[Resenha] Quaisqualigundum de Roger Cruz e Davi Calil

 

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    Com textos de Roger Cruz e arte de Davi Calil, as músicas de Adoniran Barbosa viram inspirações para histórias cuja trilha sonora são as próprias músicas de Adoniram Barbosa. Confuso? Já se perguntou por que o Arnesto não estava em casa? É disso que se trata a primeira história A Saga de Ernesto. Em todas as histórias há um exercício criativo de olhar os detalhes da obra de Adoniran Barbosa e ir além do que as letras das canções nos dizem. As cinco histórias são: a já mencionada Saga de Ernesto; Mané e Marinez; Cipolla e Bracholas; Trem das Onze; e Maloca. Elas são histórias independentes, mas se conectam ao longo da leitura.

    São quadrinhos bem musicais em que é fácil achar um grupo de sambistas tocando nos bares e esquecendo ou mudando as letras de Adoniran. O lado trágico da comédia e o lado cômico da tragédia se revelam em histórias do cotidiano da cidade de São Paulo num tempo pré Internet e redes sociais, no tempo de Adoniran Barbosa e do povo e das histórias que ele retratou em música transformada em texto e arte por Roger Cruz e Davi Calil. Adoniran Barbosa faleceu em 1982.

    Não há muito o que dizer, Quaisqualigundum é um quadrinho para ser lido e apreciado em toda sua poesia dura e concreta do samba paulista. Nem preciso dizer que as pinturas de Davi Calil tornam essas histórias em quadrinhos um assombro visual. Muito lindas, muito arrebatadoras, são imagens que parecem vivas. Formato franco-belga, editora Dead Hamster, R$ 50,00 (mais eventual frete). Vale cada centavo! E não é que o safado do Arnesto se deu bem!

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos