Rodrigo
Rosas Campos
Introdução
Sim,
super-heróis também caíram em domínio público, e eles são
realmente muitos nos EUA. Listas bem abrangentes podem ser vistas nos
sites Wikia - Public Domain Super Heroes, Comic Vine e até na
Wikipédia.
Muitas
histórias em quadrinhos nessa situação estão disponíveis online
(em inglês) nos sites Comic Book Plus (+) e The Digital Comics
Museum. É de surpreender a quantidade imensa de material.
Se
você está pensando que, “estes personagens são tão de segunda
que ninguém quis renovar os direitos” como aconteceu com os
grandes das atuais DC e Marvel, prepare-se para surpresas.
Este
ensaio é, justamente, sobre o multiverso baseado em domínio
público. Estes personagens possuem força popular suficiente para
ainda serem publicados. Muitas editoras estadunidenses iniciaram
linhas com os super-heróis que caíram em domínio público, criando
um verdadeiro multiverso do domínio público, duplicando e
espalhando os personagens por vários universos fictícios.
Este
ensaio é sobre personagens como: o Daredevil original de 1940;
Captain Flag de 1941; The Owl de 1940; Miss Masque de 1941; Captain
Future de 1940; Atomic Man de 1941; Amazing Man de 1939; The Clock de
1936; The Arrow de 1938; Green Lama de 1940; Airman de 1940; Sub-Zero
de 1940; Pyroman de 1942; Pat Patriot de 1941; Captain Freedom de
1941; American Eagle de 1942; V-Man de 1942; Marvelo de 1940; Raven
de 1940; Black Venus de 1944; The Hood de 1941; Black Cat de 1941;
Moon Girl de 1947; Star de 1949; Lady Satan de 1941; Lash Lightning
de 1940; Lightning Girl de 1942; Woman in Red de 1940; Yankee Girl de
1945; Yankee Girl de 1947; Amazona the Mighty Woman de 1940; entre
tantos outros. Mostrando um resumo geral do que aconteceu com eles.
Mas
como tantos personagens bons
foram criados e
esquecidos?
Com
a criação e publicação do Superman em
1938 na revista Action
Comics #01 pela National Periodics – que viria a se tornar a atual
DC comics -, várias editoras entraram de cabeça no novo gênero, o
de super-heróis. Muitas delas já possuíam vigilantes e magos.
O
diferencial do Superman para com os aventureiros fantasiados
anteriores era o fato de que ele não dependia nem de magia nem de
equipamentos ou armas
para atuar. De fato,
foi o primeiro super-herói da história.
O
sucesso dos super-heróis durou até o fim da Segunda Grande Guerra.
Estava terminada a chamada Era de Ouro dos Quadrinhos. Vale lembrar
que o termo Era de Ouro não se refere só aos quadrinhos de
super-heróis e aventureiros, mas aos quadrinhos norte-americanos
como um todo. Personagens emblemáticos, como o Ferdinando, são
dessa época.
Outro
ponto a ser lembrando é que os melhores quadrinhos da época erem
distribuídos em tiras de jornais pelo mundo todo. Os autores desse
material sim, possuíam prestígio, dinheiro, os direitos de suas
criações, e renome. Isso tudo é bem lembrado e contado por Daniel
HDR no Arg Cast sobre os Defensores da Terra.
As
primeiras revistas de quadrinhos (comic books) não passavam de
compilações dessas tiras. Action Comics, se não foi a primeira,
foi uma das primeiras revistas a apresentar material inédito e
exclusivo.
Inicialmente,
o próprio Superman era de Siegel e Shuster, mas logo os editores
começaram a encomendar personagens e séries mediante pagamento e
cessão de direitos autorais. Os próprios criadores do homem de aço
venderam os direitos do personagem para a então National Periodics.
As famílias dos criadores do Superman brigam até hoje por uma parte
maior nos lucros do personagem, mas o fato é que, nos EUA, é
permitida a venda de direitos autorais e Siegel e Shuster os
venderam.
O
pós-guerra trouxe
aos EUA a paranoia do “perigo” comunista, o
Macartismo e a censura nos quadrinhos, sobretudo os de terror e
super-heróis. Os alvos preferencias do livro A Sedução do Inocente
foram os quadrinhos de terror e a dupla Batman e Robin, acusada de
homossexualismo.
Veio
então o Comics
Code Authorit, uma
autocensura da indústria para evitar uma censura maior. O fato é
que grande parte das editoras de quadrinhos nos EUA, ou fecharam
ou mudaram de ramo ou
quebraram. Este código de ética começou
a valer em 1954 e
só terminou,
oficialmente, em
2011.
Maiores
detalhes sobre esse período no blog Quadrinhopop
(http://quadripop.blogspot.com.br/2014/06/historias-em-quadrinhos-em-dominio.html)
em uma matéria
de Mark Almeida; e no
pod cast do Universo HQ, Confins
do Universo #02
(http://www.universohq.com/podcast/confins-do-universo-002-a-censura-nos-quadrinhos/).
Em
resumo, toda essa paranoia, censura e perseguição ao terror e aos
super-heróis acabaram falindo a maior parte das editoras da época.
Deixando espaço apenas para as que tinham títulos campeões de
vendas e que se tronariam as atuais DC comics (que comprou várias
editoras menores) e Marvel Comics.
Outro
detalhe importante a ser lembrado é que a maior parte dos artistas
que trabalhavam para as editoras de comic books (revistas em
quadrinhos) era de freelancers e trabalhava por pagamento, prestação
de serviço, “work for hire”, cedendo os direitos de suas
criações para os editores, pessoas jurídicas, empresas. Isso era
parte do contrato de trabalho. O leitor mais atento verá que, muitos
dos criadores que serão mencionados nesse texto morreram
recentemente, mas quando esses personagens foram produzidos, já o
foram com a condição de que eles não seriam os donos dos direitos
das próprias criações.
Mas
deixemos de lado este período obscuro e vamos ao que interessa aqui.
O
Multiverso dos Super-Heróis do Domínio Público
Como
já foi dito, muitos desses personagens não foram tão esquecidos
quanto poderia se pensar. Depois da queda no domínio público
chegaram a ser relançados em algumas editoras com o passar dos anos.
Vajamos alguns dos títulos mais conhecidos:
Next
Issue Project da editora Image: a Image, sobretudo o autor e
desenhista Erik Larsen no título de sua autoria, o Savage Dragon,
usou os personagens de domínio público para ter uma era de ouro em
seu universo unificado da época.
Acontece,
que a editora surgiu no início dos anos 1990 e Larsen quis que a
realidade do Dragon fosse como a das empresas concorrentes, DC e
Marvel, que tinham heróis de três gerações.
Foi
na história do Dragon que o Daredevil original ressurgiu; aqui no
Brasil, pararam de publicar a revista do Dragon antes dessa fase. O
passo seguinte foi dar um título para estes personagens serem
reapresentados de uma melhor forma para um novo público, o Next
Issue e seus desdobramentos.
Lembrando
que antes da Image se tornar uma editora realmente independente, o
projeto inicial era que ela rivalizasse com a DC e com a Marvel, com
a única diferença de que seus criadores e sócios manteriam os
direitos totais sobre os trabalhos. Ou seja, ela surge como um
universo unificado de super-heróis visando lucro com merchandising.
As
desavenças entre os sócios destruíram este universo unificado, a
Image se fragmentou em várias editoras menores. Savage Dragon é,
hoje, um dos poucos títulos da Image original que permanecem na
empresa sob o selo Image. De modo que todas essas histórias ainda
são válidas. Se esta fase é
considerada menor, é por que a Image original, como um todo, não
passou de uma grande bolha de consumo.
Fem
Force da editora AC Comics: Um universo estrelado por reformulações
de heroínas que caíram em domínio público. Neste cenário, são
elas, e não eles, as principais estrelas. Uma mudança de paradigma
ousada e relevante num universo/multiverso dominado(s) por homens.
Uma excelente ideia, apesar de visualmente polêmica por ter os
garotos como público-alvo principal. Ainda sim, eram elas nos
holofotes e eles como coadjuvantes, isso não é tão pouco como pode
parecer. Pena que não chegou no Brasil.
Protectors
da editora Malibu Comics: Somente com os personagens da antiga
editora Centaur Publications. Foi uma reformulação simples que
unificou aqueles heróis num grupo a serviço do governo, enredo
(plot) bem banalizado na época, sobretudo pela Image. Alguns foram
mudados para virarem marcas específicas da Malibu Comics (foram
renomeados e redesenhados mantendo a história básica). Nada disso
chegou aqui, mas, nesse caso, quem liga?
Terra
Obscura do selo America´s Best Comics da editora DC: Spin off
(desdobramento) da série Tom Strong de Alan Moore, para o selo
Américas´s Best Comics da editora DC. Terra Obscura foi escrita por
Moore, mas ficou restrita a um público mais específico de
quadrinhos. Lembrando: Tom Strong é criação de Alan Moore e não
está em domínio público. É um Alan Moore, ame-o ou odeie-o, mas
vale a leitura.
Project
Superpowers da editora Dynamite Entertainmant: Alex Ross criou um
universo para editora Dynamite a partir dos personagens de domínio
público.
Este
foi o título que teve mais visibilidade internacional, apesar de não
ter agradado tanto a crítica e o público. Foi o único dos grandes
trabalhos de Ross que não foi premiado: os outros são Marvels,
Astro City e Reino do Amanhã. Veremos um pouco mais sobre essa
história a seguir. É importante guardar uma informação aqui, Alex
Ross é um dos poucos artistas de quadrinhos da atualidade a
trabalhar com super-heróis que consegue uma obra requintada e, ao
mesmo tempo, comercial para todos os públicos.
Atenção:
os personagens são de domínio público, mas todo esse material
mencionado é de propriedade das respectivas editoras. Não entendeu?
Explico.
Sherlock
Holmes foi escrito por Arthur Conan Doyle em romances e contos na
virada dos séculos XIX para o XX.
Sherlock
Holmes e as histórias escritas por Doyle caíram em domínio
público; qualquer um pode publicar essas histórias ou usar os
personagens em novas histórias.
Jô
Soares escreveu e publicou o Xangô de Baker Street em 1995, a vinda
de Holmes ao Brasil.
Para
publicar o Xangô de Baker Street é preciso pagar direitos autorais
para Jô Soares, pois ele escreveu essa história específica que não
caiu em domínio público.
Este
ensaio foi escrito entre 2015 e 2016 e o mencionado livro do Jô
Soares ainda é publicado pela Companhia das Letras.
Retomando
o assunto, agora
veremos as duplicatas perdidas em universos TMs. Algumas editoras com
universos estabelecidos também recorreram ao domínio público para
dele retirar personagens mais específicos (ou mesmo ideias). E
estamos falando aqui dos universos (até então) regulares da DC e da
Marvel. Observe algumas duplicatas perdidas de heróis em domínio
público em universos proprietários:
O
Green Lama da Marvel Comics: publicado no Brasil pela Panini em 2006
em Maiores Clássicos dos Vingadores #01, o Lama Verde (Green Lama)
aparece na história.
John
Aman da Marvel Comics: baseado no Amazing-man, este Aman é mentor do
Punho de Ferro.
Há
três Amazing-Men negros nos universos (até então) regulares da DC.
O primeiro está lá desde antes da primeira Crise: seus criadores
admitem retcons baseados no herói de domínio público. E tem gente
que pensa que mudar etnias de personagens foi ideia da Marvel.
O
Magno da DC Comics: o herói magnético criado em 1940 por Paul
Chadwick gerou várias versões (com outros nomes até) nos universos
(até então regulares) da DC.
Coruja
da Marvel Comics: na Marvel, há o Esquadrão Supremo numa Terra
paralela, equivalente à da DC, no multiverso Marvel. Esta Terra foi
criada quando o primeiro acordo que faria a união da Liga da Justiça
com os Vingadores não deu certo. Os envolvidos no projeto não
quiseram desperdiçar o material produzido para estudos e adaptaram a
história. A Saga da Coroa da Serpente chegou a sair no Brasil ainda
pela editora Abril.
Aqui,
não está sendo levado em consideração os personagens diferentes
com nomes iguais, como são os casos do Wonder
Man, Quick Silver, Daredevil (voltaremos a ele) e da Black Cat. Nem
aqueles que compartilham apenas poderes em comum, como no cado de
Magno e Magneto. Stan Lee e seus seguidores são muito criativos, não
é mesmo? A Marvel pode até ser a casa das ideias, mas está longe
de ser maternidade. Enfim, adiante.
Mas
apesar de todos os resgates anteriores desses personagens, nenhum fez
tanto barulho quanto o Projeto Superpowers.
Foi
preciso o nome de peso de Alex Ross, já consagrado com Marvels,
Reino do Amanhã e Astro City, encabeçar o Projeto Superpowers para
a editora Dynamite Entertainment para dar a esses personagens
esquecidos a visibilidade internacional que nunca tiveram antes.
Mesmo
o mais popular desses personagens esquecidos, o Daredevil da era de
ouro, só rodou o mundo de verdade pela arte de Ross. Vamos a ele, um
pouco, antes de falarmos da obra de Ross e de sua importância.
O
caso do Daredevil
original da era de ouro dos quadrinhos é
emblemático.
Ele
foi criado
por Jack Binder, Charles Biro e Jack Cole em 1940 e
caiu
em domínio público.
Nos
anos 1960, Stan Lee
criou
um personagem diferente, mas usou o nome Daredevil (o Demolidor, aqui
no Brasil), que acabou se tornando
uma das
marcas
registradas
da Marvel.
Ao
criar seu Daredevil, Stan Lee não partiu do zero. Havia um
personagem que não era mais publicado, mas ainda era lembrado. Tinha
um nome e uma roupa de demônio. Era mudo por trauma e usava um par
de boomerangs. Foi trocar a mudez pela cegueira, os boomerangs pelo
bastão com gancho, dar a ele um radar que lembrava a visão sobre
humana do Black-Bat – um concorrente direto do Batman na era de
ouro que não vingou - e
estava pronto o novo Daredevil de Stan Lee, Bill Everet e Wally Wood
(criador
do uniforme vermelho e do emblema de duplo D).
Os
dois personagens são inconfundíveis, apesar de parecidos,
mas
algumas
pessoas,
físicas
ou jurídicas,
acabam
renomeando o personagem original
para evitar atritos legais com
a Marvel.
A
tabela a seguir é só um exemplo de como isso aconteceu.
Os
Muitos Nomes do Daredevil Original
Editora
|
Nome
|
Comentários
|
Lev
Gleason Publications
|
Daredevil
|
Editora
que publicou o personagem originalmente em 1940.
|
Image
|
The
Dynamic Daredevil ou Daredevil dependendo da edição
|
Na
revista do Savage Dragon por Erik Larsen, ele resolveu manter o
nome original só acrescentando um Dynamic antes.
|
Dynamite
Entertainment (USA)
|
Death
Defiant Devil
|
Projeto
Superpowers de Alex Ross.
|
Dynamite/Devir
(Brasil)
|
Demônio
Desafiador
|
Tradução
brasileira do Projeto Superpowers de Alex Ross.
|
First
Publications
|
Double
Dare
|
Sem
comentários.
|
AC
Comics
|
Reddevil
|
Sem
comentários.
|
Wild
Cat Books
|
Daredevil
|
Nesse
caso, trata-se de um livro, uma obra em prosa sem ilustrações
internas. Autor e editor mantiveram o nome.
|
Direitos
Autorais e de Cópia nos EUA
O
caso do Daredevil ilustra bem uma situação da lei norte-americana
sobre direitos autorais. Isso é um cuidado importante que o leitor
deve ter: o fato que os direitos autorais nos EUA não são
unificados, de forma que há histórias de certos personagens que
caíram em domínio público, outras não, algumas editoras detém
exclusividade sobre a marca, outras sobre o nome etc. Nos EUA, tudo
isso é separado.
Caso
haja algum escritor entre os leitores, um aviso: em caso de dúvida,
como o Capitão Marvel Jr. e o Shield, por exemplo, não usem os
personagens em materiais que pretendam publicar.
Não
será este ensaio que explicará todos esses labirintos e nós. Caso
haja algum jurista ou estudante de direito que se interesse por
domínio público, fique à vontade para pesquisar. A matéria de
Mark Almeida, já citada é um excelente ponto de partida.
Para
o momento, só interessa que o direito autoral nos EUA não é
unificado. Isso permitiu a Stan Lee e a Marvel o uso do nome e de
algumas outras características de personagens já existentes na
criação de outros. O Daredevil não foi o único.
Incontestavelmente
Domínio Público
Mas
o que é incontestavelmente de Domínio Público e onde achá-lo?
As
histórias e biografias desses personagens que podem ser usadas por
qualquer um e são usadas constantemente por vários autores e
editoras, como já visto, estão nos sites:
Comic
Book Plus (+);
(http://comicbookplus.com)
The
Digital Comics Museum;
(http://digitalcomicmuseum.com)
Wikia
- Public Domain Super Heroes;
(http://pdsh.wikia.com/wiki/Public_Domain_Super_Heroes)
Criadores
Mas
não é por que os personagens são de domínio público que as
pessoas podem ignorar as informações disponíveis sobre seus
criadores, nomes originais e quando foram criados. Segue uma pequena
lista com alguns personagens.
Personagens
e Criadores
Captain
Flag de 1941, criado por Joe Blair e Lin Streeter.
The
Owl de 1940, criado por Frank Thomas.
Miss
Masque de 1941, criada por autor desconhecido, não há créditos
para o texto e a arte interna, mas as primeiras e mais importantes
capas são de Alex Schomburg e Frank Frazetta (Vampirella).
Captain
Future de 1940, criado por Kin Platt.
Atomic
Man de 1941, criado por Charles Voight.
Amazing
Man de 1939, criado por Bill Everett.
The
Clock de 1936, criado por George Brenner.
The
Arrow de 1938, criado por Paul Gustavson. Sim, é anterior ao
Arqueiro Verde da distinta concorrente.
Green
Lama de 1940, criado por Ken Foster Crossen.
Airman
de
1940, criado
por George Kapitan e Harry Sahle.
Sub-Zero
de 1940, criado por Larry Antonetti.
Pyroman
de
1942,
criado por Jack Binder.
Pat
Patriot de 1941, criada por Charles Biro, Bob Wood e Reed Crandall.
Captain
Freedom de 1941, criado por Arthur Cazeneuve & "Franklin
Flagg".
American
Eagle de 1942, criado por Richard E. Hughes e Kin Platt.
V-Man
de 1942, criado por autor desconhecido.
Marvelo
de 1940, criado por Fred Guardineer.
Raven
de 1940, criado por autor desconhecido.
Black
Venus de 1944, criada por autor desconhecido.
The
Hood de 1941, criado por autor desconhecido.
Black
Cat de 1941, criada por Al Gabriele.
Moon
Girl de 1947, criada por Max Gaimes, Gardner Fox e Sheldon Moldoff.
Star
de 1949, criada por Sheldon Moldoff.
Starlight
de 1950 (data de publicação), criada por Ann Adams e Ralph Mayo.
Lady
Satan de 1941, criada por George Tuska.
Lash
Lightning de 1940, segundo o Wikia
- Public Domain Super Heroes, foi
criado por Jim Mooney e Bob Turner. Segundo o
Comic Vine, o autor é desconhecido.
Lightning
Girl de 1942, criada por autor desconhecido.
Woman
in Red de 1940, criada por Richard E. Hughes e George Mandel.
Yankee
Girl de 1945, criada por autor desconhecido.
Yankee
Girl de 1947, criada por Ralph Mayo.
Amazona
the Mighty Woman de 1940, criada por Wilson Locke, Alex Blum e Dan
Zolnerowich. Sim, ela é anterior a Mulher-Maravilha da distinta
concorrente.
O,
já tão mencionado, Daredevil
de
1940, o
original, criado por Jack Binder, Charles Biro e Jack Cole.
Entre
muitos outros!
Como
não era habito dos editores na época creditarem os artistas e
escritores nas revistas em quadrinhos (comic books), muitos autores e
desenhistas criadores permanecem desconhecidos ou não identificados
até hoje.
A
Importância de Projeto Superpowers
Voltando
a falar sobre essa obra polêmica de Alex Ross e recapitulando: foi
essa obra que deu visibilidade internacional a esses personagens
esquecidos. E é aí que está a maior importância desse título.
Mas antes de falarmos nisso, vamos ao outro tópico;
Não
foi um sucesso retumbante. Alex Ross vinha de projetos em que ele e
suas respectivas equipes acumulavam prêmios. Quando fez o projeto
Superpowers já era o capista mais requisitado (e caro) dos EUA.
Marvels e Reino do Amanhã já tinham dado a ele renome
internacional. Cocriador de Astro City, série que acumulou elogios e
prêmios numa época em que os super-heróis estavam banalizados e em
baixa, os terríveis anos 1990.
O
título Projeto Superpowers sai em 2008, depois de Alex Ross já ser
o artista mundialmente consagrado. Mas, pela primeira vez, o texto
foi predominantemente do Ross. Como sempre, ele fez a concepção
visual e as capas, mas os artistas do miolo não seguiram tão a
risca as concepções de Ross. Esse é o primeiro ponto negativo da
série.
A
colorização digital ficou muito escura e fake. Exemplo, há uma
onda de mar que parece uma escultura estática por tantos detalhes.
Segundo ponto negativo.
Em
seus projetos anteriores, Ross criticava a banalização do enredo
(plot) de Watchmen, em que os próprios super-heróis piorariam o
mundo que tentavam consertar. Em Projeto Superpowers, o Combatente
Ianque comete um erro crasso e só começa a concertá-lo em 2008,
quando uma sociedade secreta de super-vilões com o apoio de um
antigo herói renegado tomou o poder. Vemos uma certa reprise de
Reino do Amanhã, aonde os heróis antigos retornam aos poucos para
concertar os estragos e influenciar as novas gerações.
Bom,
em 2008, o público já estava saturado disso. Mas o principal alvo
de crítica dessa série de minisséries e seus desdobramentos é que
elas são da editora Dynamite. Numa metáfora com o cinema, Ross foi
um diretor/roteirista contratado para realizar o filme que o estúdio
queria. Tanto é assim que, os direitos do Projeto Superpowers são
da Dynamite Entertainment.
O
final da primeira série mostra os antigos heróis se reunindo contra
a ditadura do Homem Dinâmico, sendo, ele próprio, apenas um testa
de ferro. Ou seja, agora a Dynamite tem um universo para chamar de
seu para competir com a DC e a Marvel, além de um genérico de
Watchmen, com o nome de Alex Ross encabeçando a equipe criativa.
Apesar
de tudo isso a história não é ruim. Qualquer outra pessoa que a
realizasse não seria tão cobrada como o Ross, mas todos esperamos
mais dele. A história é boa, mas não é brilhante. A leitura vale
muito a pena e que cada leitor tire suas próprias conclusões.
Mais
o maior legado de Projeto Superpowers foi mostrar, como nunca
anteriormente, super-heróis que qualquer pessoa pode usar em seus
próprios trabalhos sem medo de processos.
Isso
vai muito além dos quadrinhos e da criação de outras histórias.
Pode se escrever livros, filmes, PRGs, produzir bonecos articulados
(action figures), jogos de cartas, jogos de tabuleiros, videogames, e
diversos produtos, sem ter que pagar nada a ninguém. Até mesmo a
republicação e tradução das histórias originais é livre; a Dark
Horse, concorrente da Dynamite, têm, em seu catálogo atual, os
aquivos com as revistas originais do primeiro Daredevil, com o nome
original estampado na capa inclusive, e não só dele, como de quase
todos os personagens que aparecem no título da Dynamite.
A
Dynamite é detentora dos direitos das histórias específicas da
série Projeto Superpowers e seus derivados na própria empresa, mas
ela não é dona dos personagens e qualquer um pode usá-los como bem
quiser. A Marvel tem o Daredevil mais famoso (o Demolidor, aqui no
Brasil), mas o Daredevil original pode ser publicado ou republicado
por qualquer um.
Sem
contar que Ross, apesar de não ter feito aquela história para os
padrões que ele mesmo estabeleceu com outras equipes, demonstrou o
quanto se pode ousar quando os personagens usados não são os
figurões imutáveis com legiões de fãs irritantes que não
permitem mudanças definitivas por colocarem as TMs acima das boas
histórias.
O
leitor pode até não gostar de Projeto Superpowers e não concordar
com o que ele fez com aqueles personagens, mas é bem escrito e
divertido de ler. Ele demonstrou mais uma vez que: não existem
personagens de segunda linha, existem criativos de segunda linha. Ou,
dito de outra forma, não existem personagens buchas, existem
escritores e artistas buchas.
Vale
lembrar que o Demolidor (Daredevil da Marvel) só conheceu o sucesso
nas mãos de Frank Miller (Sin City, 300, Ronin etc.).
Atualmente
o projeto Superpowers se encontra nas mãos de uma nova equipe
criativa. Alex Ross continua em outros projetos da editora, sobretudo
como capista.
Outras
Fontes Além dos sites já mencionados
Livros
ROSS,
Alex (história, artes
de capas,
concepção visual e direção de arte)/
KRUEGER, Jim
(história e texto)/
PAUL, Carlos (arte)/ KLAUBA,
Doug (arte)/ SADOWSKY, Stephen (arte).
Projeto Super Powers.
São Paulo: Devir,
2011.
P.S.:
desabafo, é brochante ver uma edição com o Fantasma de Lee Falk
numa capa desenhada por Alex Ross, abrir o encadernado e encontrar um
desenho daqueles dentro.
Tom Strong é um criação do Moore, mas é explicado que é uma versão do Doc Strange de uma realidade paralela, Doc Strange era da Nedor, o Templeton pegou no pé do Moore:
ResponderExcluirhttps://tytempletonart.wordpress.com/2012/04/21/ethics-lesson-bun-toons-yay/
Antes de mais nada, muito obrigado pelo seu comentário. Pode vir sempre. Respondendo:
ExcluirVou concordar discordando. É certo que todo o selo ABC teve inspiração na Nedor e pegou o título de uma de suas revistas, America´s Best Comics. A base visual do Tom Strange é o Doc. Strange da Nedor, fato. Mas Tom Strong é uma amalgama dos primeiros heróis pulp, do Tarzan e suas cópias e do Superman original (que não voava e que podia ser ferido por uma granada). Mas além disso, ele é uma crítica inteligente a tudo isso. Primeiro porquê ele é um Tarzinide que se casa com uma nativa negra ao invés de buscar na "civilização" uma noiva branca. Segundo, ele é super inteligente, mas, ao contrário dos gênios como Homem de Ferro, Senhor Fantástico, a tecnologia que ele cria foi usada para fazer diferença positiva em seu universo. Ou seja, é originalidade nos dois sentidos, Moore vai a fontes que ele não criou e cria algo novo a partir disso.
Cópia por cópia, o Doc. Strange é um dos muitos genéricos do Superman original de Siegel e Shuster. Mas pouca gente se lembra de que ele não voava e nem era tão invulnerável assim.
Obrigado mais uma vez e volte sempre.
Rodrigo Rosas Campos.
Acabei de ler o post de Templeton! Ele é um cretino. Os créditos foram dados, tanto que cheguei a essas informações inicialmente pelo Projeto Superpowers. No caso de Tom Strong, fica claro que a Nedor foi a grande inspiração daquele universo.
ExcluirTempleton teria que questionar a lei norte-americana que permite o work for hire e que pessoas jurídicas tenham direitos autorais etc.
Chamar o Moore, o Ross e seus fãs de escória é absurdo. Templeton que escreva algo análogo a Watchmen com ilustrações dignas de um Reino do Amanhã ou Marvels.
Bom, Templeton entrou para minha lista negra, obrigado mais uma vez.
Abraço!
Verdade, todos sã derivados, afinal, tropos são ferramentas, quando o pessoal vem dizendo que algo é plágio, tento argumentar que plágio de fato são poucos, geralmente os processos são de uso indevido de marcas, pastiches, paródias e homenagens não são de maneira nenhuma plágios.
ResponderExcluirHomem de Aço era a alcunha Steel Sterling, mas ele caiu em domínio público.
Passando mais tempo no site desse camarada, descobri isso: https://tytempletonart.wordpress.com/holmes-inc/
ExcluirMinhas perguntas são simples: Será que Doyle tem descendentes vivos passando por necessidades? Templelton, que não passa de um parodiador e engenheiro de obras prontas que só trabalha com personagens alheios da DC e da Marvel paga algo aos descendentes de Doyle?
Esse cara tem inveja por não ser nem um Moore na hora de escrever, nem um Ross na hora de desenhar e pintar. Criou um coelho genérico que qualquer criança faria. Enfim, é só olhar o resto do site dele para ver que é uma fraude, mais um que trabalhou nas grandes e que nunca será lembrado.
Que acho a lei norte-americana errada, acho, mas é a lei deles e aqueles profissionais sabiam o que estavam fazendo.
Mudando de assunto: não estou te achando no Face, o que houve?
Quanto ao Conan Doyle, ocorreu o mesmo com o Tarzan, mas perderam
Excluirhttp://oglobo.globo.com/cultura/sherlock-holmes-esta-em-dominio-publico-decide-juiz-americano-11170513
Na Europa, também questionaram os direitos de Popeye e Zorro
https://web.archive.org/web/20100117091416/http://universohq.com/quadrinhos/2009/n12012009_09.cfm
http://oglobo.globo.com/cultura/marca-do-zorro-declarada-invalida-na-europa-16674801
Chegaram inclusive a publicar um tributo ao Popeye na França
http://www.bleedingcool.com/2012/07/04/popeye-the-public-domain-man/
Quanto ao Zorro, existe um histórico de filmes e quadrinhos publicados sem autorização no continente, sem falar que Zorro (raposa em espanhol) não seria uma marca distinta, mas sim uma palavra comum.
Perdi o meu perfil, tentei criar outro, mas perdi também.
Poxa, espero que recupere logo o seu perfil. Quanto a essas guerras de direitos autorias, obrigado por me manter atualizado.
ExcluirO que me irrita é que com o Drácula todos lucram sem brigar, com os demais ficam esses montes de processo idiotas.
Bom, abraço e até mais!
Dê uma olhada nos meus outros posts também, ora! Não sou de deixar comentários no seu blog, pois você sabe muito mais do que eu!
ExcluirAbraço de novo!
Drácula sim é de domínio público, mas a Universal sempre dá um jeito de renovar aqueles filmes que fez, tanto que vai ter um universo compartilhado com os Monstros da Universal.
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