terça-feira, 23 de agosto de 2022

[Resenha Compacta] Os Estranhos Hóspedes do Hotel Nicanor de Ota e Flávio Colin


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    Já fiz uma resenha mais completa deste livro falando inclusive de seus bastidores e dos extras da edição. Querendo mais detalhes, clique aqui. Para quem não quer tantos detalhes, esta resenha foca na história em quadrinhos propriamente dita. Sob os pseudônimos de Juka Galvão e J. Batalha, Otacílio d´Assunção Barros, o Ota, lendário editor, escritor e desenhista da Mad In Brazil, escreveu e Flávio Colin desenhou Os Estranhos Hóspedes do Hotel Nicanor.

    A história é um terrir da melhor qualidade, onde o riso culpado é a regra. Originalmente publicada na década de 1980 e reiniciada na década de 1990, o politicamente correto ainda não vigorava, fique avisado(a) MESMO! A trama começa quando dois criminosos veem seu carro atolado em meio a uma tempestade. Mas há uma placa, indicando o Hotel Nicanor e é para lá que eles vão. Nicanor é um senhor simpático, mas fica desesperado quando os hóspedes inesperados chegam, afinal, o hotel está lotado por uma convenção que ainda está para chegar.

    Sem saber inicialmente que está lidando com criminosos em fuga, Nicanor tenta fazê-los ir embora da forma mais educada possível, mas eles insistem em ficar, a força se preciso, só para descobrirem, tarde demais, que a convenção é de estranhos monstros casados com estranhas bruxas e que esses estranhos hóspedes se alimentam de carne humana.

    Ir além daqui é dar spoilers. Como já foi dito, o tom é satírico, politicamente incorreto, mas sempre crítico e ácido, tanto em relação a sociedade brasileira da década de 1980, quanto a sociedade brasileira da década de 1990. A história tem duas versões, uma iniciada em 1981 e outra iniciada em 1994, e ambas estão neste livro. A versão de 1994 explica melhor a natureza daqueles monstros e bruxas, mas a da década de 1980 é a que conseguiu mostrar mais personagens e histórias, indo mais longe. Infelizmente, Flávio Colin viria a falecer em 2002. Ota não quis continuar o Hotel Nicanor sem Colin.

    Ota e Colin poderiam ter continuado de onde a história original, iniciada em 1981, parou, mas optaram por recomeçar tudo do zero porque os tempos eram outros e o traço de Colin já estava muito mais refinado. Fora que em 1981 e 1982, o Brasil ainda vivia a ditadura militar, ao passo que em 1994 já estávamos na democracia, rumando para o plano Real. Retomar a história antiga talvez não conversasse com a nova geração da época. Esta edição traz um resgate de um clássico do terrir nacional que ficou inacabado, mas que, ainda hoje, se mostra atual, divertido e que influencia novas gerações de leitores, escritores e desenhistas de quadrinhos.

    O livro tem 216 páginas em preto e branco, formato 21 x 29,7 cm, lombada quadrada, capa cartão com orelhas, R$ 84,90 (mais eventual frete), extras excelentes e surpreendentes, é da editora MMarte Produções. Pode ser comprado na loja da editora que costuma disponibilizar para outras lojas, reais e virtuais. Se demorar um pouco, é porquê os compradores da pré-venda ainda estão recebendo. Concluindo: é uma história em quadrinhos cômica, alegre e que nos faz pensar através do riso, ainda que culpado.

Boas leituras,

Rodrigo Rosas Campos


2 comentários:

  1. Parece ser muito bom. Até para conhecer traços novos...Grande abraço 🙌

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    1. É pesado! Mas se você gostava da Mad, vale experimentar. Grande abraço!

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