Na história, ao receber um amigo, o Vaz, Camilo também recebe a visita de um estranho desconhecido, Tobias. Enquanto Vaz adormece, Tobias faz uma proposta a Camilo: ou ele se casa com a jovem Eusébia, filha de Tobias, ou ele recebe um tiro na cabeça. Assim, Camilo é raptado por Tobias rumo a um estranho casamento forçado. Mas por que o pai da noiva obrigaria um velho desconhecido a casar-se com sua jovem filha? Ir além daqui, responder essa pergunta, é dar spoilers.
Nesta adaptação, Marcel Bartholo resgata três dos elementos da obra de Machado de Assis que se perderam com o tempo. O primeiro e mais óbvio é que ele não escreveu apenas obras realistas, se enveredando também para o terror, ou seja, ele não foi um escritor limitado a um gênero. O bruxo do Cosme Velho não ganhou essa alcunha a toa. O segundo é que ele foi verdadeiramente popular em seu tempo, seja escrevendo realismo ou não. Por fim, o terceiro elemento se refere ao grande contista que ele foi; A Vida Eterna, o texto original, é um conto, uma história curta. Machado de Assis foi mais celebrado por ser um grande contista do que por ser romancista. Isso destoa muito do que conhecemos de Machado de Assis hoje, mas o melhor do autor se encontra em contos, não em romances, e isso vale para o realismo também.
Como a obra de Machado de Assis se encontra no domínio público e facilmente acessível, não resisti e comparei a adaptação com o texto original. Além de cortes inevitáveis, Marcel Bartholo recontou a história original de modo a restaurar os elementos do texto que tornaram Machado de Assis popular em seu tempo e atual até para os dias de hoje.
Neste momento, a revista está sendo enviada aos apoiadores do financiamento coletivo, só depois estará a venda. E onde será isso? Só encontrei as revistas da série Escafandro a venda no site da Amazon a R$ 22,00 (mais o eventual frete). Não sei se A Vida Eterna terá o preço de R$22,00, afinal, está tudo subindo. Entretanto, o conto A Vida Eterna está disponível na Internet de graça, é de domínio público, como toda obra de Machado de Assis.
Só uma coisa me incomodou na edição, o nome de Machado de Assis, o autor da obra original, não aparece na capa. Isso é um defeito das três edições da série Escafandro lançadas até agora.
Boas leituras,
Rodrigo Rosas Campos
Muito bom. Tenho vontade de conhecer outras obras do Machado mesmo que tenha um apego emocional a sua fase romântica. Seus contos são maravilhosos tb. Não lembro se li alguma crônica do autor. Mas acredito que leitura é muito de experimentação. Grande abraço
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