A série de revistas Escafandro, da Ultimato do Bacon Editora, tem como UM de seus propósitos um mergulho no domínio público para dele pescar histórias a serem adaptadas para os quadrinhos. Eis que Germana Viana (textos, desenhos e arte-final) pesca e adapta, bem livremente, o Zorro de Johnston McCulley. E quando eu digo bem livremente é bem livremente mesmo.
A história de Germana é uma ficção em que o autor real do Zorro, Johnston McCulley, encontra as inspirações para o personagem que ele ainda escreveria, ou seja, é uma pequena ficção histórica. Germana tomou o escafandro para fazer uma bagunça boa no fundo desse mar.
“Mas não vai ter o Zorro lutando de capa e espada?” Vai, vai sim, fique tranquilo, isso também está na história. Quer dizer, com espada, mas sem capa. Sem capa, tecnicamente sim, absurdo! Fazer o quê? Germana é discípula de Edna Mode.
Na história de Germana, o repórter Johnston McCulley e seu ilustrador Phelps são enviados para Los Angeles para entrevistar o capitão Marshall, mal sabem eles que, pôr traz da fachada de homem de bem do capitão há um plano para tomar as terras de Lolita e de sua família. Tudo isso em meio a opressão dos camponeses que efetivamente trabalham na terra.
Mas um homem se rebela contra essa situação e McCulley e Phelps acabam se vendo as voltas com Z e seu grupo rebelde. Assim, McCulley conhece os homens e mulheres que vão inspirá-lo na criação do seu futuro personagem mais famoso, o Zorro.
Ir além daqui é dar spoilers, mas vamos a opinião: Germana Viana faz uma releitura do Zorro ousada em vários aspectos. O elemento que poderia ser o mais surpreendente é entregue logo na belíssima primeira página, ou seja, é uma ficção onde o escritor real (tratado de forma ficcional) conhecerá a inspiração de sua futura criação literária.
Na releitura de Germana, há outras duas releituras do Zorro que foram feitas em filmes antigos. Se eu falar que filmes são esses, dou spoilers para eventuais cinéfilos. Se você estiver curioso sobre isso, a autora fala de suas influências em vários vídeos no canal do You Tube Sobrecapa.
Voltando ao aspecto história em quadrinhos, Germana Viana reúne René Goscinny, Albert Uderzo, Marv Wolfman, George Perez, John Romita e Sal Buscema numa pessoa só. Fora a referência a desenhos animados antigos do Pernalonga que ela consegue encaixar numa história de Zorro.
Comentar essa revista como se deve seria mostrar todas as páginas quadro a quadro com as comparações dos outros artistas do lado, mas acho que os editores da revista Escafandro iam ficar muito chateados se eu fizesse isso. Quem puder, confie em mim, compre o gibi e prepare-se para um Zorro diferente e divertidíssimo. Quer dizer, não um só, mas você não quer spoilers, quer?
A revista estará a venda no site da Amazon a (aproximadamente) R$ 22,00 (mais o eventual frete) e em algumas gibiterias assim que chegarem para todos os apoiadores do financiamento coletivo.
Só uma coisa me incomodou na edição, o nome de Johnston McCulley, o autor da obra original, não aparece na capa. Isso é um defeito das quatro edições iniciais da série Escafandro lançadas até agora. Afinal, se a história é baseada em uma obra anterior, o nome do autor original deve estar na capa também. “Mas o autor original é um personagem dessa história!” - Eu sei, mas o nome dele deveria estar na capa do mesmo jeito.
Quase esqueço, as cores são de Fabiana Signorini, do coletivo Senhoritas de Patins.
A resenha de Z, A Marca da Liberdade termina aqui, mas antes de ir preciso corrigir uma impressão errada que tive em relação a série Escafandro como um todo tendo em vista as três primeiras edições que foram adaptações do domínio público.
Com base nos vídeos sobre a série no canal Sobrecapa, devo mencionar que, apesar das cinco primeiras revistas da série Escafandro estarem ancoradas na literatura de domínio público, a série não se limitará a adaptações literárias e terá, inclusive, personagens inéditos, uma já anunciada, no futuro.
Sim, a quinta edição ainda será levemente ancorada no domínio público e a sexta já tem a confirmação de ser uma história 100% inédita! Mas então qual será o padrão da série Escafandro? A Escafandro sempre trará histórias completas, um respeito ao leitor por parte dos editores da Ultimato do Bacon; sempre será em cores, os editores querem que a revista pegue quem já está enjoando dos super-heróis do eixo DC/Marvel; e contará com uma boa qualidade gráfica. Vejam os vídeos do canal Sobrecapa para mais detalhes.
Boas leituras,
Rodrigo Rosas Campos
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