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Não, isso não é um garimpo de gibi! Tive a sorte de encontrar essa edição de Bando de Dois de Danilo Beyruth, quarta edição de 2011, ainda preta e branca, da Zarabatana Books numa livraria de novos. Não curto pintura digital posterior em obras originalmente feitas para o preto e branco, me julguem! Indo para a história: dois cangaceiros, Tinhoso e Caveira de Boi, sobrevivem a uma emboscada contra o bando do comandante Otônho.
Separados, eles se agrupam na Pedra do Morto, como era combinado em caso de massacre e dispersão dos sobreviventes. Antes de chegar ao ponto de encontro, Tinhoso tem uma visão dos companheiros mortos na qual o seu comandante pede para que suas almas sejam libertadas. Chegando na Pedra do Morto, encontra Caveira de Boi, que conta que o tenente Honório, comandante da volante que dizimou o bando, quer exibir as cabeças dos cangaceiros em praças públicas, uma forma de humilhação póstuma.
Eis que Tinhoso percebe que seus companheiros mortos querem ser libertados tendo suas cabeças enterradas. Mas Caveira de Boi não conta um detalhe para Tinhoso: Zé Cabreiro, um dos cangaceiros mortos, não tinha um olho e, do lado de dentro de seu tapa-olho, escondia um mapa onde ele guardou boa parte de seus ganhos no cangaço para comprar uma fazenda. Caveira de Boi também tem interesse em recuperar a cabeça do companheiro, mas pelo tapa-olho e o mapa do tesouro que Tinhoso desconhece.
Agora, este bando de dois pretende interceptar a volante do tenente Honório para recuperar as cabeças de seus companheiros. Mesmo com objetivos finais distintos, Tinhoso e Caveira de Boi não querem deixar o tenente Honório exibir as cabeças do bando como troféus por uma questão de honra também. Todos os personagens são carismáticos e complexos e é claro que outros personagens e lugares aparecem na medida que a trama avança e o bando de dois começa a perseguição a volante de Honório.
Ir além daqui é dar spoilers. Bando de Dois é um excelente quadrinho que mostra que o cangaço é o nosso velho oeste, mas, para além disso, é uma aula de textos, desenhos e narrativa gráfica. Sem sombra de dúvidas, é a melhor obra de Danilo Beyruth. Textos e desenhos se complementam num dinamismo exemplar em uma ficção que remete a fatos históricos sem perder o objetivo de entreter como uma boa aventura em que ninguém é de todo herói ou de todo vilão.
A edição tem formato europeu, lombada quadrada, capa cartão, 96 páginas, miolo preto e branco, R$ 56,00 e valeu cada centavo. A nova edição não sei quanto é, mas já possui cores digitais, que, como já disse, não curto. Em todo caso, com ou sem cores, é uma história que merece ser lida, relida e guardada.
Boas leituras!
Rodrigo Rosas Campos

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