segunda-feira, 10 de maio de 2021

Background: Criando Uma Ficha e Um Histórico de Personagem de RPG


Por Rodrigo Rosas Campos


    Seu personagem precisa de uma história? Aquela história que o levou até o momento presente, até o grupo e o início da aventura ou campanha? Isso é tido como sendo uma dificuldade comum entre jogadores de RPG, mesmo para sistemas que trazem cenários prontos. Resolvi então escrever este post para dar uma ideia de como criar a história de um personagem. A inspiração da história foi a imagem aí do lado.

    A história ficou um pouco violenta, logo, por via das dúvidas, a deixo desaconselhável para menores de 18 anos.


    O mestre imaginário quer que os jogadores interpretem lendas do Brasil na defesa da floresta, já temos um cenário. Farei um lobisomem. Afinal, a lenda do lobisomem chegou ao Brasil junto com os portugueses. O sistema usado aqui será o 3D&T, mas o que vale aqui pode ser aplicado em qualquer sistema genérico e em qualquer jogo que tenha lobisomens como opção de personagem jogável.

    É claro que o contexto específico do mestre (ou do cenário) deve acomodar seu personagem e, na hora, é preciso que o passado do personagem se encaixe com o presente dos demais personagens jogadores do grupo. Agora vamos a este novo lobisomem para 3D&T, primeiro a partir da imagem. Essa Lua cheia ao fundo não deixa dúvidas, ele se transforma na Lua cheia.

    Vamos lembrar que, aqui, o mestre só está usando somente o livro básico 3D&T em PDF gratuito de 2015. O grupo NÃO possui o Manual do Aventureiro Alpha, Tormenta Alpha, Mega City para 3D&T e nem nenhum outro suplemento, livro ou cenário oficial. Também estou criando um personagem jogador de 5 pontos apenas, não se preocupe, ele crescerá no futuro ou morrerá tentando durante a aventura ou campanha.

    Agora vamos explorar as possibilidades específicas do sistema 3D&T manual básico. Aqui, o licantropo só possuirá fúria obrigatoriamente (a zero ponto), se essa mesma fúria desencadear a transformação. Numa ficha modelo de lobisomem que se transforma na lua cheia, coloquei fúria só para potencializar mais a sua forma humana, veja:

Uma Ficha de Modelo de Lobisomem para 3D&T


    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome:
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0 +1=1
    Habilidade: 4
    Resistência: 1
    Armadura: 0+1=1
    Poder De Fogo: 0
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: adaptador (1 ponto); esportes (2 pontos); faro aguçado e audição aguçada (0 ponto) em forma de fera.
    Desvantagens: licantropo (0 ponto); monstruoso e modelo especial (0 ponto) em forma de fera; transformação (0 ponto) Lua cheia; vulnerabilidade (0 ponto) prata e magia; munição limitada (-1 ponto); ponto fraco (-1 ponto); fúria (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: perfuração e corte (garras e presas).
    Poder de Fogo: perfuração (armas de fogo).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: armas.
    História:

    Pois bem, para a história que vou contar, vou trocar fúria por outra desvantagem e só vou mostrar a ficha no final para não dar spoiler do conto. Lembrando que as desvantagens devem estar ligadas ao contexto do cenário proposto pelo mestre. Isso será retomado depois da ficha do personagem mais adiante.

    O lobisomem que farei foi pensado para um cenário rural no presente, no interior do Brasil e não em um mundo medieval ou numa Europa medieval fantástica. Pessoal, vamos pensar em fazer histórias aqui, no nosso quintal, de vez em quando? Bom, sendo assim, troquei adaptador por 3 especializações úteis que se encaixarão no contexto e na história do personagem antes dele se unir ao grupo.

    O mestre imaginário quer um grupo que não se conhecia antes, cada um veio de uma cidade do interior do Brasil e a cidade poderia ser real ou fictícia. Crio uma cidade fictícia para poder explorar a imagem sem incoerências. Minha cidade fictícia, minha geografia: Paciência da Serra, ou simplesmente, Paciência.

    Vou dar a ele um nome de origem portuguesa mesmo, Lupércio. Afinal, vivemos no Brasil e falamos português, por que não nomes que podem ser os nossos? Vai ser Lupércio. Também não vou descrever a forma humana dele, assim qualquer jogador poderá interpretá-lo. Ele faz parte de uma longa linhagem e seu pai e seus (suas) antepassados(as) diretos(as) eram safadinhos(as) e poderiam ter tido filhos(as) com qualquer pessoa.

    Mantenho os 5 pontos de personagem, assim ele pode entrar em qualquer mesa de um grupo iniciante ou de um mestre que queira ver os jogadores evoluírem numa campanha mais longa. E sim, dá para construir um passado em 3D&T, mesmo com só 5 pontos de personagem. De resto, só troquei fúria por outra desvantagem de -1 ponto.

    O licantropo de 3D&T não precisa de fichas a mais para a forma monstruosa e esta depende mais da interpretação do que das regras. O lobisomem poderá ter todas as formas entre o homem e o lobo a zero ponto, uma vez que licantropo em 3D&T não possui forma alternativa, mas se transforma a custo zero e só usa uma ficha. Ou seja, a transformação de um licantropo em 3D&T é mais uma questão de interpretação da regra do que da regra mecânica em si. Será o caso do Lupércio? Aguarde a história. Mestres de RPG não gostam de histórias longas, mas farei uma história mais longa (um conto) e um resumo que estará no campo história da ficha. Bom, então vamos a história:

Contam Que na Lua Cheia...

Um Conto de Rodrigo Rosas Campos


    Genésio é um veterinário que resolveu morar no campo para cuidar de animais de fazenda. Mas não só isso, nas horas vagas, também ajuda ONGs no trato de animais ameaçados. Sua experiência é vasta, já tinha tratado de bois, cavalos a cachorros; de pássaros diversos, jacarés onças e lobos guarás. Tinha tanta bagagem no trato com os bichos do campo que sempre morria de rir ao ouvir histórias de bichos mágicos, principalmente de lobisomens.


    Tinha uma certa fama entre fazendeiros e ambientalistas do Brasil inteiro, afinal, era um veterinário de mão cheia e já havia viajado todo o interior do Brasil. Estava um uma daquelas cidades em que o lobisomem era o mito dominante. Tinha ele voltado para o melhor hotel da cidade, depois de um dia numa fazenda cuidando da inseminação in vitro de uma vaca com sêmen de um touro premiado, quando o atendente, um velho conhecido falou.


    - Dotô Genésio, o sinhô disse que vai imbora manhã noitinha! Vai de dia! É Lua cheia dotô, o sinhô pode ser atacado por lobisome.

    - Meu caro Durval, eu nunca perderia uma quermesse da Igreja de Paciência da Serra. A festa que se faz aqui é que é uma lenda admirável!


    - Mas ouvi dizê qui o tinhoso foi visto onti, enquanto nois drumia.

    - O senhor já viu lobisomem?

    - Meio homi, meio fera não, mas um lobo diferente do guará, sim.

    - O senhor tinha bebido? - Perguntou com ar profissional.

    - Só um tiquinho de nada!

    - Ora seu Durval, mesmo que você não estivesse sob efeito de álcool, você pode ter visto um animal fugido de um circo. Nós já temos idade e foi só a alguns anos que os circos foram proibidos de ter animais no Brasil. Fora zoológicos clandestinos. Soube do garoto que foi mordido por uma naja que ele mesmo importou da África? Pois é, na certa você viu um animal importado por um irresponsável. Ou confundiu um guará com um lobo europeu por ter tomado a ‘marvada’.


    - Tá bom, sinhô, num tá mais aqui quem falô! Noite!

    - Boa Noite!

    O veterinário foi até seu quarto e dormiu feito uma pedra. Na festa, estava a saborear um belo milho cozido quando ouviu o fim de uma conversa de jovens caçadores de lobisomens.


    - Mas nós não temos balas de prata!

    - Deixa de ser covarde Zé!

    - O Zé tem razão, Pedro! Fora que li na enciclopédia dos mitos que nem todo lobisomem é mal. Esse só está espantando caçadores, madeireiros, grileiros, ladrões de gado e de colheita.


    - Cês são é cagolas!

    - E ocê, valente! Vai caçar lobisomem sozinho!? Porque nós não vamos não, uai!

    - Eu ia, mas ocês já devem ter combinado com as menina e sem mim elas iam ficar tristes!

    Os três garotos e o velho médico riram. “Sorte os rapazes não terem prestado atenção em mim. Não quero pagar de enxerido.” Pensou o velho veterinário.

***


    Anoiteceu e o doutor pegou a estrada. Tinha uma caminhonete nem muito nova, nem muito velha. Já percorrera alguns quilômetros, mas ainda estava bem longe do motel com posto de gasolina e restaurante em que ele dormiria, quando viu um lobo ferido na estrada. Acostumado a socorrer animais selvagens, tinha uma arma que disparava dardos com tranquilizantes. Se o bicho estivesse bravo, isso não seria problema. Parou a caminhonete de modo que os faróis pudessem ajudar a iluminar o animal.


    Pegou seus instrumentos de veterinário e uma lanterna para ajudá-lo ainda mais e foi ter diante do bicho. Ficou impressionado. Não era um típico lobo guará do Brasil. Mas um lobo comum da Europa. Estava quase inconsciente, com muito sangue perdido, mas ainda podia ser socorrido. Um ferimento de bala na pata dianteira esquerda. “Malditos donos de circo! Sorte que não acertou o coração.”, pensou o velho.


    Ao extrair a bala, outra surpresa. Era uma bala de prata.

    “Esses simplórios acreditam mesmo em lobisomens. Na certa foi tiro de um capiau desesperado.”

    Depois de todos os procedimentos para estancar o sangue do animal e quando este já estava a salvo, sacou seu celular. Era a única câmera que tinha disponível e tirou fotos. Não havia como remover o bicho. Não havia sinal para chamar as autoridades. O médico veterinário teria que montar um acampamento ali mesmo e providenciar ajuda quando o dia amanhecesse. Já havia socorrido animais em estrada a noite antes. Tomou todas as precauções, afinal, lobos são animais selvagens, portanto imprevisíveis, e montou a barraca que estava na caçamba da caminhonete para esperar amanhecer sob uma das mais belas e iluminadas Luas cheias que já vira no céu.

***


    Acordou com o Sol e nada do lobo. “Mas eu nem bebi tanto e descansei bem antes de pegar a estrada!”, pensou. Verificou seu celular e as fotos estavam lá. A bala de prata que extraíra do animal também estava no mesmo lugar. Percebeu um rastro de sangue e patas, um rastro que ficava um pouco estranho até chegar no asfalto onde só houve um rastro de sangue até certo ponto. Lembrou que ouviu um som de uma moto logo que o Sol começou a nascer, mas quem ia carregar um lobo numa moto?


    Desfez o acampamento. Dirigiu devagar para ver se achava sinal do bicho e nada. Até que chegou ao motel em que queria pernoitar na noite anterior. Fez ligações para falar do incidente e justificar seus atrasos. No restaurante do posto, que tinha o melhor churrasco da região, teve uma surpresa; a conta havia sido paga. Outro funcionário também não cobrou pela gasolina e ao sair do motel, também não aceitaram seu pagamento. “Eu devo ter morrido e estou no céu!”, pensou.


    Quando voltou para o carro viu um homem com uma tipoia no braço esquerdo falando com um funcionário no posto. Teve uma estranha sensação. Saiu do carro para conversar com o estranho, mas este entrou no motel muito rápido. Como conhecia o funcionário do posto de longa data, puxou uma prosa: - Quem é esse moço, que nunca vi por aqui?


    - É o patrão, dotô, dono do posto, do restaurante e desse motel. Ele é bem reservado e teve uma noite difícil. Se machucou feio no braço e agora vai ficar de molho por uns tempos. Qualquer dia desses, apresento pro sinhô, mas hoje, ele não tá bão não. O Sinhô tá sempre aí.


    Sem muito o que esperar e já estando atrasado, o médico veterinário despediu-se, entrou no carro e foi embora. Continuou procurando o lobo na estrada, mas só encontrou seu próximo destino. Notificou o acontecido a outros ambientalistas e enviou as fotos do procedimento improvisado.

***


    Meses depois, o doutor Genésio volta para Paciência da Serra, mas não para cuidar de vacas. Seus amigos ambientalistas suspeitavam do comércio de animais silvestres na região. A raiva dos traficantes contra os defensores da natureza era tanta que eles raptaram os ambientalistas a noite e o levaram para o mato para matá-los sem testemunhas.


    Eis que do alto de um platô, um uivo de lobo se fez ouvir em plena serra na noite de Lua cheia. Mas não era um lobo, era um ser que tinha aspecto canino, mas que ainda  andava com as duas patas traseiras e usando as dianteiras como braços; suas mãos eram uma estranha mescla de mãos e patas com garras impressionantes no lugar das unhas.


    O médico pensou “A lenda é verdade e vou morrer por ter visto isso!”. O lobisomem saltou da altura superior e atacou os traficantes de animais que estavam em pânico. Foi tudo muito rápido. Para a surpresa dos ambientalistas, parece que a fera sabia muito bem quem atacar. Os ambientalistas ficaram a salvo enquanto o monstro imobilizava e dilacerava os criminosos. Era como se a fera quisesse ter certeza absoluta de que nenhum deles sobreviveria ao seu ataque. Todos foram cruelmente decapitados com as garras e prezas da fera.


    Como a Lua cheia estava bem brilhante e os criminosos haviam levado lanternas para iluminar o local do “abatedouro” dos ambientalistas, o médico veterinário viu que o braço esquerdo da criatura tinha uma cicatriz que lembrava cicatriz de tiro. Quando o último traficante de animais estava dilacerado para além de qualquer salvação, o lobisomem foi embora, mas antes olhou nos olhos do veterinário. Genésio soube, naquela hora, quem ele era. Os ambientalistas estavam a salvo, enojados pela carnificina, mas agradecidos e salvos e nenhum deles realmente lamentava a morte de seus captores. Não havia como explicar aquilo para as autoridades, então eles fizeram um pacto de silêncio. Ninguém queria ser internado como louco.

***


    Alguns meses se passam, o doutor volta a Paciência para cuidar de um gado. O fazendeiro convida o veterinário para um churrasco e ele aceita o convite. Ao olhar para a churrasqueira reconhece Lupércio, do posto de gasolina, motel e restaurante. Rubens, o fazendeiro comenta: - Nosso amigo é o melhor churrasqueiro da região! - O doutor ri e pensa: “Claro, é o único lobisomem da região, que espécie de homem ele seria se não fosse o melhor churrasqueiro da região? É o que mais entende de carne!”.


    Neste dia, Genésio, o veterinário, e Lupércio, o churrasqueiro, dono de restaurante, posto de gasolina e motel, foram formalmente apresentados e ficaram amigos. Não era Lua cheia e eles puderam contar causos e piadas um para o outro a noite inteira.


Fim



    Eu sei que o mestre não lerá essa história toda, longa e com diálogos! Então, no campo história da ficha, pus um resumo do personagem. Veja que agora, aquele modelo ganhou uma cor, tendo em vista a inspiração da imagem e a proposta do mestre imaginário. Vamos a ficha do Lupércio.




    3D&T – Defensores de Tóquio 3ª Edição Alpha - Ficha de Personagem
    Nome: Lupércio
    Pontos: 5
    Características:
    Força: 0 +1=1
    Habilidade: 4
    Resistência: 1
    Armadura: 0+1=1
    Poder De Fogo: 0
    Pontos de Vida: 5
    Pontos de Magia: 5
    Pontos de Experiência:
    Vantagens: culinária, armadilhas e administração (1 ponto); esportes (2 pontos); faro aguçado e audição aguçada (0 ponto) em forma de fera.
    Desvantagens: licantropo (0 ponto); monstruoso e modelo especial (0 ponto) em forma de fera; transformação (0 ponto) Lua cheia; vulnerabilidade (0 ponto) prata e magia; munição limitada (-1 ponto); ponto fraco (-1 ponto); código do caçador (-1 ponto).
    Tipos de Dano:
    Força: perfuração e corte (garras e presas).
    Poder de Fogo: perfuração (armas de fogo).
    Magias Conhecidas: nenhuma.
    Dinheiro e Itens: armas. Um motel, um restaurante e um posto de gasolina que funcionam em conjunto na beira da estrada.

    História: Lupércio é um jovem churrasqueiro que vive na pequena cidade de Paciência da Serra no interior do Brasil. Mas também é descendente de uma longa linhagem de lobisomens vinda de Portugal (e parte da Itália) ainda no Brasil colônia. Lupércio mantém a pequena cidade onde nasceu e seus arredores protegida de criminosos ambientais, como grileiros, madeireiros, ladrões de gado e de colheita. A parte consciente da cidade, inclusive um fazendeiro de gado local, sabem seu segredo e o apoiam. Só não ficam perto dele na Lua cheia só por garantia. Não é rico, mas é dono de um restaurante, posto de gasolina e de um motel que ficam estrategicamente juntos na beira da estrada.

    Agora, as considerações finais. Para o mestre, tudo o que o jogador precisaria apresentar é o parágrafo da história do personagem. Fazer churrasco é um saber culinário, ele tem isso na ficha. A explicação de que o personagem nasceu um lobisomem justifica a ausência de fúria, o que deixaria a forma fera descontrolada, e justifica o controle do personagem sobre a fera. Ele não tem nem má fama, mas um certo medo existe, logo, não cabe colocar boa fama.

    Aqui também parto do pressuposto que os(as) mestres(as) reais façam uma sessão zero e deem aos seus jogadores um lista prévia de como mais ou menos eles querem os personagens jogadores. Entretanto, chegamos a segunda consideração final: Essa ficha serve de base para qualquer cenário, jogo ou campanha? Não. Esta ficha é um modelo do post anterior ajustado para uma mesa e um cenário mais específicos em que será personagem de um jogador.

    O mestre imaginário usou só o manual básico do 3D&T em um ambiente rural do Brasil, isso faz com que ela se encaixe em vários cenários semelhantes, mas não em todos os cenários possíveis com lobisomens no contexto. Fora que outros(as) mestres(as) podem pedir a troca de ponto fraco por má fama, que não é uma desvantagem obrigatória para lobisomens e licantropos no sistema 3D&T, nem má fama, nem estigma social, nem nada que o valha, não em 3D&T.

    Se o mestre imaginário quisesse usar Mega City para 3D&T, código do caçador seria uma desvantagem proibida, uma vez que o lobisomem estaria em um ambiente urbano e o código do caçador não faria sentido, ao menos não o do manual básico 3D&T que se refere especificamente a caça de animais. Em Mega City, o código do caçador seria uma trapaça do jogador para aumentar indevidamente alguma característica ou conseguir uma vantagem (normal, poder, ou conjunto de 3 especializações) indevida.

    E o nosso mestre imaginário nem precisaria usar um cenário oficial publicado para barrar uma ou outra desvantagem. Bastaria ele criar uma aventura ou campanha que não abriria brechas para a caça de animais que o código do caçador estaria barrado nas opções de desvantagens dos jogadores. Sessão zero é importante por isso também.

    Isso vale para qualquer sistema, o personagem precisa estar no contexto do cenário proposto ou usado pelo(a) mestre(a), na proposta de aventura ou campanha específica do(a) mestre(a) e ter a aprovação final do(a) mestre(a).

    Enfim, mesmo essa ficha específica pode ser encaixada em vários cenários prontos mudando só a história um pouco? Pode. Mas também pode ter que sofrer ajustes bem mais drásticos de acordo com a proposta de um(a) ou mais mestres(as) diferentes. O que eu chamo de ajustes drásticos? Eventuais mudanças de vantagens e de desvantagens de acordo com contextos mais específicos. Em suma, o personagem de uma mesa, pode ser apenas o modelo para outra, seja porquê o cenário mudou, seja porque mudou o sistema de RPG usado.

    Mantendo o 3D&T e o mestre imaginário, imagina se ele quiser que os jogadores comecem com 7 ou mais pontos (10 ou 12)? O jogador colocará novas desvantagens? Quais serão permitidas? Haverá alguma vantagem proibida? Se sim, não reclame. Talvez o grupo tenha que passar por uma provação difícil que seria fácil se ao menos um jogador tivesse a vantagem proibida. Enfim, para todo e qualquer sistema de RPG, leia o livro do sistema para você entender seu papel nessa construção de uma história coletiva. Ler também é parte da diversão!

Se quiser, deixe comentários, boas leituras e bons jogos!

Ilustrações feitas e cordialmente cedidas por Erivaldo Fernandes da Silva. Novamente, agradeço pela imagem, Erivaldo Fernandes da Silva! Um grande abraço para você!

    P.S.: Esta história foi inspirada na imagem acima, feita e enviada por Erivaldo Fernandes da Silva, via Facebook. Ele gostou do meu post Lobisomens e Licantropos Para o Sistema de RPG 3D&T que publiquei originalmente no Literakaos e republiquei recentemente aqui mesmo no bolg do Juvenal, o Velho Hippie. Criei uma história com base nessa imagem para mostrar como criar um passado, um bachground, para o seu personagem.

    P.S.: se o leitor (jogador ou mestre) quiser um bom conhecimento enciclopédico abrangente e introdutório sobre os monstros mais comuns dos RPGs, sugiro o canal RPG Planet. Se quiser ir além do RPG, basta pesquisar a palavra “lobisomem” em livros de folclore, bibliotecas públicas e seus livros de folclore e, por que não, no Google. Vai achar muita lenda interessante, poder misturar elementos e criar uma história bem própria para o seu próprio monstro. Como eu disse, ler é parte da diversão!

    P.S.: muitas dicas de criação e interpretação de personagens também podem ser vistas no canal Nerd & Nerd.


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