Não é necessário apresentar Luís Fernando Veríssimo, ele é só o maior cronista e contista do Brasil. Não acredita, pesquise para além do zap. O livro A Mancha da coleção Vozes do Golpe da editora Companhia das Letras foi publicado em 2004 e é a prova de que Luís Fernando Veríssimo já estava atento a chegada do furacão reacionário que, lamentavelmente, ainda assola o país.
A Mancha conta a história de Rogério, ele fora torturado na ditadura militar e posteriormente exilado. Ao voltar do exílio, com um dinheiro deixado por seu pai, ele se torna um especulador imobiliário, comprando propriedades decadentes, reformando-as e revendendo-as com lucro ou demolindo-as e vendendo o terreno com lucro.
Na ditadura, fora levado para o local de tortura de olhos fechados, hoje, ao procurar um prédio velho para comprar, reformar ou demolir e revender com lucro, descobre a sala onde fora torturado a partir de uma mancha de sangue no carpete, a mancha de seu sangue que formou um mapa da Austrália. Agora Rogério investiga o passado daquele decadente prédio e descobre possíveis envolvimentos da família de sua esposa com a ditadura.
De tudo de Luís Fernando Veríssimo que li, este conto é o que mais se aproxima de uma peça de teatro, inclusive ele é perfeito para ser adaptado para teatro ou mesmo para o cinema. Em sua busca pela verdade, Rogério se vê as voltas com uma filha que não o compreende, com a possibilidade de descobrir o envolvimento da família da esposa na ditadura e reencontra um velho parceiro de luta que fora torturado no mesmo local que ele, mas que não reconhece a sala.
Da perspectiva de quem bate, é fácil esquecer o passado, mas, da perspectiva de quem apanha, é impossível esquecer e é uma necessidade o desejo por reparação e justiça. A Mancha é uma leitura para não esquecermos o nosso passado, refletirmos sobre ele e não repetirmos os mesmos erros e atrocidades cometidos durante a ditadura militar. Não à conivência, ditadura e anistia a golpistas nunca mais.
O preço? Quase esqueço, este eu peguei emprestado da Biblioteca Popular da Tijuca que reabriu recentemente. Se você conhece uma biblioteca pública perto de você, prestigie-a, frequente, pegue livros emprestados e doe os livros que você não for ler mais!
Boas leituras,
Rodrigo Rosas Campos
Para além do zap foi uma boa. 🤭 Li pouco do Verissimo Filho. Se é dele que escreves. A história é boa. Juntar dit4dur4, retomada de vida, lembranças e relações familiares é uma junção de elementos bons. Qt ao preço. Me garantiu muitos risos. Saudade de minha vida de leitora de livros 0800 em bibliotecas públicas. Forte abraço, Caramujo. Mônica 🙌💙😘🤭
ResponderExcluirÉ um livro de bolso, literalmente. Se não houver mais biblioteca perto de ti, deve ser baratinho.
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