sábado, 15 de fevereiro de 2025

Garimpando em Gibiterias Especial: Os 4 Primeiros Volumes da Série Gibi de Menininha Apresenta


+18 - Para Maiores

    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Lá fora, grandes obras permanecem em catálogo permanente tal como livros clássicos. Os editores de quadrinhos nacionais são bem imediatistas e até mesmo obras como Fradim, Watchmen, Piratas do Tietê e Maus ficam difíceis de encontrar de tempos em tempos. A coisa só piora para quadrinhos brasileiros. A série “Garimpando em Gibiterias” fala de quadrinhos que valem a pena “garimpar” em gibiterias, sebos, estoques antigos de livrarias virtuais, feiras de livros e, se a grana estiver muito curta, em bibliotecas públicas. Sim, existem quadrinhos em bibliotecas públicas, é só procurar.

    Em 2020, a coletânea Gibi de Menininha ganhou um desdobramento, a série Gibi de Menininha Apresenta. Ao contrário do Gibi de Menininha, que traz várias histórias cada, Gibi de Menininha Apresenta traz uma única história fechada. Aqui, neste garimpo especial, as pedras garimpadas são as 4 primeiras revistas da série Gibi de Menininha Apresenta:

    Patrícia por Germana Viana, nos conta a história de uma feliz criança passando um tempo na casa de seus avós que estão sendo coagidos a se mudarem por um bandido que se traveste de religioso. Mas as coisas não são exatamente como parecem e, para impedir que os bandidos machuquem seus avós, Patrícia terá que lidar com revelações tristes e com as consequências destas revelações. Falar mais é dar spoilers. A história é recheada de referências de filmes de terror trash, é divertida e o traço fofo da Germana não torna o terror menos assustador, muito pelo contrário, o enfatiza ainda mais.

    Antônio tem texto de Camila Suzuki e desenhos de Fabiana Signorini, que nos conta a história de Alessandra. Ela aluga uma casa já mobiliada, mas o que ela e sua namorada descobrirão na primeira noite no apartamento novo é que a mobília da casa foi feita por um marceneiro chamado Antônio que deixou uma estátua de Santo Antônio em madeira aparentemente inacabada e que todas as peças de madeira da casa parecem amaldiçoadas. Ir além daqui é dar spoiler, tendo em vista que a história só tem 20 páginas. Texto e arte se combinam e formam uma atmosfera assustadora com um final verdadeiramente surpreendente.

    Carla traz o roteiro de Clarice França e os desenhos de Kátia Schittine. A trama começa quando Carla recebe um espelho antigo de sua mãe. Junto vem um bilhete para deixá-lo coberto. Mas é claro que ela ignora as superstições de sua mãe e de seus irmãos e o pendura descoberto numa parede de sua casa. Eis que uma estranha entidade fantasmagórica passa a assombrar Carla mesmo quando ela vai passar a noite na casa de uma amiga. Conseguirá ela se livrar desse monstro? Responder isso é dar spoilers. Em Carla, texto e arte se harmonizam na intenção de deixar os leitores com medo de espelhos e do escuro.

    Dóris tem texto de Dani Taranha e desenhos de Roberta Cirne. Aviso: não leia Doris de estômago cheio! Rene trabalha com Dóris e eles são amantes. Ele tem um projeto revolucionário que vai ajudá-lo a ser promovido a sócio na firma. Mas ele acorda tarde depois de uma noite com Dóris. Ela apresenta um projeto e ele a acusa de roubo de projeto. Até aí, nada de sobrenatural. Até que uma mosca promete dar poderes a Rene para que ele se vingue de Dóris e a sanidade do protagonista passa a ser questionada na melhor tradição de Edgar Allan Poe.

    Se você estiver de estômago cheio, não é aconselhável ver os desenhos de Roberta Cirne que remetem em parte ao livro A Metamorfose de Franz Kafka e em parte ao filme A Mosca de 1986. Mesmo com os desenhos de Roberta Cirne dando lastro aos aspectos sobrenaturais da história, o roteiro de Dane Taranha dá margem a várias interpretações, todas desfavoráveis a Rene, mas explicar o porquê disso é dar spoilers. Dóris é uma história formadora de público? Entre os que tiverem estômago forte, com certeza.

    Todas as edições trazem histórias indicadas para quem gosta de quadrinhos, para quem gosta de terror e para quem é leitor casual, afinal, cada edição traz uma história fechada. Formadoras de público? Com certeza! Formato paraguaio (americano reduzido), 24 páginas, lombada canoa grampeada, miolo preto e branco. Também há a possibilidade de conseguir estas revistas nas lojas virtuais das autoras, procurem por elas no Google e nas redes sociais.

Boas leituras e até breve!

Rodrigo Rosas Campos



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