quarta-feira, 1 de março de 2023

[Resenha] Escafandro: Leia Isto... Antes Que Seja Tarde! de Cesar Filho e Jean Lins


  A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, nos traz Leia Isto Antes Que Seja Tarde, uma história original escrita por Cesar Filho, desenhada, arte-finalizada e colorida por Jean Lins.

    A história explora todo potencial da mídia quadrinhos, onde a realidade muda a cada página; os desenhos e a narrativa gráfica são o ponto alto da edição.

    No início, vemos crianças brincando de polícia e ladrão, mas, de repente, depois de um acidente, o protagonista se pega descobrindo limites e possibilidades inerentes a linguagem dos quadrinhos e se vê um detetive resolvendo um grande mistério e tendo que impedir uma bomba de explodir.

    A proposta funciona? Ao meu ver, não muito. A narrativa gráfica é ótima, mas o roteiro misturou tantas referências que, mesmo que o leitor pegue as referências, a trama ficou confusa demais. Este é um quadrinho que não funcionou comigo. Misturar história infantil, elementos de realidade virtual à Matrix, história de detetives e easter eggs de mangá no final só agradará quem já estiver predisposto a gostar de miscelâneas. Já vi muitas histórias que questionavam a realidade sem perder o foco, com interpretações bem abertas e “Leia Isto… Antes Que Seja Tarde!” perde todos os focos. Mesmo um texto propositalmente viajado pede algum foco.

    Todavia é uma história fechada, ainda que com final (e meios) em aberto e minha opinião não é absoluta, assim como a opinião de ninguém é absoluta. Quem gostar de completar lacunas, adorará essa história. O ponto que me incomodou é que o texto não me convida a completar lacunas, ele me obriga a completar lacunas. “Explicação de mais é chato”, eu sei, mas explicação de menos parece que esqueceram de alguma coisa, foco, talvez. Se eu posso escolher sobre o que a história fala é porque parece que se esqueceram de perguntar “o que exatamente queremos contar?”.

    Estou sendo muito exigente? Sim, já li O Guia do Mochileiro das Galáxias, é viajado, mas o autor sabe onde quer ir e consegue levar improvisos para algum lugar ou a mais lugares de forma clara. Já vi metalinguagem ser melhor usada em Maurício de Sousa e diagramações e narrativas gráficas alternativas melhor usadas em tudo que Alam Moore fez. Enfim, espero, de coração, que os demais leitores gostem.

    A edição possui formato americano, lombada canoa grampeada, em cores, R$22,00 mais o eventual frete. Está a venda na loja virtual da editora Ultimato do Bacon e em gibiterias e livrarias reais e virtuais. Deixe seu comentário com carinho e educação pois ele será lido com carinho e educação.

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos

Um comentário:

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