sexta-feira, 9 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 5 – Ou Meu Coração Está Partido de Megan Abott, Parte 6 – A Canção de Nora de Cecelia Holland & Parte 7 – Explosivas de Jim Butcher

Rodrigo Rosas Campos

    Sim, teremos 3 contos do livro Mulheres Perigosas comentados hoje. Apesar deles não serem pequenos em número de palavras e páginas, comentar muito seria entregar os acontecimentos mais surpreendentes e não queremos estragar surpresas.
Sempre Lembrando

    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Primeiro Conto de Hoje: Ou Meu Coração Está Partido

    Ou Meu Coração Está Partido, escrito por Megan Abbott é o segundo conto do livro.

    Quando a bebê de Lorie é raptada por uma desconhecida, o caso ganha os jornais e Lorie a fama de mãe relapsa e suspeita. A polícia a julga, os parentes e amigos a julgam, a sociedade a julga e todo esse julgamento é somado com a culpa de ter deixado a bebê com uma estranha por um instante.

    Em meio a tudo isso, Tom faz o papel do marido compreensivo. Entre evidências, desmentidos e comportamentos não esperados para uma mãe que teve a bebê raptada, o tempo passa só piorando a situação para todos.

    Esta história é um pequeno conto policial, o final me decepcionou, mas se eu revelar o porquê será spoiler. Dos cinco lidos até agora, este foi o que menos gostei, havia muita informação nos momentos que pedia menos e quando pedia mais, teve pouca.

    Notem que é a segunda vez que falo isso, gostei menos desse que do anterior. Decidi parar com isso, enquanto leio o livro, os autores ficarão mudando de posição o tempo todo. No final desse projeto, digo de quem mais gostei e de que menos gostei, se é que isso será pertinente.

O Segundo Conto de Hoje: A Canção de Nora

    A Canção de Nora, escrito por Cecelia Holland é o terceiro conto do livro.

    “Montmirail, Janeiro de 1169”, é situando o leitor no espaço e no tempo que a autora desse conto nos remete para a Inglaterra de Henrique II. Ler o texto sobre a autora que é conhecida por criar romances com base na história também ajuda o leitor a se situar.

    Voltando ao conto. As intrigas, trições, estratégias e acordos da corte inglesa, na perspectiva de Nora, uma jovem princesa que é apenas uma criança. Este é um daqueles contos em que comentar demais é entregar tudo. Mas confiem em mim, é muito instigante, muito bem escrito. A pequena heroína Nora cativará a todos nessa pequena canção.

O Terceiro Conto de Hoje: Explosivas

    Explosivas, escrito por Jim Butcher, é quinto conto do livro.

    Lendo a biografia do autor tive uma surpresa: este conto faz parte de uma série maior, do mesmo jeito que Mentiras Que Minha Mãe Contou e A Princesa e a Rainha que pertencem a Wild Cards e às Crônicas de Gelo e Fogo respectivamente. Como não conhecia essa série maior, tive que ir além do livro, pesquisei no Google, na Wikipedia e no site oficial da editora Tor que publicou Dangerous Women originalmente. Essa pesquisa foi feita em 07/06/2017.

    Explosivas mostra o que aconteceu a Molly Carpenter, parceira de Harry Dresden, mago e detetive particular de Chicago, depois da morte de seu chefe e mentor no último livro da série The Dresden Files. Essa série começou em 2000 e continua até hoje. Sim, o autor Jim Butcher matou seu protagonista, Harry Dresden, e, ao menos parece que, vai continuar a história com outros personagens. Ainda assim, soa como oportunismo para tirar proveito da onda Harry Potter? Soa. É oportunismo para tirar proveito da onda Harry Potter? Sim, é. Mas tirei minha armadura e li este conto com boa vontade, afinal, já havia pago pelo livro e o conto faz parte do pacote.

    De cara, a narração em primeira pessoa, o tom noir e o clima Lovecraftiano se impõem. Aparentemente, estamos no mundo criado por H. P. Lovecraft em que magia e sobrenatural são fatos científicos não compreendidos. Com o tempo, percebemos pitadas de Arthur Conan Doyle e vai ficando muito igual à narrativa de J. K. Rowling, mas com muito, muito mesmo, das ideias de Lovecraft renomeadas. Olha eu colocando a armadura de novo e mostrando as armas. Justiça seja feita, é muito melhor que o oitavo livro de Harry Potter, o texto para teatro, escrito pela própria J.K.

    Também mistura elementos de séries de TV como Buffy, enfim, essas produções que popularizaram conceitos trazidos por Anne Rice em suas Crônicas Vampirescas e o RPG Vampiro, a Máscara. Mas vamos a pergunta que não quer calar em casos como esse: é possível ler esse texto sem ter lido a série que o precede? Sim. Em sua narração, Molly nos dá todas as informações de que precisamos para entrarmos no contexto.

    O conto começa quando Molly volta de uma missão fracassada, onde ela não conseguiu evitar a morte de um adolescente. Logo, ela é chamada para resgatar o meio-irmão vampiro de seu mentor de uma raça de elfos bem específica que usa uma empresa de tecnologia como fachada para o mundo dos humanos. Todos os seres sobrenaturais não humanoides possuem disfarces humanos, por sinal. Ela terá a ajuda de uma lobismulher e da namorada do vampiro para tentar um plano de resgate.

    A trama maior é realmente bem explicada, apesar de se remeter aos livros anteriores. Enfatizo, não é preciso leitura prévia alguma. Personagens pipocam o tempo todo, mas diálogos e introspecções psicológicas em flashbacks dão conta dos recados. Fora que é um universo contemporâneo de magia padrão, com elementos de Lovecraft e Harry Potter, não há dificuldade de contextualização!

    Jim Butcher é um escritor original? Não. Mas é bem escrito e interessante. O autor sabe fazer um bom feijão com arroz e mostra que engenheiros de obras prontas também têm o seu valor. Quase esqueço, a série de livros virou série de TV. Há quem curta engenharia de obras prontas. Mas justiça seja feita, este genérico de Harry Potter está melhor que o texto de teatro da J. K. Rowling.

    Nessa hora, muita gente está pensando: “Mas nada vem do nada!”; “Você está sendo muito radical com Jim Butcher!”; “Você nem leu os livros da série que antecedem os contos!” etc. etc. Eu sei, eu sei, não li os livros que antecedem esse conto, sei que nada vem do nada, que todos temos que partir de coisas feitas antes de nós para realizarmos qualquer coisa; mas a minha bronca com Jim Butcher é que ele nem tenta trazer algo realmente novo. Mas, como já disse e repito, é bem escrito e interessante. O autor sabe fazer um bom feijão com arroz e mostra que engenheiros de obras prontas também têm o seu valor.

    Concluindo: Explosivas é bem divertido mesmo e muitas surpresas engraçadas ficam para o final, fui!

    Próximo conto do projeto: Raisa Stepanova

    Boas leituras!

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