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Pretensioso, mas com uma bela arte. Sim, apesar dos belos desenhos, o texto é pretensioso e dessa eu não consegui gostar. O autor é Paul R. Talbot, texto, desenhos e arte-final. Esqueceram de dizer para ele que citar Foucault numa história em quadrinhos não faz dele tão genial quanto Foucault, nem se torna filosófico apenas citando filósofos, mas pensando e se expressando originalmente ainda que a partir de uma origem anterior. Mas vamos a história ou seriam várias historietas com o mesmo tema?
Lembrando que a minha opinião é só a minha opinião. Vai que você goste. Solitude não é exatamente sobre solidão, é sobre o medo da solidão e sobre o que levaria as pessoas a esta solidão aterradora. O autor parece simplesmente ignorar as pessoas que gostam de ser sós, sim, pessoas que gostam de solidão existem.
Justiça seja feita, a solidão vivida em conjunto, as relações tóxicas, também são abordadas. Graficamente, todas as páginas são um primor em termos de desenhos, arte-final e narrativa gráfica. Mas o texto é de uma pretensão intelectual e poética enfadonhas. Como já disse, você pode julgar que são várias historietas, títulos específicos ao longo da revista mostram essa possibilidade, mas há um fio que une todas elas, que podem ser encaradas como uma história só.
Ainda assim é um texto em que a poesia tentada se perde na arrogância. Em termos de imagens, vê-se um artista de talento em Paul R. Talbot, mas o texto é um amontoado de clichês com citação a Foucault. Quem, como eu, já leu Foucault, não aceita pastiches de Foucault. Desculpe. Enfim, este é um quadrinho que traduz (ainda que de forma clichê) o medo da solidão, seja ele subjetivo ou social, em horror gráfico, ou melhor, em metáforas gráficas.
Como não consigo gostar de um quadrinho que me entrega uma experiência pela metade, não gostei. Sem o texto e com as páginas em painéis em uma exposição, talvez tivesse achado genial. Vale a pena experimentar? Pelos desenhos, sim. Se você tiver pouca bagagem em horror psicológico transformado em físico por ilustrações, também. Mas se você já está acostumado(a) com quadrinhos de horror e terror sobretudo os produzidos no Japão, os mangás, esta edição não acrescentará nada.
Enfim, é uma boa porta de entrada para terror gore e psicológico, mas é um marasmo para quem vai pegar as referências com uma facilidade absurda. Solitude de Paul R. Talbot é publicada pelo selo Insânia da Ultimato do Bacon Editora. Capa cartão em cores com ilustração de Marcel Bartholo, formato americano, lombada canoa grampeada, miolo preto e branco, R$ 35,99 (mais eventual frete).
Boas leituras!
Rodrigo Rosas Campos
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