segunda-feira, 12 de junho de 2017

Projeto Mulheres Perigosas Conto a Conto: Parte 10 - Virgens de Diana Gabaldon

Rodrigo Rosas Campos

Sempre Lembrando


    Mulheres Perigosas é um livro de contos de vários autores, organizado e editado por George R. R. Martin e Gardner Dozois. Foi publicado no Brasil pela Leya/Omelete, em 2017 com 736 páginas, 21 histórias, 21 autores. Cada conto é uma história diferente. Esqueça as donzelas em perigo, todos trazem mulheres como protagonistas fortes e ativas. Os contos não são resenhados na ordem em que aparecem, mas na ordem que eu for lendo; o livro tem uma introdução geral e uma pequena biografia por autor antes dos respectivos contos. Todos os textos foram publicados originalmente nos EUA em 2013.

O Conto de Hoje: Virgens

    Virgens, de Diana Gabaldon, é o décimo quinto conto do livro.

    Virgens é um dos poucos contos do livro com bem mais que 20 páginas. Começa na 423 e termina na 490, 67 páginas. Por essa razão, o escolhi para ser a parte 10. Explico. Primeiro, tentei ler na ordem maios ou menos certinha depois do quarto conto lido, mas Vizinhos começou muito engasgado e eu estava num embalo muito bom antes dele. Segundo, provavelmente um conto com 67 páginas poderia gerar um cometário que me desse a chance de escrever 3 parágrafos sem spoilers. Consegui meu segundo intento? Sim, mas por muito pouco. A autora poderia ter simplificado muita coisa. Até as cenas de ação anteriores a página 444 só estão lá para arrastar a história, mesmo os elementos importantes poderiam ter sido resumidos em vez de detalhados e muitos parágrafos são redundantes ou irrelevantes. Parece série de TV, tudo é mastigado demais, remastigado até.

    Virgens começa quando um soldado escocês poliglota é banido de sua terra e se une a um grupo de mercenários perto de Bordeaux, França em 1740. Jamie Fraser passa por pequenas batalhas e a escolta de uma carroça com carga preciosa enquanto o leitor descobre que ele e seu melhor amigo no grupo são virgens, isso mesmo, os protagonistas masculinos são virgens. Muitos acontecimentos, que imprimem um aparente dinamismo a trama, só estão lá para adiar o ponto aonde a autora quer chegar.

    Em meio a rotina dos mercenários, um médico judeu quer contratar o grupo. Só aí conhecemos Rebekah bat-Leah Hauberger. A missão agora é levar Rebekah, um valioso e raro pergaminho contendo a Torá e o dinheiro do dote da moça ao seu noivo em Paris, um rabino muito importante. É claro que toda essa carga preciosa, incluindo a honra da noiva, deverá chegar intacta ao destino. Mas nem todos os homens do próprio grupo possuem um bom histórico de respeito às mulheres como os dois cavaleiros virgens da trama. Será que o grupo completará a missão com pleno êxito?

    A história começa de verdade na página 456, tudo o que veio antes é só o prólogo que resumi acima. Justiça seja feita, Diana Gabaldon embroma, mas sabe embromar. Sabe encaixar cenas desnecessárias de forma que o leitor as compre, pois são bem narradas e bem dialogadas. Uma vez que o título da coletânea de contos é Mulheres Perigosas, não falarei mais nada acerca da trama. Que o perigo representado por Rebekah em defesa da própria honra seja uma surpresa para todos os leitores. Inclusive para mim, que consegui escrever um resumo da trama antes mesmo de terminar de ler.

    Este é outro conto que faz parte de uma série maior, chamada Outlander. Dá para entender o texto sem ler a série? Sim. Segundo a pequena biografia da autora, o conto Virgens se passa antes do primeiro volume da série e nem sequer é pertinente ou relevante para a mesma. A autora apenas aproveitou um personagem já existente para outra proposta de história, tanto que Virgens é uma ficção histórica. Curioso sobre Outlander? Faça uma pesquisa no Google. De fato, Virgens só se liga a essa série por um personagem comum que será alguém na série Outlander por algum outro motivo.

    Próximo conto do projeto: não definirei mais qual será o próximo conto do projeto. Testarei conto a conto até que só sobrem os que não gostei. O conto de Martin, entretanto, ficará para o último post, mesmo que eu o leia e o resenhe antes. Livros como Mulheres Perigosas são como convites, pois nos apresentam uma variedade de novos autores usando como chamariz um autor famoso (ou, ao menos, um que gostamos). Por outro lado, nem todos os novos autores experimentados agradarão. Virgens é melhor que Vizinhos, mas a embromação que odeio também está em Virgens. Não posso precisar quando a parte 11 sairá.

    Quase esqueço: há uma versão digital de Mulheres Perigosas, a menos que você queira muito o físico por este ou aquele conto, ou que você seja um colecionador de tudo o que se refere a Crônicas de Gelo e Fogo, vale mais a pena comprar o e-pub.

    Boas leituras!

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