/2012/11/28/405/.
http://www.quadrimcast.com.br/2013/01/09/quadrimcast-38-reino-do-amanha/.
http://www.quadrimcast.com.br/2014/01/29/quadrimcast-63-crise-de-identidade/.
http://www.quadrimcast.com.br/2014/09/18/quadrimcast-75-planetary-parte-1/.
http://www.quadrimcast.com.br/2014/10/08/quadrimcast-76-planetary-parte-2/.
http://www.quadrimcast.com.br/2015/03/04/quadrimcast-84-reboots/
em 04/03/2015.
Wikipedia
https://www.wikipedia.org/
consultada em 22/03/2015.
Tags: quadrinhos, super-heróis,
Alan Moore, Watchmen, influências
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