“Grandes borboletas sobre a minha cama
e pequenos hipopótamos no meu café.”
Pequenos Hipopótamos no Meu Café é o mais novo livro de poemas de Melissa Barbosa, que combina suavidade e sensibilidade para nos trazer pequenas poesias que nos trazem reflexões sobre esse cotidiano conturbado que vivemos hoje. Ora alegres, ora melancólicos, os poemas de Melissa passeiam por momentos bons e ruins sem perder a ternura, mesmo nos piores percalços.
O título do livro em si já carrega um duplo sentido os Pequenos Hipopótamos no Meu Café podem ser encarados como algo inusitado, com o qual o eu lírico da autora se maravilhará, ou como os problemas nos quais ela já tem que pensar antes mesmo de terminar de tomar o café. Todo os textos possuem um gosto agridoce, nada é perfeito, mas é o que temos e a tristeza e a melancolia, por maiores que sejam, ficam longe da amargura. Renovar o olhar e a esperança é difícil, mas não impossível. Força e suavidade não são excludentes e geram um texto firme, macio e forte.
Melissa Barbosa passeia por epifanias e metáforas sem tirar o pé da realidade. Se por um lado isso nem sempre soa alegre, por outro, nem sempre soa triste. E numa sequência de poemas sobre o imaginário social imposto às meninas pelas princesas dos contos de fadas, a autora demonstra a impossibilidade da realização das expectativas sociais e da felicidade completa.
“Com asas assim tão pesadas,
nunca vou conseguir voar.”
Mas se a felicidade plena é uma ilusão inalcançável, a felicidade possível dá as caras para quem consegue capturar as grandes borboletas que ficaram na cama.
“Ela queria voar mas não podia.
Então pintou as paredes de seu quarto de azul.”
O tempo passa, levando o que não queremos e também o que queríamos manter. Agradecemos sua crueldade quando leva o que nos desagrada e reclamamos de sua crueldade quando tira de nós o que nos alegrava. A felicidade plena não existe, e é difícil não ceder a amargura diante das expectativas impossíveis do mundo de hoje.
Não temos o controle sobre tudo, mas muitas vezes nos queixamos de escolhas que nós mesmos fizemos, quando aquilo que nos trouxe alegria perde paulatinamente o encanto, mas se tudo se desgasta, tudo se renova para os que treinam seus olhares. Simples? Talvez. Fácil? Nem sempre. Tudo depende e cada caso é um caso.
Apesar da unidade, cada poema de Pequenos Hipopótamos no Meu Café é uma poesia única com sua própria história, mesmo nas séries das princesas frustradas ou na série dos meses do ano. As partes fazem o todo, mas cada uma das partes é um todo em si mesma. Paradoxal como a realidade, plural como o universo. Não há fórmula mágica, mas a própria existência é a mágica, a bruxa nem sempre é boa, mas também não é sempre má.
Para os interessados, a loja virtual da autora fica no site da autora em https://www.melissabarbosa.com.br/pequenos-hipopotamos-no-meu-cafe/?fbclid=IwAR1y1M1yfNAj-VqYokckvdv-xHfeYKzA8dnLS_visp96BEIxdCUhFvtuJQI. O livro só está disponível em formato digital para Kindle, Google Books e PDF. Custa R$14,90 e a arrecadação vai para ajudar vítimas da Covid-19 no RS.
Normalmente, não coloco citações em minhas resenhas, mas nessa, não resisti. Melissa Barbosa também é autora e desenhista dos Quadrinhos Marotos.
Boas leituras!
Rodrigo Rosas Campos
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