terça-feira, 19 de setembro de 2017

Garimpando Em Gibiterias: Halo Graphic Novel

Como vocês já perceberam, o Garimpando em Gibiterias de hoje falará sobre a primeira adaptação para os quadrinhos do videogame Halo. Este jogo não se popularizou por aqui, mas a série é considerada o Star Wars do videogame, com fãs nos EUA, Canadá, Europa e Japão. Master Chief possui, inclusive, uma estátua num renomado museu de cera. Mas antes de falar da edição em si, quero gastar umas linhas explicando o porquê de iniciar este texto com o título Garimpando Em Gibiterias, que me esqueci de colocar no Almanaque Contos da Madrugada.

    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Lá fora, grandes obras permanecem em catálogo permanente tal como livros clássicos. Aqui, só a Record consegue manter Asterix, e só a série Asterix, em catálogo permanente. Os editores de quadrinhos nacionais são bem imediatistas. Até mesmo obras como Watchmen e Maus ficam difíceis de encontrar de tempos em tempos.

    Eu queria escrever sobre quadrinhos importantes, todavia deve ser frustrante para um leitor ouvir dizer sobre algo, se interessar, e não conseguir encontrar, ou encontrar a um preço absurdo por ser difícil de achar, uma vez que não está em catálogo permanente.

    Resumindo, quando coloco “Garimpando em Gibiterias” antes do título do quadrinho, estou falando de algo que vale a pena ler para experimentar. Vale a pena “garimpar” em gibiterias, sebos, estoques antigos de livrarias virtuais e, se a grana estiver muito curta, em bibliotecas públicas. Sim, existem quadrinhos em bibliotecas públicas, é só procurar. É claro que a situação fica ainda pior quando falamos de quadrinhos nacionais, mas isso não vem ao caso agora, vamos a edição de hoje:

    Halo Graphic Novel é uma edição histórica por vários motivos: é a primeira adaptação do jogo Halo para os quadrinhos; foi produzida como se fosse independente por Lorraine McLess (uma das responsáveis pelo jogo na Bungie) e Maria Paz Cabardo; à Marvel Comics coube somente imprimir e cuidar da publicação nos EUA e no resto do mundo; contou com quatro histórias fechadas feitas por escritores e artistas de ponta que faziam sucesso nos quadrinhos independentes na Europa, Inglaterra, EUA e Japão; conta com uma galeria de imagens irada; e traz um dos últimos trabalhos do saudoso Jean “Moebius” Giraud, falecido em 2012. Mas vamos por partes.

    O mais importante a ser frisado aqui é que todos os que trabalharam nessa edição, trabalharam para as representantes da Microsoft e da Bungie: Lorraine McLess e Maria Paz Cabardo. Quando tudo estava pronto, elas abriram uma concorrência para ver qual editora rodaria o material impresso. A Marvel Comics veio com a proposta de lançar Halo GN no mundo todo. No Brasil, coube a Panini, que detêm os direitos da Marvel aqui, traduzir e publicar a história para nós em 2007. Tudo isso e muito mais está no prefácio de Lorraine McLess para a edição.

    Agora a pergunta que não quer calar: preciso ter jogado o jogo (a série de jogos) para entender as histórias? Não, a edição foi pensada para agradar fãs de quadrinhos ou do jogo. Para os leitores que não jogam, há textos introdutórios antes de cada uma das quatro histórias, que evidenciam momentos que não são mostrados nos jogos e personagens coadjuvantes e antagonistas. Para dar um diferencial, as tramas não focam no Master Chief, mas no universo do jogo ao redor dele.

    Todas os autores e artistas das histórias possuem uma pequena biografia/bibliografia no final de cada história. Ou seja, para o leitor casual que gostar de um ou mais daqueles autores há um belo guia do que procurar depois.

    A primeira história é A Última Viagem da Infinite Succor, escrita por Lee Hommock e ilustrada por Simon Bisley. Aqui, temos a perspectiva da aliança alienígena Covenant contra o inimigo comum, a Flood. Nessa história vemos que os humanos não são tão bons moços assim. É a maior história da edição e o “herói” do jogo é chamado de o Demônio da Terra. Bom, ficará mais claro mais a frente que os terráqueos atacaram primeiro.

    Quem testou a armadura do Master Chief? Saiba lendo Testando Armaduras de Joy Foeber (texto), Ed Lee (desenhos) e Andrew Robinson (arte final). Fãs de games em geral terão um belo service surpresa.

    Escapando da Quarentena de Tsutomu Nihei (texto e arte) mostra um oficial humano, o sargento Johnson, fugindo de uma base infectada pela flood.

    O Segundo Amanhecer Em Nova Mombasa traz o texto de Brett Lewis e a arte de Moebius em um de seus últimos trabalhos. Mostra o ataque dos alienígenas a cidade de Nova Mombasa da perspectiva de um fotografo que monta e manipula imagens para fazer a propaganda das forças terrestres e convencer a população de que o governo da Terra tem razão. Dá ao leitor a perspectiva da população civil no universo do jogo e é a melhor história da edição.

    Galeria traz imagens feitas por artistas de quadrinhos, da Bungie e da Microsoft ambientadas no universo do jogo.

    Conta ainda com uma página extraída de fóruns da Internet que serve como seção de cartas de um gibi que ainda seria feito.

    Halo GN é perfeita para fãs de quadrinhos, fãs de videogame, fãs de ficção científica, fãs dos artistas e escritores mencionados e leitores casuais. Lorraine McLess e Maria Paz Cabardo produziram e editaram uma edição de quadrinhos que merece estar na estante de qualquer fã de quadrinhos, jogue ele videogame ou não. De fato, elas são as maiores heroínas dessa edição. Acredite, não é só um caça-níquel para atrair quem joga o jogo, é bom como história em quadrinhos.

    Aqui, não entrei em detalhes sobre a história de bastidores do jogo Halo, para os que quiserem saber mais sobre tudo o que existe sobre esse jogo, recomendo o canal do Zangado (https://www.youtube.com/channel/UCuVIWETFdxzwlHEHMbhm2_w).

    Além de quadrinhos, o universo do jogo foi expandido em livros, animações, uma série para Youtube oficial, brinquedos, com destaque para linha Lego, etc.

    Hoje, os quadrinhos atuais de Halo são publicados pela Dark Horse. A Marvel perdeu os direitos de licenciamento de Halo pouco antes de ser comprada pela Disney.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos

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