segunda-feira, 14 de abril de 2025

Garimpando No Evento Eisner Week 2025: Colorindo a Dor de Pris Gallicchio

    O mercado de quadrinhos no Brasil é muito fraco, sejamos honestos. Por esse motivo, os eventos de quadrinhos no Brasil, por menores que sejam, precisam ser estimulados e divulgados. São momentos em que leitores e criadores de quadrinhos (escritores e desenhistas) podem interagir sem intermediários. A série “Garimpando No Evento...” fala de quadrinhos que foram comprados diretamente com os criativos nos eventos.

    A pedra garimpada de hoje é Colorindo a Dor de Pris Gallicchio, texto, desenhos e cores, publicada pela Visceral Editora e foi garimpada no evento Eisner Week 2025 ao preço de R$70,00. Vale cada centavo.

Colorindo a Dor é um poema gráfico que fala sobre depressão e sua superação, é autobiográfico e a autora, ilustradora e desenhista expõe essa dor com corarem, delicadeza e com a firmeza de quem entende que ternura não é fraqueza. Como o próprio título indica, neste poema gráfico que foi parte do processo de superação, a imagem diz tanto quanto o texto. É um quadrinho nota 10 de 10.

    Friso que é um quadrinho nota 10 de 10, pois não tiro nenhum décimo de ponto dele, apesar do QR Code. Uma falha da minha geração querer que tudo esteja nas páginas? Talvez. Talvez só eu não queria ter que complementar o quadrinho indo para uma animação no YT? Talvez. Dizendo por mim, não curti ter que apontar a câmera do meu celular para completar um sentido de algo que deveria estar completo no quadrinho. O livro em quadrinho em si, a meu ver, deveria ser autossuficiente. Sei que a nova geração não se importará com isso, mas penso em alguém que, no futuro, ou não terá celular por perto ou viverá num tempo em que o You Tube não mais existir ou que aquele tipo de QR code estiver defasado.

    Volto a frisar, amei o quadrinho! Um poema gráfico que pode ser lido e visto e depois de lido, só pelas ilustrações, é um bálsamo para os olhos. A dor sublimada em cores nos dá uma maravilhosa visão da alma da autora/desenhista/artista completa/pessoa/etc. Expor a dor dessa forma é um ato de coragem e de generosidade para com alguém que possa estar passando por dor semelhante não se sentir tão só.

    Essa não foi a primeira vez que chamei um quadrinho de poema gráfico, sei que dar notas a arte tem mais de subjetivo do que de objetivo, mas seria injusto da minha parte não dizer que esse quadrinho é nota 10 de 10 quando meu coração quer gritar isso para o mundo. Colorindo a Dor é um poema gráfico 10.0, nota 10.0! Pris Gallicchio é uma brasileira que se iguala aos mestres franco-belgas em todos os quesitos! Que venham outros quadrinhos ou outras formas de arte, que Pris Gallicchio seja fonte eterna de arte.

    Prestigiem os pequenos eventos de quadrinhos nas suas respectivas cidades. Este garimpo tem periodicidade indefinida, mas, se você quer conhecer mais, na área de pesquisa deste blog, digite “garimpando” e clique no botão “pesquisar”. Assim, você verá tanto os outros garimpos de eventos como o “Garimpando em Gibiterias”.

    Boas leituras!

    Rodrigo Rosas Campos


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