“ ‘O sertão vai virar mar’ – a profecia de Antônio Conselheiro na obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, se realizou.
Convido você a conhecer um outro Nordeste, um outro Sertão e um novo cangaço, no qual caravelas e barcos a vapor permeiam as muitas ilhas recheadas de aventuras e possibilidades.” (Stefano, p.4, 2022).
Normalmente, não começo minha resenha com uma citação do autor, mas estas frases resumem o contexto de Piratas do Cangaço de Al Stefano, textos e desenhos. O sertão nordestino virou mar, mas o mar não virou sertão e a Terra é povoada de animais antropomorfizados, ou seriam homens animalizados? Bom, a resposta desta pergunta nem faria tanta diferença prática. O importante nesse novo contexto é que o Nordeste brasileiro submergiu quase todo e o que restou de terra seca foram ilhas, onde outrora havia as terras que formavam os Estados.
Nesse novo mundo, os cangaceiros são piratas que povoam o Mar do Sertão e desafiam a autoridade da marinha da República. Nossa história começa quando chega a notícia de que o capitão Labareda foi capturado no México e está voltando deportado para ser executado pelas autoridades. Por motivos diversos, muitos piratas do cangaço querem impedir a execução do maior dos piratas/cangaceiros do Mar do Sertão.
Tomam o protagonismo nessa história os ex-marujos de Labareda, agora cada um capitão de seu respectivo navio, Vela Seca, um bode, Carcará, um carcará mesmo e Fogueteira, uma calango fêmea. Quem foram as pessoas que pagaram estes capitães para libertar o terrível Labareda e porque não deixar esse perigoso bandoleiro ser executado de uma vez? Responder isso é spoiler. Se os capitães piratas do cangaço trabalharam juntos e até que ponto, aí também é spoiler.
A trama é muito bem escrita e brilhantemente desenhada. A narrativa gráfica é muito bem-feita e os diálogos dão o sotaque do Nordeste brasileiro para as histórias de piratas, ou seriam cangaceiros marinhos? Bom, não há diferença no contexto da trama.
A edição tem capa cartão colorida com orelhas, lombada quadrada, miolo em preto e branco, formato Asterix, com a qualidade da editora Zapata Edições. A revista está a venda no site da editora com desconto de 16% no lançamento a R$ 36,00 mais o eventual frete. Pode demorar um pouco, uma vez que os apoiadores do financiamento coletivo podem estar recebendo ainda.
Boas leituras,
Rodrigo Rosas Campos
Muito agradecido pela excelente resenha. Resumiu o livro melhor do que eu faria (rs). Um abraço e parabéns pelo ótimo trabalho!
ResponderExcluirObrigado.
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